28º Conferência Fiel para Pastores e Líderes - ao vivo!

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Na próxima semana (de 1 a 5 de outubro) vai acontecer a 28º Conferência Fiel para Pastores e Líderes - Alicerces da Fé Cristã, em Águas de Lindoia/SP. Os preletores são: Paul Washer, Joel Beeke, Hernandes Dias Lopes, Steven Lawson, Sillas Campos, Solano Portela, Jáder Borges e Martha Peace.
 
Você que não poderá estar presente, a Editora Fiel disponibilizará transmissão ao vivo de todas as pregações via internet.



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A Bíblia e as decisões pessoais

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Por Vicent Cheung

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra. (2 Timóteo 3.16-17, NVI) [...]

… problemas ocorrem quando cristãos negam que a Bíblia é suficiente para fornecer instrução e orientação abrangente. Alguns deles se queixam que a Bíblia carece da informação específica que eles precisam para fazer decisões pessoais. Contudo, à luz das palavras de Paulo — isto é, visto que Deus afirma por meio do seu apóstolo que a Bíblia é suficiente — a deficiência deve estar nesses indivíduos, e não na Bíblia.

Eles carecem da informação que precisam por causa de sua imaturidade e ignorância. A Bíblia é de fato suficiente para guiá-los, mas eles negligenciam estudá-la. Alguns deles também exibem forte rebelião, de forma que embora a Bíblia aborde claramente suas situações, eles recusam obedecer aos seus mandamentos e instruções. Ou, antes de tudo, eles recusam aceitar os próprios métodos de receber orientação a partir da Escritura, mas insistem que Deus deve guiá-los, pelo menos ocasionalmente, por meio de visões, sonhos e profecias, embora ele já tenha deixado registrado o que eles precisam saber na Bíblia.

Quando Deus não concede a demanda deles por orientação extrabíblica, alguns deles até mesmo decidem buscar informação por meio de métodos proibidos, tais como astrologia, adivinhação e outras práticas ocultas. A rebelião deles é tal que se Deus não fornece a informação desejada da forma que eles preferem, ou se ele não concorda com os desejos deles, então eles estão determinados a conseguir o que desejam do diabo.

O conhecimento da vontade de Deus vem de um entendimento intelectual e aplicação da Escritura.[1] Paulo escreve:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12.2-3)

A teologia cristã deve afirmar a suficiência da Escritura, que ela é uma fonte abrangente de informação, instrução e orientação. A Bíblia contém toda a vontade de Deus, incluindo a informação que uma pessoa precisa para salvação, desenvolvimento espiritual e orientação pessoal. Ela contém informação suficiente de forma que, se alguém fosse obedecê-la completamente, cumpriria a vontade de Deus em cada detalhe da vida, e pecaria na extensão em que a desobedecesse. Embora não atingiremos obediência perfeita nesta vida, permanece o fato que a Bíblia contém toda a informação necessária para vivermos uma vida cristã perfeita. [2]

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Notas: 
[1] Veja Vincent Cheung, Piedade com Contentamento, “Orientação bíblica e tomada de decisão” (Editora Monergismo).
[2] Para mais sobre a suficiência da Escritura, veja Vincent Cheung, O Ministério da Palavra (Editora Monergismo).

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – setembro/2012
Fonte:  Systematic Theology
Via: Monergismo
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O Problema do Mal

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Fonte: Vlog do Yago

Recomendo os videos do Yago, principalmente aos jovens (não que eu seja velho, rs)! Veja o vlog dele clicando aqui!

RM!
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João Calvino e a Pregação das Escrituras

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Por Franklin Ferreira

De humanista a reformador João Calvino nasceu em 10 de julho de 1509, em Noyon, na Província de Picardia (França), na fronteira dos Países Baixos. Seu pai era um advogado que trabalhou para o cônego desta cidade, e sua mãe, uma mulher muito piedosa. Foi enviado para estudar filosofia em Paris, no Collège de Montaigu, mas em 1528, após se desentender com os líderes da igreja, seu pai o enviou para estudar direito em Orléans e grego em Bourges. Em 1531, com a morte do pai, retornou a Paris para dedicar-se ao seu interesse predileto, a literatura clássica.

Em 1533, converteu-se à fé evangélica e a respeito deste fato disse:

"Minha mente, que, a despeito de minha juventude, estivera por demais empedernida em tais assuntos, agora estava preparada para uma atenção séria. Por uma súbita conversão, Deus transformou-a e trouxe-a à docilidade".
No final desse ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser coautor de um discurso simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o novo reitor da Universidade de Paris. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em março de 1535, foi publicada em Basiléia a primeira edição das Institutas da Religião Cristã, que seria "uma chave para abrir o caminho para todos os filhos de Deus num entendimento bom e correto das Escrituras Sagradas".

Em 1536, ao passar por Genebra, foi coagido por Guillaume Farel a iniciar um trabalho ali. Calvino ficou chocado com a idéia, pois se sentiu despreparado para a tarefa. Ele poderia fazer mais pela igreja através de seus estudos e de seus escritos.


Nesse momento, Farel trovejou a ira de Deus sobre Calvino com palavras que este jamais esqueceria – Deus amaldiçoaria o seu lazer e os seus estudos se, em tão grave emergência, ele se retirasse, recusando-se a ajudar. A primeira estadia de Calvino em Genebra durou menos de dois anos. O seu primeiro catecismo e confissão de fé foram adotados, mas ele e Farel entraram em conflito com as autoridades civis acerca de questões eclesiásticas: disciplina, adesão à confissão de fé e práticas litúrgicas.


De 1538 a 1541, mudou-se para Estrasburgo, onde pastoreou a igreja de refugiados franceses. Um refugiado que visitou a igreja de Calvino fez a seguinte descrição do culto:

"Todos cantam, homens e mulheres; e é um belo espetáculo. Cada um tem um livro de cânticos nas mãos... Olhando para esse pequeno grupo de exilados, chorei, não de  tristeza, mas de alegria, por ouvi-los todos cantando tão sinceramente, enquanto agradeciam a Deus por tê-los levado a um lugar onde seu nome é glorificado". Lá se casou com Idelette de Bure e travou contato com Martin Bucer, que influenciou profundamente sua teologia, principalmente acerca da doutrina do Espírito Santo e da disciplina clesiástica.



O erudito de Genebra
 


Em 1541, os genebrinos suplicaram que Calvino retornasse à sua igreja. Ele retornou a Genebra no dia 13 de setembro, viu-se nomeado pregador da antiga igreja de St. Pierre e foi "contemplado com um salário razoável, uma casa ampla e porções anuais de 12  medidas de trigo e 250 galões de vinho". Em 1548, Idelette faleceu, e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram morreu ainda na infância. No entanto, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões da Europa, com os quais trocava intensa correspondência. Depois de grandes lutas, conseguiu implementar seu programa de reformas, mudando completamente toda a Genebra, tornando-a um exemplo para toda a cristandade, "a mais perfeita escola de Cristo desde os dias dos apóstolos", como o reformador escocês John Knox disse.

Em 6 de fevereiro de 1564, Calvino, muito enfermo, foi transportado para a igreja numa cadeira, pregando então com dificuldade o seu último sermão. No dia de Páscoa, 2 de abril, foi levado pela última vez à igreja. Participou da ceia e, com a voz trêmula, cantou junto com a congregação. Em 28 de abril de 1564, um mês antes de morrer, convocou os ministros de Genebra à sua casa. Tendo-os à sua volta, despediu-se: "A respeito de minha doutrina, ensinei fielmente, e Deus me deu a graça de escrever. Fiz isso do modo mais fiel possível e nunca corrompi uma só passagem das Escrituras, nem conscientemente as distorci. Quando fui tentado a requintes, resisti à tentação e sempre estudei a simplicidade. Nunca escrevi nada com ódio de alguém, mas sempre coloquei fielmente diante de mim o que julguei ser a glória de Deus". Ele faleceu em 27 de maio de 1564. Calvino foi enterrado em um cemitério comum. Devido a seu próprio pedido, não se ergueu lápide alguma sobre o lugar de sua sepultura.

A pregação como Vox Dei

Calvino definiu assim a comunidade cristã: "Onde quer que vejamos a Palavra de Deus ser sinceramente pregada e ouvida, onde vemos serem os sacramentos administrados segundo a instituição de Cristo, não se pode contestar, de modo nenhum, que ali há uma igreja de Deus".


Como o Rev. Paulo Anglada demonstra, o reformador francês elaborou detalhadamente o tema da natureza da pregação como "a voz de Deus". Em seu comentário de Isaías, ele afirma que na pregação "a palavra sai da boca de Deus de tal maneira que ela sai, de igual modo, da boca de homens; pois Deus não fala abertamente do céu, mas emprega homens como seus instrumentos, a fim de que, pela agência deles, possa fazer conhecida a sua vontade".


Comentando a Epístola aos Gálatas, Calvino enfatiza a eficácia do ministério da Palavra, afirmando: visto que Deus "emprega os ministros e a pregação como seus instrumentos para este propósito, apraz-lhe atribuir a eles a obra que ele mesmo realiza, pelo poder do seu Espírito, em cooperação com os labores do homem". Para Calvino, a leitura e a meditação privadas das Escrituras não substituem o culto público, pois, "entre os muitos nobres dons com os quais Deus adornou a raça humana, um dos mais notáveis é que ele condescende em consagrar bocas e línguas de homens para o seu serviço, fazendo com que a sua própria voz seja ouvida neles". Por essa razão, argumenta Calvino, quem despreza a pregação despreza a Deus, porque ele não fala por novas revelações do céu, mas pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra. Ao falar Deus aos homens, por meio da pregação, Calvino identifica dois benefícios: "Por um lado, ele [Deus], por meio de um teste admirável, prova a nossa obediência, quando ouvimos seus ministros exatamente como ouviríamos a ele mesmo; enquanto, por outro, ele leva em consideração a nossa fraqueza, ao dirigir-se a nós de maneira humana, por meio de intérpretes, a fim de que possa atrair-nos a si mesmo, em vez de afastar-nos por seu trovão".


A importância dada ao sermão se percebe no lugar que ele ocupa na liturgia reformada – o lugar central.


Isso não significa que Calvino tenha dado importância exagerada ao pregador; significa apenas que, para ele, o sermão tem de ser a fiel interpretação da verdade revelada nas Escrituras, dirigida aos problemas do momento. Assim como Calvino cria na presença espiritual de Cristo na administração dos sacramentos, também cria na presença espiritual de Cristo na pregação, salvando os eleitos, edificando e governando sua igreja. Essa concepção sacramental da pregação é afirmada diversas vezes por Calvino nas Institutas. Por exemplo, ao combater o emprego de símbolos visíveis para representar a presença de Cristo no culto, ele afirma que é "pela verdadeira pregação do evangelho", e não por cruzes, que "Cristo é retratado como crucificado diante de nós" (I.11.7).


Citando Agostinho (IV.14.26), que se referia às palavras como sinais, Calvino entendia que na pregação "o Espírito Santo usa as palavras do pregador como ocasião para a presença de Deus em graça e em misericórdia. Neste sentido, as palavras do sermão são  comparáveis aos elementos nos sacramentos" (IV.1.6; 4.14.9-19). Por isso, ele escreveu: "A igreja de Deus será educada pela pregação autêntica de sua Palavra, e não pelas invenções dos homens [as quais são madeira, feno e palha]".
 


A prioridade da pregação expositiva
 
Calvino escreveu: "A majestade das Escrituras merece que seus expositores façam-na evidente, que tratem-na com modéstia e reverência".

Durante quase 25 anos de ministério na igreja de St. Pierre, em Genebra, seu modelo de pregação foi o mesmo, do começo ao fim, pregando através da Escritura, livro após livro, versículo após versículo.


Uma das mais claras ilustrações de que a pregação seqüencial havia sido uma escolha consciente da parte de Calvino foi este fato: no dia da Páscoa, em 1538, depois de pregar, ele deixou o púlpito da igreja de St. Pierre, banido pelo conselho da cidade; quando retornou, em setembro de 1541, mais de três anos depois, ele continuou a exposição no versículo seguinte.


Como John Piper demonstra, no auge de seu ministério em Genebra, Calvino pregava num livro do Novo Testamento nos domingos pela manhã e à tarde (embora pregasse nos Salmos em algumas tardes) e num livro do Antigo Testamento, nas manhãs, durante a semana. Desse modo, ele expôs a maior parte das Escrituras. Ele começou sua série de pregações expositivas no livro de Atos, em 25 de agosto de 1549 e terminou-a em março de 1554, num total de 89 sermões. Depois, ele prosseguiu para 1 e 2 Tessalonicenses (46 sermões), 1 e 2 Coríntios (186 sermões) e Efésios (48 sermões), até maio de 1558, quando passou um tempo adoentado. Na primavera de 1559, começou a Harmonia dos Evangelhos, série inacabada por conta de sua morte em maio de 1564 (65 sermões). Durante a semana, naquele período, pregou 174 sermões em Ezequiel (1552-1554), 159 sermões em Jó (1554-1555), 200 sermões em Deuteronômio (1555-1556), 353 sermões em Isaías (1556-1559), 123 sermões em Gênesis (1559-1561), 107 sermões em 1 Samuel e 87 sermões em 2 Samuel (1561-1563), e assim por diante. Os livros que ele pregou do primeiro ao último capítulo foram: Gênesis, Deuteronômio, Jó, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Profetas Maiores e Menores, Evangelhos Sinóticos, Atos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Hebreus. Por que este compromisso com a centralidade da pregação expositiva seqüencial? Piper sugere as seguintes espostas:

1. Calvino acreditava que a Escritura era a lâmpada que havia sido tirada das igrejas: "Tua Palavra, que deveria ter brilhado sobre todas as pessoas como uma lâmpada, foi retirada ou, pelo menos, suprimida de nós... E agora, ó Senhor, o que resta a um miserável como eu a não ser... suplicar-te sinceramente que não me julgues de acordo com [meus] desertos, aquele terrível abandono da tua Palavra em que vivi e do qual, na tua maravilhosa bondade, me livraste". Calvino considerou que essa contínua exposição de livros da Bíblia era a melhor maneira de superar o "terrível abandono da Palavra [de Deus]".

2. Calvino tinha aversão a quem pregava suas próprias idéias no púlpito: "Quando adentramos o púlpito, não podemos levar conosco nossos próprios sonhos e fantasias". Acreditava que, expondo as Escrituras por completo, seria forçado a lidar com o que Deus queria dizer, não somente com o que ele talvez gostaria de dizer.

3. Ele acreditava que a Palavra de Deus era, de fato, a Palavra de Deus e que toda ela era inspirada, proveitosa e fulgurante como a luz da glória de Deus: "Que os pastores ousem corajosamente todas as coisas pela Palavra de Deus... Que contenham e comandem todo poder, glória e excelência do mundo, que dêem lugar e obedeçam à divina majestade dessa Palavra. Que encarreguem o mundo todo de fazer isso, desde o maior até ao menor. Que edifiquem o corpo de Cristo. Que devastem o reino de Satanás. Que cuidem das ovelhas, matem os lobos, instruam e exortem os rebeldes. Que amarrem e libertem trovões e raios, se necessário, mas que façam tudo isso de acordo com a Palavra de Deus".


Como Piper destaca, a ênfase aqui é "a divina majestade dessa Palavra". Este sempre foi o assunto fundamental para Calvino. Como poderia expor, da melhor maneira possível, a majestade de Deus? Sua resposta foi dada com uma vida de pregação expositiva contínua. Não havia maneira melhor para manifestar a completa extensão da glória e da majestade de Deus do que difundir toda a Palavra de Deus no contexto do ministério pastoral.
 


A estrutura do sermão

James Boyce escreveu: "Calvino era antes de tudo um pregador e, como pregador, via-se a si mesmo como um professor da Bíblia... Ele considerava a pregação o seu trabalho mais importante". Cerca de dois mil dos sermões de Calvino foram preservados. Expondo parágrafos e versículos, ele seguia através de um profeta, de um salmo, de um evangelho ou de uma epístola. Como Boyce descreveu: "Ele começava no primeiro versículo do livro e tratava de seções contínuas, de quatro ou cinco versículos, até que chegava ao fim e, neste ponto, dava início a outro livro". Não havia uma palavra de discordância com as Escrituras, nem uma inferência depreciativa, nem uma fuga das dificuldades, embora ele evitasse as especulações infundadas: "Visto que revelar a mente do autor é a única tarefa do intérprete, ele erra o alvo ou, pelo menos, desvia-se de seus limites quando afasta seus leitores do propósito do autor... É... presunção e quase blasfêmia distorcer o significado das Escrituras, agindo sem o devido cuidado, como se isso fosse um jogo que  estivéssemos jogando". Por isso, ele enfatizou: "O verdadeiro significado das Escrituras é aquele que é natural e óbvio". Ele renunciou tudo que pudesse trazer-lhe notoriedade, colocando toda sua formação a serviço da fé cristã.


Não é possível descobrir nos sermões de Calvino o arranjo homilético segundo as normas atuais de pregação. Em muitos casos, Calvino tomava o texto, analisava-o e aplicava-o sucessivamente durante cerca de uma hora, o que conferia à mensagem um tom livre e informal.


Como Steven Lawson nota, a introdução do sermão era curta, sucinta e direta, consistindo de um breve comentário que lembrava a congregação o que a passagem anterior dizia, colocava os próximos versículos no contexto ou mostrava o argumento central da passagem pregada, relacionando-a ao contexto da estrutura do livro que estava sendo exposto.


Por isso, pode-se perceber que há uma ordem e um arranjo lógico e um desenvolvimento progressivo nas suas mensagens. Seus sermões não são exemplos de beleza e estilo por duas razões: ele pregava sem esboço, pois tinha de pregar quase diariamente; e tinha um profundo respeito para com a Palavra de Deus, a ponto de pensar que um estilo excessivamente elaborado poderia prejudicar a clareza da mensagem.

Neste caso, a pregação sem anotações era uma reação ao costume daquela época, quando os sermões eram lidos e se tornavam frios, sem entusiasmo e sem energia. Por outro lado, de acordo com Lawson, ainda que pregasse sem anotações, seus sermões testemunham um uso impressionante de frases curtas compostas de sujeito, verbo e predicado e fáceis de assimilar, palavras simples e expressões coloquiais, figuras de linguagem, perguntas retóricas, paráfrases e repetições, ironia mordaz e linguagem instigante.


Carl G. Kromminga afirmou que Calvino viveu e trabalhou como se estivesse na presença de Deus. Por isso, o empenho de Calvino era trazer os homens à presença de Deus.


Isto é ainda mais evidente em seus sermões, que eram sempre cruciais e decisivos. T. H. L. Parker escreveu: "A pregação expositiva consiste na explanação e aplicação de uma passagem das Escrituras. Sem explanação, ela não é expositiva; sem aplicação, ela não é pregação". Por isso, Calvino escreveu que os ouvintes do sermão deveriam cultivar um "desejo de obedecer a Deus de forma completa e incondicional". E acrescentou: "Não assistimos à pregação meramente para ouvir o que não sabemos, mas para sermos encorajados a fazer nossa obrigação".


Por isso, seus sermões partiam das Escrituras para a situação concreta e presente em Genebra, incluindo exortação pastoral, exame pessoal, repreensão amorosa, confrontação, usando muitas vezes pronomes na primeira pessoa do plural.


Nem sempre Calvino usou ilustrações, e, quando as usava, elas eram raramente de fora da Escritura. No entanto, ele estabelecia comparações com o quadro da vida diária para tornar bem accessível ao seu ouvinte a mensagem da Palavra de Deus. Kromminga aponta as metáforas, as exclamações e outros recursos da oratória que contribuíram para tornar efetiva a sua mensagem.


E, na conclusão de cada sermão, ele fazia primeiramente um resumo da verdade que explicara num parágrafo curto; depois, instava de forma direta seus ouvintes a que se submetessem ao Senhor, em arrependimento, obediência e humildade.


Finalmente, ele concluía com uma oração, confiando seu rebanho a Deus.


Precisa ser ressaltado que Calvino acreditava que Paulo havia providenciado um modelo para o ministério da Palavra, quando falou sobre como ele, Paulo, não cessava de admoestar tanto "publicamente" quanto de "casa em casa". Por ter uma verdadeira preocupação pastoral por aqueles para quem estava pregando, Calvino procurou visitá-los em seus lares. "O que quer que os outros pensem", Calvino escreveu, "não julgaremos o nosso ofício como algo que possui limites tão estreitos, que, terminado o sermão, possamos descansar achando que concluímos a nossa tarefa. Aqueles cujo sangue será requerido de nós, se os perdermos por causa de nossa preguiça, devem receber cuidado mais íntimo e mais vigilante". Portanto, a pregação requer ser suplementada com uma entrevista pastoral. "Não é suficiente que, do púlpito, um pastor ensine todas as pessoas conjuntamente, pois ele não acrescenta instrução particular de acordo com a necessidade e as circunstâncias específicas de cada caso". Calvino insistiu que o pastor precisa ser um pai para cada membro da congregação.

O papel do pregador

O centro da atenção de Calvino era a vontade de Deus, era a revelação da face de Deus e o empenho em trazer o ouvinte à presença do Senhor. Ou na pregação da mais profunda doutrina, ou em algum tema ligado à vida prática, Calvino chamava continuamente os seus ouvintes à face de Deus. Em 1537, aos 29 anos, num de seus primeiros livros, Breve Instrução Cristã, ele escreveu:

Como o Senhor desejou que tanto a Sua Palavra como as Suas ordenanças fossem dispensadas ou administradas por meio do ministério de homens, é necessário que haja pastores ordenados nas igrejas, para ensinarem ao povo a sã doutrina, pública e privadamente; administrarem as ordenanças e darem a todos o bom exemplo de uma vida pura e santa... Lembremo-nos, contudo, que a autoridade que as Escrituras atribuem aos pastores está plenamente contida nos limites do ministério da Palavra, pois o fato é que Cristo não deu esta autoridade a homens, e sim à Palavra da qual Ele faz esses homens servos.
Portanto, que os ministros da Palavra se disponham a fazer todas as coisas por meio dessa Palavra que eles foram designados a apresentar.

Que eles façam com que todos os poderes, todas as celebridades e todas as pessoas de alta posição no mundo se humilhem, a fim de obedecerem à majestade dessa Palavra.


Por meio dessa Palavra, que eles dêem ordens a todo o mundo, do maior ao menor; que edifiquem a casa de Cristo, ponham abaixo o reino de Satanás, pastoreiem as ovelhas, matem os lobos, instruam e encorajem os que se deixam ensinar; acusem, repreendam e convençam os rebeldes dos seus pecados – mas tudo pela Palavra de Deus.


Se alguma vez eles se apartarem dessa Palavra, para seguirem as fantasias e invenções da sua própria cabeça, daí em diante não devem ser recebidos como pastores; ao contrário, são lobos perniciosos que devem ser postos fora! Pois Cristo estabeleceu que não devemos dar ouvidos a ninguém, exceto àqueles que nos ensinam o que extraíram de Sua Palavra.


Não será disso que necessitamos com urgência hoje? Porventura, será que não precisamos hoje de uma revitalização da mensagem ao estilo de Calvino, de modo a colocar a comunidade cristã face a face com Deus?
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- Sobre o autor: Franklin Ferreira é Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. É diretor e professor de teologia sistemática e história da igreja no Seminário Martin Bucer, em São José dos Campos, São Paulo, e consultor acadêmico de Edições Vida Nova. Autor dos livros Teologia Cristã e Teologia Sistemática (este em coautoria com Alan Myatt), publicados por Edições Vida Nova, e Gigantes da Fé e Agostinho de A a Z. 

Fonte: Editora Fiel
Divulgação: Bereianos
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Cristo sim! Igreja não! - Um erro grave

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Por Judiclay Santos

Desde a década de 60, uma época marcada pelo advento de muitas revoluções de natureza anticristã, a igreja vem sofrendo com a fúria de seus algozes que a acusam de todo tipo de absurdo. O mundo sempre odiou a igreja pelas mesmas razões que odiou Jesus de Nazaré (Jo 3.19). A juventude americana protagonizou um episódio que ainda hoje exerce influência sobre muitos. Jovens marcharam pelas ruas dos EUA vociferando uma frase “bonita”, mas absolutamente diabólica: “Cristo Sim! Igreja Não”. Uma pergunta: É possível amar a Cristo e odiar ou ser indiferente para com a igreja de Cristo? Creio que não. “O mesmo ímã, Cristo Jesus, que atrai pecadores a si e os transforma em santos, simultaneamente os agrega em comunhão íntima uns com os outros” (Willian Hendriksen).  

O crescente movimento dos desigrejados tem sido objeto de estudos em muitas partes do mundo. É verdade que muitas pessoas sofreram abusos no contexto de igrejas que por variadas razões não cumpriram seu papel de ser bênção na vida do povo de Deus. Todavia nada justifica o desprezo pela noiva do Cordeiro. Os detratores acusam a igreja de ser uma congregação de gente hipócrita, falsa e desumana. Sendo assim, o melhor a fazer é seguir a Jesus sem imiscuir-se com a igreja.

Certo náufrago foi encontrado em uma pequena ilha. Quando o capitão do navio de resgate chegou ali notou que havia três cabanas rudimentares cobertas com folhas de coqueiro. “Por que três cabanas? Você não ficou aqui sozinho por dez anos?”, perguntou o capitão. “Sim, fiquei”, respondeu o náufrago. E completou: “Aquela primeira cabana é a minha casa e aquela segunda é a minha igreja”. “E o que é aquela terceira cabana ali adiante?”, insistiu o capitão. O magro e barbudo homem, com olhar de desprezo respondeu: “É a minha ex-igreja”. Moral da história: O problema não é a igreja, o problema é você, somos nós. É mais fácil transferir a culpa para a igreja do que reconhecer a próprias falhas individuais.

A igreja é a comunidade dos pecadores redimidos no sangue de Cristo. Igreja perfeita é uma ilusão que os imperfeitos projetam para esconder suas falhas. Uma igreja saudável é uma congregação de pessoas que estão sendo transformadas de glória em glória. Nesse processo amar uns aos outros é a maior evidência do nosso amor por Cristo. Nas palavras de João: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão”. O lema do evangelho é CRISTO SIM! IGREJA SIM!

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- Sobre o autor: Judiclay S. Santos é pastor, formado pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, professor de Teologia Sistemática e História da Igreja. Atua como pastor Sênior da Igreja Batista Betel de Mesquita, no Rio de Janeiro. Teólogo de linha reformada; é apaixonado por leitura, sobretudo por história, filosofia, teologia, política e cosmovisão cristã. Envolvido com missões no Brasil e no exterior já esteve em várias nações, dentre elas: EUA, Cuba, França, Inglaterra, Peru e Chile. Casado com Claudia de O Ribeiro Santos e é pai de Leonardo.

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Quando a ganância nos domina (colibri ou Espírito Santo?)

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Por Pr. Silas Figueira


“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” 1Tm 6.7-11.

O apóstolo Paulo alerta seu filho na fé Timóteo que há um perigo que nos rodeia e que devemos tomar redobrado cuidado, esse perigo é a ganância. Que é o desejo de ficar rico sem qualquer escrúpulo.

Paulo na verdade está repetindo, em outras palavras, o que o Senhor Jesus disse no Sermão do Monte, quando alertou aos seus discípulos que não podemos servir a dois senhores:

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24).

O termo riqueza ou mamom é usado para descrever a cobiça que domina o coração de uma pessoa. A palavra mamom é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro". Nas palavras tanto de Jesus como nas de Paulo o desejo de ficar rico leva a ganância ou avareza, e dessa forma quem é dominado por esse desejo acaba se afastando de Deus que é o provedor de todas as coisas e passa a confiar em Mamom como o único provedor em sua vida. Esse demônio é descrito como devorador de almas, e um dos sete príncipes do Inferno. Sua aparência é normalmente relacionada a um nobre de aparência deformada, que carrega um grande saco de moedas de ouro, e "suborna" os humanos para obter suas almas. Em outros casos é visto com uma espécie de pássaro negro (semelhante ao Abutre), porém com dentes capazes de estraçalhar as almas humanas que comprara [1].

Independentemente de sua aparência esse demônio tem seduzido muitas pessoas e a Bíblia nos alerta do perigo que é se deixar seduzir por ele. O primeiro perigo que a Bíblia nos alerta é que podermos nos tornar uma pessoa ambígua, ou seja, ficamos divididos entre dois senhores. No caso em questão a pessoa deixa de adorar a Deus pelo que Ele é e passa a servir a Mamom pelo o que ele pode vir a dar. Com isso, a pessoa que está dividida, na verdade está longe de Deus e está totalmente servindo a Satanás, pois o próprio Jesus deixou bem claro que não podemos servir a dois senhores e o Senhor não se deixa escarnecer. Veja o que ele disse aquele homem que queria servi-lo, mas que para isso ele deveria vender tudo que tinha e distribuir com os pobres, depois segui-Lo. Jesus não tinha nada contra o que ele possuía, mas da forma idolátrica que ele possuía os seus bens. A sua confiança e a sua religião estavam firmadas no que ele possuía e não em Deus que ele dizia servir (Mt 19.16-22). É bom lembrar que predominava entre os judeus daqueles dias a ideia de que as riquezas eram um sinal do favor de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé. Jesus então está mostrando para os discípulos que quem confia nas riquezas e não em Deus não entrará no Reino de Deus. Para isso Jesus ilustra a Sua palavra falando que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha (agulha de costura), do que entrar um rico no Reino de Deus:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19.23,24).

A Bíblia nos mostra que essa busca insaciável e avarenta pelas riquezas é idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5), e há muitos cristãos caindo nessa ilusão.

Segundo perigo que a Bíblia nos alerta é que quem é dominado por esse desejo é levado a ruína e a perdição (1Tm 6. 9).

Observe como essa ruína e perdição ocorrem. Em primeiro lugar Paulo diz que essa cobiça é uma tentação, ou seja, procede de Satanás, pois Deus não tenta ninguém e nem pode ser tentado: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus prova os seus servos e provação é diferente de tentação (cf. Gn 22).  

Em segundo lugar, Paulo nos diz que isso é uma cilada, uma armadilha para derrubar os incautos. Essa tentação leva a uma cilada que leva a muitas concupiscências insensatas e perniciosas, ou seja, o senso moral fica totalmente ofuscado como resultado da paixão que o domina [2]. A pessoa passa a agir de forma impensada, pois é dominada por um desejo incontrolável, tal pessoa perde o senso, ou seja, é dominado por uma concupiscência insensata (sem senso, que perdeu a razão). Outro detalhe que Paulo nos chama a atenção é que essa concupiscência é perniciosa. Esse termo quer dizer que é algo prejudicial, nocivo, ruinoso; perigoso. É como se a pessoa estivesse com uma febre muito grave, acompanhada de delírios, e amiúde mortal.

Em terceiro lugar, Paulo fala que tal desejo leva a pessoa à morte; morte essa que pode ser tanto espiritual quanto física, pois a pessoa é afogada na ruína e perdição. Paulo está dizendo que tal pessoa está em total decadência e desgraça. Esse é o preço pago pela ganância.  Um exemplo disso é o Mister Colibri, onde milhares de pessoas pensam que irão ficar ricas ou até mesmo milionárias da noite para o dia ganhando cerca de 240% de lucro ao mês. Isso não existe, mas tem pessoas cegas pela ganância que não conseguem ver isso.      


Moeda virtual não tem lastro

A dona de casa Ivonete Mendes, de Itatiba, interior de São Paulo, é associada do Mister Colibri há quatro meses. Além dela, a irmã, a mãe e dois sobrinhos também aderiram ao site. Ivonete investiu R$ 5.000 e recebe cerca de R$ 1.300 por mês. Sua irmã já investiu R$ 15 mil e ganha mais de R$ 2.000 por mês. "É uma empresa maravilhosa, só preciso assistir a um minuto e meio de propaganda", comemora.

Para conseguir esse lucro, ela precisa vender seu dinheiro virtual, os LPs, a outros associados, geralmente os que são mais novos no esquema. "Quando preciso de dinheiro rápido, vendo cada LP por R$ 1,70, mas já cheguei a vender por R$ 2".

O problema é que quando houver mais vendedores que compradores, o LP vai se desvalorizar, até que os associados percebam que ele não tem valor nenhum. "É uma temeridade pessoas darem dinheiro para algo que não tem nenhuma regulamentação e nem garantia legal", diz o professor de gestão empresarial da faculdade IBS/FGV, Pedro Leão Bispo.

"Captar dinheiro sem oferecer nenhum produto ou serviço é crime contra a economia popular", esclarece o advogado especialista em direito criminal Fernando Khaddour. "Não conheço a Mister Colibri e não posso falar sobre a empresa, mas cabem investigações do Ministério Público ou da Polícia Federal para que sejam esclarecidas as formas de operação da empresa". (PG) [3]. 

Esse amor às riquezas levam as pessoas a aprofundar raízes em todo tipo de males:

"Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores".

Primeiramente, se desviam da fé, ou seja, a pessoa se apostata da fé deixando de servir a Deus para servir os seus próprios interesses, pois passa a amar o dinheiro mais que a Deus. E segunda coisa que ocorre por se apostar da fé é que a própria pessoa se fere ou se transpassa com muitas dores. As consequências são as piores possíveis na vida do ganancioso. A ganância cega e leva a pessoa a amar a si mesmo (egoísmo) e passar por cima de tudo e de todos.

A MAIOR RIQUEZA É O SENHOR EM NOSSAS VIDAS

“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”

Depois de Paulo alertar dos perigos da riqueza, ou melhor, do amor ao dinheiro, ele mostra a Timóteo o que é prioridade na vida.

Em primeiro lugar, que na vida nada trazemos e nada levaremos dela. Em outras palavras Paulo está nos dizendo que tudo que alcançarmos nessa terra é lucro, mas ao mesmo tempo é fugas e passageiro. Observe o que ele disse: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”. O termo contente que dizer que temos satisfação em tudo, que estamos satisfeito com que o Senhor tem nos dado. É isso que Paulo nos fala em Filipenses 4. 10-13:

“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade.

Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”.

Segunda coisa que Paulo nos mostra é devemos fugir dessa tentação, pois ela pode ser maior que nossa resistência e não conseguiremos resisti-la: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas”. Com o pecado não se brinca, pelo contrário se foge-se dele.

Terceira coisa que Paulo lembra a Timóteo é que existem riquezas maiores a serem perseguidas. “Antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”. Essas sim são riquezas que devemos buscar constantemente para sermos ricos aos olhos de Deus e também diante dos homens. Pois essas riquezas espirituais moldam e revelam o nosso caráter e nos faz testemunhas fiéis diante dos homens e diante de Deus.

Quero concluir dizendo que a ganância é o maior mal que entrou em nossas igrejas com o nome de Evangelho da Prosperidade. Esse espírito que na verdade é o espírito de mamom tem estado em muitas igrejas, algumas vezes disfarçadamente e outras descaradamente.

Que o Senhor nos de sabedoria e discernimento espiritual para não cairmos nessa tentação.

Que o Senhor nos ajude!

Fonte:
2 – Kelly, J.N.D. I e II Timóteo e Tito, Introdução e Comentário. Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP. Reimpressão 1986: p. 130
3- Grossi, Pedro,  Jornal O Tempo - Belo Horizonte (08/06/2012)
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Boa pergunta, resposta ingênua!

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Por André R. Fonseca
 

Boa pergunta: “A internet é uma boa fonte de informação e pesquisa, mas como saber o que ler e confiar? Será que podemos confiar em qualquer estudo bíblico que encontramos na internet? A dúvida é a mesma para livros. Quais livros devemos ler para ter a certeza de que estamos estudando uma teologia saudável e de acordo com a nossa doutrina?”

Resposta ingênua: “A maneira mais fácil de identificar se o que estamos lendo é um bom material de estudo bíblico, seja na internet ou nos livros, será pela quantidade de citação bíblica. Um bom e confiável estudo é aquele que tem muitas citações bíblica, quanto mais melhor!”

Quem fez a pergunta está consciente que o mundo não é cor de rosa e reconhece, também, que suas limitações o impede de julgar o que é bom e o que não é. Ciente das suas próprias limitações e dos riscos que corre, faz o que é certo: pede orientação sobre o que deve ler para alguém de confiança e que já trilhou o caminho que ele está para se aventurar.

Infelizmente, uma das resposta que ele não deveria ouvir foi essa aí acima. Uma resposta que só pode refletir a ingenuidade de quem também não sabe avaliar um bom estudo bíblico. O ingênuo autor dessa resposta nunca deve ter lido uma obra como o “Evangelho puro e simples” de C. S. Lewis. Uma obra verdadeiramente impregnada das mais puras e cristalinas verdades do Evangelho em páginas e mais páginas sem uma única citação bíblica.

Se empurrarmos essa resposta da ingenuidade para algo minimamente sério, precisaremos considerar os estudos dos Testemunhas de Jeová negando a divindade de Cristo como verdadeiros e dignos de toda confiança. Procure uma revista das Sentinelas sobre qualquer assunto e veja se não estão carregados de citações bíblicas.

Se a quantidade de citações bíblicas é o segredo para discernir entre o estudo verdadeiro e o falso, Satanás estava no caminho certo quando tentou Jesus. Não estava? Quando os doutores da lei tentavam arrumar ciladas para pegar Jesus em alguma falta, eles partiam de princípios bíblicos com citações da lei para construir suas artimanhas. Não é verdade?

Será mesmo esse o critério aceitável? É claro que não” Mas qual seria, então, uma resposta adequada? Bem, acredito que a resposta seja simples: compre livros por editora e autor. Uma boa editora mantém uma equipe de consultores renomados para avaliar a qualidade do que pretende publicar. Ou vai me dizer que você tem melhores condições de avaliar um material para leitura do que as grandes editoras como SBB, Vida ou Mundo Cristão? Se resolver não escolher pela editora por acreditar que haja algum interesse comercial que comprometa a qualidade da publicação, fique com os autores clássicos. Esta turma da antiga como Karl Barth, C. S. Lewis, C. H. Spurgeon, Jonathan Edwards e Santo Agostinho já escreveram o suficiente para elevar qualquer cristão ao nível mais alto de exercício intelectual e de fé. Se desejar ler algo mais contemporâneo, leia Russel Shedd, John Stott, J. I Packer, John Piper, Augustus Nicodemus ou Luiz Sayão.

E quanto à internet? Bem, aí ficamos com o conselho de Paulo: “julgai todas as coisas, retende o que é bom.” 1 Tessalonicenses 5:21. Até mesmo porque eu precisava fazer pelo menos uma citação bíblica para encerrar o texto, ou correria o risco de não ter a aceitação de todos os leitores! :) 
  
Autor: André R. Fonseca 
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca
Fonte da imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:SanDiegoCityCollegeLearingRecourceCity-bookshelf.jpg

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Relativismo moral

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“Conta Peter Kreeft que, um dia, ao dar uma das suas aulas de ética, um aluno lhe disse que a Moral era uma coisa relativa e que ele, como professor, não tinha o direito de “impor-lhe os seus valores”.

“Bem – respondeu Kreeft, para iniciar um debate sobre a questão, vou aplicar à classe os seus valores e não os meus. Você diz que não há valores absolutos, e que os valores morais são subjetivos e relativos. Como acontece que as minhas idéias pessoais são um tanto singulares sob alguns aspectos, a partir deste momento vou aplicar esta: toda as alunas estão reprovadas”.

O rapaz mostrou-se surpreendido e protestou dizendo que aquilo não era justo. Kreeft argumentou-lhe: “Que significa para você ser justo? Porque, se a justiça é apenas o “meu” valor ou o “seu” valor, então não há nenhuma autoridade comum a nós dois. Eu não tenho o direito de impor-lhe o meu sentido de justiça, mas você também não pode impor-me o seu…

Portanto, só se existe um valor universal chamado justiça, que prevaleça sobre nós, você pode invocá-lo para considerar injusto que eu reprove todas as alunas. Mas, se não há valores absolutos e objetivos fora de nós, você só pode dizer que os seus valores subjetivos são diferentes dos meus, e nada mais. No entanto, você não diz que não gosta do que eu faço, mas que é injusto.

Ou seja, quando desce à prática, acredita sem a menor dúvida nos valores absolutos”. Os relativistas e os céticos consideram que aceitar qualquer crença é servilismo, uma torpe escravidão que inibe a liberdade de pensamento e impede uma forma de pensar elevada e independente.

No entanto – como dizia C. S. Lewis - "ainda que um homem afirme não acreditar que haja bem e mal, vê-lo-emos contradizer-se imediatamente na vida prática. Por exemplo, uma pessoa pode não cumprir a palavra ou não respeitar o combinado, argumentando que isso não tem importância e que cada qual deve organizar a sua vida sem pensarem teorias. Mas o mais provável é que não tarde muito em dizer, referindo-se a outra pessoa, que é indigno que essa pessoa lhe tenha faltado à palavra…".

Por não ter um ponto de referência claro a respeito da verdade, o relativismo leva à confusão global entre o bem e o mal. Se se analisam com um pouco de detalhe as suas argumentações, é fácil observar – como explica Peter Kreeft – que quase todas costumam refutar-se a si próprias:

“A verdade não é universal” (exceto esta verdade que você acaba de afirmar?).

“Ninguém pode conhecer a verdade” (a não ser você, segundo parece).

“A verdade é incerta” (então também é incerto o que você diz!).

“Todas as generalizações são falsas” (esta também?).


“Você não pode ser dogmático” (com essa mesma afirmação, você mostra que é bastante dogmático).

"Não me imponha a sua verdade” (o que significa que neste momento você me está impondo as suas verdades).

“Não existem absolutos” (absolutamente…?).

“A verdade é apenas uma opinião” (a sua opinião, pelo que vejo). 


E assim por diante. 

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- Sobre o autor: Peter Kreeft é professor de filosofia no Boston College e autor de muitos livros, dentre eles, Sócrates e Jesus (O Debate), e, Manual de apologética cristã, em parceria com Ronald Tacelli.

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos. D. Estevão Bettencourt Nº 535 - Ano : 2007 - Pág. 11 |Via: Orthodoxia 
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Não se contente com sua pregação medíocre


Por Paul Tripp

Quero examinar um lugar onde há demasiada mediocridade na igreja de Jesus Cristo: a pregação. Por cerca de 40 finais de semana por ano eu estou com alguma parte do corpo de Cristo em algum lugar do mundo. Muitas vezes, não sou capaz de sair no sábado e, por isso, vou assistir ao culto da congregação local (quando não estou programado para pregar). O que estou prestes a dizer provavelmente vai me encrencar, mas estou convencido de que precisa ser dito. Estou triste e angustiado por dizer isso, mas já estou cansado de ouvir palestras teológicas chatas e mal preparadas, dadas por pregadores não inspirados, lendo manuscritos, e tudo isso feito em nome da pregação bíblica.

Não estou surpreso que as mentes das pessoas divaguem. Eu não estou surpreso que as pessoas têm lutado para se manter atentas e despertas. Estou surpreso que mais não têm. Eles têm sido ensinados por alguém que não trouxe as armas apropriadas para o púlpito, a fim de lutar por eles e com eles. A pregação é mais do que regurgitar seu comentário exegético favorito, reformular os sermões de seus pregadores favoritos, ou remodelar as notas de uma de suas aulas favoritas do seminário. É trazer as verdades transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo de uma passagem que foi devidamente compreendida, convincentemente e praticamente aplicada, e entregue com a ternura envolvente e a paixão de uma pessoa que foi quebrantada e restaurada pelas verdades que ela irá comunicar. Você simplesmente não pode fazer isso sem a devida preparação, meditação, confissão e adoração.

Simplesmente não dá para você começar a pensar em uma passagem pela primeira vez no sábado à tarde ou à noite e dar o tipo de atenção que ela precisa. Você não será capaz de compreender a passagem, de ser pessoalmente afetado e de estar preparado para dá-la aos outros de uma forma que contribua à contínua transformação deles. Como pastores, temos que lutar pela santidade da pregação, ou ninguém mais o fará. Temos que exigir que os afazeres do nosso trabalho permitam o tempo necessário para se preparar bem. Temos que arranjar tempo em nossas programações para fazer o que for necessário para cada um de nós, considerando nossos dons e nossa maturidade, estejamos preparados como porta-vozes para nosso Rei Salvador. Não podemos acomodar com padrões que denigram a pregação e degradem a nossa capacidade de representar um Deus glorioso de uma graça gloriosa. Não podemos nos permitir estarmos muito ocupados e distraídos. Não podemos estabelecer padrões baixos para nós mesmos e para aqueles a quem servimos. Não podemos nos desculpar e acomodar. Não podemos nos permitir espremer mil reais em preparação em poucos centavos de tempo. Não devemos perder de vista Aquele que é Excelente e a excelente graça que fomos chamados para representar. Não podemos, porque estamos despreparados, deixar Seu esplendor parecer chato e sua maravilhosa graça, ordinária.

A cultura e disciplina que envolve a nossa pregação sempre revelam o verdadeiro caráter de nossos corações. É exatamente aí que a confissão e o arrependimento precisam acontecer. Não podemos culpar as exigências de nosso trabalho ou nossa ocupação. Não podemos apontar o dedo para as coisas inesperadas que aparecem no calendário de cada pastor. Não podemos culpar as demandas da família. Temos que humildemente confessar que a nossa pregação é medíocre e que não está subindo ao patamar para o qual fomos chamados. Nós somos o problema. O problema é que perdemos a nossa admiração, e com essa perda nos acomodamos em apresentar a excelência de Deus de uma forma que não é nada excelente. Qualquer forma de mediocridade no ministério é sempre um problema do coração. Se isso o descreve, então corra ao seu Salvador em humilde confissão e abrace a graça que tem o poder de resgatá-lo de si mesmo, e, ao fazer isso, restaurar a sua admiração.

Que texto! Ainda estou atordoado. Rumine novamente nestes trechos:
A pregação é mais do que regurgitar seu comentário exegético favorito, reformular os sermões de seus pregadores favoritos, ou remodelar as notas de uma de suas aulas favoritas do seminário. É trazer as verdades transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo de uma passagem que foi devidamente compreendida, convincentemente e praticamente aplicada, e entregue com a ternura envolvente e a paixão de uma pessoa que foi quebrantada e restaurada pelas verdades que ela irá comunicar. Você simplesmente não pode fazer isso sem a devida preparação, meditação, confissão e adoração.

[...]

O problema é que perdemos a nossa admiração, e com essa perda nos acomodamos em apresentar a excelência de Deus de uma forma que não é nada excelente. [...] Se isso o descreve, então corra ao seu Salvador em humilde confissão e abrace a graça que tem o poder de resgatá-lo de si mesmo, e, ao fazer isso, restaurar a sua admiração.

Por Paul Tripp. Copyright © 2012 The Gospel Coalition, Inc. Todos os direitos reservados. Usado com permissão. Original: Don’t Settle for Your Mediocre Preaching
Tradução: Vinícius Musselman Pimentel – Editora Fiel © Todos os direitos reservados
Fonte: Blog Fiel