Nossos cultos são verdadeiros?

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Por:Pr. Luiz Fernando R. de Souza

Ao observamos as eclesiologias e as liturgias em nossas igrejas, vemos uma total descaracterização. Aquilo que deveria ser direcionado para Deus e Sua glória exclusivamente foi totalmente travestido de um humanismo exacerbado. Deus que deveria ser o foco central do culto foi alijado do processo e virou nota de rodapé colocado na parte inferior das atividades. Deus virou pretexto para que o homem continue no centro. Deus é citado como apoio às práticas mundanas e capitalistas que permeiam a igreja. Há uma expressão que vem dos tempos da Reforma que diz: SOLI DEO GLÓRIA. Quer dizer: Glória somente a Deus. O insuperável Johann Sebastian Bach que revolucionou a música terminava todos os manuscritos de suas composições com as letras S.D.G. (Soli Deo Glória).

Isso nos mostra que tudo em nossas vidas deveria apontar para Deus. O culto é para Deus. Somente Deus merece receber a glória e isso implica que Ele deve ser o centro do culto. A Reforma resgatou essa máxima esquecida durante séculos. O culto não pode ser voltado para o homem. Não pode procurar satisfazer os desejos do homem e nem girar em torno dele. Mas vemos que o homem assumiu o lugar de Deus e passou a ser reverenciado. As pregações não apontam mais para o pecado que leva o homem a perdição e nem mais mostram a graça salvadora de Deus, mas sinalizam maneiras dos homens superarem suas crises.

Basta ver os títulos dos sermões pregados. Em uma rápida passagem de olhos pela internet encontrei alguns títulos interessantes, vejamos: “Vencendo as Batalhas; Tempo de Conquistas; Vivendo Triunfantemente, etc." Vejamos alguns títulos do Príncipe dos Pregadores Charles Haddon Spurgeon: “A Humilhante mas Gloriosa Dependência de Deus; O Terrível Porém da Justiça Própria, etc." Daí da para perceber a grande diferença.

As músicas não exaltam mais a Deus, mas sim se centram no homem e suas crises. Se observarmos as músicas evangélicas atuais veremos essa triste realidade. Músicas que mostram o que Deus fará pelo homem e não a expressão de uma alma agradecida a Deus. Existe até música de louvor dedicado a ser humano! Sei que existe este tipo de música religiosa entre os mórmons, mas para cristão... A quantidade de vezes que o pronome eu aparece nessas músicas é algo estarrecedor. Se compararmos com os grandes hinos da hinologia cristã veremos o contraste gritante.

O primeiro hino do Cantor Cristão diz: “A ti, ó Deus, fiel e bom Senhor. Eterno Pai, supremo Benfeitor, Nós, os teus servos, vimos dar louvor, Aleluia! Aleluia! O que dizer das catarses praticadas em nossos cultos? Gritos de vitória, brados de louvor, tudo isso produz alívio e não libertação. Qualquer psicólogo recém formado pode confirmar isso. Para tristeza nossa essas práticas espúrias entraram para ficar. O que dizer dos moveres de Deus nos cultos onde o frenesi se instala e o ego grupal prevalece, as pessoas rodopiam, gritam, caem ao chão, riem sem parar, imitam animais com seus sons e mais um cem números de outras bizarrices?

Muitos adentram as igrejas para buscar suas bençãos e encontram sacerdotes corroídos que oportunamente lhes oferecem as bênçãos, buscando satisfazer os egos eternamente insatisfeitos em troca de alguma coisa material. Muitos esqueceram que as reuniões solenes dos santos são para louvor e glória de Deus. Essas reuniões deveriam ter Deus e Sua glória em primeiro lugar. Nossos cânticos deveriam exaltar o nome que é sobre todo nome. Nossas orações deveriam expressar nossa gratidão Àquele que nos amou e morreu por nós. Hoje cantamos músicas desprovidas de adoração. Muitas dessas coisas cantadas em nossas igrejas expressam um antropocentrismo aviltante. Muitos acham que louvor é somente cantar qualquer coisa. Louvor também é expressão de nossa admiração em relação a Deus. Por estarmos admirados com a grandeza de Deus e com Seu amor expressamos isso adorando, louvando Sua pessoa.

Mas o culto mudou. Temos culto do Eliser. Vejam só que nome de culto! Acredito que seja um culto específico para arranjar namorado/companheiro. Quando é que um culto se presta a isso? Paralelamente temos o culto da Terapia do Amor onde os descasados estão à cata de um companheiro/a. Nada mais mundano que isso!

O que dizer dos cultos para empresários bem sucedidos e outros falidos juntamente com os desempregados à procura de empregos? Dêem outro nome a isso, menos culto. Isso causa náuseas em qualquer bom cidadão.

Ao entrarmos em nossas igrejas deveríamos lembrar a máxima de João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua”. Deveríamos lembrar o que o Senhor disse a Moisés: “Descalce os pés porque a terra é santa”.

Não gostaria de falar, mas me sinto constrangido a isso. E os famigerados cultos de libertação? O próprio nome do culto é uma contradição. Libertação para quem já foi liberto? Libertar o cristão se Cristo já realizou tudo no Calvário? O que tais pessoas entendem sobre as palavras de Cristo na cruz: Tudo está consumado?

Culto deveria ser expressão de nossa liberdade conquistada na cruz e nunca para buscarmos libertação. Culto deveria ser nossa celebração pela vitória alcançada na cruz e isso pela misteriosa, grandiosa e maravilhosa graça de Deus.

Precisamos de uma vez por todas fazer coro com os reformadores: SOLI DEO GLORIA.

Soli Deo Glória

Recebido por email em betochurch
Fonte: [ Ecclesia Semper Reformanda Est ]

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A Cruz e o Eu

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Por Arthur W. Pink

Antes de abordarmos o tema deste versículo, desejamos fazer algumas considerações sobre os seus termos. “Se alguém” — o termo utilizado refere-se a todos os que desejam unir-se ao grupo dos seguidores de Cristo e alistar-se sob a bandeira dEle. “Se alguém quer” — o grego é muito enfático, significando não somente a anuência da vontade, mas também o propósito completo do coração, uma resolução determinada. “Vir após mim” — como um servo sujeito a seu Senhor, um aluno, ao seu Mestre, um soldado, ao seu Capitão. “Negue” — o vocábulo grego significa negue-se completamente. Negue-se a si mesmo — a sua natureza pecaminosa e corrupta. “Tome” — não quer dizer leve ou suporte passivamente, e sim assuma voluntariamente, adote ativamente. “A sua cruz” — que é desprezada pelo mundo, odiada pela carne, mas, apesar disso, é a marca distintiva de um verdadeiro crente. “E siga-me” — viva como Cristo viveu, para a glória de Deus.

O contexto imediato é ainda mais solene e impressionante. O Senhor Jesus acabara de anunciar aos seus apóstolos, pela primeira vez, a aproximação de sua morte de humilhação (v. 21). Pedro, admirado, disse-Lhe: “Tem compaixão de ti, Senhor” (v. 22). Estas palavras expressaram a política da mentalidade carnal. O caminho do mundo é a satisfação e a preservação do “eu”. “Poupa-te a ti mesmo” é a síntese da filosofia do mundo. Mas a doutrina de Cristo não é “salva-te a ti mesmo”, e sim sacrifica-te a ti mesmo. Cristo discerniu no conselho de Pedro uma tentação da parte de Satanás (v. 23) e, imediatamente, a repeliu. Jesus disse a Pedro não somente que Ele tinha de ir a Jerusalém e morrer ali, mas também que todos os que desejassem tornar-se seguidores dEle tinham de tomar a sua cruz (v. 24). Existia um imperativo tanto em um caso como no outro. Como instrumento de mediação, a cruz de Cristo permanece única; todavia, como um elemento de experiência, ela tem de ser compartilhada por todos os que entram na vida.

O que é um “cristão”? Alguém que possui membresia em uma igreja na terra? Não. Alguém que afirma um credo ortodoxo? Não. Alguém que adota certo modo de conduta? Não. Então, o que é um cristão? É alguém que renunciou o “eu” e recebeu a Cristo Jesus como Senhor (Cl 2.6). O verdadeiro cristão é alguém que tomou sobre si o jugo de Cristo e aprende dEle, que é “manso e humilde de coração” (Mt 11.29). O verdadeiro cristão é alguém que foi chamado à comunhão do Filho de Deus, “Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1.9): comunhão em sua obediência e sofrimento agora; em sua recompensa e glória no futuro eterno. Não existe tal coisa como o pertencer a Cristo e viver para satisfazer o “eu”. Não se engane nesse ponto. “Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27) — disse o Senhor Jesus. E declarou novamente: “Aquele que [em vez de negar-se a si mesmo] me negar diante dos homens [e não para os homens — é a conduta, o andar que está em foco nestas palavras], também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.33).

A vida cristã tem início com um ato de auto-renúncia, sendo continuada por automortificação (Rm 8.13). A primeira pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o deteve, foi esta: “Que farei, Senhor?” (At 22.10.) A vida cristã é comparada a uma corrida, e o atleta é chamado a desembaraçar-se “de todo peso e do pecado que tenazmente... assedia” (Hb 12.1) — ou seja, o pecado que está no amor ao “eu”, o desejo e a resolução de seguir nosso próprio caminho (Is 53.6). O grande e único alvo, objetivo e tarefa colocados diante do cristão é seguir a Cristo: seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 Pe 2.21); e Ele não agradou a Si mesmo (Rm 15.3). Existem dificuldades no caminho, obstáculos na jornada, dos quais o principal é o “eu”. Portanto, ele tem de ser “negado”. Este é o primeiro passo em direção a seguir a Cristo.

O que significa negar completamente a si mesmo? Primeiramente, significa o completo repúdio de sua própria bondade: cessar de confiar em quaisquer de nossas obras para recomendar-nos a Deus. Significa uma aceitação irrestrita do veredicto divino de que todos os nossos melhores feitos são “como trapo da imundícia” (Is 64.6). Foi neste ponto que Israel falhou, “porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Rm 10.3). Esta afirmativa deve ser contrastada com a declaração de Paulo: “E ser achado nele, não tendo justiça própria” (Fp 3.9).

Negar completamente a si mesmo significa renunciar de todo a sua própria sabedoria. Ninguém pode entrar no reino de Deus, se não se tornar como uma “criança” (Mt 18.3). “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!” (Is 5.21.) “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.22). Quando o Espírito Santo aplica o evangelho com poder em uma alma, Ele o faz “para destruir fortalezas, anulando... sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.4,5). Um lema sábio que todo cristão deve adotar é: “Não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5).

Negar completamente a si mesmo significa renunciar suas próprias forças: não ter qualquer confiança na carne (Fp 3.3). Significa prostrar o coração à afirmativa de Cristo: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Foi neste ponto que Pedro falhou (Mt 26.33). “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). Quão necessário é que estejamos sempre atentos! “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 10.12). O segredo do vigor espiritual se encontra em reconhecermos nossa fraqueza pessoal (ver Is 40.29; 2 Co 12.9). Sejamos, pois, fortes “na graça que está em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1).

Negar completamente a si mesmo significa renunciar de todo a sua própria vontade. A linguagem de uma pessoa não-salva é: “Não queremos que este reine sobre nós” (Lc 19.14). A atitude de um verdadeiro cristão é: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21) — honrar, agradar e servir a Ele. Renunciar a nossa própria vontade significa dar atenção à exortação de Filipenses 2.5: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”; e isto é definido nos versículos seguintes como auto-renúncia. Renunciar a nossa própria vontade é o reconhecimento prático de que não somos de nós mesmos e de que fomos “comprados por preço” (1 Co 6.20); é dizermos juntamente com Cristo:

“Não seja o que eu quero, e sim o que tu queres” (Mc 14.36).

Negar completamente a si mesmo significa renunciar as suas próprias concupiscências ou desejos carnais. “O ego de um homem é um pacote de ídolos” (Thomas Manton), e esses ídolos têm de ser repudiados. Os não-crentes amam a si mesmos (2 Tm 3.2 – ARC). Todavia, alguém que foi regenerado pelo Espírito diz, assim como Jó: “Sou indigno... Por isso, me abomino” (40.4; 42.6). A respeito dos não-crentes, a Bíblia afirma: “Todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus” (Fp 2.21). Mas, a respeito dos santos de Deus, está escrito: “Eles... mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). A graça de Deus está nos educando “para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.12).

Este negar a si mesmo que Cristo exige dos seus seguidores é total. Não há qualquer restrição, quaisquer exceções — “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.14). Este negar a si mesmo tem de ser contínuo e não ocasional — “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). Tem de ser espontâneo, não forçado; realizado com alegria e não com relutância — “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Cl 3.23). Oh! quão perversamente tem sido abaixado o padrão que Deus colocou diante de nós! Como este padrão condena a negligência, a satisfação carnal e a vida mundana de muitos que se declaram (inutilmente) “cristãos”!

“Tome a sua cruz.” Isto se refere à cruz não como um objeto de fé, e sim como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são recebidos por meio de crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas as virtudes experimentais da cruz de Cristo são desfrutadas apenas quando somos conformados, de modo prático, “com ele na sua morte” (Fp 3.10). É somente quando aplicamos a cruz, diariamente, ao nosso viver e regulamos nosso comportamento pelos princípios dela, que a cruz se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte; não pode haver um andar prático, “em novidade de vida”, enquanto não levamos “no corpo o morrer de Jesus” (2 Co 4.10). A cruz é a insígnia, a evidência do discipulado cristão. É a cruz de Cristo e não o credo dEle que faz a distinção entre um verdadeiro seguidor de Cristo e os religiosos mundanos.

Ora, em o Novo Testamento a “cruz” representa realidades definidas. Primeiramente, a cruz expressa o ódio do mundo. O Filho de Deus não veio para julgar, e sim para salvar; não veio para castigar, e sim para redimir. Ele veio ao mundo “cheio de graça e de verdade”. O Filho de Deus sempre estava à disposição dos outros: ministrando aos necessitados, alimentando os famintos, curando os enfermos, libertando os possessos de espíritos malignos, ressuscitando mortos. Ele era cheio de compaixão — manso como um cordeiro, totalmente sem pecado. O Filho de Deus trouxe consigo boas-novas de grande alegria. Ele buscou os perdidos, pregou aos pobres, mas não desprezou os ricos; e perdoou pecadores. De que modo Cristo foi recebido? Que boas-vindas os homens Lhe ofereceram? Os homens O desprezaram e rejeitaram (Is 53.3). Ele disse: “Odiaram-me sem motivo” (Jo 15.25). Os homens sentiram sede do sangue de Jesus. Nenhuma morte comum lhes satisfaria. Exigiram que Jesus fosse crucificado. Por conseguinte, a cruz foi a manifestação do ódio inveterado do mundo para com o Cristo de Deus.

O mundo não se alterou, assim como o etíope ainda não mudou a sua pele e o leopardo, as suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em antagonismo. Por isso, a Bíblia afirma: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4). É impossível andarmos com Cristo e gozarmos de comunhão com Ele, enquanto não tivermos nos separado do mundo. Andar com Cristo envolve necessariamente compartilhar de sua humilhação — “Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hb 13.13). Foi isso o que Moisés fez (ver Hb 11.24-26). Quanto mais intimamente eu estiver andando com Cristo, tanto mais incorretamente serei compreendido (1 Jo 3.2), tanto mais serei ridicularizado (Jó 12.4) e odiado pelo mundo (Jo 15.19). Não cometa erro neste ponto: é totalmente impossível ser amigo do mundo e andar com Cristo. Portanto, tomar a cruz significa que eu desprezo voluntariamente a amizade do mundo, recusando conformar-me com ele (Rm 12.2). Que me importa a carranca do mundo, se estou desfrutando do sorriso do Salvador?

Tomar a cruz significa uma vida de sujeição voluntária a Deus. No que concerne à atitude de homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato. Mas, no que se refere à atitude do próprio Senhor Jesus, a sua morte foi um sacrifício espontâneo, uma oferta de Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus. Ele mesmo disse: “Ninguém a tira de mim [a vida dEle]; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (Jo 10.18). E por que Ele a entregou espontaneamente? As próximas palavras do Senhor Jesus nos dizem: “Este mandato recebi de meu Pai”. A cruz foi a suprema demonstração da obediência de Cristo. Nisto, Ele é nosso exemplo. Citamos novamente Filipenses 2.5: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Nas palavras seguintes, vemos o Amado do Pai assumindo a forma de um servo e “tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”.

Ora, a obediência de Cristo tem de ser a obediência do cristão — voluntária, alegre, irrestrita, contínua. Se esta obediência envolve vergonha e sofrimento, menosprezo e perdas, não devemos vacilar; pelo contrário, temos de fazer o nosso “rosto como um seixo” (Is 50.7). A cruz é mais do que um objeto da fé do cristão, é a insígnia do discipulado, o princípio pelo qual a vida do crente deve ser regulada. A cruz significa entrega e dedicação a Deus — “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1).

A cruz representa sofrimento e sacrifício vicários. Cristo entregou sua própria vida em favor de outros; e os seguidores dEle são chamados a fazerem espontaneamente o mesmo — “Devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Esta é a lógica inevitável do Calvário. Somos chamados a seguir o exemplo de Cristo, à comunhão de seus sofrimentos, a sermos cooperadores em sua obra. Assim como Cristo “a si mesmo se esvaziou” (Fp 2.7), assim também devemos nos esvaziar. Cristo “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20.28); temos de agir da mesma maneira. Assim como Cristo “não se agradou a si mesmo” (Rm 15.3), assim também não devemos agradar a nós mesmos. Como o Senhor Jesus sempre pensou nos outros, assim devemos nos lembrar “dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos”, como se fôssemos nós mesmos os maltratados (Hb 13.3).

“Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 16.25). Palavras quase idênticas a estas se encontram também em Mateus 10. 39, Marcos 8.35, Lucas 9.24; 17.33, João 12.25. Esta repetição certamente é um argumento em favor da profunda importância de prestarmos atenção e atendermos às palavras de Cristo. Ele morreu para que vivêssemos (Jo 12.24); devemos agir de modo semelhante (Jo 12.25). Assim como Paulo, devemos ser capazes de afirmar: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (At 20.24). A “vida” de satisfação do “eu” neste mundo é perdida na eternidade. A vida que sacrifica os interesses do “eu” e se rende a Cristo, essa vida será achada novamente e preservada em toda eternidade.

Um jovem que concluíra a universidade e tinha perspectivas brilhantes respondeu à chamada de Cristo para uma vida de serviço para Ele na Índia, entre as classes mais pobres. Seus amigos exclamaram: “Que tragédia! Uma vida desperdiçada!” Sim, foi uma vida “perdida” para este mundo, mas “achada” no mundo por vir.

Fonte: Editora Fiel
Via: [ Ministério Batista Bereia ]

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Cresciendo en Gracia

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Uma análise completa das principais doutrinas
da estranha seita do anticristo portorriquenho



Por Leonardo Gonçalves

Em 1988, o grupo “Creciendo em Gracia” foi fundado na cidade de Miami, Flórida, EUA., pelo portorriquenho José Luis de Jesús Miranda.

Em 1993, em Porto Rico, durante a terceira convenção anual, José Luis de Jesús foi proclamado “Apóstolo” por seus seguidores. Anos depois, ele mesmo se declararia “Jesús” em carne e adotaria como símbolo do seu ministério o número 666 [1].

Creciendo em Gracia é uma organização que se caracteriza por negar a existência do pecado e, por conseguinte, do inferno. O grupo instiga seus seguidores a tatuarem o número 666 porque, de acordo com sua fé, não é um número satânico, mas de sabedoria. Também tatuam no corpo as iniciais da frase “Salvo, Sempre Salvo” (SSS) [2] como sinal de que, ainda que cometam erros, não são pecadores, mas sempre serão abençoados, pois Cristo levou seus pecados na Cruz. Deste modo, pregam que o seguidor da seita pode viver uma vida totalmente entregue ao pecado, o qual para eles não é real.

PRINCIPAIS DOUTRINAS

À seguir, esboçaremos as principais doutrinas do grupo:


a) Preexistencia da alma

Os seguidores da seita ensinam que os seres humanos existiam como seres espirituais antes de nascerem: “Antes de ser formados em carne no ventre materno, fomos criados em espírito antes da fundação do mundo”[3], dizem, e usam Hebreus 12.9, onde a Bíblia diz que “Deus é o Pai dos espíritos” para justificar suas crenças. Apóiam igualmente em Jeremias 1.5, que diz “Antes que te formasse no ventre, te conheci”, interpretando o texto da seguinte maneira: “O que Deus conheceu foi seu espírito (...) Deus criou muitos espíritos antes da fundação do mundo.

Posteriormente, estes anjos foram tomando corpos enquanto passavam pelo ventre”[4], fazendo uma grande confusão ao confundir anjos com espíritos, transmitindo a falsa idéia de que a humanidade está composta de anjos encarnados.


b) O evangelho da Salvação pregado no Céu

O grupo não apenas ensina que existíamos como espíritos ou anjos antes da nossa existência na terra, mas também afirma que durante nosso período como anjos no céu, Deus mesmo nos pregou “o evangelho da nossa salvação”[5]. Difícil, no entanto, é entender a razão dessa pregação, pois uma vez que no céu não existe pecado, do que deveríamos ser salvos? Além disso, a Bíblia ensina que o evangelho da salvação é a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (1Co 15.1-4), portanto, isso não aconteceu antes da vinda de Jesus à terra para pagar nossos pecados.


c) Adão e Satanás são a mesma pessoa

Segundo o ministério “Creciendo em Gracia”, Adão é a serpente, o diabo e satanás. Dizem que no princípio “um anjo se exaltou, e Deus o lançou à terra. No trajeto, ele chegou à terra como um homem”[6], e foi posto no jardim do Éden.

Eládio Ramos, um dos pastores importantes do “ministério”, afirma que na tentação, Eva não teve um diálogo com uma simples serpente, mas “estava falando com o próprio Adão, e foi ele quem lhe disse: No dia que comeres, seus olhos serão abertos e serás como Deus”, e conclui: “Era ele [Adão], a serpente antiga que se chama Diabo e Satanás”[7].


d) O apostolado

Antes de ser aclamado como “Jesus Cristo Homem”, José Luis Miranda se apresentou ao grupo como sendo “apóstolo” em 1993, sendo ele a versão portorriquenha de Paulo, o missionário dos gentios. Seus seguidores foram persuadidos a crer que ele era o “outro” mencionado em 1Coríntios 3.10, que segundo a interpretação particular da seita, se levantaria e “edificaria sobre o fundamento deixado pelo apóstolo Paulo”.

Obviamente, trata-se de uma distorção do texto bíblico, uma vez que a palavra “outro” no versículo 10 não se refere a uma pessoa específica que chegaria no futuro e edificaria sobre o fundamento de Paulo. Observe que a frase “outro edifica” está no tempo presente e não no futuro, e se refere ao ministério de Apolo (v.6) e a outros ministros em geral, como nos versículos 12 a 15. A maneira como o grupo tenta explicar 1Coríntios 3.10 é um caso clássico de como alguém pode torcer o significado das Escrituras para sua própria perdição.


e) A Trindade

Assim como muitas outras seitas, este grupo rejeita a doutrina bíblica da Trindade e adotam o mesmo conceito modalista que dos Unicistas ao afirmar que “Deus é um, mas tem diferentes manifestações. O filho é o Padre, mas quando nasceu foi chamado Filho”[8].


f) Dois Cristos: Um Encarnado e outro Ressuscitado

O ministério “Creciendo en Gracia” tem uma perspectiva muito particular sobre Jesus Cristo. O grupo faz distinção entre o Cristo encarnado e o Cristo Ressuscitado e acrescentam que somente o Cristo Ressuscitado é digno de ser imitado. Segundo eles, o Cristo encarnado que viveu 33 anos na terra não é o Cristo a quem devemos imitar ou seguir, pois suas palavras, recolhidas nos evangelhos, não eram dignas nem verdadeiras. “Cristo viveu conforme a lei e não conforme a graça”, dizem. Foi um Cristo legalista que se submeteu aos preceitos da lei para levar os pecados. O Cristo digno de imitar é aquele que ressuscitou dos mortos, que posteriormente seria identificado pela seita como o próprio José Luis Miranda.

Para refutar esta mentira do grupo não é necessário muita reflexão. Falando sobre o Cristo encarnado, Joao disse: “E vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1.14). Ao contrário do que a seita diz, Cristo estava cheio de graça e verdade, não de “legalismo”. Um pouco adiante no mesmo capitulo, lemos: “Pois a lei veio por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17).


g) Confissão Positiva

Influenciados pelo que ficou conhecido como Movimento de Fé, eles, do mesmo modo que as seitas metafísicas tais como Ciência Crista e Nova Era, acreditam que o crente pode criar sua própria realidade através do pensamento positivo ou, como se popularizou no meio evangélico, uma confissão positiva. Quando os fieis estão passando por problemas econômicos ou enfermidades físicas. Seus mestres recomendam que falem ao “Senhor” e também ao problema da seguinte forma: “Senhor, eu não recebo isso, recebo e creio que isso vai se arrumar e declaro que esta situação mudará agora mesmo. Diga à tua carne que adora ficar doente e pegar resfriados (...) diga: ‘Olha, fique curada porque não tenho tempo para isso, eu te declaro curada’ (...) Fale com poder, pois você tem a vida na sua boca” [9].

Esta idéia errada somente pode ser uma concepção de como o “deus” que eles dizem seguir promete operar. Deus, em tempos de necessidade, opera na vida do crente de maneiras diferentes. Além disso, falar positivamente com o problema deixa de ser uma fé em Deus e se transforma em confiança nas nossas próprias palavras, uma fé na fé. Nosso entendimento da oração deve estar baseado em tudo que a Bíblia diz, e tudo quanto pedimos deve estar submetido à vontade de Deus (1Jo 5.14).


h) José Luis de Jesús Miranda: “Jesus Cristo Homem”

Sem nenhuma dúvida esta é a mais controversa de todas as doutrinas da seita. Como se tanta mentira não fosse suficiente, e insatisfeito com o título de “Outro Apóstolo”, o líder da seita se nomeou Jesus Cristo e a última autoridade sobre o evangelho. O fato aconteceu no ano de 2004, e nessa ocasião muitas pessoas abandonaram o grupo. Nem mesmo o filho do líder da seita, chamado José Luis Júnior, que anteriormente havia liderado uma de suas igrejas na Colômbia e também desempenhava atividades na sede central, permaneceu junto ao pai.

Inspiração demoníaca ou vaidade, o que levou o líder da seita a se proclamar Jesus Cristo? Provavelmente, ambas coisas. Acerca da vaidade do pai, José Luís Jr disse: “Uma vez que meu pai começou a apresentar-se como Deus, já não havia espaço para interpretações diferentes. Ele perdeu toda a responsabilidade com a congregação e com a família, e se transformou no José Luis Estrela” (grifo nosso).

Acerca desta grande mentira, o Senhor Jesus Cristo – o verdadeiro – já nos havia advertido que no futuro se levantariam falsos profetas e falsos Cristos, e que estes enganariam a muitos e se fosse possível, enganaria até mesmo os escolhidos (Mateus 24.4,5,11-13,23, 24 / Marcos 13.5,6,21,22), de tal maneira que ao se comparar ao Santo, o líder do grupo definitivamente tirou a mascara e demonstrou a todos o quanto é profano e demoníaco. Apesar disso, o grupo continua crescendo e atualmente conta com igrejas em 13 países da América Latina; Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, El Salvador, Costa Rica, Honduras, Nicarágua, Guatemala, Cuba e Brasil, além da sua sede nos Estados Unidos [10]. O grupo diz ter milhares de seguidores no sul, centro e norte da América, mas os números ainda não foram confirmados.

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Publicado em Português no site Apologia do Cristianismo e no Púlpito Cristão

Notas:

1. Ministério Creciendo em Gracia: “Creciendo em Gracia – Historial del Ministerio, vídeo, setembro de 1997 e informações adquiridas na página de notícias do ministério.
2. Não confundir com a doutrina calvinista da perseverança dos santos, a qual apesar não ser unanimidade entre evangélicos, possui base bíblica e diferente da seita de Miranda, não prega libertinagem nem promove o pecado, antes afirma que o verdadeiro crente é perseverante, e tendo entrado em um processo irresistível de santificação, está seguro e não perderá sua salvação.
3. “Preexistencia”, http://GraciApostolado.org/miceg/Cpp026.html [o site foi deletado pelo grupo, mas os dados podem ser conseguidos no banco de dados do Centro de Información Religiosa, ministério apologético na Bolívia], e Eládio Ramos: “Nuestra Preexistencia” – Áudio.
4. Ibid.
5. Eladio Ramos: “Las Tres Etapas de la Salvación”.
6. Ramos: “¿Quién fue Adán?”.
7. Ibid., lado B.8. Ministerio Creciendo en Gracia: “Creciendo en Gracia—Historial del Ministerio”, video, septiembre, 1997 / Eladio Ramos: “Angeles primero y después hombre”.
8. Ministerio Creciendo en Gracia: “Creciendo en Gracia—Historial del Ministerio”, video, septiembre, 1997 / Eladio Ramos: “Angeles primero y después hombre” (Ministerio Creciendo en Gracia), cassette, lado B.
9. Eladio Ramos: “Los Tres Mundos” (Ministerio Creciendo en Gracia).
10. Os dados aprensentados neste último parágrafo sao antigos. Estou buscando dados recentes para atualizar o artigo.

(*) Também foi de grande ajuda os estudos publicados por René Pereira, Johnny B. Torralbo e Ricardo Bezerra, bem como as informações obtidas através de ministérios apologéticos no México e na Bolívia.

Fonte: [ Púlpito Cristão ]
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O caminho falso

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Não entres na vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus. – Provérbios 14.4
O caminho dos maus pode parecer atraente e a via mais curta para se alcançar algum objetivo, mas é uma vereda maligna e terminará desfavoravelmente. Se você ama a sua alma e o seu Deus, fuja dele. Não basta dizer, mantenha distância dele, mas mantenha grande distância. Nunca ache que está suficientemente longe dele. O caminho dos justos é luz, Cristo é o caminho deles e Cristo é luz. Os santos só serão perfeitos quando chegarem no céu e lá eles brilharão como o sol na sua força. O caminho do pecado é como as trevas. O caminho do perverso é escuridão e, portanto, perigoso. Eles caem no pecado, mas não sabem como escapar dele; caem em tribulações, mas jamais buscam saber por que Deus contende com eles nem o que vai ocorrer no final. É desse caminho que se nos ordena que fujamos. Ouvir atentamente a Palavra de Deus é o sinal positivo de uma obra de graça principiada no coração e um bom meio para fazê-la prosperar. A Palavra de Deus contém a medicação certa para todas as doenças da alma. Guarde o seu coração com toda a diligência. Temos de vigiar com rigor a nossa alma; devemos livrar o coração tanto de causar feridas como de se ferir. Para isso temos uma boa razão: porque dele procedem as fontes da vida [Pv 4.23]. Acima de tudo, devemos buscar do Senhor Jesus essa água da vida, o Espírito santificador, que jorra para a vida eterna [Jo 4.14].

[Ler Provérbios 4.14-27]


Autor: Matthew Henry (1662–1714)
Fonte: Daily Readings, Randall J. Perderson (org.), Chistian Focus Publications, 2009, “August 1”.
Tradutor: Marcos Vasconcelos
Via: [ Mens Reformata ]
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Barbunção

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O jumentinho voou nas asas da internet e aterrissou em lugares distantes. Tão próxima da realidade ficou a ficção, que dos Estados Unidos um pastor, perplexo, me perguntou se realmente eu acreditava no amuleto do jumentinho, como meio de adquirir prosperidade. Outro pastor, aqui do Brasil, pediu-me perdão por haver entendido que eu virara heresiarca. E teve um que me pediu permissão para usar o exemplo em aulas de hermenêutica. Como não fizera nenhum preâmbulo, pois iniciei o artigo com a pregação do suposto pregador, e levando em conta que somente nas duas últimas linhas disse que se tratava de uma ilustração, compreende-se a perplexidade de alguns. Mais de uma vez tive de dizer: Eu, heresiarca? Jamais. Como vimos no exemplo do jumentinho, as heresias não raro vêm associadas a algum relato bíblico. No caso em tela, recorri à figura do “bode emissário”. Tenho plena convicção de que essa heresia seria bem recebida se apresentada por um líder carismático. Não se pode descartar a possibilidade de existir algum interessado, a matutar com seus botões: “Sabe que é uma boa idéia!? Como não pensei nisso antes!?”. Um bem-humorado irmão me alertou sobre um possível plágio; a idéia poderia ser roubada. Ora, patentear uma heresia para evitar cópia seria um caso único na história das religiões, além de muito curioso. Eu não faria tal coisa. Os heresiólogos ficariam atônitos sem saber como explicar tal fenômeno.

Apenas imaginei como as heresias surgem.

Determinados grupos usam pirâmides, cristais, símbolos, pulseiras, figas e penduricalhos diversos. Com engenho e arte é possível conseguir uma razoável diversificação na produção de novos amuletos. O interesse de um professor em usar o exemplo do jumentinho em aulas de hermenêutica, animou-me a continuar dando outros exemplos, utilizando somente emblemas bíblicos. O objetivo é alertar crentes e não crentes contra a palavra enganosa. Vejamos mais um exemplo de “como nasce uma heresia”. Está escrito na Bíblia: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça,que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes” (Salmo 133.1-2).

Além disso, Deus ordena que os homens não danifiquem “as extremidades da barba” (Lv 19.26). Fazendo a vontade do Criador, os anciães de antigamente conservavam barbas bem compridas. A queda de Adão e Eva levou os homens a serem desobedientes. Por isso, se apresentam hoje de cara lisa, imberbes, sem nenhum temor a Deus. Voltar à austeridade dos velhos tempos é um imperativo divino.

Num sonho que tive, um velhinho de barbas brancas como a neve se aproximou de mim e disse: “Deixai crescer a barba, nem que seja apenas simbólica. Você é o meu mensageiro. Entrego-lhe a responsabilidade de avivar a minha Igreja. Não temas, eu estarei sempre com você”. Fiquei trêmulo e quase desmaio. Daí porque, meus fiéis seguidores, vocês deverão doravante usar uma barba simbólica. Uma barbicha ficará muito bem. O prazo para a formação da barbicha será de trinta dias, ao fim dos quais vocês se apresentarão no templo para receberem a unção da barba, a barbunção. Sete gotas de óleo ungido serão derramadas sobre cada barbicha. A partir daí, a unção será renovada a cada trinta dias. Como está dito no Salmo 133, a barbicha será símbolo de união entre os irmãos. As mulheres estão dispensadas dessa obrigação por óbvias razões.

Todavia, deverão ostentar um broche com uma barbicha estilizada, símbolo de união conjugal estável. Vocês sabem que a união faz a força e a força produz prosperidade. Todos devem atender ao chamado de Deus, sob pena de serem atacados por gafanhotos devoradores que devorarão seus bens, suas rendas, sua paz. Colocaremos cem mil broches à disposição das mulheres que nunca negaram sua fé. Não será desta vez que negarão a Cristo.

Esses símbolos podem ser adquiridos pelo preço simbólico de cinqüenta reais. Os broches folheados a ouro custarão de quinhentos a mil reais. Qualquer sacrifício é válido para ganharmos a vida eterna.

Autor: Ailton Evangelista da Costa
Fonte: [ Palavra da Verdade ]
Via: [ Maluco por Jesus ]

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Pregue TODA a Palavra

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Tente não jogar fora nada do livro perfeito. O que você encontra nele permita que ali fique, e o faça seu para pregar conforme a analogia e o tamanho da fé. Aquilo que é digno de ser revelado por Deus é digno de nossa pregação - isso é o mínimo que posso dizer a respeito."Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4.4; Dt 8.3). "Cada palavra de Deus é comprovadamente pura; ele é um escudo para quem nele se refugia" (Pv 30.5). Permita que cada verdade revelada seja apresentada a seu tempo. Não procure assunto em qualquer outro lugar, pois com tal infinitude de temas diante de você não há necessidade de assim fazer; com tão gloriosa verdade para pregar seria uma audaciosa crueldade fazer isso.

Autor:
Charles R. Spurgeon
FONTE: [ Cinco Solas ]
Via: [
Projeto Spurgeon ]
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Carta ao Reverendo Van Diesel

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[Mais uma carta fictícia. Não existe o Reverendo Van Diesel, pelo menos não com este nome...]

Prezado Reverendo Van Diesel,

Obrigado por ter respondido minha carta. Você foi muito gentil em responder minhas perguntas e explicar os motivos pelos quais você costuma ungir com óleo os membros de sua igreja e os visitantes durante os cultos, além de ungir os objetos usados nos cultos.

Foto do armário do Rev. Van Diesel
óleo santo importado de Israel
Eu não queria incomodá-lo com isto, mas o Severino, membro da minha igreja que participou dos seus cultos por três domingos seguidos, voltou meio perturbado com o que viu na sua igreja e me pediu respostas. Foi por isto que lhe mandei a primeira carta. Agradeço a delicadeza de ter respondido e dado as explicações para sua prática.

Sem querer abusar de sua gentileza e paciência, mas contando com o fato de que somos pastores da mesma denominação, permita-me comentar os argumentos que você citou como justificativa para a unção com óleo nos cultos.

Você escreveu, "A unção com óleo era uma prática ordenada por Deus no Antigo Testamento para a consagração de sacerdotes e dos reis, como foi o caso com Arão e seus filhos (Ex 28:41) e Davi (1Sam 16:13). Portanto, isto dá base para se ungir pessoas no culto para consagrá-las a Deus." Meu caro Van Diesel, nós aprendemos melhor do que isto no seminário presbiteriano. Você sabe muito bem que os rituais do Antigo Testamento eram simbólicos e típicos e que foram abolidos em Cristo. Além do mais, o método usado para consagrar pessoas a Deus no Novo Testamento para a realização de uma tarefa é a imposição de mãos. Os apóstolos não ungiram os diáconos quando estes foram nomeados e instalados, mas lhes impuseram as mãos (Atos 6.6). Pastores também eram consagrados pela imposição de mãos e não pela unção com óleo (1Tim 4.14). Não há um único exemplo de pessoas sendo consagradas ou ordenadas para os ofícios da Igreja cristã mediante unção com óleo. A imposição de mãos para os ofícios cristãos substituiu a unção com óleo para consagrar sacerdotes e reis.

Você disse que "Deus mandou Moisés ungir com óleo santo os objetos do templo, como a arca e demais utensílios (Ex 40.10). Da mesma forma hoje podemos ungir as coisas do templo cristão, como púlpito, instrumentos musicais e aparelhos de som para dedicá-los ao serviço de Deus. Eu e o Reverendo Mazola, meu co-pastor, fazemos isto todos os domingos antes do culto." Acho que aqui é a mesma coisa que eu disse no parágrafo anterior. A unção com óleo sagrado dos utensílios do templo fazia parte das leis cerimoniais próprias do Antigo Testamento. De acordo com a carta aos Hebreus, estes utensílios, bem como o santuário onde eles estavam, “não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9.10). Além disto, o templo de Salomão já passou como tipo e figura da Igreja e dos crentes, onde agora habita o Espírito de Deus (1Co 3.16; 6.19). Não há um único exemplo, uma ordem ou orientação no Novo Testamento para que se pratique a unção de objetos para abençoá-los. Na verdade, isto é misticismo pagão, puro fetichismo, pensar que objetos absorvem bênção ou maldição.

Você também argumentou que “Jesus mandou os apóstolos ungir os doentes quando os mandou pregar o Evangelho. Eles ungiram os doentes e estes ficaram curados (Mc 6.13).” Nisto você está correto. Mas note o seguinte: (1) foi aos Doze que Jesus deu esta ordem; (2) eles ungiram somente os doentes; (3) e quando ungiam, os enfermos eram curados. Se você, Van Diesel, e seu auxiliar Mazola, curam a todos os doentes que vocês ungem nos cultos, calo-me para sempre. Mas o que ocorre? Vocês ungem todo mundo que aparece na igreja, crianças, jovens, adultos e velhos... Você fica de um lado e o Mazola do outro, e as pessoas passam no meio e são untadas com óleo na testa, gente sadia e com saúde. Se há enfermos no meio, eles não parecem ficar curados. Pelo menos o membro da minha igreja que esteve ai por três domingos seguidos não viu nenhum caso de cura. Ele me disse que você e o Mazola ungem o povo para prosperidade, bênção, proteção, libertação, etc. É bem diferente do que os apóstolos fizeram, não é mesmo?

Unção de partes íntimas? ..
Fala sério, mano!
Quando eu questionei a unção das partes íntimas que você faz numa reunião especial durante a semana, você replicou que “a unção com óleo sagrado e abençoado é um meio de bênção para as pessoas com problemas de esterilidade e se aplicado nas partes íntimas, torna as pessoas férteis. Já vi vários casos destes aqui na minha igreja.” Sinceramente, Van Diesel, me dê ao menos uma prova pequena de que esta prática tem qualquer fundamento bíblico! Lamento dizer isto, mas dá a impressão que você perdeu o bom senso! Eu me pergunto por que seu presbitério ainda não tomou providências quanto a estas práticas suas. Deve ser porque o presidente, Reverendo Peroba, seu amigo, faz as mesmas coisas.

Seu último argumento foi que “Tiago mandou que os doentes fossem ungidos com óleo em nome de Jesus (Tg 5.14).” Pois é, eu não teria problemas se os pastores fizessem exatamente o que Tiago está dizendo. Note nesta passagem os seguintes pontos.

  • A iniciativa é do doente: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor."
  • Ele chama “os presbíteros da igreja” e não somente o pastor.
  • O evento se dá na casa do doente e não na igreja.
  • E o foco da passagem de Tiago, é a oração da fé. É ela que levanta o doente, “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.15).

Ou seja, não tem como usar esta passagem para justificar o “culto da unção com óleo santo” que você faz todas as quintas-feiras e onde unge quem aparece. Não há confissão de pecados, não há quebrantamento, nada do que Tiago associa com esta cerimônia na casa do doente.

Quer saber, Van Diesel, eu até que não teria muitos problemas se os presbíteros fossem até a casa de um crente doente, que os convidou, e lá orassem por ele, ungindo com óleo, como figura da ação do Espírito Santo. Se tudo isto fosse feito também com um exame espiritual da vida do doente (pois às vezes Deus usa a doença para nos disciplinar), ficaria de bom tamanho. E se houvesse confissão, quebrantamento, mudança de vida, eu diria amém!

Mas até sobre esta unção familiar eu tenho dúvida, diante do uso errado que tem sido feito da unção com óleo hoje. De um lado, há a extrema unção da Igreja Católica, tida como sacramento e meio de absolvição para os que estão gravemente enfermos e se preparam para a morte. Por outro, há os abusos feitos por pastores evangélicos, como você. O crente doente que convida os presbíteros para orarem em sua casa e ungi-lo com óleo o faz por qual motivo? Ungir com óleo era comum na cultura judaica e oriental antiga. Mas entre nós...? Será que este crente pensa que a unção com óleo tem poderes miraculosos? Será que ele pensa que a oração dos presbíteros tem um poder especial para curar? Se ele passa a semana assistindo os programas das seitas neopentecostais certamente terá idéias erradas sobre unção com óleo. Numa situação destas de grande confusão, e diante do fato que a unção com óleo para enfermos é secundária diante da oração e confissão de pecados, eu recomendaria grande prudência e discernimento.

Mas, encerro por aqui. Mais uma vez, obrigado por ter respondido à minha primeira carta e peço sua paciência para comigo, na hora de ler meus contra-argumentos.

Um grande abraço,

Augustus

PS: Ah, o Reverendo Oliveira e o Presbítero Gallo, seus conhecidos, estão aqui mandando lembranças. Eles discordaram veementemente desta minha carta, mas fazer o quê...?

PS2: Desculpe ter publicado a foto que o Severino acabou tirando daquele seu armário no gabinete pastoral... ele não resistiu.

Autor: Augustus Nicodemus Lopes
Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

A supremacia de Deus

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Por: Arthur W. Pink

Numa de suas cartas a Erasmo, disse Lutero: "As tuas idéias sobre Deus são demasiado humanas". Provavelmente o renomado erudito se ofendeu com aquela censura, ainda mais que vinha do filho de um mineiro; não obstante, foi mais que merecida.

Nós também, embora não ocupando nenhuma posição entre os líderes religiosos desta era degenerada, proferimos a mesma acusação contra a maioria dos pregadores dos nossos dias, e contra aqueles que, em vez de examinarem pessoalmente as Escri­turas, preguiçosamente aceitam o ensino de outros. Atualmente se sustentam, em quase toda parte, os mais desonrosos e degra­dantes conceitos do governo e do reino do Todo-poderoso. Para incontáveis milhares, mesmo entre cristãos professos, o Deus das Escrituras é completamente desconhecido.

Na antigüidade, Deus queixou-se a um Israel apóstata: "... pensavas que (eu) era como tu..." (Salmo 50:21). Semelhan­te a essa terá que ser a Sua acusação contra uma cristandade após­tata. Os homens imaginam que o que move a Deus são os senti­mentos, e não os princípios. Supõe que a Sua onipotência é uma ociosa ficção, a tal ponto que Satanás desbarata os Seus desígnios por todos os lados. Acham que, se Ele formulou algum plano ou propósito, deve ser como o deles, constantemente sujeito a mu­dança. Declaram abertamente que, seja qual for o poder que Ele possui, terá que ser restringido, para que não invada a cidadela do "livre-arbítrio" humano, e o reduza a uma "máquina”. Re­baixam a toda eficaz expiação, a qual de fato redimiu a todos aqueles pelos quais foi feita, fazendo dela um mero "remédio" que as almas enfermas pelo pecado podem usar se se sentem dis­postas a fazê-lo; e enfraquecem a invencível obra do Espírito Santos, reduzindo-a a um "oferecimento" do evangelho que os pecadores podem aceitar ou rejeitar a seu bel-prazer.

O Deus deste século vinte não se assemelha mais ao Soberano Supremo das Escrituras Sagradas do que a bruxuleante e fosca chama de uma vela se assemelha à glória do sol do meio-dia. O Deus de que se fala atualmente no púlpito comum, comentado na escola dominical em geral, mencionado na maior parte da lite­ratura religiosa da atualidade e pregado em muitas das conferên­cias bíblicas, assim chamadas, é uma ficção engendrada pelo ho­mem, uma invenção do sentimentalismo piegas. Os idolatras do lado de fora da cristandade fazem "deuses" de madeira e de pedra, enquanto que os milhões de idolatras que existem dentro da cris­tandade fabricam um Deus extraído de suas mentes carnais. Na realidade, não passam de ateus, pois não existe alternativa possí­vel senão a de um Deus absolutamente supremo, ou nenhum deus. Um Deus cuja vontade é impedida, cujos desígnios são frustra­dos, cujo propósito é derrotado, nada tem que se lhe permita chamar Deidade, e, longe de ser digno objeto de culto, só merece desprezo.

A distância infinita que separa do todo-poderoso Criador as mais poderosas criaturas é um argumento em favor da supremacia do Deus vivo e verdadeiro. Ele é o Oleiro, elas são em Suas mãos apenas o barro que pode ser modelado para formar vasos de honra, ou pode ser esmiuçado (Salmo 2:9), como Lhe apraz. Se todos os habitantes do céu e todos os moradores da terra se juntassem numa rebelião contra Ele, não Lhe causariam perturba­ção e isso teria ainda menor efeito sobre o Seu trono eterno e inexpugnável do que o efeito da espuma das ondas do Mediter­râneo sobre o alto rochedo de Gibraltar. Tão pueril e impotente é a criatura para afetar o Altíssimo, que as próprias Escrituras nos dizem que quando os príncipes gentílicos se unirem com Israel apóstata para desafiar a Jeová e Seu Ungido, "aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles" (Salmo 2:4).

Muitas passagens das Escrituras afirmam clara e positivamen­te a absoluta e universal supremacia de Deus. "Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos corno chefe... e tu dominas sobre tudo..." (1 Crônicas 29:11-12). Observe-se, diz "dominas" agora, e não diz "dominarás no milênio". "Ah! Senhor, Deus de nossos pais, porventura não és tu Deus nos céus? Pois tu és Dominador sobre todos os reinos das gentes, e na tua mão há força e poder, e não há quem te possa resistir" (nem o pró­prio diabo) (2 Crônicas 20:6). Perante Ele, presidentes e papas, reis e imperadores, são menos que gafanhotos. "Mas, se ele está contra alguém, quem então o desviará? O que a sua alma quiser isso fará" (Jó 23:13). Ah, meu leitor, o Deus das Escrituras não é um falso monarca, nem um mero soberano imaginário, mas Rei dos reis e Senhor dos senhores. "Sei que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido (Jó 42:2, ou, segundo outro tradutor, "nenhum dos teus propósitos pode ser frustrado". Tudo que designou fazer, Ele o faz. Realiza tudo quanto decretou. "Mas o nosso Deus está nos céus: faz tudo o que lhe apraz" (Salmo 115:3). Por que? Porque "não há sabedoria nem inteligência, nem conselho contra o Senhor” (Provérbios 21:30).

As Escrituras retratam vividamente a supremacia de Deus sobre as obras de Suas mãos. Toda matéria inanimada e todas as criaturas irracionais executam as ordens do seu Criador. Por Sua vontade dividiu-se o Mar Vermelho e suas águas se levantaram e ficaram eretas como paredes (Êxodo 14); e a terra abriu suas fauces e os rebeldes carregados de culpa foram tragados vivos pelo abismo (Números 14). À Sua ordem o sol se deteve (Josué 10), e, noutra ocasião, voltou atrás dez graus do relógio de Acaz (Isaías 38:8). Para exemplificar Sua supremacia, mandou corvos levarem alimento a Elias (1 Reis 17), fez o ferro flutuar (2 Reis 6:5), manteve mansos os leões quando Daniel foi lançado na cova des­sas feras, fez que o fogo não queimasse os três hebreus que foram arrojados às chamas da fornalha. Assim, "Tudo o que o Senhor quis, ele o fez nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos" (Salmo 135:6).

O perfeito domínio de Deus sobre a vontade dos homens também demonstra a Sua supremacia, Pondere o leitor cuidadosa­mente sobre Êxodo 34:24, Exigia-se que todos os varões de Israel saíssem de casa e fossem a Jerusalém, três vezes por ano. Viviam entre gente hostil, que os odiava por se terem apropriado das suas terras. Então, o que é que impedia aos cananeus aproveitarem a oportunidade e, durante a ausência dos homens, matarem as mu­lheres e as crianças e se apossarem de suas fazendas? Se a mão do Onipotente não estivesse até mesmo sobre a vontade dos ímpios, como poderia Ele ter feito esta promessa, de que ninguém sequer cobiçaria suas terras? Ah, "Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina" (Provérbios 21:1). Mas, poder-se-ia objetar, não lemos uma e outra vez nas Escrituras sobre como os homens desafiavam a Deus, re­sistiam à Sua vontade, transgrediam os Seus mandamentos, menosprezavam as Suas advertências e faziam ouvidos moucos a todas as Suas exortações? Certamente que sim; B isto anula tudo que dissemos acima? Se anula, então é evidente que a Bíblia se contradiz, Mas isso não pode ser. A objeção se refere simples­mente à iniqüidade do homem em rebelião contra a Palavra de Deus, escrita ao passo que mencionamos acima o que Deus se propôs em Si mesmo. A regra de conduta que Ele nos dá para seguirmos não é cumprida perfeitamente por nenhum de nós; os Seus "conselhos" eternos são realizados nos mínimos detalhes.

O Novo Testamento afirma com igual clareza e firmeza a absoluta e universal supremacia de Deus. Ali se nos diz que Deus "... faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11). A palavra grega traduzida por "faz" significa "fazer eficazmente". Por esta razão, lemos: "Porque dele por ele, e para ele, são todas as coisas; glória pois a ele eternamente. Amém" (Romanos 11:56). Os homens podem jactar-se: de que são agentes livres, com vontade própria, e de que têm liberdade de fazer o que querem, mas as Escrituras dizem aos que se jactam: ".... vós que dizeis: hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos... em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser (Tiago, 5:13-15).

Há aqui, pois, um lugar de repouso para o coração. A nossa vida não é, nem produto do destino cego, nem resultado do acaso caprichoso, mas todas as suas minudências foram prescritas desde toda a eternidade e agora são ordenadas por Deus que vive e reina. Nem um fio de cabelo de nossa cabeça pode ser tocado, sem a Sua permissão. "O coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos" (Provérbios 16:9). Que segurança, que poder, que consolo isso deveria dar ao cristão real! "Os meus tempos estão nas tuas mãos..." (Salmo 31:15). Portanto digo a mim mesmo: "Descansa no Senhor, e espera nele..." (Salmo 37:7).

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Fonte:
Os Atributos de Deus, Arthur W. Pink, Ed. PES.
Via: [ Eleitos de Deus ]

Pastores(?) dizem que fé cura tudo

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Em um ato de absoluta irresponsabilidade, alguns pastores evangélicos de Jaciara (MT), seguindo uma prática que vem ocorrendo pelo Brasil afora, estão orientando fiéis enfermos a não utilizarem medicamentos. Os religiosos pregam que basta que o fiel tenha fé, que a cura acontecerá. Quem acreditou não foi curado e ainda teve sua situação clínica agravada.

Em quatro casos relatados à redação do jornal diaAdia, ficou evidente que a suspensão do medicamento agravou a situação clínica dos fiéis. Em cumprimento a acordo feito com os denunciantes, que temem por repressálias, o diaAdia não publicará os nomes das pessoas e nem os das congregações.

Das quatro pessoas que falaram com nossa redação, apenas duas concordaram em ter suas iniciais publicadas e são as duas situações que serão relatadas.

M.O.P. , de 27 anos, relata que sua mãe tem problema cardíaco e que há cerca de 2 anos começou a freqüentar uma igreja evangélica “dessas novas”, diz ela.

Há cerca de 6 meses, o pastor disse a mãe de M.O.P. que ela não precisava mais se medicar, bastava ter fé que tudo se resolveria.

Pressão

Iludida pelas palavras do pastor, em quem “confia cegamente”, como relata a filha, a mulher suspendeu o uso da medicação. O resultado não poderia ser outro a não ser a complicação do estado de saúde da fiel.

M.O.P. conta que percebendo a situação, os filhos começaram a pressionar a mãe para continuar tomando a medicação.

“Ela só usa o remédio se a gente pegar e obrigar, do contrário não”, diz a filha, acrescentando que há algumas semanas atrás sua mãe teve uma crise e quase morreu.

Paulo de Tarso

A mesma situação viveu a família de F.A.S. Sua mãe, de 75 anos, tem problemas de osteoporose e após consulta em Cuiabá, passou a tomar alguns medicamentos. Tão logo soube do fato, o pastor da sua congregação disse que ela só estava ingerindo remédios porque era uma mulher de pouca fé.

F.A.S. conta que pertubada com as palavras do pregador e para provar que era sim uma mulher de muita fé, sua mãe jogou os remédios fora. Sua situação piorou, ela teve que retornar ao médico e acabou convencida da necessidade de tomar os medicamentos.

Mais recentemente veio a público o caso de uma mulher que com problemas psicológicos, acabou suspendendo o uso da medicação por ordem do pastor da congregação que freqüenta.

Resultado

Acabou internada no Hospital Paulo de Tarso, em Rondonópolis.

Agnello de Mello Silva, no Dia a dia.
dica do Roberto Rodrigues
Via: [ PavaBlog ]

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Cuidado com o breve deleite

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Por: M. Lloyd-Jones

O Evangelho não visa a denunciar o prazer e a satisfação; na verdade, o Evangelho oferece alegria maior "do que qualquer outra coisa a pode oferecer. Mas o Evangelho não se contenta em testar as ações somente através desse padrão único. Deseja conhecer a natureza das alegrias ou prazeres, se ela é boa, se é verídica e se é bela. . . Os homens e mulheres de hoje não gostam de usar os processos de raciocínio e discernimento. Quais crianças, desejam fazer o que gostam. . . Por conseguinte, aborrecem a disciplina e a necessidade de enfrentar dificuldades. Fazem objeção à incomodidade de terem de enfrentar questões da verdade, do bem, do mal e da beleza. Fazem o que querem fazer, sempre estribados na idéia de que está certa a auto-expressão. Têm um único padrão de valores, o do prazer. . . Contemtam-se com um só teste — é agradável?. . . Não é tal atitude inteiramente suicida, a julgar pelo verdadeiro padrão da natureza humana?. . . se você deseja meramente satisfazer à concupiscência e a paixão pelo prazer, então que apele para o culto moderno. Porém, se você deseja que a totalidade do seu ser ganhe desenvolvimento e expressão, considere a sugestão antes exposta como sugestão feita pelo próprio inferno. . .

Entretanto. . . apliquemos o teste prático. Leia a Bíblia . . . Davi, o rei de Israel, mostrou seu lado melhor e mais elevado, expressando seu verdadeiro «eu», quando aplicou o teste único do prazer na questão de Bate-Seba, tendo-se feito, assim, ladrão e homicida? Agostinho deu mais fiel expressão a si mesmo, quando ainda era um filósofo imoral, ou depois, quando se tornou o crente disciplinado e fiel que ele foi? . . . Medite sobre todos os membros do nobre exército de santos e mártires que se negaram a si próprios. . . e obedeceram ao ensino do Evangelho! Compare-os e contraste-os com os sensuais. . . libertinos da história. . . A maneira correta de expressar o próprio «eu» é o caminho da disciplina e da ordem, o caminho da razão e da oração. . . Você terá um «eu» que se expressará com dignidade e que se desenvolverá com o passar dos dias.

Truth Unchanged, Unchanging, p. 25-28.
Fonte: [ Blog Martyn Lloyd Jones
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Por que o justo sofre?

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No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”. Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas boas, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete.

No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.

Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia. Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram — Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter.

Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3). O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).

Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento.

A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.

Autora: R. C. Sproul
Fonte: [ O Calvinismo ]
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Por que o homem não é capaz de voltar para Deus?

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Por: Clovis Gonçalves

"Suas ações não lhes permitem voltar para o seu Deus. Um espírito de prostituição está no coração deles; não reconhecem o Senhor”. Os 5:4

As duras palavras ditas por Deus através do profeta era dirigida aos religiosos, ao povo em geral e à família real, sem deixar ninguém de fora: “Ouçam isto, sacerdotes! Atenção, israelitas! Escute, ó família real! Esta sentença é contra vocês” (Os 5:1). As terríveis consequências da Queda não desviam de nenhum filho de Adão. “Todos pecaram e separados estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Mas o texto nos mostra que o problema com o pecado não é apenas sua extensão, atingindo a todos os homens, mas também a profundidade em que penetra em cada ser humano, afetando todas as suas faculdades.

As obras impedem de voltar para Deus, Is 59:2

O proceder do homem natural é corrompido de tal forma que ele só faz pecar e pecar. Nem mesmo uma reforma exterior ele pode apresentar de forma consistente, pois “suas ações não lhes permitem voltar para o seu Deus” (Os 5:4a). A prática do pecado se torna um hábito tão natural que o homem quase nunca percebe que sua natureza está dominada pelo pecado. Não raro as pessoas consideram seus pecados como sendo falhas desculpáveis, e as vezes os defendem como uma virtude. Na verdade, estão tão acostumados aos seus pecados quanto se acostumaram à cor da pele. “Será que o etíope pode mudar a sua pele? Ou o leopardo as suas pintas? Assim também vocês são incapazes de fazer o bem, vocês que estão acostumados a praticar o mal” Jr 13:23.

Contrariando os profetas citados, os homens acreditam que é tudo uma questão de escolha, que basta ao homem preferir o bem que é capaz de fazê-lo. Chamam a essa capacidade de livre-arbítrio. Porém, a Escritura não oferece nenhum respaldo a essa filosofia humanista, quando diz que “todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:12). Isto é corroborado pela observação e a experiência de cada um, que não consegue encontrar um só homem na história que tenha superado sua inclinação para o mal e vivido sem pecar. E quando olhamos para nós, temos que confessar que o “porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7:19).

O coração é dominado pelo pecado, Mc 7:21-23

Num nível mais profundo, o pecado domina o coração das pessoas, “um espírito de prostituição está no coração deles” (Os 5:4b), diz o mensageiro do Senhor. No Gênesis o diagnóstico divino sobre o coração humano era de que “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6:5) e que tal condição não exclui nem as crianças, pois “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8:21). As palavras de Salomão sobre o ímpio de que “há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal” (Pv 6:14) não se aplica apenas a Hitler e a quem esquarteja namoradas, mas também a pais de famílias honestos, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso” (Jr 17:9).

Não é o homem que determina como seu coração deve ser, mas o coração é que determina como o homem é, “porque, como imaginou no seu coração, assim é ele” (Pv 23:7). Um homem sempre procederá de acordo com a natureza de seu coração. Se este for endurecido e mau, então tal pessoa resistirá ao Espírito e procederá de forma contrária à lei de Deus. Por isso que as pessoas dos dias de Oséias não podiam voltar para Deus, pois seus coração estavam dominados por um espírito de prostituição e dominavam o comportamento deles. E é por isso que o homem moderno não pode converter-se a Deus, pois a natureza de seu coração é má e o incapacita para o bem.

O pecado cega o entendimento, 1Co 2:14

O pecado afeta também a mente do homem, cegando-o para as coisas de Deus. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2:14). Ao invés de se voltar para Deus “o povo que não tem entendimento corre para a sua perdição” (Os 4:14), ainda mais que “por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes” (Rm 1:28). Outro profeta descreve a cegueira do povo como sendo pior que a dos animais, pois “o boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1:3).

Como “tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas” (Tt 1:5), não são capazes de compreender a mensagem do evangelho. Precisam, antes, ter “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos” (Ef 1:18), do contrário sua mente irá das trevas presente para as trevas exteriores, sem conhecer a luz do Senhor.

Conclusão

O livre-arbítrio como capacidade do homem se voltar para Deus é uma mentira de Satanás, que assim perverte o evangelho, levando homens a torná-lo persuasivo a defuntos. Pois os pecadores não experimentam outra realidade senão o pecar, tornando a rebelião a Deus um hábito que não podem mudar. Além disso, seu coração que determina suas ações é fonte de toda sorte de males, sendo enganoso e perverso, portanto desinclinado às coisas de Deus. E sua mente é corrompida de tal forma pelo pecado que o evangelho lhe parece loucura indigna de crédito, só aceitando naturalmente se a mensagem for modificada de tal maneira que não se pareça em nada com o evangelho da glória de Deus. Diante disso, eles até “voltam, mas não para o Altíssimo” (Os 7:16). Igrejas lotam, mas corações continuam vazios de Deus, ocupados somente com a prostituição espiritual “porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus” (Os 4:12).

Soli Deo Gloria

Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.
Fonte: [ 5 Calvinistas ]
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A igreja não é uma prestadora de serviços

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Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. (2 Co 11.3)

Eventualmente, assisto a programas "evangélicos" que passam em horário impróprio para menores e também para seres humanos mais desenvolvidos. É na madrugada que você pode encontrar todo tipo de bizarrice na tv. Grande parcela da tv aberta reserva sua programação da madrugada às "corporações da fé". São pelo menos uns 20 programas, umas 15 denominações diferentes e algumas outras que se "descobrem" graças ao "milagre da tv".

Com exceção da maior delas, todas as outras pedem dinheiro ao vivo para dar continuidade a seu "serviço" de socorro espiritual. São milhões! É a frase preferida de um dos mais famosos apresentadores da noite gospel. Outros, mais sutis, conclamam patrocinadores, mas ressaltam: só aqueles em quem Cristo tocou no coração, mas para incentivar o toque espiritual continua: uma vez por mês eu jejuo por todos os patrocinadores... agora, o momento dos testemunhos de nossos patrocinadores... e lá está a senhora que patrocinava com 15 reais o programa e agora recebeu um aumento na aposentadoria de 6,5% para a "grória de deuz"

Mas há um ponto, entre tantos outros, em que todos esses programas se parecem: todos eles apresentam um evangelho prestador de serviços.

Sei que parece infantil discorrer sobre este assunto, um verdadeiro cristão sabe que o Evangelho da Cruz não é uma organização prestadora de serviços. No entanto, a igreja está repleta de pessoas que, mesmo negando tal afirmação, agem dessa forma, entendem dessa forma e querem que a igreja haja desta forma.

É o Cristo solução para seus problemas. É o evangelho que "muda" sua vida. É o Deus que "tudo" vai fazer por você, inclusive parar o sol. É o Deus do impossível.

Por favor, entendam-me, ou pelo menos tentem. É claro que nosso Deus é o Deus do impossível, eu creio no Poder de Deus. É claro que nossa vida muda quando somos chamados, a minha vida mudou. Basta olharmos para o Novo Testamento e veremos que todos os homens a quem Cristo chamou também tansformou suas vidas através do poder da Cruz, por intermédio do Espírito Santo. É claro que Deus luta por nós e por isso mesmo o salmista escreve: O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente. O Senhor é um lugar de descanso para nossas almas e um lugar de refúgio. No entanto, não é esse o uso que os apresentadores gospel da madrugada dão à Palavra de nosso Senhor, mas sim, um uso antropocêntrico e pragmático que em nada se parece com a pregação de Cristo e dos apóstolos.

Tais mercadores da fé ficam o programa inteiro prometendo uma "oração especial" no final do programa. Outros criam centrais de atendimento espiritual, uma espécie de disk-gospel, onde o único propósito será dizer: esteja domingo na nossa reunião dos milagres. Por fim, até drive-thru da oração já foi lançado pela IURD em São Paulo... tudo para agradar o cliente, nada para agradar a Deus, ainda que este seja o pretexto.

Não podemos modificar o Evangelho para agradar a homens, Cristo não mudou sua pregação para que os fariseus se convertessem. Cristo pregou o arrependimento e condenou aquela geração por ser inerte à Palavra. Paulo, Pedro, João, nenhum deles deturpou a Palavra para que mais pessoas entrassem na igreja e vivessem sob a égide de evangelho faz-de-conta, pelo contrário, Pedro à revelação de que Ananias e Safira tentavam enganar o Espírito Santo, declarou a morte dos dois, o que gerou medo e temor em toda a cidade. Depois daquilo, muitas pessoas sequer ousavam entrar na congregação (leia: At 5.11-13), mas ainda sim toda cidade admirava aquela igreja. Mas não é assim que agem os mercadores da fé. O que eles fazem é somente uma coisa, copiar o modelo de sucesso dos apresentadores seculares e oferecer sempre a "melhor" parte do programa no final e assim segurar a audiência, que é sofrível na madrugada.

Não sou contra a igreja fazer obras sociais, sei que muitos vão acusar-me de ter dito isso ao ler o texto, então aqui esclareço. A igreja como instituição deve sim se preocupar com problemas sociais a sua volta, tal qual a igreja descrita em Atos se preocupou. Mas de forma alguma tornar-se em um serviço exclusivo ao cliente ou em busca de novos clientes

A Igreja do Senhor precisa ser luz e sal e isso não é prestar serviço aos homens, mas obedecer ao Deus de toda Glória. Quando a igreja se torna um balcão de atendimento ao cliente, um tipo de 0800 não gratuito, ela perde sua principal característica e dom, ser a noiva de Cristo. Não somos prestadores de serviços, nossos pastores não são gerentes de marketing e nossas igrejas não são balcões de informação ou shoppings de bençãos. Somos templo do Espírito Santo, para andarmos conforme a sã doutrina e nas boas obras que de antemão foram preparadas por Deus para nós. É isso que somos, é isso que a igreja precisa ser.

O mundo não precisa de um programa cristão que promete uma oração especial para quem está precisando. O mundo precisa (apesar de não querer ouvir) a pregação do verdadeiro evangelho. Chega de comercial gospel apresentando novos modelos de camisetas para ficar na moda e na unção. Não queremos um talk show onde o convidado não é Cristo mas o homem.

Cuidemos para que com sua sutileza, o pragmatismo não se enraíze ainda mais no meio da igreja e se torne o deus desta e das próximas gerações.

Autor: Daniel Cesar Clós
Fonte: [
Blog do autor ]