Uma Reforma Urgente

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Por Rev. Ericson Martins


Não é difícil contemplar os rumos para os quais o evangelicalismo brasileiro tem se guiado sem nos sentirmos preocupados; não tanto pelos frequentes escândalos financeiros nos quais se envolvem certas lideranças ditas cristãs, nem pelos notórios desvios da ortodoxia doutrinária. Mas, especialmente, pela falta de temor do Senhor. Esse sim é uma causa fundamental para a evolução dos problemas até aqui mencionados, como também para com o descrédito moral de inúmeras igrejas na sociedade por parte daqueles que, desiludidos e frustrados, negam retornarem à elas.

A muito se fala sobre a necessidade de uma nova reforma, uma reforma séria que inclua não somente o retorno à suficiência da Palavra de Deus e da obra de Cristo, mas também à uma conduta ética que eleve os atuais padrões de transparência quanto aos interesses que movem a relação da Igreja com este mundo.

No dia 31 de outubro é comemorado em todo o mundo o “Dia da Reforma Protestante” por seus 497 anos de história (1517-2014). Essa data relembra o dia em que o monge agostiniano Martinho Lutero protestou publicamente contra as condutas institucionais e dogmáticas da Igreja Católica da sua época, ao fixar 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg (Alemanha). Naquele contexto, Lutero denunciou a corrupção generalizada do clero, a infalibilidade papal e a venda das indulgências com a primeira tese: “Ao dizer: ‘Arrependei-vos’, etc (Mt 4:17), o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse de arrependimento”. Para ele nenhuma reforma ocorreria e nenhum avivamento seria experimentado sem arrependimento!

Sem o temor do Senhor igrejas e líderes negociam a guerra contra o pecado para ser mais atraente ao pecador, homens reivindicam falsamente a autoridade apostólica em busca de exaltação na hierarquia do poder eclesiástico e recursos financeiros são explorados ilicitamente dos crentes pelos discursos do medo, da culpa e das expectativas em promessas infundadas da Palavra de Deus. Lutero viveu em um contexto assim; porém, não podendo mais conter a indignação que crescia em seu coração, tomou para si a primeira resolução, antes das suas 95 teses, de protestar contra a mentira e o engano, e de se tornar um agente de reflexão e transformação, pela Escritura, das imoralidades que permeavam a fé e a conduta cristã dos seus dias.

Diante desse exemplo, o Dia da Reforma Protestante deve ser comemorado resgatando do testemunho de Lutero e de outros reformadores do século XVI, o compromisso de nos pautar na suficiência da Palavra de Deus e da obra de Cristo, arrependendo-nos e chamando todos ao arrependimento diante de Deus. Se isso ocorrer, uma profunda reforma será realizada em cada um de nós e nos tornaremos agentes de transformação, da parte de Deus, onde já nos encontramos.

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Fonte: Reflexões e Cotidiano
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Breve História da Reforma na Escócia

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Nesta palestra o Rev. Dorisvan fala acerca do estabelecimento da Reforma na Escócia. Segundo o pastor, antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox para conduzir o povo de volta aos princípios da Palavra de Deus. Assista:




Transcrição:

Antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida e pervertida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nada muito diferente dos movimentos neo-pentecostais de nossos dias.

Os estudiosos nos contam que naqueles dias as pessoas se curvavam diante de imagens de esculturas e adoravam inúmeros objetos de culto, abominados pela palavra de Deus. Os mártires, os apóstolos e a virgem Maria também eram cultuados. 

A igreja estava abarrotada de invenções de homens, e, portanto, completamente fora dos padrões que os apóstolos nos legaram.  A igreja na Escócia estava no caos e precisava urgentemente de uma intervenção verdadeiramente reformada. E nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor Deus levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox. 

Knox era Discípulo de João Calvino, e veio com a finalidade de trazer o povo de volta ao Testemunho dos apóstolos. Knox era homem corajoso e ousado, muito diferente de alguns líderes covardes de nossos dias. Por sua coragem e bravura, enfrentou as corrupções do catolicismo Romano, e lutou incansavelmente para purificar a igreja e a nação das corrupções da falsa adoração. 

A história foi mais ou menos assim: 

Por conta da severa perseguição aos Protestantes na Escócia, Knox foi forçado a fugir do seu país. Nesse período ele foi para Genebra onde João Calvino estava balançando a cidade com a obra da reforma. Durante este período, pastoreou uma pequena congregação de ingleses exilados e ganhou bastante experiência na fé reformada.

Como aluno de Calvino, John Knox aprendeu acerca do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, em especial sobre a forma de governo bíblico e os princípios básicos da adoração cristã.

Pelo fato de ter percebido que eram ideais absolutamente apostólicos, e, portanto, validados pela Palavra de Deus, Knox abraçou tais ideais e decidiu lutar por eles. 

Dezembro de 1557 foi um período importante, pois foi nesta época que os nobres escoceses fizeram um pacto de usar suas vidas e bens para estabelecer "a Palavra de Deus" na Escócia. E nessa conjuntura, Knox iria voltar para implantar o calvinismo e fundar a igreja presbiteriana escocesa. Em 1559 ele retornou e no ano seguinte, o parlamento escocês estabelecia a Igreja da Escócia, a igreja Presbiteriana. 

John Knox fez severa oposição à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), que era prima de Elizabete. Isso de tal maneira que alguns anos mais tarde, Maria teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde acabou sendo executada por ordem da própria Elizabete, em 1587.

Da obra de Knox, gostaria de destacar dois pontos importantíssimos:

Primeiro: Foi então na Escócia de John Knox que surgiu o conceito de “presbiterianismo” que diz respeito à forma de governo da igreja. Obviamente, os reis ingleses e escoceses não eram simpatizantes desta forma de governo, pois sempre defenderam o episcopalismo. 

O episcopalismo é aquele forma de governo onde a igreja é governada por bispos, e os reis ingleses amavam essa ideia, uma vez que os bispos eram nomeados pelos reis, e com isso, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses da Corte. Porém, fundamentado no testemunho dos apóstolos, e com uma mentalidade agora verdadeiramente reformada, Knox insistiu que a forma de governo do Novo Testamento é Presbiteriana, o que significa que a igreja deve ser governada por oficiais eleitos pela comunidade, e não pelo estado.

Como era de se esperar, portanto, o estabelecimento do modelo Presbiteriano de governo não foi fácil. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.

Em segundo lugar, destaco os esforços de Knox em relação à pureza do culto público. Knox condenou abertamente as práticas da igreja e mostrou ao povo os erros grotescos da igreja em relação à adoração. Knox acreditava que Somente a Escritura deve ser o guia para a adoração pública. Sendo assim, todas as práticas que não são validadas pela Palavra de Deus, devem ser repudiadas e abolidas. Assim, Knox apresentou à igreja uma forma de adoração totalmente bíblica.

O culto passou a ser então, uma atividade corporativa, onde as pessoas de fato estavam envolvidas. O latim foi substituído pelo inglês, de modo que todos podiam entender o que estava acontecendo na celebração. A Bíblia foi traduzia e entregue nas mãos do povo. Agora todas as igrejas tinham uma Bíblia em inglês e a expunham regularmente para que até mesmo aqueles que não podiam ler, pudessem se fossem beneficiados. A mensagem da cruz passou a ser uma mensagem simples, sem a implementação de aparatos papista. Os Salmos passaram a ser cantados e a igreja se tornou totalmente comprometida com Palavra de Deus.

Estou convencido de que hoje, no século 21, precisamos urgentemente de uma nova reforma. Isso porque, infelizmente, a grande ênfase é naquela forma de culto ditada pelo gosto do freguês e não pela autoridade da Palavra, o que leva muitas denominações introduzem elementos estranhos na adoração do Senhor. Em nossos dias, Deus se transformou em um objeto de manipulação dos adoradores extravagantes. Vemos nos cultos de hoje campanhas políticas, distribuição de amuletos da sorte e muitos outros aparatos pagãos repudiados pela Palavra de Deus. A fiel pregação foi substituída por piadas motivacionais e o resultado é que a igreja se paganizou e se afastou totalmente do ideal da Reforma protestante. Mas, com Knox aprendemos que o homem por si mesmo não pode decidir como Deus deve ser adorado. Somente Deus pode determinar isto. E se isso é verdade, então, as práticas pagãs dos movimentos neo-pentecostais, precisam ser condenadas e abandonadas urgentemente. Como disse Paulo, “é preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância”.

Somente o que Deus ordenou em sua palavra deve ser levado a sério e defendido como parte da adoração de Deus. 

Permaneçamos firmes e não negociemos o que recebemos a preço do sangue de milhares de mártires.

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Fonte: Guerra pela Verdade
Divulgação: Bereianos
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A adoração em sua igreja é mais pagã do que cristã?

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Por Todd Pruitt


Há um grande mal-entendido nas igrejas sobre o propósito da música na adoração cristã. Igrejas rotineiramente anunciam um culto “dinâmico” e “transformador”, o qual “levará você para mais perto de Deus” ou “que irá mudar a sua vida”. Certos CD’s de adoração prometem que a música irá “levá-lo para dentro da presença de Deus”. Até mesmo um panfleto, anunciando uma conferência para líderes de adoração, dizia:

Junte-se a nós para essa dinâmica aula, a qual irá colocar você no caminho certo e inspirador, onde você poderá se encontrar com Deus e receber a energia e o amor que você precisa para ser um agente e um agitador no mundo de hoje… Além disso, nossos programas de ensino são eventos de adoração que irão colocar você em contato com o poder e o amor de Deus”.

O problema com o panfleto e com muitos anúncios de igrejas é que esse tipo de promessa revela um significante erro teológico. A música é vista como um meio para facilitar um encontro com Deus. Ela irá nos levar para perto de Deus. Nesse esquema, a música se torna um mediador entre Deus e o homem. No entanto, essa ideia está mais próxima das práticas pagãs do que da adoração cristã.

Jesus é o único mediador entre Deus e o homem. Somente Ele é quem nos leva para Deus. A noção popular – porém errônea – relativa à música de adoração mina a fundamental verdade da fé cristã. É irônico que muitos cristãos neguem o papel das ordenanças sacramentais, as quais o próprio Senhor deu para sua igreja (batismo e a Santa Ceia), mas anseiem em dar poderes sacramentais para a música. A música e a “experiência da adoração” são vistas como meios pelos quais nós entramos na presença de Deus e recebemos seus benefícios salvíficos. Não há simplesmente nenhuma evidência na Escritura que diga que a música media diretamente encontros ou experiências com Deus. Essa é uma noção comum no paganismo. Está bem longe do Cristianismo.

Em seu útil livro “True Worship” (Verdadeira Adoração), Vaughan Roberts mostra quatro consequências de se ver a música como um encontro com Deus. Vou resumi-los.

1. A palavra de Deus é marginalizada

Em várias igrejas e encontros cristãos, não é incomum a Palavra de Deus ser deixada de lado. A música dá uma elusiva sensação de “entorpecimento”, enquanto a Bíblia é algo mundano. Os púlpitos têm diminuído e até mesmo desparecido, enquanto as bandas e as luzes têm crescido. Mas a fé não vem da música, experiências dinâmicas ou supostos encontros com Deus. A Fé nasce por meio da proclamação da Palavra de Deus (Rom. 10.17).

2. Nossa certeza é ameaçada

Se associarmos a presença de Deus com uma particular experiência ou emoção, o que acontecerá quando não sentirmos mais isso? Nós procuraremos igrejas cujas bandas de louvor, orquestras ou órgãos produzam em nós os sentimentos que nós estamos procurando. Mas a realidade de Deus em nossas vidas depende da mediação de Cristo, não de experiências subjetivas.

3. Músicos ganham status sacerdotais

Quando a música é vista como meio de encontro com Deus, os líderes de louvor e músicos começam a exercer o papel de pastor. Eles se tornam aqueles – no lugar de Jesus Cristo, o único que já cumpriu esse papel – que trazem até nós a presença de Deus. Dessa forma, quando um líder de louvor ou banda não me ajuda a experimentar Deus, então ele falhou e deve ser substituído. Por outro lado, quando acreditamos que eles tiveram sucesso em nos levar à presença de Deus, então eles terão em nossa mente um status elevado.

4. A divisão aumenta

Quando nós identificamos um sentimento como um encontro com Deus, e apenas uma determinada música produz esse sentimento, então nós insistiremos que aquela música deverá ser tocada regularmente em nossa igreja e reuniões. Se todos tiverem o mesmo gosto que o nosso, não haverá problema. Mas se outros dependem de outra música para produzirem esse sentimento, então é importante para eles que a divisão seja cultivada. E porque nós rotineiramente classificamos esses sentimentos como encontros com Deus, nossas demandas para que esse sentimento seja produzido se tornam rígidas. Esse é o motivo pelo qual muitas igrejas sucumbem ao oferecerem múltiplos estilos de culto. Fazendo isso, eles, sem querer, sancionam a divisão e a centralização do ego no meio do povo de Deus.

A Escritura é cheia de exortações para o povo de Deus cantar e fazer músicas para o Senhor. Nosso Deus foi gracioso em nos dar esse meio de adorá-lo. Mas é importante entender que a música, em nossa adoração, é para dois propósitos específicos: honrar a Deus e edificar a comunidade dos crentes. Infelizmente, muitos cristãos tendem a dar à música um poder sacramental sobre o qual a Escritura jamais falou.

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Fonte: Christianity.com
Tradução: Victor Bimbato
Via: Reforma21
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A Escola Cristã: Por quê?

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Por Rev. Herman Hoeksema


O propósito deste panfleto é explicar o porquê mantemos uma Escola Cristã, e
por que cremos ser necessário para pais cristãos fornecerem uma educação cristã aos seus filhos.

A Escola Cristã não é algo novo. Ela tem uma longa e honrável tradição. O que é novo é a aceitação de pais que confessam a Cristo terem os seus filhos educados em escolas das quais a Palavra de Deus é rigorosamente banida. Durante os séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, a Palavra de Deus era central na instrução que o povo de Deus dava aos seus filhos, como o próprio Deus ordenou em Deuteronômio 6:6-9. A educação fornecida para as crianças da Igreja durante os 1400 anos entre o tempo dos apóstolos e o tempo da Reforma da Igreja, em 1517 d.C., era permeada com a Palavra de Deus. Neste período, as escolas eram intimamente associadas à Igreja.

Após 1517, os Reformadores, entre os quais Martinho Lutero e João Calvino foram notáveis, estavam de acordo no seu zelo para o estabelecimento de escolas nas quais todas as crianças pudessem receber uma educação. A preocupação deles com as escolas era somente superada por sua preocupação com a própria Igreja. Mas eles eram unânimes em sua insistência de que estas escolas deveriam ser fundadas sobre e governadas pela Palavra de Deus, a Bíblia. Aqueles cidadãos antigos do nosso país que fundaram escolhas e universidades que pretendiam ser cristãs continuaram a longa tradição da Escola Cristã.

O que é uma Escola Cristã?

Uma Escola Cristã não deve ser confundida com uma Escola Dominical, ou com
qualquer outra instituição que existe para dar às crianças instrução na Bíblia. A Escola Cristã é uma instituição que tem a função de instruir as crianças nos vários departamentos do conhecimento que também constitui o currículo da escola pública: literatura, história, ciência, matemática e outros assuntos. Ela faz isto sete horas por dia, cinco dias por semana, durante todo o ano escolar. Isto gera a pergunta: Qual é a característica distintiva da Escola Cristã, que garante sua existência como uma instituição educacional separada? A Escola Cristã certamente começa cada dia com uma oração a Deus e com a leitura da Bíblia. Ela faz isto sob a convicção de que nada que o homem faça é proveitoso, a menos que Deus abençoe tal coisa. Tudo deve ser santificado pela palavra de Deus e a oração” (1Timóteo 4:5). Contudo, estas atividades de oração e leitura da Bíblia, embora sejam importantes, não são as principais razões para a existência da Escola Cristã. A característica distintiva da Escola Cristã está expressa na palavra Cristã. Ela é uma escola que é Cristã em tudo.
Ela tem um fundamento cristão; ela tem professores cristãos; ela dá instrução cristã; ela fornece um ambiente moral cristão; ela tem um objetivo cristão. Tudo isto deve ser brevemente explicado.

A Bíblia é a Palavra de Deus

O ponto de partida é nossa firme fé de que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus. A própria Bíblia ensina isto: “Toda a Escritura é inspirada por Deus...” (2Timóteo 3:16). Como a Palavra de Deus escrita, a Bíblia é a autoridade para a nossa fé e nossa vida. Crer e viver de acordo com a Palavra de Deus é a marca de um cristão. Uma Escola Cristã, portanto, é uma escola que é fundamentada sobre e em todo respeito em harmonia com a Escritura, a Palavra escrita de Deus.

Instrução dos Filhos dos Crentes

Deus em sua Palavra chama aqueles que crêem em Jesus Cristo para criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor” (Efésios 6:4). A criação ou educação total dos filhos dos crentes deve ser uma criação que tenha Deus como sua fonte, como seu padrão, como seu objetivo e como o seu centro. Ela deve ser uma criação em Jesus Cristo, pois é Jesus quem é o “Senhor”. Ela deve ser cristã. Ao chamar os pais crentes a esta tarefa, o Novo Testamento repete o ensino enfático do Antigo Testamento. Incluso nesta criação piedosa requerida está a educação dos filhos nas escolas. A educação das crianças nas escolas é uma parte importante da criação delas, tanto do ponto de vista da natureza e poder da educação como do ponto de vista da quantia enorme de tempo gasto nesta educação nas vidas das crianças.

A razão do requerimento de Deus para que os filhos dos crentes sejam criados num caminho cristão é a salvação graciosa destas crianças em Cristo. Tanto o Antigo como o Novo Testamento ensina que Deus salva os crentes e os seus filhos. Em Gênesis 17:7, Deus prometeu a Abraão: “para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de ti” (ARC). Em Atos 2:39, Pedro assegura aos crentes do tempo do Novo Testamento que para vós outros é a promessa, para vossos filhos...”. Os filhos de pais crentes, pelo apontamento gracioso de Deus, pertencem à Igreja de Cristo, e são considerados e tratados como membros da Igreja nas epístolas do Novo Testamento, por exemplo, Efésios 6:13 e Colossenses 3:20.

Como filhos do pacto, os filhos dos crentes pertencem a Jesus Cristo inteiramente, com tudo o que eles são e com todos os talentos e habilidades que possuem. Ele os comprou, corpo e alma, por sua morte na cruz. Portanto, ele pode legalmente reivindicá-los para si mesmo em sua inteireza. Como filhos do pacto, os filhos dos crentes têm como único propósito de suas vidas o conhecimento e louvor de Deus, que é revelado em sua Palavra e em sua criação.

Toda a instrução dada a estas crianças deve servir para este propósito. 

Ensinando a Verdade

A Escola Cristã é estabelecida para dar aos estudantes uma educação sadia em todos os ramos do conhecimento humano. Ela não é satisfeita com algo menos que um treinamento acadêmico absolutamente abrangente. Para este fim, ela contrata professores qualificados (frequentemente, aqueles com graduações em faculdades e universidade autorizadas pelo Estado); ela usa os melhores livros-textos; ela mantém uma disciplina de sala de aula que mais conduza ao alto grau de aprendizagem; e geralmente faz todo esforço possível para promover a instrução das crianças. Isto está diretamente relacionado com o fundamento da escola. A mente, talentos, habilidades e tempo das crianças são de Cristo e devem ser desenvolvidas e usadas até o máximo, por causa de Cristo.

Em toda esta instrução, contudo, a Escola Cristã está preocupada em ensinar a verdade. Embora a Escola Cristã não exista para dar instrução na Bíblia, tudo da instrução que ela dá em todas as áreas de aprendizagem é baseada na Palavra de Deus, é governada pala Palavra de Deus, e está em harmonia com a Palavra de Deus. Em todo assunto, não somente na “religião”, a verdade é Deus. A verdade sobre cada aspecto desta criação, incluindo os homens e seus feitos, é sua relação com Deus, o Criador, Governador e Juiz do mundo. O que ela revela de Deus, que formou os mundos pela sua Palavra (Hebreus 11:3) e fez todas as coisas para anunciar sua glória (Apocalipse 4:11)? Esta é a questão básica em todo assunto. E é a Palavra de Deus, a Bíblia, que lança luz em cada ramo de conhecimento.

A Bíblia não é um livro-texto para ciência, matemática, história ou qualquer outro assunto acadêmico. Todavia, ela é a base essencial para ensinar a verdade de todos os assuntos. Ela é a base essencial para ensinar a verdade na ciência. Ela condena a teoria da evolução. A evolução não é uma descrição correta e exata de como o mundo veio à existência. Mais do que isto, ela não é a verdade, mas antes uma mentira, no sentido de que nega absolutamente Deus e intenta roubá-lo de sua glória devida. A instrução na ciência que é baseada na Escritura é capaz de dar o verdadeiro relato do princípio do mundo nesta criação por Deus em seis dias. A Bíblia também é a base para o ensino da verdade no campo da história. Ela proíbe representar a história como o desenvolvimento lento (evolucionista!) da raça humana a partir de origens inferiores no mundo animal até chegar num destino sublime em alguma sociedade perfeita sobre a terra. A Escritura revela que a história da raça humana deve ser vista como a vida e o labor de homens que caíram em pecado e que são, portanto, inimigos por natureza de Deus e uns dos outros. As guerras e catástrofes que praguejam a humanidade não males lamentáveis que o homem sobrepujará, mas as conseqüências do pecado e os julgamentos de Deus sobre pecadores. Não há esperança para paz, vida e glória, não a partir do próprio homem, mas a partir de Deus em Jesus Cristo, e a partir dele somente.

Estes são princípios fundamentais da educação.

A expulsão da Bíblia das escolas é proibir a verdade. Ter a Bíblia como a base da instrução faz o ensino da verdade possível. Nas escolas também, “o temor do Senhor é o princípio da saber” (Provérbios 1:7, ARA).

O Ambiente Moral da Escola

Sem negar que a responsabilidade de instruir os filhos como eles devem viver moralmente pertence ao lar e à Igreja, a escola inevitavelmente se engajará em algum grau de treinar as crianças em comportamento e conduta. De fato, a escola em sua totalidade possuirá certo ambiente moral no qual as crianças trabalham e brincam. A própria instrução deve tender para influenciar as atitudes e comportamentos éticos das crianças. Quando tudo da instrução é centrado em Deus, o amor e o temor de Deus são provocados nos corações das crianças. Em adição, a Escola Cristã aponta para a criança que em todos os relacionamentos da vida ela é chamada a amar e temer e, portanto, obedecer a Deus. Este é o próprio fundamento da moralidade. Como resultado de amor para com Deus e o seu Cristo, ele honrará seus pais, se submeterá aos seus professores, se sujeitará ao Estado, viverá puramente, amará seus próximos no pátio de recreio, e se dedicará ao máximo em seus estudos. 

Por esta razão, a Escola Cristã não é uma ameaça ao Estado. Ela demonstra, de maneira urgente e consistente, às crianças e aos jovens que eles devem se submeter à autoridade do governo, honrar as autoridades (do presidente ao policial local), e a fazer tudo isto “não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos 13:5, ARA). A Escola Cristã abomina as revoluções atuais entre os jovens e nas escolas, e não as tolerará. Ela treina os jovens para serem cidadãos que cumpram o seu dever para com o Estado de bom grado.

A Responsabilidade de Educar

Visto que o chamado de Deus chega aos pais para instruir os seus filhos, é a responsabilidade dos pais fornecer a educação dos seus filhos. Em Efésios 6:4, a Palavra de Deus diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os (seus filhos) na disciplina e na admoestação do Senhor”. Isto está em harmonia com o fato de que Deus dá os filhos aos pais e o fato de que os filhos pertencem aos pais. 

A Escola Cristã faz justiça a esta responsabilidade paternal, pois a educação dos seus filhos nesta é estabelecida, mantida e governada por uma associação de pais. É esta associação, e assim, os próprios pais, que tem e exerce a autoridade sobre a escola inteira, sua instrução e operações. Os pais são capazes, portanto, de ver pessoalmente que a Escola é e permanece em cada aspecto cristã. Nem este é um assunto incidental. A crise atual nas escolas de nosso país deve-se, em parte, ao fracasso dos pais em cumprir sua responsabilidade, escolhendo, ao invés disso, jogar o dever da educação sobre o Estado e seus instrutores.

Não devemos ver esta tarefa como somente uma responsabilidade. Ela é uma obra e um privilégio prazenteiro.

A Recompensa

Há dificuldades especiais envolvidas na manutenção de Escolas Cristãs. Uma é o fardo financeiro extra. Os pais devem pagar o dobro. Eles pagam o sustento de Escolas não-cristãs do Estado, e eles pagam as Escolas Cristãs. Mas o sacrifício não é digno de ser comparado com a recompensa.

A recompensa está implicada no provérbio: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6). É uma obra prazerosa ser instrumento no treinamento de filhos do pacto, para que eles vivam e trabalhem neste mundo como aqueles que vêem e buscam o Senhor nosso Deus em tudo. É um privilégio se esforçar ao máximo para que as crianças e os jovens não ignorem nem neguem a Deus nas “coisas terrenas”, mas, em e com todas as coisas “terrenas”, confesse o nome de Deus e faça tudo para a sua honra.

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Fonte: PRCA - Protestant Reformed Churches in America
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
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Um breve panorama das heresias cristológicas sobre as naturezas de Cristo

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Por Francisco Alison Silva Aquino


A história do cristianismo tem como uma de suas principais marcas o surgimento de doutrinas que vão de encontro ao ensinamento bíblico. Já na igreja apostólica do Novo Testamento, nós percebemos facilmente a existência de heresias destruidoras. Em I Jo 4.1-3 nós lemos:

Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo.” 

Outra passagem do Novo Testamento afirma: “Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo.” (II Jo 7)

Estas passagens demonstram claramente que já no período neotestamentário havia conceitos equivocados a respeito de Cristo. Os textos dizem que alguns afirmavam que Cristo não vira em carne. E foi justamente esse um dos objetivos de João ao escrever essa epístola: enfrentar a heresia gnóstica do primeiro século. Talvez essa tenha sido a heresia mais perigosa que ameaçava a igreja dos três primeiros séculos. 

O gnosticismo (do grego “gnosis”, sabedoria) defende um forte dualismo espírito/matéria. A ideia gnóstica é que enquanto o espírito é “bom”, a matéria é essencialmente “má”. Essa percepção trouxe várias consequências desastrosas para o cristianismo. Uma delas é, que, pela lógica, se a matéria é essencialmente má, logo, Cristo não poderia ter “vindo em carne” (I Jo 4.2), negando assim a doutrina bíblica da encarnação como o cristianismo ortodoxo crê. Além disso, consequentemente, a humanidade de Cristo também era negada.

Franklin Ferreira (2007, p.487) agrupa as heresias antigas sobre as naturezas de Cristo em duas classes: primeira, as negações da humanidade de Jesus Cristo, que seriam o docetismo, o apolinarismo e o eutiquianismo. Segunda, as negações da divindade de Cristo, que seriam o ebionismo, o adocionismo e o arianismo.

O docetismo tem uma forte ligação com o gnosticismo tratado há pouco. O nome docetismo vem do grego dókesis cujo significado é “aparência”. Isto é, os docetas criam que, pelo fato de a matéria ser intrinsecamente má, Cristo não foi plenamente encarnado na carne, pois uma vez que a matéria tem essa característica, o espírito, que é bom, não poderia se envolver com ela. O corpo de Jesus, então, era uma mera ilusão e somente “parecia” que Cristo tinha sido crucificado. 

Um outro ensinamento difundido no século IV por Apolinário, bispo de Laodicéia (310-390), pregava que Cristo era divino mas não humano (apolinarismo). Ele entendia que Jesus Cristo não possuía uma alma racional humana, a alma divina (ou logos) teria tomado o lugar da alma humana. As ideias de Apolinário foram condenadas no concílio de Constantinopla no ano 381.

A última heresia que negava a humanidade de Cristo foi o eutiquianismo. Essa heresia era defendida por um monge de Constantinopla chamado Eutiques. Ele defendia que a natureza divina de Cristo absorveu a natureza humana. Nesse sentido, Cristo teria apenas uma natureza após a união, a divina, revestida de Carne humana. O eutiquianismo, conhecido posteriormente como monofisismo, foi condenado em Calcedônia e continuou exercendo influência sobre Cristãos do Egito, Etiópia, Síria, Armênia e outras regiões. Em oposição ao monofisismo, o concílio de Calcedônia reconhecia o diofisismo (duas naturezas).

A segunda classe de heresias cristológicas é aquela referente aos ensinamentos que negam a divindade de Cristo. São Elas: ebionismo, o adocionismo e o arianismo.

Os ebionistas defendiam uma heresia surgida em Israel no final do primeiro século. O ebionismo parece ter desaparecido conforme a igreja foi se tornando cada vez mais gentílica e menos judaica. O nome é derivado do hebraico “’ebyôn”, que significa “pobre”, “necessitado”, etc. O ensino ebionista era que Jesus Cristo não era Deus, mas somente um profeta extraordinário, o qual se identificava com os pobres (daí o nome), sendo filho natural de José e Maria. Segundo Berkhof (1992, p.43), os ebionistas “negavam tanto a divindade de Cristo como o seu nascimento virginal”.

Outra heresia que negava a divindade de Cristo foi o adocionismo. O ensinamento por trás dessa heresia era que Jesus era simplesmente um homem virtuoso, tão submisso ao Pai que este o adotou como o salvador dos homens. Tal doutrina foi ensinada por Paulo de Samosata, bispo de Antioquia. Segundo ele, Jesus teria sido iluminado por Deus de maneira extraordinária, sendo progressivamente aperfeiçoado até que ele tornou-se Cristo, o filho de Deus com uma posição divina. Porém, filho por “adoção”, não por natureza. Logo, a existência eterna de Cristo com o pai foi negada pelos adocionistas também.

Por último, o arianismo foi a principal heresia dos primeiros séculos da história do cristianismo. Ário foi um presbítero de Alexandria que ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno. Uma expressão típica desse movimento era que “houve um tempo quando Cristo não era”. Os debates em torno dessa doutrina resultaram na formulação de uma das mais importantes confissões de fé cristãs: o credo de Nicéia, elaborado no primeiro grande concílio da igreja em 325 na cidade de Nicéia (atual İznik, Turquia).

O surgimento de heresias na história da igreja tem conduzido servos de Deus a debates com o objetivo de definir o ensinamento correto das Escrituras. No entanto, mesmo em meio a tantas controvérsias, o Senhor cuidou de preservar a sua verdade através dos séculos.

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Referências:
FERREIRA, Franklin & Alan Myatt. Teologia sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
BERKHOF, Louis. A história das doutrinas cristãs. São Paulo: Pes, 1992.

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Fonte: Bereianos
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Reflexões esparsas pós resultados eleitorais

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Por Rev. Mauro Meister


Não sou profeta, nem filho de profeta, assim, não tomem qualquer palavra abaixo como o certo para o futuro, mas apenas percepções. Pelo tamanho, poucos lerão.

1. Sim, somos uma democracia, ainda que nova e imatura. O pleito eleitoral, com todas as mazelas e jogos sujos, às vezes dos candidatos, muitas vezes dos partidários, aconteceu, mas foi bem sucedido.

2. Houve fraude? Como dizer? Resta aguardar que denúncias sérias, se levantadas, sejam investigadas pelos instrumentos do Estado, que deveriam ser independentes do governo. Sair gritando que houve fraude não resolve nada.

3. Corremos perigos? Sim! Imediatos? Nem tanto, mas, ainda assim, crescentes e rápidos. Minha percepção, por conta da ideologia e ações recentes, é que o partido no governo não preza a democracia. Sua origem de luta contra a ditadura de direita não o coloca na categoria democrática. Seus ideólogos gramicianios tem sido bem sucedidos, a despeito de seus líderes populares terem se embebedado com a glória do poder e suas riquezas. Digite "gramiscismo" no Google e leia, pesquise e tire suas conclusões.

4. Para que o projeto acima de certo, é necessário um aparelhamento do Estado e, ao mesmo tempo, uma aparência de legitimidade democrática associada a conceitos de hegemonia de pensamento. Os mesmos que são acusados de ser "contra o partido" (ex: Globo) são aqueles que promovem as causas dessa consolidação de pensamento: insistência no governo para as supostas minorias (negros, gays, mulheres como oprimidas, os sem terra) causa aborcionistas, desarmamento, etc. (vejam as ênfases no discurso da vitória da presidente). Tudo isso serve como uma quebra dos chamados valores tradicionais (mantidos pelas "elites") e o surgimento de uma nova hegemonia de pensamento (quem foi o representante da juventude?).

5. Passam por este projeto alguns elementos essências, entre eles, a reforma política e a educação (nada no discurso foi gratuito). Sim, o Brasil precisa de uma reforma política, mas se houver força do governo para que aconteça, será nefasta e aparelhará ainda mais o governo. No totalitarismo o governo nunca sai do poder, seja em Cuba, seja na Bolívia.

6. A educação brasileira já está totalmente aparelhada, mas os que estão dentro, muitas vezes não percebem. Quanto mais ignorantes (aqueles que ignoram), melhor! Não há real interesse em que exista pensamento autônomo, no sentido do indivíduo que pensa por si mesmo (ainda que este seja o discurso da educação há décadas) mas no indivíduo que aja com a massa, como uma torcida, liderada pelos Conselhos Populares. Enquanto os cristãos deveriam lutar por uma educação heteronormativa (no caso, segundo a norma de Deus) as políticas governamentais tem sido sistematicamente opostas. Nossos filhos vão para a escola e voltam para casa achando que todos os tópicos citados acima são o certo e o verdadeiro, o contrário do que seus pais caretas e suas igrejas ensinam.

7. Entre tais ensinamentos existe a famosa doutrinação contra o famigerado capital, o livre comércio, a iniciativa privada, a privatização e todos os temas pertinentes. É daí que surge o socialista rico que maquina a revolução social de seu studio em Paris, bebendo champanhe. É assim que a presidente diz com cara lavada a uma economista desempregada que faça um curso para se colocar em um mercado com cada vez menos empregos reais (quem já desistiu de procurar emprego ou quem ganha bolsa x ou y não conta nas estatísticas, por isto, anda tão baixa).

8. O que fazer, como cristão que sou? a) devo orar pela paz e pelo governo, não só em tempo de eleições, mas em todo tempo; b) devo estar alerta, não só em tempo de eleições, mas entre elas, quando as coisas de fato acontecem - leia, informe-se, fale, pressione e vote certo nas próximas eleições; c) lute contra as pequenas corrupções para que tenha como perceber e lutar contra as grandes - pequenas corrupções admitidas em nossas vidas nos cegam para a grande corrupção ao nosso redor; d) ore para que a nossa jovem democracia e suas instituições resistam às pressões e leis que serão empurradas goela abaixo nos próximos 4 anos; e) lembre-se, a esperança do cristão está em Cristo e não no estado e no governo, porém, cabe-nos agir sempre em função da verdade e da paz, denunciando a corrupção e os sistemas que a alimentam.

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Fonte: O Tempora! O Mores!
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Por que o Diabo é nosso inimigo?

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Por Thiago Oliveira


Sei que pode parecer uma pergunta estranha. Mas, você já parou para pensar o porquê que o Diabo é nosso inimigo? Antes de você achar que estou ocioso o bastante para este tipo de elucubração, peço encarecidamente que releia a pergunta e reflita sobre as implicações que resultarão da resposta.

Pois bem, se o Diabo não fosse nosso inimigo, ele seria nosso aliado. Este seria um problema muito grave. Sabemos que Satanás se rebelou contra Deus e que por isso tornou-se o seu opositor. Por não ter condições de intentar contra o Senhor dos Senhores, o Inimigo devota todo o seu furor para perseguir e destruir os crentes em Cristo Jesus que formam a Santa Igreja Universal. Devemos glorificar a Deus por termos Satanás como o nosso arquirrival.

Glorificar a Deus por isso? Como assim? Calma que tem uma explicação. E ela se encontra no primeiro livro da Bíblia, aquele mesmo que relata a nossa origem e a origem das coisas criadas: o Gênesis. Lá, no relato da Queda, veremos que a nossa inimizade com o Diabo, a antiga serpente, faz parte do plano gracioso da redenção. Deus por sua providência criou esta inimizade. Tudo faz parte do seu decreto eterno e imutável de eleger para si um povo exclusivamente seu. Isso mesmo, a nossa inimizade com o Príncipe das Trevas tem a ver com a nossa Eleição.

Vejamos o que diz Genesis 3:15:

Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este ferirá a sua cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar".

A Serpente tentou Eva. Esta por sua vez convenceu Adão e ambos caíram em desgraça quando comeram do fruto da árvore proibida. Ali, homem e mulher, morreram espiritualmente e desfiguraram a Imago Dei (Imagem e Semelhança Divina). Deus, como de praxe, caminhava pelo Éden e o primeiro casal ao ouvir os seus passos procurou fugir da sua presença. Eles sabiam muito bem o que tinham feito... Deus os chama e Adão responde: “
Nos escondemos de ti, estávamos nus”. O Criador retruca: “Quem lhes revelou isso? Por acaso vocês comeram do fruto da árvore que eu proibi que comessem?” Logicamente Deus já sabia de tudo o que acontecera, afinal, Ele é soberano. Mas ali ele dá uma oportunidade para que Adão confesse a sua culpa. Todavia, Adão estava envolto pelo pecado e transfere a culpa para Eva. A mulher faz a mesma coisa e coloca a culpa na Serpente. Que desastre!

Mas é aqui que encontramos a misericórdia de Deus de uma maneira vívida e clara. Ao invés de destruir aquele primeiro casal rebelde e obstinado, o Senhor, vai separar aquela aliança maldita para preservar a humanidade de ter o mesmo destino derrotado de Satanás. Note que Gênesis 3:15 diz que:

1. Foi Deus que pôs em lado oposto a Serpente e a Mulher. Senão fosse esta iniciativa Divina, o primeiro casal ainda estaria em oposição contra o seu Criador e Senhor.
2. A inimizade se perpetuará através da descendência da Serpente e da descendência da Mulher. Serão dois “exércitos” opostos que vão ter enfrentamentos até a consumação do mundo.
3. Da descendência da Mulher virá aquele que esmagará a cabeça da Serpente, ou seja, destruirá definitivamente as obras malignas de Satanás.

Aqui temos a primeira promessa messiânica. Gênesis 3:15 aponta para Cristo e sua obra redentora. Se há homens e mulheres que tem Satanás por inimigo, apesar da associação natural com a causa satânica, isto só é possível porque Deus fez uma aliança com aquele primeiro casal e separou uma linhagem para si. Esta linhagem que surge da semente da mulher está desde aquele episódio guerreando contra a semente do pecado. Uma semente provém de Deus, a outra provém de Satanás. Uma é a semente da degeneração (Adão) e a outra é a semente da redenção (Cristo).

Isto é observável desde Caim e Abel, passando por egípcios e hebreus, Davi e Golias e etc. De um lado aqueles que são do “exército do mundo ou do Diabo”. Do outro temos os soldados do “exército de Deus”. Não existe meio termo nesta batalha. É por isso que o próprio Jesus vai dizer em Lucas 11:23: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha”. Escrevendo aos efésios, Paulo diz que éramos integrantes das hostes do Inimigo (Ef 2.2), satisfazendo nossos desejos carnais e não a vontade de Deus (Ef 2.3) e que apenas por ter sido Deus misericordioso (Ef 2.4) ele nos deu uma nova vida por meio de Cristo nos salvando sem merecermos (Ef 2.5). Isto é graça!

Tudo o que acontece no mundo pode ser explicado por este prisma. Como não existe ninguém neutro, os que não servem a Cristo são servos de Satanás e fazem o que lhe agrada. Se sofremos com os ataques do vil tentador, devemos nos lembrar que só sofremos tais investidas por conta do beneplácito do Senhor que nos colocou em oposição a Serpente. Também temos a nosso favor o registro da vitória mediante a Cristo. Fincados nele somos mais-que-vencedores (Rm 8.37). Os nossos sofrimentos presentes não se comparam com o que nos será revelado no porvir (Rm 8.18).

Em Apocalipse 12, uma visão dada ao apóstolo João nos assegura a vitória concreta e certa. O Dragão (a antiga Serpente) foi derrotado e a Igreja triunfou sobre eles por meio de Cristo. O Dragão, o que acusava incansavelmente os cristãos, foi derrubado (v.10). A Igreja vence não pelos seus recursos humanos, mas como está escrito: “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” (v.11). Reitero que devemos nos regozijar pelo fato de sermos oponentes desse Dragão, pois isso revela que fomos selados para estarmos com Deus por toda Eternidade. Ser inimigo do Diabo é ter a evidência de que fomos salvos pela graça.

Louvado seja Deus!

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Divulgação: Bereianos
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O que é Graça?

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Por Abraham Booth (1734-1806)


Paulo emprega a palavra "graça" para significar o oposto de "obras e méritos". "Pela graça sois salvos. ... não por obras" (Ef. 2:8-9). Graça significa favor imerecido ou favor dado sem que seja ganho por esforço algum.

Pela palavra "misericórdia" entendemos que alguém em dificuldade ou derrotado, está recebendo um benefício. Misericórdia faz supor uma pessoa sofredora a quem ela é concedida. Semelhantemente, "graça" sempre pressupõe indignidade na pessoa que a recebe. Se alguém nos dá qualquer coisa por graça, é porque nós não a merecemos. Qualquer coisa que mereçamos por direito, não pode ser nossa por graça. Graça e mérito não podem estar ligados no mesmo ato. São realidades tão opostas como luz e trevas. "Se é por graça, então não é por obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Rom. 11:6).

Assim, dizemos que nós recebemos a graça de Deus. Estamos dizendo, ao mesmo tempo, que somos indignos dela e que não podemos trabalhar por ela. Desta maneira, definimos graça como ela é usada no Novo Testamento, ou seja, "O eterno e absolutamente livre favor de Deus concedido a pessoas indignas e culpadas na doação de bênçãos espirituais e eternas".

A graça de Deus é eterna

À graça, de modo algum, depende do mérito humano; depende só da vontade de Deus. Não é ganha por mérito nem perdida por culpa. A graça é absolutamente livre de qualquer influência humana. Portanto nada há que possa derrotá-la, uma vez que ela foi dada. Por isso, Deus pode dizer: "... pois que com amor eterno te amei" (Jer. 31:3). Tal é a gloriosa base da nossa salvação!

Graça não é como uma franja de ouro na fímbia do vestuário; não é como um enfeite que decora um vestido; porém, é como o propiciatório do Tabernáculo, que era de ouro — de ouro puro — inteiramente de ouro! Portanto, aprendemos como estão seriamente enganados os que sugerem que a graça de Deus pode ser alcançada pelas boas obras. A graça de Deus recusa-se a ser ajudada naquilo que ela tem de fazer. Não seria um insulto à soberania de Deus sugerir que Ele precisa de ajuda do pobre desempenho do homem? A graça, ou é absolutamente livre de toda a nossa influência, ou então não é graça de modo algum.

Salvação, totalmente gratuita!

A graça "reina", diz Paulo em nosso texto (Rom. 5:21). Assim, a graça é comparada a um rei. Nos versículos anteriores, também o pecado é comparado a um rei. Como o pecado aparece armado de poder destrutivo, infligindo a morte, assim a graça aparece armada de invencível poder, amorosamente determinada a salvar. E "onde o pecado abundou, a graça o superou em tudo"(v. 20). Assim, o controle é da graça.

Em outras palavras: aqueles a quem Deus salva por Sua vontade misericordiosa, certamente estão totalmente salvos. Se Deus graciosamente resgata homens do poder do pecado, e lhes dá novas habilidades espirituais, então, não serão deixados para se fazerem suficientemente santos para entrarem no céu. Se a obra graciosa de Deus ficasse restrita a isso, a consequência final ainda seria duvidosa; a graça não estaria reinando. Além disso — admitindo-se que tal coisa fosse possível — os que conseguissem santificar-se por seus próprios esforços, ficariam muito, orgulhosos pelo que fizeram — o que seria diametralmente o oposto da graça!

Portanto, se a graça há de reinar, ela tem que ser o único meio de salvação. Por Sua vontade misericordiosa, Deus não apenas tem que começar, mas também continuar e completar a salvação do pecador. Então, se pode dizer com certeza que a graça "reina". Certamente uma certeza maravilhosa como esta glorifica a Deus.

A graça se adapta melhor à nossa necessidade do que qualquer outra coisa. Visto que o pecado é um tirano que reina sobre nós, e pretende levar-nos à morte eterna, que esperança podemos ter de salvação firmados em nossos próprios esforços? Quando nossas consciências ficam alarmadas por causa de nossas muitas falhas vergonhosas, não entramos em desespero? Lembre-se, porém, de que a salvação é pela graça de Deus! A graça de Deus está fundamentada na obediência perfeita e meritória de Cristo. O pecado não pode destruir o valor disso. A graça pode reinar sobre a maior indignidade. Na verdade, é só com o indigno que a graça se preocupa. Isso é assombroso! Isso é maravilhoso! Há esperança de salvação para o pior indivíduo, se é que ela é assegurada pela riqueza da graça que reina.

Teremos que ver nas próximas vezes como a graça reina na nossa eleição — chamamento, perdão justificação, adoção, santificação e perseverança.

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Fonte: The Reign of Grace
Tradução: Josemar Bessa
Via: Josemar Bessa

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