O Novo Mandamento de Cristo

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Por: Charles Haddon Spurgeon

C.H. Spurgeon (1834-1892) era pregador, autor e editor britânico. Foi pastor do Tabernáculo Batista Metropolitano, em Londres, desde 1861 até a data de sua morte. Fundou um seminário, um orfanato e editou uma revista mensal chamada “Sword na Trowel”. Conhecido como “Príncipe dos Pregadores”, Spurgeon escreveu muitos livros e artigos, particularmente na área devocional. Deixou um legado de vida piedosa, marcada por um profundo amor ao Senhor Jesus Cristo e por dedicados esforços ara alcançar almas perdidas.

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13.34-35)

Sem dúvida, muitos de vocês já ouviram a história do encontro do arcebispo Usher com o Sr. Rutherford. Mas ela é tão apropriada a este assunto, que não deixarei de contá-la novamente.

O arcebispo tinha ouvido sobre o maravilhoso poder da devoção de Rutherford e da beleza singular da ordem de sua casa e quis testemunhar por si mesmo. Contudo, ele não sabia como fazer isso, até que lhe ocorreu que poderia disfarçar-se como um viajante pobre. Seguindo essa idéia, ao cair da noite, ele bateu à porta do Sr. Rutherford, sendo recebido pela Sra. Rutherford. Perguntou se poderia ter abrigo para passar a noite. Ele respondeu: “Sim”, visto que costumavam receber estranhos. Ele o levou á cozinha e lhe deu algo para comer. Como parte de sua disciplina regular, a família catequizava os filhos e os empregados no sábado à noite. E, como é evidente, o homem pobre ficou entre eles na cozinha.

A Sra. Rutherford fez a todos eles algumas perguntas sobre os mandamentos. Ao homem pobre perguntou: “Quantos são os mandamentos?” Ele respondeu: “Onze”. “Ah! que coisa feia para um homem de sua idade, cujos cabelos estão grisalhos: não saber quantos são os mandamentos. Em nossa paróquia não há nenhuma criança maior de seis anos que não saiba isso”. O homem pobre nada disse em resposta, mas teve a sua refeição e foi para cama. Mais tarde ele se levantou e ouviu a oração de meia-noite de Rutherford. E ficou encantado com ela, se deu a conhecer, emprestou dele um casaco melhor e pregou por ele no domingo pela manhã, surpreendendo a Sra. Rutherford por usar estas palavras como seu texto: “Novo mandamento vos dou”. Ele começou com a observação de que isso poderia ser apropriadamente chamado de Décimo Primeiro Mandamento. Depois, o arcebispo foi embora, mas ele e Rutherford se revigoraram juntos. Esse é o Décimo Primeiro Mandamento. Na próxima vez que nos perguntarem quanto mandamentos existem, responderemos corretamente: onze.

Por que esse mandamento é novo? Não está incluído nos dez? Vocês sabem que nosso Senhor aprovou o resumo dos Dez Mandamentos apresentado pelo escriba: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27). Então, como este mandamento – “que vos ameis uns aos outros” – é novo?

Ele é novo, primeiramente, na extensão do amor. Devemos amar nosso próximo como a nós mesmos, mas devemos amor nossos irmãos em Cristo como ele nos amou. Isso é muito mais do que amamos a nós mesmos. Cristo nos amou melhor do que amamos a ele. Cristo nos amou tanto que se entregou a si mesmo por nós, para que nenhum de nós diga: “Tenho de amar meu amigo, meu irmão, meu próximo como amo a mim mesmo”, mas para que interpretemos assim o mandamento de Cristo: “Devo amar meu irmão em Cristo como Jesus Cristo, que morreu por mim, me amou”. É um tipo de amor mais nobre em relação ao amor que temos de manifestar ao nosso próximo. Este é o amor de benevolência; aquele é um amor de afinidade e relacionamento íntimo. Envolve um grau mais elevado de sacrifício do que o recomendado pela lei de Moisés...

Ele é um novo mandamento porque está apoiado por uma nova razão. O velho mandamento estava amparado nesta declaração: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êx 20.2). Os israelitas deviam obedecer à lei por causa da redenção que Deus havia realizado em favor de seu povo. Nós, porém, somos ordenados a amar uns aos outros porque Cristo nos redimiu de uma escravidão pior do que a do Egito, por meio de um sacrifício de valor mais elevado do que o oferecimento de miríades de cordeiros na Páscoa. “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” por nós (1 Co 5.7).

Ele nos tirou do jugo de ferro do pecado e de Satanás, quebrando totalmente nossas cadeias. Nossos inimigos nos perseguiram, mas ele os destruiu no mar, no mar Vermelho. Cristo nos redimiu com o sangue de seu coração; por isso, seu novo mandamento nos alcança com o maior significado possível: “Assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”. É um novo mandamento por causa da sua extensão e da razão na qual está apoiado.

É um novo mandamento também porque é um novo amor, procedente de uma nova natureza e envolvendo um nova nação. Devo, como homem, amar meu compatriota porque ele é homem. No entanto, como pessoa regenerada, tenho o dever de amar meus irmãos em Cristo ainda mais, porque eles também são regenerados. Os laços de sangue têm de ser reconhecidos por nós muito mais do que o são pelos não-regenerados. Esquecemos facilmente que Deus “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra” (At 17.26). Por laço comum de sangue, somos todos irmãos. Todavia, amados, os laços da graça são muito mais fortes do que os de sangue. Se vocês já nasceram de Deus, são irmãos por meio de uma irmandade muito mais forte do que a irmandade natural que os capacitou a dormir no mesmo berço, mamar no mesmo peito; pois os irmãos segundo a carne podem separar-se eternamente. A mão direita do Rei talvez seja a posição atribuída a um deles, e a esquerda, a posição designada ao outro; mas os irmãos nascidos verdadeiramente de Deus compartilham de uma irmandade que durará para sempre. Aqueles que agora são irmãos em Cristo serão sempre irmãos.

Expressamos uma atitude deveras bendita quando somos capazes de amar uns aos outros porque a graça que está em nós vê a graça que está no outro e discerne nele, não a carne e o sangue do Salvador, mas uma semelhança com Cristo e ama o outro por causa de Cristo. Assim como é verdade que, se somos do mundo, o mundo ama os seus, assim também é verdade que, se somos do Espírito, o Espírito ama os seus. Toda a família dos redimidos de Cristo está unida por laços firmes. Sendo nós mesmos nascidos de Deus, estamos sempre procurando outros que foram “regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pe 1.23). Quando os achamos, não podemos deixar de amá-los. Entre nós há, imediatamente, um vinculo de união.. Vocês estão ligados a Deus. Portanto, devem ter comunhão com todos os que estão ligados a ele, quer gostem, quer não...

Amados irmãos, este é um novo mandamento porque é compelido por novas necessidades. Os cristãos devem amar uns aos outros porque são súditos de um Rei, que é também seu Salvador. Somos um pequeno grupo de irmãos em meio a uma vasta multidão de inimigos. “Eis que eu vos envio”, disse Jesus aos seus discípulos, “como ovelhas para o meio de lobos” (Mt 10.16). Se vocês são verdadeiros cristãos, não terão o amor dos mundanos. Não podem tê-lo. Eles os ridicularizarão e os chamarão de tolos, hipócritas ou algo igualmente desagradável. Então, apeguem-se mais uns aos outros. Em qualquer oposição que vocês enfrentarem de fora, permitam que ela os consolide em uma união mais firme [um com os outros]. Somos como uma pequena companhia de soldados, na terra do inimigo, cercados fortemente pelos vastos batalhões de inimigos; por isso, temos de permanecer juntos. Temos de ser como um único homem, unidos em comunhão íntima, como nosso grande Capitão nos ordena. Deus permita que o próprio fato de que estamos num país do inimigo resulte em tornar-nos mais completamente um do que temos sido!

Quando ouço um cristão achando erros em seu pastor, sempre admito que o Diabo encontrou alguém para fazer a sua obra suja. Espero que nenhum de vocês jamais seja encontrado a reclamar dos servos de Deus que estão fazendo o seu melhor para promover a causa do Senhor. Já existem muitos que estão prontos a achar erros neles...

Além disso, queridos irmãos, este mandamento é novo porque é sugerido por novas características. Em nosso próximo, pode haver algo amável; mas, em nossos irmãos em Cristo, tem de haver algo amável. Suponha que sejam pessoas recém-nascidas de Deus – de minha parte, não tenho uma visão mais bela do que a de uma pessoa recém-nascida em Cristo. Gosto de ouvir as orações daquele é recém-convertido. Talvez haja... enganos e erros na oração, mas isso não a destrói. Um cordeiro não bali exatamente no mesmo tom em que bali um carneiro. Contudo, um cordeiro é um objeto muito lindo, e qualquer um gosta de ouvir seus frágeis balidos. Há uma beleza nos cordeiros do rebanho de Cristo, assim como há nos carneiros adultos. Não há nada mais agradável a ser visto no mundo do que um crente envelhecido que viveu perto de Deus. Quão calmo é o espírito desse crente! Quando ele começa a falar sobre as coisas de Deus e a testemunhar sobre o amor de seu Senhor, quão encantador é o seu falar! Há muitas coisas lindas nos verdadeiros cristãos. Então, procurem encontrar as excelências deles, e não os seus defeitos. Se nós mesmos estivermos num estado de coração correto, é muito provável que admiraremos o que é bom nos outros... Há uma beleza em seus amigos que não há em vocês mesmos. Não fiquem sempre contemplando o espelho. Há vistas mais linda a serem contempladas. Olhe para a face de seu irmão em Cristo; e, quando vê nele algo da obra do Espírito, ame-o por causa disso.

Mais uma coisa: este mandamento é novo porque é uma preparação para perspectivas melhores do que as que desfrutamos antes. Nós, que cremos em Jesus, viveremos juntos no céu, para sempre; por isso, podemos ser bons amigos enquanto estamos neste mundo. Veremos uns aos outros com a mesma glória e nos ocuparemos, para sempre, em uma realização comum: a adoração de nosso Senhor e Mestre. A lembrança desta verdade deve remover muitas barreiras que agora existem em nossa sociedade... Pode também dar testemunho de que freqüentemente eu aprendo mais em uma hora de conversa com um homem piedoso do que aprendo de um homem instruído que conhece muito pouco as coisas de Deus. Nunca julgue os homens pelas roupas que eles vestem, mas pelo que eles são em si mesmos. É o coração do homem e, acima de tudo, a graça de Deus residente no coração desse homem que você e eu devemos valorizar e amar. Que Deus nos ajude a fazer isso!

Extraído de um sermão pregado no Metropolitan Tabernacle, em Newington, no domingo 4 de abril de 1875, reimpresso por Publications Pilgrim.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright©Editora Fiel 2011

Traduzido do original em inglês: Christ’s New Commandment, sermão de C. H. Spurgeon republicado na revista Free Grace Broadcaster de Chapel Library, edição 206.


Fonte: [ Editora Fiel ]
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Super-heróis Gospel

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Por: Renato Vargens

Quando criança eu amava assistir os desenhos animados que continham super-heróis. Em especial lembro que não perdia um episódio sequer do “Super-amigos”, onde o Super-homem, a Mulher Maravilha, o Aquaman, Batman, Robin e outros mais defendiam o planeta de terríveis vilões.

Pois é, ao perceber que em algumas de nossas igrejas os ditos pastores se autodenominaram com títulos de efeito, tive a impressão de que o famoso desenho ganhou novos personagens, senão vejamos: Missionário Voz de Trovão, Pastor Filho do Fogo, além das Profetizas do Fogo, do Vaso de Poder e tantos outros mais.

Infelizmente depois do circo gospel eis que surge no cenário nacional os super-heróis gospel.

Caro leitor, sinceramente fico a imaginar alguém anunciando dos púlpitos de nossas igrejas as próximas atrações:

- Venham ver o varão fogo puro!
- Não deixem de assistir o poderoso profeta que ressuscita mortos!
- Não percam no culto da noite o varão do sapatinho de fogo.
- Venham ouvir a menininha de 7 anos que já é um vaso de poder e milagres!

Ora, na busca incessante de novos eventos gospel, a cada dia que passa, nosso cardápio de atrações aumenta. Infelizmente, em nome do "ré-té-té de Jeová", a Palavra de Deus deixou de ser pregada faz tempo, o louvor se tornou a repetição de mantras durante longos minutos catársicos de uma coletividade doentia e reprimida, e Deus passou de receptor do culto para um simples instrumento de manipulação de massa e cobrador dos impostos eclesiásticos que o pecador tem que pagar para alcançar a benção.

Meu amigo, não dá para continuarmos brincando de Polyana fazendo o jogo do contente; antes pelo contrário, em dias como os que vivemos, somos chamados a desenvolver uma espiritualidade simples, abnegada e centrada exclusivamente em Cristo.

Pense nisso!

Fonte: [ Blog do autor ]
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"A Teologia me fez mal"

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Por Francisco Jr.


Já ouvi muitas vezes, em círculos cristãos, alguém insinuar ou dizer mesmo com todas as letras que "teologia faz mal ou a teologia me fez mal..." Mas, de qual teologia estamos falando? Se for da teologia que declara a inerrância e suficiência da Bíblia e o amor por sua verdade; enfatiza a realidade da queda humana e a soberania de Deus na Salvação; a importância da obra da Cruz de Cristo, e é trinitariana e teocêntrica, então não é apenas de um compêndio na prateleira de uma biblioteca, ou de um curso de faculdade, que estamos falando, mas da teologia que "refere-se ao estudo, ao conhecimento, à comunicação e ao ensino de Deus, e à aprendizagem sobre Deus." (John Frame) E se "fazer mal" é derrotar o antropocentrismo, então graças a Deus, a teologia faz mal mesmo. Fez mal a mim, e por esse parâmetro faz e fará mal a muita gente.

Não somos o centro do universo e por isso a teologia nos causa dor e desconforto. A teologia, entre outras coisas, trata da questão da nossa relação com o Criador, e não há substitutos para ela (Tozer). Nosso menosprezo pela teologia, só reforça a idéia de que continuamos nos escondendo de Deus, constrangidos por nossa condição pós-queda (Gn. 3.8). E, nos escondemos muitas vezes, em nome de uma suposta espiritualidade (sem conhecimento); na presunção de uma eleição (sem frutos); escondemo-nos numa adoração (sem devoção), e ainda, numa floresta de pecados tentando fingir que Deus não está presente.

Na verdade, a idéia de que teologia faz mal, está fortemente enraizada, no mesmo conceito distorcido de que “a letra mata”. É o mesmo antiintelectualismo de sempre, que ganhou força, segundo Nancy Pearcey (Verdade Absoluta, CPAD, Rio de Janeiro, 2006), na origem do evangelicalismo do século XIX. O pragmatismo que estava no nascedouro do movimento evangelical levou a uma abordagem hostil em relação à teologia que persiste em nossos dias, como descreve Mcgrath:

A natureza fortemente pragmática do movimento (evangelical), levou a uma ênfase no crescimento da igreja, pregação de sentir-se bem e estilos de ministério informados em grande parte pela psicologia secular. O papel da teologia clássica sofreu erosão séria, com seminários evangélicos deixando de dar-lhe o lugar de honra que antes lhe fora universalmente atribuído. A teologia não é mais vista como integral para manter e nutrir a identidade cristã no munddo, nem como recurso seminal em forjar novas abordagens para o ministério (McGRATH, Alister. Paixão Pela Verdade. Shedd Publicações, São Paulo, 2007).

É importante salientar que a teologia nutre a genuína identidade cristã em nós. Portanto, se faz mal, o faz às práticas que distorcem o ensino cristão, como podemos ver nos exemplos que seguem:

Faz mal ao homem caído, que recusa aceitar a triste realidade do seu estado. Prefere pensar que tem algo de bom, ou que tem capacidade de escolher o bem por conta própria. A este com certeza a teologia fará mal, pois vai lhe dizer, sem clichê ou brandura, és "um desgraçado, pobre cego e nu” (Ap.3.17); vai mostrar a profundidade da queda em todas as áreas do seu miserável ser, e deixar-lhe ciente da sua total incapacidade de se reerguer.

Faz mal ao orgulhoso, que tem fortes dores de cabeça ao pensar que a salvação não depende dele, afinal, em seu conceito a graça de Deus "precisa" da sua boa vontade e do seu esforço também. A este a teologia vai dizer que "tudo provem de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo" (2Co.5.18), não deixando qualquer espaço para vangloriar-se na presença de Deus.

Faz mal ao soberbo o suficiente para imaginar que escolheu a Deus, e foi soberano nesta escolha, satisfazendo um deus que busca desesperadamente a aceitação dos homens. A este a teologia vai dizer sem rodeios que foi o Senhor que "nos escolheu antes da fundação do mundo" (Ef.1.4; Jo.15.16)

Faz mal ao arrogante. Há uma tendência atual, de colocar o homem como centro e medida de todas as coisas. Há um culto à auto-estima sendo prestado em lugar de culto ao Deus verdadeiro. Temos líderes enaltecendo a arrogância e difamando a humildade. Já presenciei reuniões em que o culto é interrompido e todos ficam de pé para a entrada triunfal do líder e sua comitiva, até mesmo no momento em que a Palavra esta sendo pregada. E ninguém questiona essa aberração! Não tem como a boa e salutar teologia não fazer mal num ambiente como esse. A glória que só pertence a Deus está sendo usurpada!

Ninguém pode estudar a Bíblia sem dizer que está estudando teologia, ninguém pode estudar teologia sem estudar a Bíblia. Claro que más atitudes podem persistir - e persistem - na vida de qualquer estudante de teologia, tenha ele motivos nobres ou não. Mas isso acontece por causa da queda e não da teologia. Parafraseando Michael Horton (Creio, Cultura Cristã, São Paulo, 2005), dizer que teologia faz mal é o mesmo que dizer que estudar a Biblia faz mal, ou conhecer a Deus é ruim.

O segredo da vida é teológico e a chave para o céu também. Aprendemos com dificuldade, esquecemos facilmente e sofremos muitas distrações. Devemos, portanto, decidir com firmeza estudar teologia. Devemos pregá-la do púlpito, cantá-la em nossos hinos, ensiná-la aos filhos e fazer dela tema de conversa quando nos reunimos com os amigos cristãos (TOZER, A.W., O melhor de A.W.Tozer, Ed Mundo Cristão, São Paulo, 1994).

Àquele que nos escolheu antes da fundação do mundo e nos guia pelo caminho da verdade, em quem está toda sabedoria e todo conhecimento, seja a glória pelo século dos séculos.

Fonte: Adoração e Pregação

Antídoto: A cura para a igreja evangélica brasileira

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Por Leonardo Gonçalves

Que a igreja brasileira não está vivendo o seu melhor momento, não é nenhuma novidade. Basta pesquisar a palavra “igreja” no Google para se dar conta do quanto a instituição carece de integridade e doutrinamento. No entanto, creio que apenas criticar os novos rumos do cristianismo tupiniquim, com seus pastores-apóstolos, profetas mercenários e pregadores cheios de estrelismo, não ajuda a resolver o problema. Obviamente, sei reconhecer o valor de uma crítica bem articulada, mas desprezo a atitude de quem somente destrói sem edificar nada no lugar, apenas pelo prazer de ver os escombros. A agressividade de quem só ataca sem oferecer uma resposta satisfatória à problemática eclesiástica e a hostilidade de quem aponta o problema, mas é incapaz de (tal como Neemias) ser a resposta ao próprio clamor é tão reprovável quanto a conduta dos mercadores da fé. Em síntese, tal atitude redunda em hipocrisia e grande desejo de aparecer às expensas daqueles que são objeto da sua fúria voraz.

Nesse ínterim, mentes esclarecidas argumentam contra o atual estado das coisas, mas na maioria dos casos, esquece-se de dizer como as coisas deveriam ser. Preocupam-se em execrar os farsantes, mas não indicam uma outra via, uma possível eleição. Deste modo, acaba-se promovendo uma generalização banal. A “apologética denuncista”, tão popular nos últimos anos, acaba fortalecendo o estereótipo latente no imaginário popular de que todo pastor é ladrão e que igreja evangélica é sinônimo de bandalheira.

Não quero assumir nenhuma postura messiânica. Não tenho o brilhantismo de Lutero, nem o zelo teológico de Calvino. Falta-me a coragem de John Huss e Wyclyffe, e sobra-me o pedantismo e a inconstância de Pedro. Sendo assim, ninguém mais improvável do que eu, para querer dogmatizar a apologética ou indicar a única via possível para a restauração da igreja evangélica neste país. Apesar disso, a paixão que tenho pela igreja, somada a pouca experiência de 10 anos como plantador de igreja, me conferem um pouco de autoridade para abordar este tema tão polemico. E visto que tenho falado sobre indicar o caminho sobre o qual a igreja evangélica brasileira deve trilhar para desenvolver-se de modo saudável, passarei a discorrer sobre aqueles tópicos que, a meu ver, deveriam ser tratados com mais responsabilidade pelos líderes eclesiásticos do nosso Brasil.

Primeiramente, a igreja brasileira precisa de pastores com vivencia apologética. Observe que não estou falando de pregação apologética, mas de vivencia apologética. Não creio que pregar contra a rosa milagrosa, o sabonete ungido e a fogueira santa seja mais necessário que a integridade ministerial. Já dizia um antigo pastor: “uma grama de testemunho vale mais que um quilo de pregação”. A crise da igreja evangélica brasileira não é apenas teológica; ela é moral. A própria teologia neopentecostal com sua ênfase na prosperidade adquirida através de vultosas ofertas nada mais é do que o reflexo do caráter hediondo dos seus arautos, verdadeiros estelionatários que já estariam atrás das grades, se este fosse um país sério. A vida do ministro sempre falará mais alto que seu sermão, razão pela qual sua vida, e não apenas o seu sermão, deve ter ênfase apologética. Pietismo, santidade, pudor, vergonha na cara, devem ser buscados mais do que as unções, os poderes, as línguas e as profecias.

Em segundo lugar, nossa liderança precisa ser mais tolerante com respeito à liturgia, adequando-se ao mundo contemporâneo. Precisamos deixar de perder tempo discutindo se podemos ou não dançar, se o rock é de Deus ou do diabo, se devemos ou não aplaudir, e concentrar-nos mais no evangelho de Jesus. Peço desculpas pelo tom de desprezo, mas sinceramente acho ridículas as discussões presbiterianas sobre “salmodia exclusiva”, e risível o argumento pentecostal de que a verdadeira musica sacra foi escrita há cem anos. Se temos como objetivo comunicar as verdades espirituais aos homens e mulheres do nosso tempo, precisamos de uma liturgia que se adapte as necessidades do mundo contemporâneo.

Logo, em terceiro lugar, penso que a igreja evangélica precisa de contextualização missionária. Isso decorre do segundo ponto: O povo brasileiro é ímpar por causa da sua diversidade cultural, e isso vai refletir na igreja. No entanto, a maioria dos pastores brasileiros parecem insensíveis a essa diversidade cultural, e acabam impondo a linguagem e os costumes do “gueto gospel” aos incrédulos. Dessa forma, criam uma geração de crentes estereotipados, meros papagaios de chavões de mau gosto: “Fala vaso!”, “Oh, varão, tem fogo aí?”, e outras fraseologias que são acessíveis apenas aos iniciados e que excluem a todos os demais. Precisamos de uma igreja cuja pregação se adapte a linguagem, contexto e necessidades do povo brasileiro.

Precisamos resgatar a pregação cristocentrica, a mensagem da justificação pela fé, e enfatizar estas verdades em todo tempo, pois elas são o cerne da teologia protestante. Nossas igrejas não possuem ênfase cristocentrica em seus ensinos. Aliás, para ser sincero, Cristo é um personagem coadjuvante nas pregações hodiernas. Fala-se muito sobre Davi, Sansão, Elias e Eliseu, profetas e reis do Antigo Testamento, mas muito pouco se fala sobre os méritos da cruz e sua aplicação na vida do crente. A justificação pela fé permanece apenas na qualidade de dogma, pois na prática o que vale mesmo é a teologia da barganha, da permuta, do “fiz por merecer”. A doutrina da justificação pela fé é o contraponto para refutar as heresias da prosperidade e a manipulação do sagrado, tão propaladas no meio pentecostal e mais recentemente pelos neopentecostais, sendo esta mais uma razão pela qual ela deve ser enfatizada.

Em quinto lugar, se queremos ser realmente bíblicos em nossa forma e próposito, precisamos elaborar uma eclesiologia menos centralizadora, que faça jus a doutrina protestante do sacerdócio de todos os crentes e introduza os leigos no ministério cristão, servindo com seus dons. Uma das maneiras de conseguir isso é através de pequenos grupos, reuniões caseiras, criando uma estrutura que promova a comunhão ao mesmo tempo em que permite que os crentes descubram seus talentos e ministrem a outros. Ao fazê-lo, estaremos permitindo que “a justa operação de cada parte produza o crescimento” (ênfase acrescentada).

Finalmente, creio que devemos ser sensíveis o suficiente para perceber até que ponto vale à pena lutar contra o sistema, e em que ponto é necessário abandonar o barco. Como disse no início deste texto, opor-se ao mercantilismo evangélico, as barganhas e vida pecaminosa dos líderes eclesiásticos, sem dispor o próprio coração para ser você mesmo a cura que a igreja precisa, nada mais é do que palavrório vão. As “igrejas S/A” tem ferido a milhares de pessoas, e é preciso que se levantem servos de Deus para apascentar, restaurar e re-orientar estas pessoas. Há uma grande necessidade de igrejas sadias no nosso país e eu oro para que alguns dos críticos de hoje ultrapassem a barreira da crítica pela crítica e se proponham a ser a mudança que a igreja precisa. Oro para que muitos dos que hoje acusam a igreja de tantos pecados, se disponham a ser, eles mesmos, os líderes que anelam ver.

É claro que há muitos outros aspectos em que a igreja brasileira pode e deve melhorar, mas creio que se conseguirmos aplicar estes, já teremos feito um grande progresso.


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Leonardo Gonçalves ama a igreja e deseja amá-la cada vez mais. Sonha com uma igreja diferente e se dispôs a ser – ele mesmo – a resposta da sua oração. E você? Será que você está disposto a se transformar na igreja que você sonha ver? Está disposto a se transformar no líder ético e espiritual que você anela ter? #isso_é_reforma!

Fonte: [ Púlpito Cristão ]

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Quando a Cultura Vira Evangelho

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Por: Augustus Nicodemus Lopes

O relacionamento dos cristãos com a cultura na qual estão inseridos sempre representou um grande desafio para eles. Opções como amoldar-se, rejeitar a cultura, idolatrá-la ou tentar redimi-la têm encontrado adeptos em todo lugar e época. Em nosso país, com uma cultura tão rica, variada e envolvente, o desafio parece ainda maior nos dias atuais. Como aqueles que crêem em Jesus Cristo e adotam os valores bíblicos quanto à família, trabalho, lazer, conhecimento e as pessoas em geral podem se relacionar com esta cultura?

Existem muitas definições disponíveis e parecidas de cultura. No geral, define-se como o conjunto de valores, crenças e práticas de uma sociedade em particular, que inclui artes, religião, ética, costumes, maneira de ser, divertir-se, organizar-se, etc.

Os cristãos acrescentam um item a mais a qualquer definição de cultura, que é a sua contaminação. Não existe cultura neutra, isenta, pura e inocente. Ela reflete a situação moral e espiritual das pessoas que a compõem, ou seja, uma mistura de coisas boas decorrentes da imagem de Deus no ser humano e da graça comum, e coisas pecaminosas resultantes da depravação e corrupção do coração humano. Toda cultura, portanto, por mais civilizada que seja, traz valores pecaminosos, crenças equivocadas, práticas iníquas que se refletem na arte, música, literatura, cinema, religiões, costumes e tudo mais que a compõe.

Deste ponto de vista a definição de cultura é bem próxima à definição que a Bíblia dá de "mundo," a saber, aquele sistema de valores, crenças, práticas e a maneira de viver das pessoas sem Deus. Poderíamos dizer que “mundo” compreende os traços da cultura humana que refletem a sua decadência moral e espiritual e seu antagonismo contra Deus.

De acordo com João as paixões carnais, a cobiça e a arrogância do homem marcam o mundo. Como tal, o mundo é frontalmente inimigo de Deus e os cristãos não devem amá-lo:

1João 2:15-16 - "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo."

Tiago vai na mesma linha:

Tiago 4:4 - "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus".

Escrevendo aos romanos, Paulo os orienta a não se moldarem ao presente século - um conceito escatológico do mundo presente, debaixo da lei e do pecado e caminhando para seu fim:

Romanos 12:2 - "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

O próprio Jesus ensinou que o mundo o odeia e odeia aqueles que são seus dicípulos, pois não são do mundo:

João 15:18-19 – “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”.

Não é de se estranhar, portanto, que aqueles cristãos que levam a Bíblia a sério sempre tiveram uma atitude, no mínimo, cautelosa em relação à cultura, por perceberem nela traços da corrupção humana - ou seja, do mundo.

Ao mesmo tempo em que a Bíblia define o mundo de maneira negativa, ela admite que existem coisas boas na sociedade em decorrência do homem ainda manter a imagem de Deus – em que pese a Queda – e em decorrência de Deus agir na humanidade em geral de maneira graciosa. Deus concede às pessoas, sendo elas cristãs ou não, capacidade, habilidades, perspicácia, criatividade, talentos naturais para as artes em geral, para a música – enfim, aquilo que chamamos de graça comum. É interessante que os primeiros instrumentos musicais mencionados na Bíblia aparecem no contexto da descendência de Caim (Gênesis 4:21) bem como os primeiros ferreiros (4:22) e fazedores de tendas (4:20). Paulo conhecia e citou vários autores da sua época, que certamente não eram cristãos (Epimênides, Tt 1:12; Menander, 1Cor 15:32; Aratus, Acts 17:28). Jesus participou de festas de casamento (João 2) e Paulo não desencorajou os crentes de Corinto a participar de refeições com seus amigos pagãos, a não ser em alguns casos de consciência (1Co 10:27-28).

Portanto, a grande questão sempre foi aquela do limite – onde eu risco a linha de separação? Até que ponto os cristãos podem desfrutar deste mundo, até onde podem se amoldar à cultura deste mundo e fazer parte dela?

Dá para ver porque ao longo da história a Igreja cristã foi considerada algumas vezes como obscurantista, reacionária, um gueto contra-cultural. Nem sempre os seus inimigos perceberam que os cristãos, boa parte do tempo, estavam reagindo ao mundo, àquilo que existe de pecaminoso na cultura, e não à cultura em si. Quando missionários cristãos lutam contra a prática indígena de matar crianças, eles não estão querendo acabar com a cultura dos índios, mas redimi-la dos traços que o pecado deixou nela. Eles estão lutando contra o mundo. Quando cristãos criticam Darwin, não estão necessariamente deixando de reconhecer sua contribuição para nosso conhecimento dos processos naturais, mas estão se posicionando contra a filosofia naturalista que controlou seu pensamento. Quando torcem o nariz para Jacques Derrida, não estão negando sua correta percepção das ambigüidades na linguagem, mas sua conclusão de que não existe sentido num texto. Gosto de Jorge Amado mas abomino seu gosto pela pornografia,

Por ignorarem ou desprezarem a presença contaminadora do mundo na cultura é que alguns evangélicos identificam a cultura como a expressão mais pura e autêntica da humanidade. Assim, atenuam – e até negam – a diferença entre graça comum e graça salvadora, entre revelação natural e revelação especial. Evangelizar não é mais chamar as pessoas ao arrependimento de seus pecados – refletidos inclusive em suas produções culturais, poéticas, artísticas e musicais – mas em afirmar a cultura dos povos em todos os seus aspectos. O Reino de Deus é identificado com a cultura. Não há espaço para transformação, redenção, mudança e transformação – fazê-lo seria mexer com a identidade cultural dos povos, a sua maneira de ser e existir, algo que com certeza deixaria antropólogos de cabelo em pé.

A contextualização sempre foi um desafio para os missionários e teólogos cristãos. De que maneira apresentar e viver o Evangelho em diferentes culturas? Pessoalmente, acredito que há princípios universais que transcendem as culturas. Eles são verdadeiros em qualquer lugar e em qualquer época. Adultério, por exemplo, é sempre adultério. Pregar o Evangelho numa cultura onde o adultério é visto como normal significa identificá-lo como pecado e lutar contra ele, buscando redimir os adúlteros e adúlteras e restaurar os padrões bíblicos do casamento e da família. Enfim, redimir e transformar a cultura, fazê-la refletir os princípios do Reino de Deus.

Nem sempre isto é fácil e possível de se fazer rapidamente. Missionários às tribos africanas onde a poligamia é vista como normal que o digam. O caminho possível tem sido tolerar a poligamia dos primeiros convertidos, para não causar um problema social grave com a despedida das esposas. Mas a segunda geração já é ensinada o padrão bíblico da monogamia.

É preciso reconhecer que nem sempre os cristãos conseguiram perceber a distinção entre mundo e cultura. Historicamente, grupos cristãos têm sido contra a ciência, a arte, a música e a literatura em geral, sem fazer qualquer distinção. Todavia, estes grupos fundamentalistas não representam a postura cristã para com a cultura e nem refletem o ensino bíblico quanto ao assunto. Os reformados, em particular, caracteristicamente sempre se mostraram sensíveis às artes e viam nelas uma manifestação da graça comum de Deus à humanidade. Apreciavam a pintura, a música, a poesia e a literatura. Entre eles, temos os puritanos. Cabe aqui a descrição que C. S. Lewis fez deles:

Devemos imaginar estes puritanos como o extremo oposto daqueles que se dizem puritanos hoje. Imaginemo-los jovens, intensamente fortes, intelectuais, progressistas, muito atuais. Eles não eram avessos a bebidas com álcool; mesmo à cerveja, mas os bispos eram a sua aversão. Puritanos fumavam (na época não sabiam dos efeitos danosos do fumo), bebiam (com moderação), caçavam, praticavam esportes, usavam roupas coloridas, faziam amor com suas esposas, tudo isto para a glória de Deus, o qual os colocou em posição de liberdade. (...) [Os puritanos eram] jovens, vorazes, intelectuais progressistas, muito elegantes e atualizados ... [e] ... não havia animosidade entre os puritanos e humanistas. Eles eram freqüentemente as mesmas pessoas, e quase sempre o mesmo tipo de pessoa: os jovens no movimento, os impacientes progressistas exigindo uma “limpeza purificadora”.[1]

O grande desafio que Jesus e os apóstolos deixaram para os cristãos foi exatamente este, de estar no mundo, ser enviado ao mundo, mas não ser dele (Jo 17:14-18). Implica em não se conformar com o presente século, mas renovar-se diariamente (Rm 12:1-3), de não ir embora amando o presente século, como Demas (2Tm 4:10). É ser sal e luz.

Para os que deixam de levar em conta a presença da corrupção humana na cultura, os poetas, músicos, artistas e cientistas se tornam em sacerdotes, a produção deles em sacramento e costurar e tecer em evangelização.

NOTA

[1] Citado por Douglas Wilson em “O Puritano Liberado,” Jornal Os Puritanos 5/1 (1997) e por L. Ryken, Santos no Mundo, pp. 19, 177.

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

A Grande Ruptura

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Por: John MacArthur

Martinho Lutero disse: "Se o nosso evangelho tivesse sido recebido em paz, ele não seria o verdadeiro evangelho". Se alguém já viu a verdade do Cristianismo causar divisões entre pessoas e instituições, essa pessoa foi Lutero. Ele pregou a verdade na Igreja Católica, mas essa verdade não trouxe paz; ao contrário, ela criou a maior ruptura na história da religião. Ela despedaçou o poder monolítico da hierarquia católica e deu início à Reforma Protestante, a qual resgatou o verdadeiro evangelho do sacramentalismo que o mantinha prisioneiro.

Na realidade, Mateus 10.34 é paradoxal porque deveríamos esperar que o Senhor trouxesse a paz. Afinal, João Batista era seu predecessor e ele falou sobre paz. Quando os anjos proclamaram o nascimento do Messias eles cantaram "Paz na terra". E, em João 14.27, Jesus afirma: "A minha paz vos dou".

Em pelo menos três lugares na carta aos Romanos, Paulo falou sobre a paz que Deus nos dá (5.1; 8.6; 14.17). E verdade que existe paz no coração daqueles que crêem, mas no que concerne ao mundo, não existe outra coisa senão divisão. Sim, ele trouxe a paz de Deus ao coração do crente, e, algum dia, haverá um reino de paz. O Antigo Testamento nem sempre fez uma distinção clara entre a primeira e a segunda vindas. A primeira trouxe uma espada; a segunda trará a paz perfeita.

E verdade que a primeira vinda trouxe uma paz parcial, a paz que penetra o coração de todo que crê. Mas o Senhor advertiu os discípulos: "Lembrem-se disto quando saírem: Vocês causarão divisão. Causarão uma laceração e uma separação".

O evangelho faz isso. E o fogo refinador que consome. Ele produz a separação entre ovelhas e cabritos feita pelo pastor. Ele traz a pá do agricultor que joga os grãos para o ar e o joio é separado. A entrada de Cristo quebra e separa. Se Cristo nunca tivesse vindo, a terra teria continuado unida, condenada ao inferno. Mas quando ele veio, uma guerra estourou.

Em Lucas 12, vemos algo disso. No versículo 49, Jesus diz: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder". Versículo 51: "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão". Ele veio para trazer uma espada, não paz, no sentido de que ele veio para colocar os membros de uma família uns contra os outros. Ele afirmava que aqueles que fossem verdadeiros discípulos estariam dispostos a criar uma divisão em seu próprio lar.

Isso vai contra todos os nossos instintos, porque desejamos paz no nosso lar mais do que qualquer outra coisa. E o nosso refugio, é o lugar onde vivem as pessoas que mais amamos e melhor conhecemos. Não queremos viver em desavença com eles. Mas quando nos comprometemos com Jesus Cristo, seremos leais a ele, mesmo que isso destrua nosso lar, a nossa vizinhança, nossa cidade, nossa nação. Se esse é o preço, pagaremos.

Jesus expressou a severidade dessa ruptura na frase de Mateus 10.35: "Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai". Algumas traduções dizem: "Pois vim colocar o homem em divergência com seu pai". A expressão grega "em divergência com", ou "contrário a" é rara, e usada apenas nessa passagem do Novo Testamento. Ela significa romper as relações. Jesus dizia: "Eu separarei totalmente o homem de seu pai e todos os outros parentes entre si. Destruirei as famílias de todas as maneiras possíveis".

Esse é o pior rompimento possível. Não é tão ruim quando estamos em desavença com vizinhos, com o patrão, com amigos ou com a sociedade, mas quando chega à família e o compromisso com Jesus Cristo significa uma rup¬tura com os parentes, é aí que as coisas realmente começam a se tornar difí¬ceis. Seu compromisso com Cristo vai contra o amor por eles e a necessidade que sentimos da presença deles.

Seu compromisso vai contra o desejo de viver em harmonia. Ser cristão e seguir a Jesus Cristo pode significar uma divisão dentro do lar. Mas essa é a marca do verdadeiro discípulo. Muitas vezes, unir-se a Cristo significa o afastamento de membros da família que nos rejeitam porque não rejeitamos o evangelho. Isso é especialmente verdadeiro em famílias judias, assim como nas famílias que professam outras religiões falsas.

Esse é um padrão difícil, e muitas pessoas sentem que é sacrifício demais. Algumas esposas não irão a Cristo porque temerão se separar do marido. Alguns maridos não aceitarão a Cristo porque temerão se separar da esposa. Os filhos podem não ir a Cristo por temerem seus pais ou mães, e vice-versa. As pessoas não assumem sua posição ao lado de Cristo porque desejam manter a harmonia familiar. Mas Jesus disse que o verdadeiro discípulo deixará sua família, se for necessário fazer tal escolha. Isso faz parte da auto-renúncia, aceitar alegremente o alto custo de servir a Jesus para receber suas infinitas bênçãos para os tempos de hoje e para a eternidade.

UM AMOR MAIOR

O amor familiar é forte; sem dúvida é o laço humano mais profundo e íntimo. Porém, ele não tem o poder que o amor por Cristo tem. Este é tão forte que algumas vezes rompe os laços familiares. Uma jovem senhora que conheço contou que se tornara crista vindo de uma família totalmente paga e, como resultado, seu pai, a quem ela amava muito, se recusava a falar com ela, quer pessoalmente quer por telefone; ele desligava o telefone quando ela ligava. Disse ela: "Sempre penso que ele deveria estar contente porque não sou uma alcoólatra, não sou viciada em drogas, não sou uma criminosa, não passei por nenhum acidente terrível que tivesse me deixado aleijada ou machucada. Nunca fui tão feliz em minha vida como sou agora que me tornei cristã e, por causa do meu amor por Cristo, ele não fala comigo". A razão é a espada.

A mesma espada caiu entre Caim e Abel. Abel era um homem justo, Caim era injusto, e a ruptura foi tão grande que Caim não conseguiu suportá-la — por isso matou o seu irmão.

Primeira Coríntios 7 mostra-nos como a espada interfere num casamento cristão. Se você tem uma mulher não-crente e ela concorda em permanecer com você, não se divorcie dela. Se você tem um marido não-crente e ele deseja permanecer com você, deixe-o ficar porque certa santificação ocorre. Ou seja, as bênçãos de Deus que caem sobre o crente atingem de modo temporal o parceiro não-crente. "Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz" (v. 15). Esse é o outro lado da situação. Uma vez que a espada caiu, então Deus nos tem chamado à paz, e se o descrente deseja apartar-se, devemos deixá-lo ir.

Tornar-se cristão significa estar cansado do próprio pecado, ansiando por perdão e pelo resgate do pecado atual e do inferno futuro, e afirmar nosso compromisso com o senhorio de Cristo até o ponto em que estamos prontos a abandonar tudo. Eu já disse isso antes e tornarei a dizer novamente: não se trata apenas de uma questão de levantar a mão, caminhar até a frente e dizer "Eu amo a Jesus". Isso não é fácil, não é algo que nos tornará mais popular nem é uma resposta às necessidades que o mundo diz que temos. Não é um mundo perfeito e cor-de-rosa no qual Jesus nos concede tudo o que desejamos. E difícil, exige sacrifício e põe tudo de lado.

A manifestação da verdadeira fé é um comprometimento que nenhuma influência consegue abalar. Sem dúvida você ama sua família, seus filhos, seus pais, seu esposo ou sua esposa. Mas se você é discípulo verdadeiro, o compromisso com a salvação encontrada unicamente em Cristo é tão profundo, tão intenso e tem um alcance tal que, se for necessário, dirá não àqueles a quem ama por causa de Cristo.

John Bunyan conheceu esse sofrimento de maneira muito especial. As autoridades disseram-lhe que parasse de pregar, mas ele respondeu: "Não posso parar de pregar porque Deus me chamou para isso". A resposta foi:"Se o senhor pregar, nós o colocaremos na prisão".

Então ele pensou consigo mesmo: "Se eu for para a prisão, quem cuidará da minha família? Ao mesmo tempo, como posso fechar a minha boca quando Deus me chamou para pregar?".

Bunyan foi suficientemente forte, corajoso e fiel para entregar sua família aos cuidados de Deus e permaneceu fiel e obediente ao chamado para pregar, e eles o colocaram na prisão. E foi na prisão que ele escreveu sua magnífica alegoria, O Peregrino, que tem abençoado tantos milhões de famílias ao longo dos séculos com seu ensino sobre o caminho da salvação. Sem ele, sua família sofreu, mas Deus cuidou dela. E mediante esse sofrimento, Deus realizou obras maravilhosas na vida de incontáveis pessoas.

Num apêndice à sua autobiografia Grace Aboundingto the ChiefofSinners, Bunyan escreveu:


A separação de minha esposa e de meus pobres filhos tem sido freqüentemente para mim neste lugar [a cadeia], como arrancar a carne de meus ossos; e isso não porque eu seja de certo modo muito ligado e aficionado a essas grandes Misericórdias, mas também porque eu sempre tinha de trazer à minha mente as muitas dificuldades, misérias e necessidades que minha pobre família teria de enfrentar se eu tivesse de ser apartado deles, especialmente meu pobre filho cego, que permanece mais próximo do meu coração do que qualquer um dos outros. O, o pensamento das dificuldades que eu penso que o meu filho poderá enfrentar, parte o meu coração em pedaços ... Mas, ainda assim, relembrando o que se passou, eu pensei: preciso entregar todos a Deus, embora eu esteja para deixá-los em breve. Nessa condição eu me percebi como um homem que estava destruindo sua casa sobre a cabeça de sua esposa e filhos; ainda assim, pensei, eu tenho de fazer isso, eu tenho de fazer isso.'

Peço a Deus que nunca tenha de tomar esse tipo de decisão, mas é uma possibilidade. Você pode ter tido a necessidade de fazer essa escolha porque confessou a Jesus Cristo, e certamente isso foi um fardo para sua família. Mas essa é a maneira pela qual provamos a realidade da nossa conversão. Aquele que diz: "Não estou disposto a fazer esse sacrifício", não é genuíno. Em Mateus 10.37 Jesus diz: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim". Não podemos ser seus discípulos e receber sua salvação se nossa família significa mais para nós do que Cristo.

Fonte: [ Josemar Bessa ]
Via: [ Batistas Puritanos ]

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A lenda de Lilith

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Na Bíblia, os principais arquétipos femininos são o de Eva, a mulher que trouxe o pecado para a humanidade; e o de Maria, a mulher que trouxe ao mundo aquele que salvaria todos os homens do pecado. Porém, há na mitologia semita, uma terceira mulher cuja trajetória está diretamente ligada à do destino da humanidade: Lilith, a primeira esposa de Adão, a serpente que enganou Eva, o demônio da luxúria.

Existem algumas versões diferentes da lenda de Lilith, na mais aceita pelos estudiosos do mito e com fundamentos na Talmud (um dos livros considerados como fonte da sabedoria rabínica), Lilith é criada por Deus da mesma forma como Adão, ou seja, moldada pelas mãos divinas, só que a partir de lodo e fezes. Os dois são o primeiro casal, responsáveis por cuidar do Éden. Só que com o tempo Lilith se rebela por não se conformar em estar em uma posição inferior a de seu marido, já que ambos foram criados a imagem e semelhança de Deus. A submissão é detectada inclusive sexualmente, onde Lilith exerce poder de sedução e entorpecimento orgástico em Adão e ele, por outro lado, se deita continuamente sobre ela, num sinal de domínio no coito e na relação, o que Lilith não aceita (GOMES & ALMEIDA, 2007: p. 11).

Em busca de igualdade, Lilith entra em conflito com seu marido, contesta sua posição de inferioridade, e contesta também o criador, tendo que escolher entre se submeter ou deixar o jardim. Ela escolhe a segunda opção e parte para um exílio no Mar Vermelho, reduto de demônios. Durante algum tempo Lilith se vê impelida por anjos a voltar ao jardim, porém escolhe viver como demônio e abandona de vez Adão (RODRIGUES, 2007: p. 07). Este, triste por perder sua mulher, adormece, e a partir de sua costela Deus cria Eva, uma mulher que saiu do homem, portanto dependente e submissa a ele, a que seria oficialmente a primeira esposa de Adão, a mãe da humanidade.

Após seu exilo no Mar Vermelho Lilith volta ao Jardim do Éden como um demônio, e na forma de uma serpente é responsável pela tentação de Eva, que levou toda a humanidade ao pecado. Com astúcia, Lilith confunde Eva e desperta nela o desejo de igualdade, não a igualdade com o homem, que a primeira mulher antes desejava, mas a igualdade com o próprio Deus (FONSECA, 2007).

Na Bíblia, não temos nenhuma referência à Lilith, e a serpente é identificada com o Diabo, mas no imaginário judaico, já associado às lendas mesopotâmicas, Lilith é o demônio da luxúria (NOGUEIRA, 2002: p. 17) – que tentava os jovens sexualmente á noite levando-os a sonhos eróticos e “poluição noturna”-, e mais tarde, com a maior sistematização das crenças de Israel, a lenda foi acoplada à idéia do Diabo e suas hostes. Por outro lado, o mito de Lilith, presente originalmente na cultura dos babilônicos e assírios, perdurou também na tradição oral dos hebreus e nos livros de sabedoria, considerados apócrifos pela cultura cristã. Além disso, a lenda tem sido retomada pelo estudo das religiões, religiões e mitologias comparadas, psicologia e pela astrologia e misticismo, onde Lilith é a lua negra, a face oculta lunar.

Mais detalhes em Templo do Conhecimento.

Fonte: [ Apontamentos Teológicos ]
Via: [ Eleitos de Deus ]

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Incompatibilidade

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Por: Daniel Clós Cesar

Não é a primeira vez que escrevo sobre ecumenismo. Por isso quero deixar bem claro já no início do discurso. Não vou me referir ao movimento ecumênico, que tem origem no próprio protestantismo. Vou utilizar o termo ecumenismo num sentido bastante amplo. União de religiosidades ou instituições religiosas de "fés" opostas.

Não muito tempo atrás, seguindo a cartilha do mercado de consumo, uma pastora e um padre estiveram no programa de maior audiência da moralmente decadente tv brasileira. enquanto promoviam seus "ministérios" e CDs, assisti um (que vou considerar em respeito a pastora) grande ato falho de um cristão em rede nacional. Se fora da grande mídia, cristãos são apedrejados, mutilados e queimados vivos por não negarem ao evangelho. Em cadeia nacional, no canal mais visto pelos brasileiros, uma pastora (a quem considero minha irmã em Cristo), não fez distinção entre trevas e Luz. Pelo contrário, produziu um novo pensamento em uma teologia pseudo-cristã:

"Cada um anda na luz que tem"
... disse ela.

Preciso, antes de continuar, explicar minha posição a respeito da amizade entre cristãos e católicos, cristãos e muçulmanos, hindus, budistas ou qualquer outro que professe um evangelho diferente daquele pregado por Cristo e seus apóstolos.

Creio, de todo coração, ser possível existir amizade entre pessoas que pensam, agem e fazem construções de mundo antagônicas. Primeiro, independente do credo, TODOS pecaram e destituídos estão da Glória de Deus. Segundo, não importa se é em Jerusalém, em Samaria ou em Nínive, homens e mulheres aguardam as boas novas do Evangelho. Terceiro, não existe mais distinção entre senhor, escravo, livre, grego ou bárbaro... Cristo é tudo em todos.

Deste modo, cristãos não são a melhor classe de pessoas sobre a face da terra... pelo contrário, se cremos nas palavras de Cristo, e certamente cremos: "De todos sereis odiados por causa do meu nome." (Lucas 21.17)

Logo, a questão não é obviamente o padre. Pois ele, dentro dos conceitos do homem de bondade, misericórdia e amor, é muito estimado. A questão é quem ele representa e o que ele prega.

Sei que a referida pastora não acredita existirem várias "luzes", mas sim, que há apenas uma Luz. O resto, são trevas. Não existem "muitas" luzes, como não há outros deuses. Existe um único Deus... uma única luz.

O cristianismo contemporâneo tem se perdido nas ideologias e no pensamento pós-moderno. Como resultado da intolerância do século XX, como dos fascismos europeus, do socialismo e dos regimes militares de direita, a misericórdia de Jesus demonstrada pela adúltera (João 8) passou a ser vista como tolerância. O amor demonstrado por Cristo ali, agora é visto como aceitação.

Ora, foi uma simples aplicação do "misericórdia quero, não holocaustos" (Mateus 12.7). Mas em nenhum momento ele demonstrou tolerância ao pecado daquela mulher. Ou não teria dito: "não peques mais". Sim, ele considerou ser um pecado o adultério, não, ele não a condenou, ele a absolveu... e não, ele não foi tolerante com o pecado... a este, ele condenou... "não peques mais". E não, ele não aceitou que ela permanecesse naquele estado... mas ele radicalmente a transformou... pois ela estava morta, e lhe foi dada a vida.

Não devemos ser tolerantes com os erros. Não devemos deixar de admoestar. E por fim, não devemos colocar o homem no lugar de Deus. Antes de pecar contra Aquele que tem o poder sobre nossas almas, deveríamos considerar nos opor aos que só podem tocar nossa carne. Pois não serão estes últimos a nos julgar, mas o Primeiro.

Portanto, um púlpito consagrado a Deus não pode ser dividido com alguém que serve a outro deus... ou que evoca mortos por intermédio de estátuas mudas. Um ministério forte não é aquele que arrebanha milhares e milhares em torno de sua cidadela, mas aquele que mantem-se integro até a volta de nosso Senhor.

Ainda que criados pelo mesmo Deus... somos absolutamente incompatíveis nas coisas espirituais.

"Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade;" (Isaías 5.20)


Soli Deo Gloria

Fonte: [ Blog do autor ]
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Martorelli Dantas e a Climatização do Inferno

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Por Fábio Correia, conhecido na blogosfera como o Filósofo Calvinista

A bíblia conta a história de um Rei que um dia deu lugar à cobiça em seu coração. Essa história tem se repetido com diferentes personagens e com diferentes variantes. Primeiro cobiçou dinheiro, depois a mulher do próximo. Olhou ele e viu que “ela era mui formosa”. Prontamente ordenou que a trouxessem e a possuiu. Pronto! O que era apenas tentação e não pecado virou adultério; uma flagrante quebra do sétimo mandamento, “não adulterarás”. O grande problema é que a mulher engravidou. O pecado ficaria evidente a todos. O rei precisava fazer algo para evitar.

Acusado por sua consciência e pelo conhecimento da “verdade”, conforme aprendeu desde a sua infância, teve uma idéia: SE FOSSE POSSÍVEL RELATIVIZAR E FAZER COM QUE ALGO QUE É PECADO DEIXE DE SER ENTENDIDO COMO PERCADO, então teria resolvido o problema. Bastava tão somente convencer a todos que as pessoas do passado pensavam assim por que eram ignorantes. Brilhante!

Chamou ele o marido da mulher, que estava no campo de batalha, e sugeriu que se deitasse com ela para, por fim, atribuir-lhe o ônus (ou bônus) de sua gravidez “indesejada”. Isso o tornaria ISENTO DE CULPA, pelo menos diante das pessoas. Ninguém lhe poderia acusar, afinal, ONDE NÃO HÁ PECADO NÃO HÁ JULGAMENTO OU ACUSAÇÃO.

Mas o rei não contava que ainda existissem pessoas fiéis aos “antigos pressupostos”. O marido traído não se deitou com ela. Nesse momento o plano B entra em ação. O marido precisaria morrer para que a história não se voltasse contra o rei, trazendo assim, sobre ele, a necessidade de ASSUMIR AS CONSEQUÊNCIAS DE SEU PRÓPRIO ERRO E FOSSE PUNIDO POR ELE. Mas o rei não poderia matá-lo, abertamente, pois todos e a sua própria consciência o acusariam de PECADO, de quebra do sexto mandamento: “Não matarás”.

O que fez ele? Utilizou o mesmo recurso de tentar CAMUFLAR SEU PRÓPRIO PECADO, para que as pessoas o tivessem por inocente, afinal, como já dissemos: ONDE NÃO HÁ PECADO NÃO HÁ JULGAMENTO, NEM ACUSAÇÃO E ACRESCENTAMOS: NEM PENA.

O plano deu certo por algum tempo. O rei, com sua “majestade e maestria”, conseguiu convencer a muitos que nada pesava sobre ele. Fazia isso com um brilhantismo ímpar. Sua expressão, ao defender sua inocência, tendo MUDADO, PARA AUTO-BENEFICIAR-SE, O DNA DO PECADO, era de uma brancura semelhante às suntuosas construções caiadas, lembradas por Jesus.

Mas o rei tinha uma atitude no mínimo contraditória; dúbia: só RELATIVIZAVA a “verdade estabelecida” quando lhe era conveniente. Para ele, o benefício da dúvida; para os outros, o rigor da Lei. Ora, se a VERDADE depende da subjetividade daquele que interpreta os fatos e não está nos fatos ou nos fenômenos em si, não seria óbvio concluir que a VERDADE dos outros também deveria ser aceita e considerada tão boa e verdadeira quanto a nossa, no mínimo? Mas não era isso que acontecia com o rei. Ele julgava, mas não queria ser julgado. Sentenciava, mas não queria receber sentença alguma. Rotulava os outros, mas não admitia receber rótulos.

Qualquer semelhança poderá ser, apenas, mera coincidência, mas não necessariamente.

“O que interessa a Jesus não é o que eu fiz; o que interessa a Jesus não é com quem eu durmo; o que interessa a Jesus é se eu o amo" (MARTORELLI DANTAS).

Fico me perguntando se isso inclui também relações homossexuais. Afinal, o importante é o amor. Não é um absurdo pensar isso. Primeiro porque a declaração abre um leque de possibilidades. Segundo porque o Liberalismo Teológico, historicamente, não inibe, antes, admite, esse tipo de comportamento. O Drº Augustus Nocodemos, em entrevista para “Defesa da Fé”, explica com clareza esse binômio Liberalismo X Homossexualismo:

Defesa da Fé – Em sua avaliação, o liberalismo pode ser apontado como um dos fatores responsáveis pela adesão às causas pró-homossexualidade que adentraram em muitas igrejas dos EUA e que já começaram a grassar no Brasil?
Profº Nicodemus – Sim, mas sem generalizar. Uma vez que a Bíblia é vista como reflexo da fé e da crença do povo de Israel e dos primeiros cristãos, e não como Palavra infalível de Deus, os valores e os conceitos que ela traz são vistos como culturalmente condicionados e irrelevantes aos tempos modernos, em que os valores são outros. Dessa forma, o que a Bíblia diz, por exemplo, sobre a prática homossexual, é interpretado pelos liberais como fruto da cultura da época, que não sabia que a homossexualidade é uma opção sexual, e também que as pessoas nascem geneticamente determinadas à homossexualidade. Em igrejas onde a ética da Bíblia é vista como ultrapassada, fica aberta a porta para a conformação da ética da Igreja à ética do mundo. Conforme: http://www.icp.com.br/86entrevista.asp

Recentemente, no programa Consesus, apresentado pelo Rev . Roberval Goes, o ex-pastor presbiteriano e ex-pastor Episcopal, Martorelli Dantas fez algumas declarações acerca da fé, da bíblia, da teologia e do procedimento cristão, que deixou muita gente “estupefada”, para utilizar a expressão do apresentador do programa. Antes de qualquer coisa, seria interessante ao leitor procurar saber por que Martorelli saiu da IPB e também da igreja Episcopal. Aproveitem e postem aqui nos comentários, caso desejem e tenham informações verídicas. Isso também ajudará a entender sua nova postura de amor aos pressupostos liberais.

Veja nos vídeos abaixo trechos da entrevista com Martorelli Dantas:







Como diria o sábio: “nada novo debaixo do sol”. Martorelli apenas reafirmou as mesmas ladainhas do liberalismo teológico. Destacaremos abaixo apenas algumas:

1- As bases filosóficas da Negação do ensinamento bíblico-ortodoxo do Inferno:

“O evangelho que eu creio é um evangelho que não precisa do fogo eterno. Eu não acredito numa condenação eterna por um motivo simples: eu acredito num Deus que é amor, graça e misericórdia [...]. O inferno é você, tendo a possibilidade de gozar comunhão com o Pai viver alienado dessa relação com o pai [....]. Céu é saber da presença de Deus na sua vida [...]. Inferno é o estado de vida de qualquer pessoa, que confia apenas em si mesmo, confia apenas nos seus recursos, confia nos seus parentes [...], portanto, o inferno é o estado de alienação de Deus” (MARTORELLI DANTAS).

Evidentemente que Martorelli não inventou isso do nada. Seus pressupostos são tão contaminados pelas idéias de Paul Tillich, reconhecido teólogo liberal, quando é possível ser. Veja abaixo as bases filosóficas que influenciaram Tillich em seu pensamento – diferente do ensinamento bíblico-ortodoxo - sobre o inferno e, de tabela, traçou o norte do “novo” pensamento Martorelliano:

“Tillich [...] está cônscio de que o desespero é inescapável. A própria palavra, segundo ele, significa "sem esperança" expressando "o sentimento de uma situação da qual não existe 'saída'" . Além de Kierkegaard, Tillich também tem em mente uma peça teatral de Jean-Paul Sartre, escrita em 1944, um pouco antes do fim da guerra. A peça tem como título "Huis Clos", no português "Portas Fechadas" [....]. Sua interpretação é absolutamente inseparável das teses de "O ser e o nada", em que o essencial das relações entre as coisas é o conflito. A peça é a estória de três pessoas condenadas ao inferno. Não o inferno cristão, com cheiro de enxofre e a presença de Satã como carrasco, mas uma sala decorada no estilo do Segundo Império, com três poltronas e uma estátua de bronze sobre a lareira. Levados a esta sala pelo Criado chegam os "mortos": Garcin (um homem de letras), Inês (uma funcionária dos correios, lésbica) e Estelle (uma mulher da alta sociedade) são enclausurados e condenados ao inferno por não terem assumido a liberdade que lhes facultava sua condição humana. Cada um, a seu modo, escolheu uma forma de alienação e foram obrigados a se tolerarem mutuamente. Assim, todos descobriram que "o verdadeiro inferno são os outros" e perceberam que o carrasco era cada um deles para cada um dos outros . A experiência do desespero, descrita por Sartre nessa peça, aponta para a questão decisiva que está teologicamente envolvida no significado de desespero [...] arrazoado por Tillich”. Disponível em: http://metodista.uol.com.br/ppc/correlatio/correlatio03/o-significado-de-desespero-e-o-problema-do-suicidio-em-paul-tillich

Interessante que Martorelli fala com tamanha propriedade desses assuntos que os menos avisados incorrerão, certamente, no erro de acreditarem que ele é autor e descobridor dessa “nova” interpretação; que ele está fazendo uma nova teologia. Não está. Ninguém duvida de seu brilhantismo como orador (um dos melhores que já tive oportunidade de ouvir), mas, com relação a tudo que falou, nada mais fez a não ser reproduzir o pensamento de outros Teólogos Liberais do passado.

Martorelli fez uma afirmação bem interessante sobre os modelos de interpretação: “toda interpretação, toda hermenêutica, é engajada; é comprometida com certos interesses”. Apesar de admitir que até mesmo a “sua” interpretação (a que escolheu para crer, melhor dizendo) não consegue ficar fora desse comprometimento com “certos interesses”, age e fala como se fosse alguém completamente isento delas e, portanto, alguém que detém a VERDADE, em si, e é exatamente isso que lhe dá o “direito”, por exemplo, de chamar o Calvinismo – e de tabela todos os Calvinistas convictos – de “doutrina farisaica e fariseus”. Sua atitude e opção teológica deixa bem claro quais são seus compromissos e interesses: viver uma vida desregrada sem ter ninguém que lhe possa convencer de seus próprios pecados. Por isso mesmo abraçou com todo seu amor a Teologia Liberal como lastro de abono de suas ações pecaminosas. Esquece, porém, que a Lei Moral de Deus está gravada no coração do homem, queira ele ou não. Ainda que convença o mundo inteiro que ADULTÉRIO NÃO É PECADO, sua consciência jamais lhe deixará viver em paz.

Um artigo muito relevante, publicado no site da Editora Fiel, traz luz sobre o pensamento liberal acerca do inferno:

“Embora certo número de crenças centrais e doutrinas essenciais tenha sido submetidos a revisão liberal ou a rejeição franca, DOUTRINA DO INFERNO (grifo meu) foi muitas vezes objeto de maior protesto e negação. Considerando o inferno e suas doutrinas relacionadas, o pastor congregacionalista Washington Gladden declarou: “Ensinar uma doutrina como essa a respeito de Deus é infligir ao cristianismo uma injúria terrível e subverter os próprios alicerces da moralidade”. O inferno tem sido um componente da teologia cristã desde a época do Novo Testamento, mas se tornou um odium theologium – uma doutrina considerada repugnante pela maioria da cultura e agora mantida e defendida somente por aqueles que vêem a si mesmos como conscientemente ortodoxos no compromisso teológico. O romancista David Lodge fixou a década de 1960 como a data do desaparecimento final do inferno (num artigo intitulado “UM INFERNO COM AR CONDICIONADO”). “Em algum ponto nos anos 1960, o inferno desapareceu. Ninguém pode dizer ao certo quando isso aconteceu. Primeiro, ele estava lá; então, sumiu”. O historiador Martin Marty, da Universidade de Chicago, viu a transição como simples e, pelo tempo em que ela ocorreu, não percebida. Ele afirmou: “O inferno desapareceu, e ninguém percebeu”. Disponível em: http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=319

Ainda sobre as bases filosóficas da negação do inferno na perspectiva bíblico-ortodoxa, por Martorelli, podemos encontrá-las, nas entrelinhas, em um artigo escrito por ele, intitulado “ENTRE NIETZSCHE E HODGE”, do qual reproduzimos parte:

“Nietzsche é a alma filosófica mais próxima a minha [...].Hodge era um pensador sistemático, como de resto o são os protestantes. Seu pensamento é esquemático, seu Deus é esquartejável, cabe em compartimentos, em tomos teológicos analisáveis pela lógica cartesiana [...]O dogma da harmonia das Escrituras era o martelo e o formão para deixar plano o sinuoso e a lamparina para clarear o obscuro. Mas fiquei velho para tais contorcionismos, quero ver o que se pode e aprender a andar na penumbra onde a natureza não lançou luz [...]. Nietzsche muito me ajudou nisso tudo. Aproximei-me dele através das frases bombásticas, como a maioria das pessoas. Afirmações como a de que Deus morreu me impressionaram, queria saber do que ele estava falando, queria ler o autor de contundentes assertivas, forjadas em um coração tumultuado, crescido num lar luterano. Entendi o que ele queria dizer. O deus que morreu é aquele que já não cabe em uma alma livre. Liberta pela revelação de que o verdadeiro Deus é Pai presente e amoroso, de que não é alguém a quem temer, mas para se confiar e contar. O filósofo alemão nos chama para viver o aqui e agora, mas acima dos tabus e preconceitos nascidos das taras moralistas da hipocrisia reinante. O deus que morreu é o de Hodge”. Disponível em: http://comuncrista.wordpress.com/2008/06/02/entre-nietzsche-e-hodge/

Abraçado e influenciado por essas bases filosóficas, principalmente via teólogos liberais, que por sua vez também beberam nas mesmas fontes turvas da “vã filosofia” (porque existe a que não é vã), que teve sua origem no mais límpido ateísmo, só poderia dar no que deu. Porém, no caso de Martorelli, não culparia a filosofia, por mais perniciosa que seja. Diria com o profeta Jeremias: “de que se queixa ele ainda? Queixe-se dos seus próprios pecados”.

2- Martorelli nega a doutrina bíblica da disciplina eclesiástica:

Um dos principais argumentos de Martorelli para negar a validade da Disciplina Eclesiástica é o fato de Jesus não ter disciplinado ninguém. Segundo ele, deveria ter feito no caso de Pedro, quando o negou, e do próprio Judas, quando o traiu, mas não o fez. “Jesus não se ocupa com isso”, concluiu. Esse argumento parece ser muito forte, mas não passa de uma falácia e de uma bem ajustada técnica sofista que tenta, intencionalmente, confundir o ouvinte. Durante o ministério de Jesus a igreja (como comunidade eclesiástica) ainda não havia sido estabelecida, nos moldes convencionais, o que só vai acontecer depois de sua ressurreição, logo, NÃO HAVIA ESSA NECESSIDADE DE DISCIPLINA ECLESIÁSTICA. Aliás, a palavra ECLESIÁSTICA é derivada da palavra grega εκκλησία [ekklesia] e da latina ecclesia. Obviamente que só passa a ter sentido e significado dentro de um contexto de igreja. Por isso mesmo, esse assunto é tratado de forma mais densa nas cartas direcionadas às igrejas. Mesmo assim, o próprio Jesus (já que Martorelli despreza as outras falas da bíblia) tratou do assunto:

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. 18.16 Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. 18.17 E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mateus 18:15-17).

Mas, esse texto, provavelmente, é um daqueles rejeitados por Martorelli.

Lembrado pelo apresentador do programa, Rev.Roberval Goes, que no passado também havia disciplinado e presidido muitos tribunais eclesiásticos, Martorelli responde em tom de arrependimento:

“eu pediria perdão a todas as pessoas que um dia sentaram-se em um tribunal eclesiástico comigo” (MARTORELLI DANTAS).

Nesse momento da entrevista vi o quanto meu antigo professor é brilhante e um especialista na arte da auto-defesa. Nada mais óbvio do que desabonar tal ensinamento bíblico. Ensinar isso seria dar um tiro no próprio pé.

Veja a opinião de Martorelli sobre a disciplina eclesiástica em um artigo escrito por ele, intitulado: “Descobrindo Tribunais”:

“Hoje eu quero lhes falar sobre os que armam tribunais. Sobre aqueles que vivem colocando seus semelhantes, amigos e parentes, e não raro a si mesmos, diante de cortes de justiça. Todo mundo para eles é um réu em potencial; eles não têm relacionamentos, têm processos; estão o tempo todo formulando ou recebendo queixas, denúncias…construindo casos; não dão opiniões, emitem sentenças. Se não são juízes por ofício, o são por vício. Faltam magistrados no Judiciário, mas eles abundam por toda parte, em casa, no trabalho, na escola e até mesmo na igreja de Cristo Jesus. E por que não devemos julgar os nossos irmãos? 1- Porque Deus não nos confiou esta autoridade. Assim, quem julga o seu irmão está usurpando um poder e um direito que o Pai reservou exclusivamente para si na presente dispensação; 2 Porque como irmãos somos suspeitos para exercer juízo sobre eles. Nós somos sempre família do réu, e o nosso lugar não é a cátedra de juiz, mas o banco humilhante e frio, especialmente reservado para os parentes de quem está sendo julgado; 3. Porque também somos culpados de nossos próprios pecados. Como pecadores, temos consciência que chegará o momento em que seremos julgados pelo bem ou mal que tivermos praticado. Somos réus no tribunal da graça e da misericórdia de Deus; 4. Porque o fato de sermos igualmente pecadores, impede que vejamos os pecados de nossos irmãos de forma adequada, para que possamos fazer qualquer juízo válido e competente; 5. Porque quando julgamos alimentamos o monstro das relações judicantes, que findarão apor vitimar a nós mesmos. Alguns podem dizer que este tipo de postura estimula a impunidade no meio da igreja e finda por favorecer um tipo daninho de permissividade. Eu creio que não! É minha função dizer que o adultério é pecado. E o adúltero? Entreguemo-lo ao Senhor (NADA DE DISCIPLINA ECLESIÁSTICA. ALGUÉM SUPÕE POR QUÊ? Grifo meu). É minha obrigação ensinar que o homossexualismo é pecado. E o homossexual? Entreguemo-lo a Deus. É minha obrigação afirmar que a mentira é pecado. E o mentiroso? Entreguemo-lo a Deus. Disponível em: http://comuncrista.wordpress.com/

3- A negação da suficiência das Escrituras na velha máxima do Liberalismo: “A bíblia não é a palavra de Deus, mas contém a palavra de Deus”.

O “compromisso” de Martorelli com esse pressuposto liberal é flagrante. Veja o que ele diz:

“Não tenho compromisso com Isaias e vou mais longe: não tenho compromisso nem mesmo com Paulo. Eu sou discípulo de um carpinteiro. Meu compromisso é com Jesus de Nazaré” (MARTORELLI DANTAS).

Quem conhece Martorelli há algum tempo não vai estranhar muito a afirmação acima. Há informações que, ainda professor do SPN, foi encontrado ensinando que Gêneses é mito.

Falando sobre essa postura Liberal face as escrituras, o Drº Augustus Nicodemos Lopes, na mesma entrevista já citada, para “Defesa da fé”, aborda de forma profunda essa questão. Reproduzimos trechos da entervista para que possamos entender o que Martorelli (e os outros liberais) pensa sobre a Bíblia.

Defesa da Fé – O alemão J. Solomon Semler distinguiu a “Palavra de Deus” da “Escritura”, e esse é um dos princípios que norteiam o liberalismo teológico. O senhor poderia nos esclarecer um pouco mais sobre essa distinção?
Profº Nicodemus – Por detrás desta declaração de Semler está a crença de que a Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Desta declaração, percebe-se também os pressupostos racionalistas do Iluminismo quanto à impossibilidade do sobrenatural na história. Partindo desses pressupostos teológicos, os críticos iluministas se engajaram na busca da Palavra de Deus que, supostamente, estava dentro da Escritura, misturada com erros e contradições. Essa busca se tornou o objetivo do método histórico-crítico, que é fazer a separação entre essas duas coisas, por meio da exegese “científica”, e descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia. O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez que os resultados fossem completamente díspares. Até hoje, não existe um consenso do que seria a Palavra de Deus, dentro do cânon, reconhecida e aceita pelos próprios críticos. Defesa da Fé – Quais são as implicações mais prejudiciais dessa diferença para o cristianismo? Profº Nicodemus – O problema que os evangélicos e conservadores sempre tiveram com essa diferenciação e com o método histórico-crítico que surgiu dela é que ambos pressupõem, desde o início, o direito que o crítico tem de emitir juízos sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Para os críticos liberais, interpretar a Bíblia historicamente significava, quase que por definição, reconhecer que a Bíblia contém contradições. Para eles, qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável se tornou um dos princípios operacionais do liberalismo e de seu “método histórico-crítico”. Tal desconfiança se percebe, por exemplo, nas declarações de Ernest Käsemann, um dos críticos recentes mais proeminentes. Seu desejo é “distanciar-se da superstição incompreensível de que no cânon [bíblico] somente a fé genuína se manifesta”. Para ele, “a Escritura, à qual as pessoas se rendem de maneira não-crítica, não leva somente à multiplicidade de confissões, mas também a uma confusão indistinguível entre fé e superstição”. Essas declarações de Käsemann representam bem o pensamento liberal sobre a Bíblia. Disponível em: http://www.icp.com.br/86entrevista.asp

J.G. Machem, em seu livro Cristianismo e liberalismo, faz a seguinte afirmação acerca do Liberalismo Teológico. É importante conhecermos esse assunto para, assim, entender os ensinamentos anti-bíblicos de Martorelli:

“O liberalismo representa a fé na humanidade, ao passo que o cristianismo representa a fé em Deus. O primeiro não é sobrenatural, o último é absolutamente sobrenatural. Um é a religião da moralidade pessoal e social, o outro, contudo, é a religião do socorro divino. Enquanto um tropeça sobre a ‘rocha de escândalo’, o outro defende a singularidade de Jesus Cristo. Um é inimigo da doutrina, ao passo que o outro se gloria nas verdades imutáveis que repousam no próprio caráter e autoridade de Deus”. A história tem provado que onde o liberalismo teológico chega a Igreja morre. Disponível em: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=936&menu=7&submenu=4

Em tudo isso que abordamos acima uma coisa fica muito clara: Martorelli escolheu o lado do Liberalismo Teológico para viver e lastrear suas atitudes. Apesar de ter plena convicção de que está, agora, do lado certo, nada pode lhe assegurar isto, uma vez que, pela sua lógica do “terceiro incluído”, também utilizada pelo Liberalismo Teológico, todos podem estar, de alguma forma, certos, uma vez que não existem verdades em si; uma vez que, como o próprio Martorelli afirma, “A interpretação é algo que acontece no intérprete não no texto”. Sendo assim, Martorelli não está, necessariamente, certo. Mas, infelizmente, essa parece ser uma opção sem volta para ele.

O mais grave de tudo, em nossa opinião, é que se o discurso Liberal de Martorelli estiver errado (e tudo leva a crer que está), ele está iludindo muita gente. Muita gente chegará no inferno na esperança de encontrar uma central de arcondicionado plantada por ele, mas só encontrar o rigor do fogo eterno.

Martorelli, juntamente com todos os seus tutores Liberais, promoveram uma verdadeira CLIMATIZAÇÃO DO INFERNO.

Fonte: [ Blog dos Eleitos ]

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