Conselhos dos mestres para os novos apologistas

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Por Davi Lago

Três conselhos inspirados em textos de John Frame, Alister McGrath, Gregory Koukl e Craig Hazen: 

1# Cuide bem do seu testemunho

No mundo pós-moderno o mensageiro jamais está separado da sua mensagem. O apologista cristão, portanto, deve viver o evangelho. As pessoas facilmente detectam um discurso vazio e não ouvirão um apologista que proceda em discordância com a fé cristã. A vida do cristão precisa ser o maior argumento em favor de Jesus. O cristão deve ser um argumento vivo. Uma vida cheia do Espírito Santo é a maior prova que o evangelho tem poder para transformar vidas. Jesus Cristo não ensinou meras teorias, mas um caminho da salvação que leva a uma nova maneira de viver. John Frame afirmou sobre o mandato apologético em 1Pedro 3.15-16: “É interessante que Pedro não insiste que os apologetas sejam inteligentes e conhecedores (embora tais qualidades sejam certamente úteis), mas, sim, que vivam de maneira consistentemente piedosos”[1]. 

2# Evite o clima de confrontação acirrada

Em Colossenses 4.6 está escrito: “O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um”. Isso nos ensina que o cristão deve ser sábio na evangelização de um incrédulo. Falar de maneira agradável e temperada com sal significa que não podemos conversar em clima de confrontação impiedosa. O cristão deve viver arraigado e alicerçado em amor. O objetivo do apologista não é humilhar o não-cristão e fazer com que ele se sinta um tolo. Não condiz com a postura cristã dizer para um ateu frases como: “Não entendo como alguém pode ser tão ingênuo de crer no ateísmo nos dias de hoje”. Essa atitude de agressividade impiedosa somente cria mais barreiras por parte do não-cristão. O falar do cristão deve ser temperado com sal. Uma das características do sal é dar sede. Isso aponta para a atitude correta: O apologista deve mostrar ao seu interlocutor como o cristianismo é uma opção atraente. O mais sábio, de acordo com Colossenses 4.6, é dialogar de tal maneira que o não-crente sinta-se atraído pela fé cristã. O espírito contencioso vem do orgulho, conforme diz Provérbios 13.10. John Frame afirmou: “Defender a fé cristã com espírito beligerante é o mesmo que defender o cristianismo somado à beligerância – um híbrido autodestrutivo”[2]. Gregory P. Koukl afirmou: “Não é suficiente para os seguidores de Cristo ter apenas mente bem informada. Eles também necessitam de um método eficiente, combinando conhecimento com sabedoria e diplomacia. Necessitam das ferramentas de um embaixador, e não as armas de um guerreiro; de habilidades táticas, e não de força bruta”[3]. Meu avô já dizia: “Se quiser apanhar mel, não chute a colmeia”. 

3# Apele para a imaginação

É consenso entre os apologistas contemporâneos que o apelo à imaginação é fundamental. A argumentação apologética tem seu poder ampliado com o uso de ilustrações. Os argumentos são precisos; as imagens, sugestivas. Nosso Senhor Jesus Cristo utilizou frequentemente parábolas para ilustrar as verdades do reino de Deus. Alister McGrath afirmou: “A apologética eficiente não impõe a fé cristã às pessoas: ela as atrai para essa verdade de uma tal maneira que as pessoas a apreciam e se apropriam dela. Uma das mais tristes características de alguns textos apologéticos modernos é que eles fazem seu apelo puramente à razão, negligenciando a imaginação humana, talvez um dos mais poderosos aliados à disposição do apologista”[4]. Em seu texto Capturing the imagination before engaging the mind [Capturando a imaginação antes de alcançar a mente], o apologista Craig J. Hazen afirma que músicas e filmes podem colaborar na tarefa apologética[5]. O apologista pode citar exemplos extraídos da cultura para ilustrar e afirmar as verdades do evangelho.

[1] FRAME, John. Apologetics to the glory of God. Phillipsburg, New Jersey: PR Publishing, 1994, p.27
[2] FRAME, John. Apologetics to the glory of God. Phillipsburg, New Jersey: PR Publishing, 1994, p.30.
[3] KOUKL, Gregory P. Táticas: a apologética na vida cotidiana in: BECKWITH, Francis; CRAIG, William Lane; MORELAND, J.P. Ensaios apologéticos. São Paulo: Hagnos, 2006, p.65.
[4] GRATH, Alister. Apologética cristã no século XXI: ciência e arte com integridade. São Paulo: Vida, 2008, p.333.
[5]MCDOWELL, Sean (Gen. Ed.). Apologetics for a new generation. Eugene, Oregon: Harvest House Publishers, 2009, p.106.

Fonte: NAPEC
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1 comentários:

Tadeu de Araújo mod

Distintos irmãos, graça e paz!
Não temos dúvidas que o conhecimento, seja o secular ou o religioso, tende a trazer para o felizardo empogação.
E quem disser o contrário, tem dificuldade de raciocinar, ou está sendo hipócrita.
Faz parte da nossa natureza gostar do reconhecimento.
Apesar de nossa limitação no que tange à percepção, no entanto, temos tido o desprazer de presenciar, estudantes de teologia, bem como bacharéis, em verdadeiras "guerras", tentando demonstrar quem sabe mais sobre assuntos bíblicos. É bom que digamos, muitas vezes, com irmãos por demais limitados no que se refere às Escrituras.
Do nosso ponto de vista, quem assim procede, de maneira recorrente, precisa fazer teoterapia, para voltar à normalidade.
Além do mais, parece-nos que a passagem de Gálatas 6.3 não serve para nossos dias.
A todos que estão inseridos neste modestíssimo comentário, por favor, leiam, releiam, mas acima de tudo, retenham o que se nos diz ( Tiago. 3.13-18).
Em Cristo,
Tadeu de Araújo

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