Uma crítica à Hermenêutica Feminista

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A Escritura é a autoridade final na Igreja. Logo, é necessário que todo intérprete se submeta à Escritura, e dela extraia o ensino, corretamente interpretado, da Palavra de Deus. Entretanto, não podemos pensar que todos lerão a Escritura sem preconceitos teológicos, e que chegarão às mesmas conclusões. Existem diferentes perspectivas hermenêuticas contemporâneas, mas a Hermenêutica Feminista será analisada como um exemplo do que acontece quando se abandona a autoridade final da Escritura.

A Teologia Feminista é um ramo dentro da conhecida Teologia da Libertação. Entretanto, as teólogas feministas em vez de usarem a Bíblia numa interpretação em favor dos pobres, a aplicação dos princípios da libertação é direcionada à mulher como desfavorecida, num ambiente predominantemente de domínio masculino. A Teologia Feminista propõe “refazer toda a teologia a partir do gênero, com a premissa de que toda a teologia ocidental foi construída a partir do domínio que exerce o homem e que, inclusive se encontra na mesma Bíblia.”[1] A interpretação feminista das Escrituras tem o seu ponto de partida num dos seus pressupostos básicos: a teologia deve fundamentar-se sobre a análise da realidade sociopolítica. Ela não começa com o texto e contexto da Escritura Sagrada, mas com o contexto social da mulher, como sendo oprimida numa sociedade de cosmovisão machista.

Todavia, é necessário observar que a articulista Helen Schüngel-Straumann nota que nem todas as teólogas feministas adotam a mesma perspectiva em relação à interpretação da Bíblia. Ela declara que em relação à Bíblia "Carolyn Osiek (em Collins 93s) distingue cinco atitudes: 1. A de uma rejeição total da Bíblia, de que é exemplo a obra de Mary Daly. 2. A de uma interpretação leal, que vê a Bíblia como revelação/palavra de Deus e que não admite dúvida a este respeito. Uma 3ª abordagem é a que ela denomina de revisionista. Nela é criticado unicamente o enfoque androcêntrico, voltando a ser prestigiadas as tradições feministas esquecidas. Como exemplo desta linha a autora menciona Phyllis Trible. A 4ª abordagem é descrita como sublimacionista, onde os preconceitos ideológicos (como o de que o feminino seria superior ao masculino) desempenham um papel importante e onde predominam as interpretações simbólicas-isoladas de que qualquer contexto político-social. Como 5ª abordagem, que ela vê como a mais importante em nossos dias, Osiek descreve a interpretação da Bíblia segundo a teologia feminista da libertação, a que associa os nomes de Rosemary Radford, Letty M. Russell e Elisabeth Schüssler Fiorenza. No espaço lingüístico alemão não se pode deixar de mencionar aqui Luise Schottroff."[2]

Para a Hermenêutica Feminista a adoção do pressuposto subjetivo da “opressão” é essencial na interpretação das Escrituras. Loren Wilkinson observa que a teóloga feminista “Elizabeth Schüssller Fiorenza, por exemplo, em Bread, Not Stones, argumenta que as mulheres devem tomar como ponto de partida a definição da sua situação de opressão, e depois abrir a sua Bíblia, a fim de descobrir o meio de alcançar a libertação.”[3] Este subjetivismo é uma característica das novas hermenêuticas que surgiram no século XX. Moisés Silva observa que “se há algo diferente na hermenêutica contemporânea é justamente a ênfase que ela dá à subjetividade e relatividade da interpretação.”[4] A Hermenêutica Feminista não é uma exceção entre as novas hermenêuticas que surgiram no século XX.

Além da “opressão”, outro pressuposto desta perspectiva é que a “experiência” feminina determina o resultado e a ação teológica. Christine Schaumberger observa que o que é novo e especificamente feminista não é, pois, o realce sobre a categoria teológica da experiência, mas sim o concentrar-se no perceber e no refletir as experiências femininas. Experiências femininas é o ponto de partida da teologia feminista, e a medida para a crítica, o engajamento e o compromisso, para a criatividade re-visionária.[5] Entretanto, Schaumberger não define o que ela quer dizer teologicamente com “experiência” (do alemão erfahrung) dificultando a análise da sua tese. Na nova hermenêutica a interpretação e sistematização do ensino não é algo extraído das Escrituras, mas da experiência subjetiva do intérprete que impõe sobre o texto sagrado a sua opinião. Robert H. Stein conclui que “em razão disso, há ‘leituras’ ou interpretações marxistas, feministas, liberais, igualitárias, evangélicas ou arminianas do mesmo texto. Ou seja, para esta corrente os vários significados legítimos podem ser extraídos mediante a concepção de cada intérprete.”[6] A premissa de Schaumberger ignora, ou despreza que o fator determinante do significado do texto, é o seu autor. A passagem significa aquilo que o autor original, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto.

Não deve ser esquecido de que o texto é resultado duma ação sobrenatural do Espírito Santo inspirando o autor bíblico. A formulação teológica não depende da experiência de gênero do indivíduo, mas da precisa exegese e sistematização das informações extraídas a partir das Escrituras. O apóstolo Pedro foi claro ao observar que “antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito de Deus” (2 Pe 1:20-21, NVI). Declarar que este, ou aquele autor bíblico é machista, é o mesmo que dizer que o Espírito Santo é machista!

John Frame comenta que “o livro She Who Is de Elizabeth Johnson é um amplo tratado acerca da doutrina de Deus, tem como sua tese principal a necessidade de se usar uma linguagem feminina (mais ou menos exclusivamente) com referência a Deus.”[7] Em outro lugar Frame menciona que mas a [teóloga] feminista poderia replicar aqui que desde que Deus não é literalmente macho, e a Escritura contêm algumas figuras femininas assim como figuras masculinas, seria aceitável falar livremente de Deus tanto em termos masculinos como femininos. Johnson pergunta 'se não significa que Deus é macho quando uma figura masculina é usada, o porque da objeção, quando figuras femininas são apresentadas?'”[8]

Atualmente têm-se exigido o uso de uma linguagem “politicamente correta” na formulação teológica. Entre alguns teólogos, inclusive evangélicos, têm-se evitado o uso de palavras de cunho sexistas, isto é, dando-se a preferência por uma linguagem que seja inclusiva, e que não destaque nem favoreça o gênero masculino.[9] A crítica de John Frame é relevante uma freqüente sugestão de compromisso é que eliminemos toda sexualidade na distinção lingüística, entre macho e fêmea, ao nos referirmos a Deus. Em vez de chamar Deus de nosso Pai, poderíamos falar de nosso Parente ou Criador. Uma linguagem unissex, todavia, sugere inevitavelmente que Deus é impessoal, o que é completamente inaceitável de um ponto de vista bíblico. Certamente ao eliminar Pai em favor de termos mais abstratos eliminaria algo muito precioso aos cristãos.[10]

A importância teológica da linguagem masculina usada para se referir a Deus se baseia no fato de que foi Ele mesmo que se revelou assim. Quando as teólogas feministas questionam o modo como os autores da Escritura descreveram o ser e os atos de Deus numa linguagem predominantemente de gênero masculino, elas não estão ignorando a doutrina da revelação, mas estão reformulando esta doutrina. O que está em questão não é apenas o como os autores descreveram Deus, mas como este conhecimento divino chegou até eles (epistemologia/revelação) e como se deu o processo de registro desta revelação (inspiração).

O problema da Hermenêutica Feminista não é apenas quais princípios metodológicos e premissas adotar, mas que tipo de Deus/Deusa querem adorar. As lentes feministas produzem uma releitura em toda a cosmovisão destas teólogas. Não é possível crer que é uma questão de ênfase teológica, ou mera perspectiva de gênero. Tal conclusão seria irresponsável e superficial acerca desta escola hermenêutica.[11]

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Notas:
[1] Alberto Fernando Roldán, Para que serve a teologia? (Curitiba, Editora Descoberta, 2000), p. 178.
[2] Helen Schüngel-Straumann, Bíblia in: Elizabeth Gossmann et al., orgs., Dicionário de Teologia Feminista (Petrópolis, Editora Vozes, 1997), pp. 210-214.
[3] Loren Wilkinson, A Hermenêutica e a Reação Pós-Moderna Contra a “Verdade” in: Elmer Dyck, ed., Ouvindo a Deus (São Paulo, Shedd Publicações, 2001), p. 160.
[4] Moisés Silva, Visões Contemporâneas da Interpretação Bíblica in: Walter C. Kaiser, Jr. & Moisés Silva, Introdução à Hermenêutica Bíblica (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002), p. 233.
[5] Christine Schaumberger, Experiência in: Elizabeth Gossmann et al., orgs., Dicionário de Teologia Feminista (Petrópolis, Editora Vozes, 1997), p. 183.
[6] Robert H. Stein, Guia Básico para a Interpretação da Bíblia (Rio de Janeiro, CPAD, 1999), p. 23.
[7] John Frame, The Doctrine of God (Phillipsburg, P&R Publishing, 2002), p. 378. Frame está se referindo à Elizabeth A. Johnson, She Who Is (New York, Crossroad Publishing, 1996), p. 34. Este livro se encontra publicado em português com o título de Aquela que é (Petrópolis, Editora Vozes, 1995). Para a leitura de uma abordagem na mesma linha que Elizabeth A. Jonhson na teologia prática, bíblica, histórica e sistemática veja o artigo Deus/Deusa in: Elizabeth Gossmann et al., orgs., Dicionário de Teologia Feminista (Petrópolis, Editora Vozes, 1997), pp. 92-110.
[8] John Frame, The Doctrine of God, p. 383.
[9] Como exemplo de um caso de orientação quanto ao uso de uma linguagem inclusiva, não sexista, veja o site www.martinus.com.br/pastoral/carta4.html (acessado 04/06/2007).
[10] John Frame, The Doctrine of God, p. 385-386.
[11] Para uma consulta de uma teóloga brasileira sobre Hermenêutica Feminista acesse in: http://www.fazendogenero.ufsc.br/7/artigos/I/Isabel_Aparecida_Felix_24_A.pdf .

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Autor: Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte: Estudantes de Teologia
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Reforma, Calvino e Economia

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A influência da Reforma Protestante para o desenvolvimento do capitalismo é alvo de não pequena controvérsia no mundo acadêmico. Ela tem servido especialmente para enfatizar o papel da religião nas relações econômicas. O debate tende a buscar respostas na polarização entre a história dos países influenciados pela Reforma, mais ao norte da Europa, e os países católicos romanos, mais próximos do mediterrâneo, razão pela qual também é grande a tentação de reduzir o debate a uma briga de torcidas, quando os interessados são influenciados pelo denominacionalismo estrito. A controvérsia por vezes toma a forma de uma rivalidade mimética, pela qual pressupõe-se que a verdadeira religião cristã é aquela mais afinada às verdades econômicas – um parâmetro que não deixa de ter alguma relevância, visto que o cristianismo, ao contrário de outras religiões, é também uma religião histórica preocupada com uma cosmovisão coerente com a realidade concreta.

Podemos confiar na Bíblia mais do que na ciência evolucionária?

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Nota do tradutor:


O ensaio elaborado pelo Dr. James N. Anderson, apesar de não conter detalhes técnicos e científicos sobre a discussão Evolucionismo vs. Criacionismo, servirá de grande ajuda aos cristãos que se deparam com argumentos ateístas e secularistas. O mecanismo por trás do processo de seleção de teorias científicas é analisado e comentado de tal maneira que dá ao cristão comum ferramentas suficientes para fornecer uma defesa filosófica racional de sua posição no debate em questão. Como um cientista em formação, esse ensaio me ajudou a perceber e relembrar várias coisas que fazemos ao obter evidências empíricas e, creio eu, que será de grande proveito para todas as classes de cristãos.

É Possível que o Cristão Idolatre a Bíblia?

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Alguns meses atrás, li o seguinte em um artigo por um autor que se auto-identifica como um evangelical: “Embora a Bíblia seja um guia importante e autoritativo para a fé e prática Cristã, ela não é o fundamento ou centro da nossa fé – Jesus é… Estudar as Escrituras é valioso, mas nem de longe tão valioso quanto cultivar um relacionamento diário com o Deus encarnado”.

Este autor tem várias visões que o fazem um ponto fora da curva no movimento evangélico como tem sido tradicionalmente definido. Entretanto, tenho percebido que sua visão das Escrituras está se tornando cada vez mais comum. Cada vez mais eu ouço sentimentos na Igreja como:

  • “Muitos cristãos estão colocando ênfase demais na Bíblia em vez de em Cristo e o Espírito Santo.”
  • “A Trindade não é Pai, Filho e Escritura Santa.”
  • “Cuidado para não fazer da Bíblia um ídolo.”

Daí a questão: É possível ao cristão idolatrar a Bíblia?

A Importância da Pergunta

Não devemos dispensar esta pergunta rápido demais. Me parece que quem expressa os sentimentos acima tem tido uma experiência ruim com a igreja ou com cristãos quando o assunto é a Bíblia. Eles encontraram vários cristãos que, embora conheçam bem a Bíblia, parecem “inflados” pelo seu conhecimento, tendo pouco amor por Cristo ou pelo próximo. A preocupação é que colocar tanto foco na Bíblia apenas repita estas experiências.

A Escritura diz que há um tipo de conhecimento que “infla” (1 Coríntios 8.1) mas outro tipo que é intimamente entrelaçado com o amor (Filipenses 1.9). Então, precisamos testar a nós mesmos: O meu estudo das Escrituras está gerando o Fruto do Espírito ou o fruto da arrogância? A Bíblia tem sido amplamente mal usada ao longo da história, então certamente devemos tomar cuidado para não a usarmos mal, nós mesmos, tornando-a em um veículo para o orgulho sobre quanto nós sabemos, em vez de sermos corretamente desafiados por ela a uma vida amável e humilde de serviço a Deus e ao próximo.

Além disso, Cristo repreendeu os fariseus em João 5.39-40 por conhecer as Escrituras e ainda assim não recebê-lo e crer nele como o Cristo. Então, novamente, precisamos testar a nós mesmos: O meu estudo das Escrituras é meramente acúmulo de conhecimento, como estudar um livro qualquer, ou está me ajudando a seguir Cristo como meu Senhor e amá-lo como meu Salvador? Em outras palavras, devemos compreender que é possível conhecer as Escrituras e ainda assim ignorar Jesus. Temos ainda que admitir que muitos cristãos têm tido interações com crentes e igrejas que tratam a Bíblia exatamente como os fariseus faziam.

Não devemos ficar surpresos com essa pergunta, mas devemos ser desafiados e ajudados por ela.

A Imprecisão da Pergunta

Ainda assim, tão importante e desafiador quanto a pergunta possa ser, ela está enraizada em um entendimento impreciso das Escrituras. Considere as descrições primárias da Escritura a partir da própria Bíblia:

Toda a escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16)
Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:21)

Acrescente a isso que um dos nomes favoritos de Jesus Cristo é “O Verbo”, e você tem um testemunho trinitário de que a Bíblia não é divorciada da Trindade, mas é a obra tangível do Trino Deus em perfeita harmonia falando conosco.

Colocando de maneira simples, a Bíblia é a voz de Deus. O Pai inspira (sopra) a Palavra. O Filho é o Verbo encarnado. O Espírito Santo moveu os autores bíblicos para que eles falassem “da parte de Deus”. A Bíblia é a voz de Deus – não apenas as letras vermelhas – toda a Bíblia. Assim, a pergunta “É possível ao cristão idolatrar a Bíblia?” é imprecisa, porque ela nos leva a uma falsa dicotomia entre Deus e sua voz. Priorizar a voz de Deus é priorizar Deus, portanto priorizar sua voz não pode ser visto como idolatria.

Por favor, saiba, eu compreendo. As Escrituras e Jesus Cristo são entidades diferentes. A Bíblia e o Espírito são distintos um do outro. Mas isso não significa que nós possamos tratá-los assim, divorciando-os um do outro.

A Ilustração da Pergunta

Considere seu melhor amigo. Como, precisamente, você se relaciona com ele ou ela? Vocês podem trabalhar juntos, e ter hobbies em comum mas, primariamente, você conhece seu amigo por meio das palavras dele. Suas conversas e todas as interações verbais são essenciais para sua amizade.

Claro, tem muito mais a respeito dele que é não verbal – seu caráter, talentos personalidades – mas ainda assim, a maior parte do que você conhece sobre seu caráter, talentos e personalidade é conhecido por você por causa do que ele tem dito a você ao longo dos anos.

Você não tentaria separar seu amigo das palavras dele. Eles são entidades distintas, sim. Mas eles vêm juntos.

A Importância da Pergunta, Revisitada

Então voltamos à pergunta, “É possível idolatrar a Bíblia?” A resposta é um ressonante “Não”. Priorizar a Bíblia em nossas vidas está longe da idolatria. Priorizar a Bíblia é priorizar a voz de Deus para nós, e assim priorizar o próprio Deus.

Você pode usar mal a Bíblia, como descrevemos antes, mas se a Bíblia se descreve de maneira precisa, ela é a voz de Deus falando conosco. Conhecer a Bíblia é conhecer Deus – sua voz, seu caráter, seus atributos, seu reino, seu plano para nos salvar!

Aqui eu gostaria de perguntar ao autor da questão anterior: Como você e eu “cultivamos um relacionamento diário com o Deus encarnado” separados das Escrituras? Como podemos separar Cristo e sua voz de tal forma que nós possamos colocar um contra o outro ou clamar que ouvir sua voz pode tornar-se um ídolo? Se a Bíblia é como Jesus fala conosco, como podemos crescer num relacionamento com Cristo sem enfatizar ouvi-lo por meio de sua própria Palavra?

É aqui que eu acho a pergunta e os sentimentos descritos no começo bem perigosos. Na melhor das hipóteses, esses sentimentos nos avisam do mal uso, como nós vimos. Mas na pior hipótese, esses sentimentos nos dão uma razão massiva para nos afastarmos das Escrituras, assim nos distanciando da voz de Deus falando em nossas vidas.

A Bíblia não pode ser suficientemente enfatizada em nossas vidas, em nossos grupos pequenos, em nossas igrejas, pois ela é como nós ouvimos a própria voz de Deus falando conosco! Para cultivar um relacionamento diário com o Deus encarnado, precisamos ouvir sua voz. Que bizarro seria se preocupar com uma priorização excessiva com as palavras do seu melhor amigo? Se você quer conhecer seu melhor amigo, você vai ouvir as palavras dele.

Não perca a encorajadora verdade no meio desta discussão: Se a Bíblia é a voz de Deus, isso significa que você pode ouvir de Deus!

Então, amigo, vamos atender ao importante desafio que vem com essa pergunta, “É possível idolatrar a Bíblia?”. Vamos ser cristãos que crescem em amor e fé por meio das Escrituras. Mas não vamos nos confundir: Deus tem falado conosco por meio das Escrituras, então se nós formos realmente conhecê-lo e amá-lo, devemos fazer com que ouvi-lo seja uma prioridade apaixonada em nossas vidas.

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Autor: Tom Olson
Fonte: Unlocking The Bible
Tradução: Daniel TC
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Ministro da Palavra: Santo e Douto

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A Bíblia revela que há um conselho de líderes que são responsáveis pelo governo e o bom andamento espiritual do rebanho de Deus. Esse conselho é chamado de presbíteros, sempre no plural e com algumas características essenciais para a função (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1 Pe 5.1-2; 1Tm 3.2; 2Tm 4.2; Tt 1.9; At 20.17, 28-31; Tg 5.14; At 15.16).

Dentre esses presbíteros há alguns que são chamados para se afadigarem na Palavra, seguindo mais de perto a decisão dos apóstolos e sucedendo o ministério apostólico como Ministros da Palavra (At 6.4; 1Tm 5.17). Normalmente esses presbíteros que ministram e ensinam são chamados de pastores, isso se deve ao fato de Efésios atribuir à docência aos pastores (Ef 4.11).

Por essas razões, o Pastor é mestre e um verdadeiro Ministro. Tem como sua principal função pregar e ensinar, tanto pela sã doutrina, como pelo exemplo de vida – na espiritualidade e piedade. Pensando nessas questões de piedade e docência é que lanço mão de dois deveres do Ministro: Ser irrepreensível e apto a ensinar (Tt 1.6; 1Tm 3.2). Por isso, o Ministro da Palavra (Pastor) precisa ser um homem santo[1] e douto[2] (culto), pois sem santidade não agrada a Deus e nem verá sua presença (Hb 12.14) e sem a Palavra conduzirá o povo a destruição e miséria espiritual (Pv 29.18; Os 4.6).

A História demonstra que o esforço para nomear ministros menos capacitados e com mais habilidade política e “prática” causou igrejas mais mundanizadas, secularizadas e acostumadas com modismos. A ênfase na prática em detrimento do conhecimento profundo tem produzido doutrinas controvertidas, heréticas e até práticas seitarias nos cultos públicos. Também vê-se que o predomínio de ministros leigos em algumas denominações promovem divisões sem fim e é a bandeira do movimento neopentecostal, com suas esquisitices.

A crise atual da Igreja no contexto religioso brasileiro é acima de tudo teológica/doutrinária, por isso, o que precisamos na verdade é de ministros do evangelho mais santos e doutos. Homens piedosos, que servem de joelhos com os olhos ao alto e ao mesmo tempo são conhecedores profundos das ciências bíblicas e gerais, verdadeiros teólogos; exercendo seu conhecimento na pregação das Escrituras, na visitação do rebanho, no auxílio aos necessitados e na defesa do evangelho que foi entregue aos santos.

Um Ministro não santo governa a igreja com libertinagem e escandaliza o evangelho do Senhor. Não se submete a ninguém e muito menos a disciplina, seu poder e domínio é absoluto e sua administração é déspota. Não segue a Escritura e se apega ao alegorismo e múltiplas interpretações para justificar seus demandos e libertinagem. É visível homens assim na atualidade, assim como era na Igreja Medieval. Um Ministro não douto (alguns se orgulham da prática) leva a igreja para inovações, sem reflexão e nem razão de ser. A quantidade de ministros aderindo ao neopentecostalismo ou ao movimento de crescimento de igreja é enorme; hoje é comum encontrar em igrejas e até mesmo de minha denominação práticas católicas, superstições, estruturas secularizadas, mensagens de auto-ajuda, interpretações relativizadas da Bíblia, entre outras coisas.

Quero dedicar algumas linhas para expor dois movimentos (modismos) que vem crescendo no Brasil e já entrou sorrateiramente em muitas igrejas históricas. O primeiro é profano e blasfemo, o chamado “Caminho da Graça”. Seu principal tema é a graça; fundado por um lunático que desdém das Escrituras e da Igreja de Cristo. Esse movimento é moralmente orientado pela inclusão e tolerância pós-modernas, rejeitam os ensinos da Bíblia sobre a Igreja e as doutrinas e super valorizam a informalidade (ex: o culto para eles é reunião de amigos ao redor da mesa, a pregação é conversa sobre qualquer coisa). Não vou gastar mais tempo com esse grupo, basta acessar sites e youtube para conhecê-los, é público.

Outro movimento é o chamado MDA (movimento de discipulado apostólico). No link a seguir você pode conferir a história e perceber que começou com novas visões do Espírito e não pela Bíblia, também há uma forte ênfase pragmática (a igreja tem que crescer) - https://www.youtube.com/watch?v=zVSv3wJ7DME. Os princípios de discipulado são bíblicos e acredito que devem ser considerados, os problemas estão nas práticas. Eu mesmo participei de uma conferência em São Paulo e me lembro bem das ênfases em restauração de todos os dons, curas, crescimento numérico, pregação temática e desejo de ser como a igreja primitiva.

Tenho em mãos um documento de uma igreja ligada ao MDA, onde diz que seus discipulandos devem “submissão total”. O ponto onde descrevem essa submissão é posterior a explicação do MDA, onde se afirma que o discipulado se desenvolve com o conceito de paternidade e na questão da submissão, o discipulando deve se submeter ao discipulador da mesma forma como a seus pais. Me lembro recentemente de visitar uma igreja ligada a esse movimento e um pastor auxiliar chamava o pastor presidente de “meu pai”.

Outra questão é que no ponto quatro do material dizem que o discipulando precisa “pensar igual ao discipulador”. É uma corrente de manipulação e subtraem a liberdade de consciência do indivíduo, fazendo acreditar que o movimento é de Deus e o único capaz de retornar a igreja nos moldes primitivos.

Recentemente conversei com um importante pastor batista que entrou e saiu deste movimento, ele me relatou: “Glauco, nós saímos porque percebi que nossas práticas mudaram muito e todas as igrejas de minha região que aderiram ao movimento se tornaram neopentecostais”. Se não bastasse, no mesmo documento citado acima, no ponto 5, pede-se ao discípulo “lealdade plena”. Conforme testemunhas que participaram do movimento “quem discordar das práticas desses grupos é considerado rebelde por seus líderes”.

Para esses movimentos de crescimento de igreja não há liberdade e a tradição deve ser rejeitada e colocada de lado. Concluo esse ponto com a fala de um pastor no culto público sobre sua tradição e denominação: “Eu quero que a convenção b... vá as favas, não quero nem saber, nossa igreja será como a igreja primitiva”. Um pastor me testemunhou que ouviu do mesmo líder: “Faço qualquer negócio para minha igreja crescer”. Lembro-me bem da febre “Igreja com Propósitos”, depois “Vineyard”, Willow Creek”, “MDA”, “Igreja Emergente” e qual será o próximo?

O Ministro santo e douto é importante porque todas as práticas estranhas ao Evangelho de Cristo ou são introduzidas pelo Ministro ou autorizadas por ele. Sendo assim, um Ministro não douto produz leigos ignorantes ao Evangelho, suscetíveis ao erro e uma igreja distante da vontade de Deus e sensível a todo vento de doutrinas e inovações sem fim. Meu apelo é que a Igreja Cristã Protestante invista e motive seus obreiros ordenados e leigos a uma vida piedosa e estudiosa das Escrituras e da teologia bíblica, sistemática e prática. O verdadeiro Ministro da Palavra busca a santidade e simplicidade, assim como busca ser um teólogo para o pastoreio, evangelização mundial e qualidade da sua igreja local.

Que o Deus da nossa vocação nos ajude para sua própria glória!

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Notas:
[1] Santo: Alguém separado para uma vida de piedade e de acordo com a vontade de Deus, separado do mundo.
[2] Douto: Alguém muito instruído, sábio, inteligente, estudioso e doutrinado

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Autor: Pr. Glauco Pereira
Fonte: Pastor Reformado
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Cristo vive em você?

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“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim... - Gálatas 2:20

O tema da santificação é, talvez, um dos menos polêmicos entre cristãos. É consenso que o cristão deve santificar-se, embora alguns possam migrar para o extremo de, inconscientemente, adotar a santificação como ferramenta de justificação diante de Deus. Mas nós sabemos que a justificação ocorre em um momento pontual da conversão, fruto de uma ação externa e sem qualquer participação do crente. A santificação é, então, um tipo de complemento a esse processo, mas não determinante para a salvação. Não é uma causa da conversão, mas uma consequência, com efetiva participação do cristão, sem a qual não se verá ao Senhor (Hb 12:14).

Não raro, em alguns círculos reformados, qualquer alusão à temática traz em sua sombra os vestígios das exacerbações dos usos e costumes de comunidades pentecostais. Alguém fala em santificação e o alarme de regras dispara na cabeça do crente: “mas é pela graça, não por obras”. Sim, a salvação é pela graça, mas quando se fala em santificação, ao menos idealmente, não se está discutindo a salvação, mas a prática cristã diária. Não se trata de como você começou sua jornada, mas de como você está agora e irá terminar, se é que você se vê como peregrino neste mundo.

Se por um lado as obras da fé foram alçadas por certos grupos evangélicos e católicos a um patamar elevado até o nível da fé salvífica, por outro acabaram sendo desvalorizadas pelos mais radicais advogados da salvação pela graça. Talvez por esse motivo a providência divina tenha feito Tiago entrar no Cânone. Entre esses dois extremos existe a fé que é seguida pelas obras, de modo que uma sem a outra é morta (Tg 2:26).

A santificação está intimamente ligada às obras. Um cristão que não experimenta a santificação terá enorme dificuldade em praticar boas obras. Na verdade, eu diria que esse cristão não existe! Não é possível que um cristão não se santifique, assim como não é possível que uma árvore boa dê frutos ruins continuamente (Mt 7:17). Não é que a fé dependa das obras para operar a salvação, mas se trata de não ser possível que haja uma fé salvífica que não opere boas obras (Tg 2:26), assim como uma fonte doce não pode deitar água amargosa (Tg 3:11).

A prática das boas obras é um reflexo do processo de santificação. Um cristão que pratica obras sem santificar-se estará fazendo qualquer coisa que não uma “boa obra”, porque a santificação exige separação ao Senhor, assim como uma obra só será boa se ao Senhor ela for dedicada. Não faltam ateus praticando atos altruístas. Mas, para Deus, estas atitudes não possuem o valor espiritual que têm aquelas que resultam da fé, porque não se trata do que é feito, mas da motivação do coração, isto é, da consagração a Deus.

Contudo, o santificar-se, o separar-se para Deus, só é possível de uma única forma: Cristo habitando no crente, o que, por sua vez, só pode ocorrer se o crente morrer para si. Como consta no texto de Gálatas 2:20, Cristo só pode viver em você se o seu “eu” estiver morto. Não se trata de algum tipo de possessão, mas de uma metáfora bíblica para mostrar que ou você é como Cristo ou você não é convertido. Não há meio termo, assim como não há morno aceitável. Ou você é frio ou quente. Se você é morno será vomitado (Ap 3:15-16), e melhor lhe seria que fosse frio! Não pode o velho e o novo homem coexistirem na mesma pessoa. Não há espaço para concessão no Evangelho. Quem com Cristo não ajunta, espalha. Se Cristo, por meio do Espírito Santo, habita no crente, então não se espera menos de um crente que atos que reflitam a nova pessoa que ele é, ainda que em meio a tropeços e deslizes.

O fato é que não faltam crentes vivendo como se não fossem templos do Espírito Santo. Agem como se seguissem algum código de ética descrito em um manual de bons modos do Clube Dominical. Evitam vícios famigerados, usam roupas recatadas, filtram palavras de baixo calão e mantém um hábito primoroso de frequência às reuniões da igreja, mas seus corações são mornos e sua graça é seletiva. As disciplinas espirituais até podem estar presentes, mas são mais notáveis quando em público. São apegados ao dinheiro e tudo mais de material, consumistas vaidosos, despreocupados com a pregação do evangelho e esvaziados de amor.

Não quero, aqui, parecer um juiz carrasco e mesquinho que olha de cima do seu muro a sujeira do vizinho enquanto seu quintal está um caos. Sim, eu bem lembro que Jesus advertiu sobre o argueiro no olho. Mas, muito embora eu aqui tenha elencado algumas práticas nefastas que subjazem sob a aparência de religiosidade, o que importa, realmente, é saber se vemos o Espírito de Cristo naqueles que o professam. Importa saber se vemos a retidão em amor e integridade naqueles que se dizem seguidores de Jesus. O Salmo 15 é um bom guia prático.

O aspecto preocupante não é que o cristão peque. Isso é normal e esperado. O que me inquieta é a displicência com que o processo de santificação é encarado, e por consequência a compreensão da necessidade de arrependimento diário. Se Cristo vive em mim, quão grande responsabilidade pesa sobre minha cerviz. Não se trata do peso do serviço em si, pois o serviço a Cristo feito em amor resultará em um fardo leve, mas da responsabilidade pelo nome que levamos e pela missão que recebemos.

A nós é dito que somos o sal do mundo e a luz nas trevas. Ser converso não implica em nada menos do que iluminar o ambiente que nos cerca, refletindo a luz de Cristo que há em nós. Se já não sou eu que vivo, então meus anseios de autorrealização e sonhos de consumo se tornam secundários diante da primazia do reino de Deus em minha vida. Não é possível, logo, viver para Cristo se não matarmos nosso homem interior, o que implica renúncia e abnegação.

Sim, é pela graça que somos salvos, e é pela graça que nos santificamos e fazemos qualquer boa obra, mas de modo algum a graça de Deus em minha vida anula a responsabilidade que tenho de a cada dia fazer morrer meu “eu” e deixar que Cristo viva em mim.

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Autor: Renato César
Divulgação: Bereianos
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Honestidade confessional e denominacional

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Honestidade é de suma importância tanto em teologia quanto em transações comerciais, tanto em uma denominação religiosa quanto num partido político. Honestidade denominacional consiste, em primeiro lugar, de uma clara declaração pela Igreja de suas crenças doutrinárias; e , em segundo lugar, de uma inequívoca e sincera adoção pelos seus membros. Ambos são requisitos.

Se uma denominação em particular faz declarações soltas de suas crenças que são passíveis de mais de um sentido, o credo é bem desonesto. Se o credo de uma denominação é bem elaborado e claro, mas a membresia subscreve a ele com reservas mentais e insinceridade, a denominação é desonesta. Honestidade e sinceridade são encontradas na convicção clara, e convicção clara é encontrada no conhecimento e reconhecimento da verdade. Heresia é um pecado, e é classificado por Paulo entre 'as obras da carne', junto com 'adultério, idolatria, assassinato, inveja e ódio' que excluem do reino de Deus (Gal. 5.19-21). Mas a heresia não é tão grande pecado quanto a desonestidade.

Um herege que se reconhece como tal é um homem melhor do que aquele que pretende ser ortodoxo ao subscrever a um credo que antipatiza, o qual enfraquece no pretexto de adaptá-lo aos novos tempos. O herege honesto deixa a Igreja com a qual não mais concorda; mas o subscritor permanece dentro dela de modo a seguir adiante o seu plano de desmoralização.

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Autor: William G.T. Shedd
Fonte: Calvinism: Pure & Mixed (Edinburgh, The Banner of Truth, 2000), p. 152.
Tradução: Emerson Costa
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“Não Deixemos de Congregar-nos”: Enfrentando o Problema da Evasão de Membros

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Introdução

Um neologismo tem se tornado comum nos últimos anos – “fidelização”. Trata-se de um termo da área de publicidade e marketing que traduz um desejo de empresas em diferentes ramos de atividade: o de que seus clientes ou consumidores se mantenham fiéis a elas e a seus produtos. Especialmente em setores nos quais existe forte concorrência, trata-se de um alvo buscado com crescente intensidade. Evidentemente, a fidelidade das pessoas a um determinado fornecedor ou prestador de serviços pode não ter quaisquer implicações éticas. Se alguém é cliente da pizzaria “a” ou “b” e utiliza os serviços dessa ou daquela companhia de telefonia celular, isso não tem maiores consequências fora da área mercadológica. Em outras esferas, todavia, a fidelidade adquire uma importância muito maior, como é o caso da política partidária. No Brasil, há muito tempo um bom número de políticos tem se envolvido com uma prática condenável: a troca frequente de partidos, geralmente por motivos pouco elogiáveis. Eles se filiam a uma legenda, elegem-se por ela e depois, movidos por interesses muitas vezes questionáveis, simplesmente se transferem para outra. Em anos recentes têm sido aprovadas leis visando coibir a chamada “infidelidade partidária”. Pois bem, esse é um tema que também interessa de perto às igrejas evangélicas.

A Triunidade Intelectual de Deus

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A doutrina da Trindade é essencial para a fé cristã ortodoxa. O pensamento trinitariano impregna todo o Novo Testamento e é pressuposto nas doutrinas centrais da encarnação (Lucas 1:35), expiação (Hebreus 9:14), ressurreição (Romanos 8:11) e salvação (1 Pedro 1:2), bem como nas práticas do batismo com água (Mateus 28:19) e oração (Efésios 2:18). Consequentemente, não pode haver nenhuma dúvida que a falha em aceitar a Trindade conduzirá a erros fatais no restante da teologia de uma pessoa. Contudo, a Trindade é frequentemente vista como um conceito difícil, se não contraditório. A Trindade é incoerente? O presente artigo procura responder essa pergunta com um enfático “Não”.

O Calvinismo Estimula as Missões

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“O Calvinismo mata as missões!”, dizem muitos. Afinal, se Deus já escolheu alguns para salvar antes da fundação do mundo, deixando outros para serem condenados, então por que nos incomodaríamos pregando o evangelho às nações? Os eleitos serão salvos e nenhum dos outros será. Mas quando fazemos uma pausa para examinar de perto o Calvinismo, descobrimos que ele não mata missões — ele, de fato, é combustível para missões! Consideremos os bem conhecidos cinco pontos do calvinismo para ver como eles se relacionam com as missões.

Depravação Total — A necessidade de Missões

Como Calvinistas, acreditamos que “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5:12). Assim, todos os homens nascem como pecadores; todos nascemos em rebelião contra Deus. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus” (Romanos 3:10-11). Somos totalmente depravados por natureza, o que não significa que somos tão completamente perversos quanto possível, mas que nossa pecaminosidade afeta todas as áreas da vida. Nenhum aspecto das nossas vidas está livre da corrupção do pecado.

Uma vez que todos os seres humanos são pecadores, todos nós nascemos sob o juízo de Deus. Não importa onde vamos no mundo de hoje, separados de Cristo, aqueles que encontramos enfrentam a ira de Deus por seus pecados. “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da nossa carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2:3). Uma eternidade no inferno espera as pessoas ao redor do mundo, como castigo por seus pecados. Como esta realidade pode não nos levar a encontrar maneiras de levar as boas novas de Jesus Cristo para as nações? Jesus é o único que pode salvá-los de um futuro terrível e lamentável!

Eleição incondicional — A esperança através das Missões

Porque Deus não tem prazer na morte dos ímpios, mas chama os ímpios para que se convertam do seu caminho e vivam (Ezequiel 33:11), Ele predestinou um povo para a adoção de filhos por Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da Sua vontade (Efésios 1:5). A escolha de Deus, ou eleição, de um povo para manifestar a Sua graça foi incondicional, já que não há nada em nós como pecadores que faria com que Deus nos amasse (1 João 4:10).

Os eleitos de Deus são uma grande multidão que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas (Apocalipse 7:9). E Ele escolheu esta grande multidão para receber a Sua gloriosa graça. É com essa certa esperança de sucesso nas missões que os Calvinistas vão às nações proclamando o Evangelho de Jesus Cristo.

Expiação limitada — A mensagem das Missões

Deus, o Pai, dá o Seu povo eleito ao seu Filho, Jesus Cristo, para que todos os que veem o Filho e creem n'Ele possam ter a vida eterna (João 6:40). Ele usa pregadores para levar o Evangelho de Jesus Cristo para as nações, pois como eles invocarão Aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouviram sem um pregador? (Romanos 10:14).

A mensagem de todos os pregadores Cristãos é resumida pelo apóstolo Paulo: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze” (1 Coríntios 15:3-5). Cristo morreu para pagar pelos nossos pecados, “assim assegurando uma eterna redenção” (Hebreus 9:12). Ele não morreu apenas para tornar possível o perdão dos pecados. Cristo realmente nos redimiu para Deus por meio do Seu sangue. Ele redimiu homens e mulheres de todas as tribos, línguas, povos e nações (Apocalipse 5:9). Os Calvinistas querem que o povo de Deus, de toda tribo, língua, povo e nação, ouça sobre a expiação substitutiva de Cristo pelos pecadores, para que sejam perdoados dos seus pecados e adotados como filhos e filhas de Deus.

Graça irresistível — O poder nas Missões

Os seres humanos nascem em estado de total depravação, completamente depravados, espiritualmente mortos em seus delitos e pecados (Efésios 2:1). Isso significa que ninguém virá a Cristo por si mesmo. Mas nos regozijamos em lembrar que Deus está operando através do Espírito Santo, efetivamente atraindo os Seus eleitos para Cristo (João 6:44). E a graça de Deus é irresistível, porque Ele determinou salvar um povo para Sua glória.

Portanto, os Calvinistas apelam a todos os homens em todos os lugares para se arrependerem (Atos 17:30), porque sabemos que aqueles eleitos por Deus se arrependerão e crerão em Cristo! Esta poderosa graça de Deus nos dá confiança nas missões, sabendo que todos os que creem em Cristo serão salvos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Sim, os Calvinistas acreditam em João 3:16!

Perseverança dos santos — O sucesso com as Missões

Finalmente, os Calvinistas descansam por saberem que nosso trabalho missionário será finalmente bem-sucedido. Pois, a Palavra de Deus não retornará a Ele vazia, mas cumprirá o que Lhe apraz (Isaías 55:11). Se não vemos o fruto do nosso trabalho entre as nações, então não precisamos desesperar. Não é ele o que planta, nem o que rega, mas Deus é quem dá o aumento (1 Coríntios 3:7). Ao mesmo tempo, sabemos que Deus está agindo e atraindo as pessoas para Si mesmo, então continuamos a proclamar as boas novas confiando n'Ele para remover os corações de pedra e dar corações de carne (Ezequiel 36:26).

Além disso, quando as pessoas em todo o mundo nascem de novo, reconhecemos que Aquele que começou uma boa obra nelas a completará (Filipenses 1:6). Deus nos apresentará irrepreensíveis diante da presença de Sua glória com grande alegria (Judas 24). Portanto, aguardamos com expectativa o dia em que nos uniremos com nossos irmãos e irmãs em Cristo de todo o mundo, louvando nosso Salvador pela redenção que Ele realizou na cruz. Que estas gloriosas verdades estimulem os nossos corações para missões como Calvinistas, para que Cristo seja glorificado!

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Autor: John Divito
Fonte: Founders Ministries
Tradução: Tayllon Gabriel
Revisão: Camila Rebeca Almeida Teixeira
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Antropologia e Política sob Perspectiva - Uma Avaliação Teológica

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É um erro supor que todos os homens, ou ao menos todos os ingleses, queiram ser livres. Ao contrário, se a liberdade acarretar responsabilidade, muitos não querem nenhuma das duas. Felizes, trocariam a liberdade por uma segurança modesta (ainda que ilusória). Mesmo aqueles que dizem apreciar a liberdade ficam muito pouco entusiasmados quando se trata de aceitar as consequências dos atos. O propósito oculto de milhões de pessoas é ser livre para fazer, sem mais nem menos, o que quiserem e ter alguém para assumir quando as coisas derem errado.[1] — Theodore Dalrymple

Exposição e refutação das heresias primitivas acerca de Jesus

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Ver-se-á neste artigo as heresias que surgiram no inicio da era da Igreja, acerca da cristologia. As heresias serão analisadas em três partes, acompanhando parcialmente o que foi realizado por Alan Myatt e Franklin Ferreira[1] (mas com outra nomenclatura). Sendo expostas as heresias da primeira parte, será realizada uma refutação apologética contra essas usando como fundamento a exegese do texto do Evangelho de João 1.1 – 3 e 14, e se necessário partirá para outros textos bíblicos,[2] e assim sucessivamente.  

Reflexões para o ano novo

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Ora, irmãos, com respeito ao ano que se aproxima, eu espero que ele seja um ano de felicidade para vocês, — de forma muito enfática desejo a todos vocês um Feliz Ano Novo, — mas ninguém pode ter certeza de que ele será um ano livre de dificuldades. Pelo contrário, tenha a segura confiança de que não será assim, porque, como é certo que as faíscas sobem para o alto, o homem nasce para as dificuldades. Cada um de nós possui, amados amigos, muitos rostos queridos com os quais nos regozijamos — que eles possam sorrir para nós ainda por muito tempo: mas lembre-se de que cada um deles pode vir a ser ocasião de tristeza durante o próximo ano, porque não existe nenhum filho imortal, nenhum marido imortal, nenhuma esposa imortal, nenhum amigo imortal, e, portanto, alguns deles podem morrer durante o ano. 

Além do mais, os confortos com os quais nos cercamos podem tomar para si asas antes que o ano cumpra seus meses. As alegrias terrenas são todas como que feitas de neve, se desfazem com a mais leve brisa, e se vão antes de terminarmos de agradecer sua chegada. Pode ser que você tenha um ano de seca e escassez de pão; pode ser que anos magros e desagradáveis lhe estejam reservados. Sim, e ainda mais, talvez durante o ano que já está quase amanhecendo você possa recolher seus pés à cama e morrer, para encontrar-se com Deus Pai. 

Pois bem, com relação a este ano que está próximo e suas possibilidades desoladoras, devemos viver cabisbaixos e tristonhos? Devemos pedir a morte ou desejar nunca ter nascido? De modo algum. Devemos, por outro lado, viver de forma despreocupada e risonha em todas as circunstâncias? Não, isso soaria doentio nos filhos de Deus. O que faremos? Iremos pronunciar esta oração: “Pai, glorifica teu nome.” Isto significa dizer: se devo perder minha propriedade, glorifica teu nome na minha pobreza; se devo ser roubado, glorifica teu nome em meu sofrimento; se devo ser morto, glorifica teu nome em minha partida. 

Quando você ora nesta disposição, seu conflito finda, nenhum pavor exterior permanece se tal oração surge de seu íntimo, você tem nela rejeitado todos os presságios fatídicos e pode, de forma lúcida e tranquila, trilhar seu caminho pelo desconhecido amanhã.

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Autor: Charles H. Spurgeon
Fonte: A Golden Prayer, 30 de dezembro de 1877
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
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