vós sois o sal, não o docinho

alimentando as ovelhas ou divertindo os bodes?

Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.

Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.

Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!

Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: “Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira!” Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: “Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!” Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram: “Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos”. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles “transtornaram o mundo”. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.

Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

Autor: C. H. Spurgeon
Copiado de: Voltemos ao Evangelho

Certamente, ao ler o texto acima (isso se você consegue ler mais que 2 versículos diariamente, a maioria dos crentes que conheço não consegue achar o livro de Amós, pois começam procurando no Novo Testamento), você, mais desavisado, ou melhor, menos informado, pois o único pastor "cheio" de poder que você conhece é aquele que dá "uma nova unção" ou um "novo desafio"... ou mesmo um "nova campanha" a cada semana para você, ao ler esse texto vai dizer que foi escrito por um "legalista" que repudia novos movimentos dentro do evangelho santo de Deus... talvez até ache que é alguém que critica o seu pastor, um difusor de uma Igreja 2.0 "radial e extravagante, inundada por um rio pegando fogo"... talvez você pense isso.

No entanto, Charles Spurgeon, o autor deste texto, morreu no ano de 1892, quando ainda não tinhamos internet, não tinhamos televisores, DVD, prêmio da música gospel. ou unção do empresário e dos quatro seres da dança profética... sim, esse cara achava aquelas coisas que você acha hoje infantis (entretenimento de criança) como algo satânico entrando na igreja.

Você talvez agora esteja a pensar... "eu sabia, era mesmo um legalista". Pois bem, diferente dos pastores de hoje que se (auto)-denominam "Apóstolos", "Bispos", "Profetas", "Profeta de Profetas" e até de "Anjos", Spurgeon recebeu apenas (de outros homens, não dele mesmo) o singelo apelido de "Príncipe dos Pregadores" o que não fez ele mudar sua titulação eclesiástica... ele morreu pastor, não apóstolo.

Você pode achar que então eu sou um daqueles "legalistas" que pregam sectarismo religioso, "talibanismo" cristão e doutrinas humanas sobre vestuário. Sério mesmo, não ligo muito para o que você pensa sobre mim, ligo sim para o que você pensa sobre meu Deus e minha Fé. Porque eu vou passar, eu e minhas palavra... você e suas palavras, mas esse Deus não, nem Ele nem suas Palavras, até que toda profecia se cumpra (excetuando-se aquelas que você recebeu daquele "profeta" sobre o seu futuro como dono de uma grande nação).

Acontece que hoje o mais importante é você ter um "bom grupo de jovens" do que ter em sua comunidade cristã jovens sem vergonha do evangelho puro e simples e altamente capacitados no manejo da Palavra (2 Tm 2.15)... o que temos hoje são apenas grupos de jovens que seguem semelhantemente a como eram antes de "conhecer" a Cristo, mudaram apenas algumas práticas, não o coração... tire-lhes a dança, tire-lhes a música, tire-lhes a entretenimento... deixe-lhes tão somente com a Palavra e verão que poucos, pouquíssimos na verdade, permanecem.

É simplesmente triste... muito triste... saber que a igreja hoje é pior que a igreja de 100 anos, é triste ver gente chamando isso que acontece hoje de avivamento, quando estão todos mortos em suas carcaças que balançam ao som de músicas ditas gospel e de moveres do espírito quando não há palavras do Espírito mas apenas gemidos... é triste ver uma igreja que desconhece a Palavra de Deus (com traduções em Português e vendidas a preços módicos quando não gratuitas) mas conhece todo tipo de "unção", "ministério" e "estratégia" para evangelizar. Jovens, adolescentes e adultos que sabem nomes de demônios, e até os temem mais do que a Deus, pois não conhecem o poder que há nesse nome nem no poder que há no nome de Seu Filho.

Uma igreja que sabe tão somente "dançar profeticamente e muito mal", "determinar apostolicamente e muito mal" e "cantar leviticamente e muito mal"... é lamentável. Sim... é lamentável.

Maranata Jesus!

Autor: Daniel Clós
Fonte: [ Batalha pelo Evangelho ]

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