Como glorificar a Deus na apologética?

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Por Luciano Sena


1. Não busque a sua vitória sobre o oponente, mas busque a Glória do Deus da verdade, ao expor a verdade Dele (Jo 14.6;17.17). Se em algum comportamento, palavra, afirmação ou negação, tocarmos a Glória de Deus, ou desviarmos dela a atenção, perderemos o debate no campo espiritual.

2. Sua preocupação, em segundo lugar, deve ser também com a segurança espiritual de seus irmãos, os demais filhos do Deus da verdade. A apologia deve ser olhada como uma proteção ao rebanho de Cristo (Jo 10.1-16). Pastores que negligenciam a defesa da fé coloca o rebanho sob seus cuidados em uma situação de risco (comp. Is 32.1,2).

3. Não importa também se o seu oponente ficará convencido de sua argumentação se você tem por objetivo a glória de Deus, mas, seu objetivo também é salvá-lo (1 Co 9.22). Visto que isso não é exigido de você, essa não deve ser sua preocupação primordial, mas você deve fazer o melhor para alcançá-lo para Cristo.

4. Sua argumentação deve ser verdadeira e investigada. Tenha certeza do que você apresentará, para que o Deus da Verdade não tenha um apologista acusado de mentira, falsificação ou coisa do tipo. A verdade é poderosa e não precisa de subterfúgios (Jo 8.32). Isso, não garante a conversão ou o reconhecimento do oponente, mas a glória de Deus.

5. Não olhe para ele como um promotor da mentira, mas como uma vítima do engano [Aqui é um ponto que falhei muito!]. Não deixe que seu amor pela verdade extrapole e condene ou ofenda seu oponente, ele só sentirá dor e não o alívio que a Verdade proporciona (Mt 11.28,29,30). Sabemos que a verdade por si mesma causará dores e danos à história herética dele. Ela exigirá um preço a ser pago por ele.

"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo." II Co 10.4,5

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Murmuração - o pecado da ingratidão

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Por Rev. Ericson Martins


Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou em voz alta; e o povo chorou aquela noite. Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? Números 14:1-3

A palavra “murmuração”, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, significa: “persistente reclamação”, “reinvindicação”, “descontentamento”, “falar mal de outrem em voz baixa, em segredo” ou “questionamento malicioso”.

Nesses dias, jovens e adultos, descontentes com a imoralidade política dos seus representantes nos três poderes da República, transformaram as principais capitais de todo Brasil em palcos de manifestações. Seus protestos foram reconhecidamente justos e dignos de serem considerados, pois rogaram pela punição dos corruptos, fortalecimento do sistema de saúde, humanização do transporte coletivo, dentre outras obrigações constitucionais da administração pública. A possibilidade dessas manifestações é um dos privilégios e responsabilidades de uma sociedade democrática. Não é errado reclamar quando a reivindicação é justa e irrevogavelmente necessária. Por exemplo: os helenistas murmuraram contra os hebreus porque as suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária (At 6:1). Nesse caso a murmuração significou uma justa reclamação, sem denotação pecaminosa.

Contudo, em boa parte da bíblia a murmuração é tratada como sendo mais que uma justa reclamação, e sim como um protesto da rebeldia, do egoísmo, da ingratidão e da difamação. Ou seja, é tratada como pecado.

O texto de Números 14:1-3 relata um dos momentos em que os israelitas murmurarem contra Deus, sendo Ele clemente e amoroso, e contra Moisés que fora designado para conduzir Israel pelo caminho que Ele mesmo dirigiu (Nm 14:14 cf. Êx 13:21, Ne 9:12). O povo de Israel murmurou frequentemente ao longo da sua peregrinação no deserto, e toda uma geração foi destruída por causa disso (1 Co 10:10-11).

Infelizmente, muitos são murmuradores, se queixam o tempo todo e por todo motivo, no contexto da sociedade, da profissão, da família e da igreja. Nada lhes satisfazem, já não conseguem reconhecer as benesses de Deus nesses contextos e serem sinceramente gratos. Para esses, ser grato é ser passivo ou omisso, e enchem seus corações de amargura e seus lábios de injustiça.

Murmuradores são insaciáveis, porque suas expectativas são irreais e infantis. Veio João Batista, que não comia nem bebia, e disseram: “Tem demônio!”. Veio o Filho do homem, que comia e bebia, e disseram: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11:18-19). O tom geral dessa conduta do coração e do relacionamento, se resume no fato de, se não atender as falsas expectativas que criam, se não estiver de acordo com seus interesses infantis, murmuram. Não nos enganemos: a murmuração é pecado e, portanto, passivo da disciplina do Senhor.

A bíblia diz: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo...” (Fl 2:14-15).

Infelizmente, a murmuração, na qualidade de uma persistente reclamação, é um dos pecados mais comuns em nosso meio. Ninguém deveria tolerar o murmurador e suas reinvindicações porque a murmuração é pecado. Também, porque ela aborrece a paz e a tranquilidade com a rixa e o pessimismo (Pv 21:9).

Murmuradores são descontentes eufóricos. Grande parte dos nossos interesses jamais serão atendidos porque somos pecadores (Tg 4:1-3). Também, porque interpretamos mal a experiência da vida. Julgamos que o que dá prazer é sempre bom, e não admitimos que o desprazer de determinadas experiências seja eficazmente útil para tratar as nossas falsas expectativas e interesses egoístas (Hb 12:11; Tg 2:1-4). Por isso, o descontentamento gera a murmuração. Os cristãos são ensinados a se contentarem com as suas necessidades (1 Tm 6:7-8; Hb 13:5); porém o descontente, tendo suas necessidades mais fundamentais supridas, murmura, porque tudo tem de ser conforme os seus interesses ou modo de pensar. Também, o descontentamento gera o descaso com a palavra de Deus: “desprezaram a terra aprazível e não deram crédito à sua palavra; antes, murmuraram em suas tendas e não acudiram à voz do Senhor” (Sl 106:24-25). Murmuradores podem ter tudo, mas agem como se nada tivessem. Porém, os que dão crédito à palavra de Deus experimentam o contentamento por confiarem no Senhor.

A bíblica diz: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1 Tm 6:6-11).

Murmuradores são caluniadores discretos. A palavra grega que traduz “murmuração” tem o sentido de murmúrio, resmungação, palavras desagradáveis ditas em voz baixa. O murmurador é aquele que, discretamente, espalha seus descontentamentos sobre determinadas pessoas e, com essa conduta, provocam dissensões. Geralmente agem assim pela firme certeza que estão mais certos do que os demais. Leia este relato: “Falaram Miriã e Arão contra Moisés,... E disseram: Porventura, tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também por nós? O Senhor o ouviu… E a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se” (Nm 12:1-2, 9).

As queixas dos murmuradores expressam, também, sua imensa inquietação com o crescimento dos outros. Se queixam da sua realidade e dos outros, pois são frustrados com as suas próprias experiências pessoais nos contextos da sociedade, ou da profissão, ou da família ou da igreja. São infelizes e amargurados consigo mesmos.

A bíblica ensina substituir a murmuração pela ação de graças (1 Ts 5:18), porque somente a gratidão pode vencer o descontentamento do coração. Reconhecer as virtudes mais que os defeitos, as oportunidades mais que as dificuldades, o que já tem mais do que poderia ter, o que os outros fazem pelo nosso bem mais que aquilo que deixam de fazer e etc, dá a vida pessoal maior significado e felicidade pelos efeitos da gratidão (Fl 4:11-13; 1 Tm 4:4).

Que em nossos corações haja mais gratidão que ingratidão, haja mais contentamento que a perturbadora insatisfação por confiarmos no Senhor as nossas vidas com tudo o que ela necessita.
No amor de Deus,

Ericson Martins
contato@brmail.info

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Como ler, dialogar e entender textos


Neste vídeo, o Pb. Filipe Machado disserta sobre a confusão que textos em redes sociais, blogs e conversas sobre vários assuntos, podem causar confusão por conta de pressupostos equivocados de quem lê tais artigos. Assista:


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Fonte: Reforma Hoje, canal Youtube
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Deus usa os bostas!

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Por Felipe Sabino de Araújo Neto


Perdão pelo título desse artigo, mas poderíamos negar essa afirmação? Deus usa os bostas, caro leitor!

Pensemos nos primórdios do cristianismo. Como se deu o seu avanço? Era um movimento obscuro, marginal, com ninguém ilustre em seu meio. É claro que havia Paulo, homem erudito e com uma cultura invejável. Mas, em sua maioria, os seguidores de Cristo eram pessoas humildes, iletrados, mas que foram poderosamente usados por Deus. O cristianismo tornou-se uma força dominante logo nos primeiros séculos de existência. A sua influência na cultura ocidental foi gigantesca, a despeito de hoje seus inimigos negarem tal coisa. O triunfo do cristianismo, tornando-se assim a maior religião do mundo, foi alcançado pela instrumentalidade de pessoas comuns.

Na história da igreja é a mesma coisa. Quem era Lutero? Um medroso, que fez um voto tolo a uma “santa” por causa de uma simples tempestade. E Calvino? Um jovem tímido, introvertido, que precisou ser alvo de uma imprecação para agir. John Wesley? Um tonto, que achava pecado pregar ao ar livre. Ainda bem que Deus usou outro tonto, Whitefield, que não somente conduziu Wesley a essa linda prática, mas alcançou milhares para Cristo. Percorra a história da Igreja e constate a mesma coisa: homens comuns, às vezes relutantes, teimosos, mas usados por Deus.

Sempre quando o Senhor abençoa algo que eu faço, penso: “Deus usa os bostas!”. É claro que não posso comparar os meus feitos ínfimos e limitados com os exemplos que citei até aqui. Contudo, a despeito do trabalho pequeno e restrito, o Senhor tem se servido de usar o sítio Monergismo para abençoar os seus filhos. Não são poucos os que me escrevem dizendo que descobriram a beleza do Evangelho por meio do sítio. Além disso, grandes pensadores da tradição reformada, que nunca falaram em português, mesmo existindo inúmeras editoras protestantes no Brasil (e em Portugal), só passaram a ser conhecidos em nossa terra por causa do sítio e da Editora Monergismo. É algo que me alegra e ao mesmo tempo me assombra!

Já que eu toquei no nome da Editora, consideremos o caso de Gordon Clark. Se você é um visitante assíduo do Monergismo, provavelmente sabe de quem estou falando. Mas não era assim há uns 10 anos. Clark era praticamente desconhecido no Brasil, pelo menos pelo público em geral (sempre há um Wadislau ou Solano, que já leram de tudo). Assim, pela graça de Deus, tornei esse filósofo e teólogo calvinista conhecido traduzindo artigos e mais artigos. Mas eu não consegui autorização para publicar os seus livros no sítio. Precisava de uma editora! E não é que, mesmo com inúmeras dificuldades (financeiras, inclusive), até mesmo a sua obra-prima, Uma Visão Cristã do Homem e das Coisas, está disponível? Esse livro importantíssimo foi publicado em 1952 e só agora, em 2013, é vertido para o português. E por uma editora sem prestígio, pequena, de “fundo de quintal”. Você pode achar ridícula essa argumentação, e até continuar reclamando do título desse artigo, mas não vejo outra conclusão a não ser esta: Deus usa os bostas!

Tem sido assim desde o começo da história do cristianismo, da história do mundo. E vai continuar sendo assim, até a consumação dos séculos. O Reino de Deus avança, não por haver super-homens ao seu serviço, mas porque Deus está no controle de todas as coisas. Não nos esqueçamos do que o Senhor mesmo nos ensinou, por meio do apóstolo aos gentios: a nossa suficiência vem de Deus!

E você? Vai ficar aí parado dizendo que não pode fazer nada? Você se acha importante e especial? Então faça alguma coisa! Considera-se um trapo, imprestável? Anime-se, pois Deus usa os bostas, meu caro!

“Irmãos, observai o vosso chamado. Não foram chamados muitos sábios, segundo critérios humanos, nem muitos poderosos, nem muitos nobres.” (1 Coríntios 1.26, A21)
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- Sobre o autor: O autor é Bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Mato Grosso (2001). Além de cursar o Master of Arts (Religion) no Reformed Theological Seminary (Charlotte, EUA), é Bacharelando em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Mestrando em Teologia Filosófica pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (Instituto Presbiteriano Mackenzie) e Mestrando em Filosofia (Conceito CAPES 3) pela Universidade de Brasília (UnB). Presbiteriano por convicção, é membro da IPB desde 2002. É atualmente Presbítero da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília-DF).

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Fonte: Monergismo
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Todos vivemos por fé. Até você, ateu.

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Por Yago Martins


Estive em Goiânia semana passada. A história é longa demais para servir como introdução para esta postagem, mas posso citar que foi uma verdadeira aventura, se comparado com o fato de que a coisa mais emocionante que havia feito na vida até então fora passar a terceira marcha na autoescola. Lá, pude lançar as primeiras bases de alguns projetos e conhecer muita gente bacana, incluindo a jornalista Nilce Moretto, com quem pude ter boas conversas sobre o sentido da vida, do universo e tudo mais.

Enquanto, em meio a sua agitada rotina, ela já fazia o milionésimo favor, levando este cabeça-chata ao aeroporto (a família que estava me hospedando não possuía carro), ela levantou uma questão interessante, e nem me pergunte como chegamos neste assunto. ”Meu olho é azul, o da minha mãe é castanho. Será que ela vê as coisas como eu vejo?”, questionava a pequena Moretto quando criança. A pergunta dizia respeito à nossa compreensão da realidade. Será que todos nós vemos as mesmas coisas, ou vemos tudo de modo diferente?

Confessei, feliz por descobrir que eu não era uma criança anormal, que eu possuía uma pergunta parecida: “Como será ser outra pessoa?”, pensava eu. Minha elaboração já adulta do questionamento infantil era: se eu possuo medos, pontos de vista, preconceitos, considerações e modos de agir que são baseados na criação que tive, nas experiências que passei ou nas informações que coletei, se eu tivesse outra criação, outras experiências e outras informações, como seria minha análise das coisas que estão à minha volta?

Quando voltei para minha amada Fortaleza, fui contar para a noiva, como de costume, sobre como foi a viagem, e fiz questão de citar esta conversa, perguntando se alguma formulação parecida a incomodava quando criança. Resposta afirmativa: ”Será que as outras pessoas me veem como eu me vejo? Será que as outras pessoas se veem como eu as vejo?”, era seu questionamento infantil. Certa vez, ela chegou a perguntar para sua irmã mais nova se a imagem que aparecia no espelho era equivalente à aparência real.

Passamos um tempo falando, eu e minha noiva, sobre como todos precisamos viver por fé, até os ateus. Como sabemos se aquilo que vemos é real? Como temos certeza que o significante é equivalente ao significado? Como sabemos se a lógica é funcional, se o único modo de prová-la é com mais lógica, cometendo uma petição de princípio? Como sabemos que existe uma realidade? Como sabemos se tudo não é uma ilusão? Como saber se não somos cérebros em um tubo de ensaio possuindo meras induções elétricas ou se não fomos criados há cinco minutos, tendo o passado implantado em nossa mente, como brinca Lane Craig?

Se você me pede para provar que a Bíblia é verdade, e eu digo: “claro que é, olha aqui o que Paulo diz em segunda Timóteo…”, você me interromperia e me acusaria de cometer uma petição de princípio, uma razão circular. Porém, se eu te peço para provar que a lógica funciona como meio de perceber e racionalizar o mundo, você teria que usar a lógica para isso. Se eu te peço para provar a realidade, você precisará apelar para a realidade para conseguir fazer isto. No fim das contas, em ultima instância, todos precisamos de petição de princípio. No fim das contas, todos vivemos por fé. No fim das contas, todos possuímos pressupostos não provados que precisam ser assumidos como corretos para que o mundo faça sentido.

Se você discorda, é só me provar que a razão é confiável, mas sem usar nenhum argumento racional. Boa sorte.

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O “Ser” de Deus e a Apologética

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Por R. C. Sproul

Quando Deus se revela para Moisés na sarça ardente, Ele afirma “EU SOU O QUE SOU”. Isso implica dizer que somente Deus possui existência em si mesmo. Neste vídeo (3 min), R. C. Sproul explica esta verdade sobre o “ser” de Deus e ressalta como isso pode ser um poderoso argumento apologético.


Transcrição

Nós fazemos essa distinção, que Deus é o Ser Supremo e nós somos seres humanos. Então, pensamos que a diferença entre Deus e nós tem a ver com esses adjetivos que qualificamos o conceito de “ser”. Ele é supremo, nós somos humanos. Mas sabe qual é a verdadeira diferença entre Deus e eu? É “ser”.

Somente ele tem “ser” dentro de si mesmo. Somente ele tem existência eterna. Qualquer “ser” que eu tenha é transitório, qualquer “ser” que eu tenha é dependente, é contingente, é derivado, é um subconjunto do Ser puro.

Foi isso que o apóstolo Paulo disse aos filósofos atenienses a respeito de Deus. “Nele vivemos, nos movemos e existimos.”

Deixe-me colocar de outra forma. Sem ele nós não poderíamos viver. Nossa existência seria estática, inerte. Não poderíamos nos mover! Aristóteles entendeu isso! Para tudo que se move neste mundo, tem que ter sido movido por algo que não seja ele próprio. Então nossa movimentação depende no Ser de Deus. Nele vivemos e nos movemos e existimos.

Deixe-me só dizer o seguinte. Nós debatemos o tempo todo sobre: “Nós podemos provar a existência de Deus?” Nós definimos Deus como um Ser eterno do qual todas as coisas vêm e de quem todas as coisas dependem. Eu acho que tal proposição pode ser provada de maneira indubitável e constrangedora em cerca de dez segundos. Dez segundos! Nós não temos que saltar num abismo de trevas e abraçar a Deus com um salto de fé. É racionalmente constrangedor! Como pode ser?

Se qualquer coisa existe… qualquer coisa, estes óculos… algo, em algum lugar, de alguma maneira, deve ter o poder de existir em si mesmo. Sem isso, nada pode existir. Novamente, se já houve um tempo em que nada existia, imagine um vasto vazio no universo, pura escuridão. Nada! Sem estrelas, sem pessoas, sem oceanos. O que pode sequer existir agora? Nada.

Extraído do site ligonier.org. © Ligonier Ministries. Original: R.C. Sproul on God’s “Being” and Apologetics [VIDEO] 
Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel – Ministério Fiel

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Mendigo entra na igreja e solta a voz!

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Por Carlos Reghine

Um vídeo está bombando na web, um mendigo entra na igreja e solta a voz, aliás, uma linda voz, e canta a música “Um milagre em Jericó”. 

Informações na página do Youtube relatam que o mendigo mora em Santos Dumont - Minas Gerais, o nome dele é Antenorgenes, é usuário de crack e anda pedindo dinheiro nas ruas! Orem por ele para que Deus possa libertá-lo desse mal.

Vale conferir:



Fonte: Reformando-me
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Quero trazer à memória

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Por Norma Braga


Há muito do velho paganismo em nós. Mesmo o mais racionalista dos seres pode manifestar uma ponta de irracionalismo quando, por exemplo, adia ad infinitum a visita ao dentista esperando inconfessadamente que o problema se resolva por si.

Mas, ao contrário do racionalista que às vezes se comporta de modo irracional, tenho uma personalidade naturalmente inclinada para o irracionalismo. Foi o que me levou a buscar Deus nos meios esotéricos, por exemplo, antes de me converter. Uma das manifestações mais dolorosas dessa inclinação é a presença de medos obscuros e inconfessáveis cuja irrealidade só é percebida com muito custo.

Cito alguns. Um pavor antigo, desde criança, era a possibilidade de ficar louca do nada, ou de bater a cabeça no chão em algum acidente e perder as faculdades mentais mais básicas. Derivava de uma pregação comum no esoterismo: a mente podia transformar os pensamentos em realidade. Uma vez convencido disso, tente dormir à noite enquanto seu cérebro fabrica os acontecimentos mais indesejados de sua vida.

Boa parte disso foi debelada com o trabalho do Espírito Santo em mim. Com poucos anos de conversão, pude identificar de imediato um inacreditável twist argumentativo em uma irmã que citou Jó para confirmar o ensinamento esotérico: “Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece” (Jó 3.25) – um desabafo evidentemente descritivo. Se Deus não tivesse me transformado, sabe-se lá que tipo de síntese mística eu teria feito com o cristianismo.

Deus continua debelando em mim os medos mais tenazes. O processo de cura, como descobri, é exemplificado em Lamentações 3: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3.21). Assim como o versículo de Jó, essa frase tem sido retirada de seu contexto para justificar uma esperança mundana, baseada na lembrança de “tempos melhores”. Mas relembrar o passado feliz em um contexto infeliz, além de nada garantir para o futuro, é uma verdadeira tortura autoinfligida. E pior: às vezes não há o que lembrar. Uma infância infeliz, uma cadeia de insucessos amorosos, o cotidiano de pobreza que atravessa gerações... Nesses casos, como o versículo se aplicaria? Percebe-se então que a ênfase do texto não pode estar nos fatos da vida. Mas onde estará?

Vejamos. Jeremias relembra o passado, mas um passado nada glorioso: “Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do furor de Deus” (Lm 3.1), resume ele seus infortúnios. Todo o livro é uma grande lista de infortúnios, resultantes dos contínuos pecados do povo de Israel. Até que o versículo 21 do capítulo 3 inaugura a mudança de foco:

"Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a a cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele."

Onde Jeremias foi buscar esperança? Nenhum acontecimento pessoal é evocado, mas sim essa característica divina: o Deus de Israel é misericordioso. Caso haja arrependimento, Sua ira não dura para sempre. Jeremias sabia disso a partir do registro de tudo o que havia sido feito a seu povo até então. Hoje, também sabemos disso, primordialmente, pelo registro bíblico de tudo o que Deus fez nas vidas de Abraão, Moisés, Josué, Isaías, Paulo e de todos aqueles que, tendo sido alvo da grande misericórdia do Senhor, andaram com Ele. Assim como somos “enxertados” na família da fé (Rm 11), também ocorre conosco essa apropriação da vivência de outros: todo novo cristão, inicialmente sem referenciais para pensar e enxergar Deus, apropria-se das maravilhas do passado e as integra a seu horizonte. Quando não há lembrança pessoal dos feitos de Deus, a fé inaugura o processo e a Palavra entra como experiência adquirida.

Nova convertida, eu não tinha acesso à experiência direta com a cura divina de meus temores. Foi trazendo à memória o caráter de Deus, com o poder do Espírito Santo, que meu coração foi orientado para a segurança da onipotência do Pai sempre que pseudoverdades, tais como a do pensamento mágico e do poder da mente, ameaçavam me submergir. Em um processo longo, que durou anos (e ainda continua em alguma medida), grandes medos foram vencidos com a lembrança – em meio a grande choro e oração – de que toda a realidade está nas mãos dele. Diante de pecados recém-descobertos, é a partir da experiência adquirida biblicamente que precisamos clamar: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” Não algum ponto de nosso passado, que no caso sequer existe, mas o foco no contínuo educar da mente para pensar toda a realidade – inclusive a realidade mais apavorante dos medos obscuros – segundo os conteúdos expressos em Sua Palavra: o que pode – é capaz – de nos dar esperança é o maravilhoso caráter de nosso Deus, atestado nos relatos de nossa fé e posteriormente, se o provamos (Sl 34.8), na nossa vida.

Racionalista ou irracionalista, sejam quais forem os males que o assediam, você deve se apropriar conscientemente dessa Palavra que agora, por causa do nosso enxerto na família de Deus, pertence-nos por completo, como parte da própria seiva que nos alimenta como galhos enxertados. Se não o fizer, sua esperança será puro saudosismo, sem apoio consistente algum.

Oro para que você faça isso, aplicando-a contra todos os seus pecados e em todas as suas aflições.

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Por que você faz o que você faz?

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Fonte: Vlog do Yago
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Um chamado para os jovens


Por Pr. Clodoaldo Machado

Quando encontramos a salvação em Cristo Jesus, inicia-se em nosso coração uma batalha. A Bíblia nos diz que esta não é uma batalha pequena, é uma grande guerra capaz de consumir muito esforço. Esta luta é contra o pecado. É uma luta tão intensa que o livro de Hebreus a compara com um derramamento de sangue: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hb.12.4). Todos os crentes em Cristo Jesus estão inevitavelmente envolvidos nesta batalha, ninguém está isento dela. Assim, todos temos que lutar para a glória de Deus.

O que a Bíblia também ensina é que esta luta pode ser diferente de pessoa para pessoa. Todos lutam, mas há diferenças entre as batalhas que cada um tem. João Batista demonstra esta diferença. Quando ele estava no rio Jordão batizando as pessoas que demonstravam arrependimento, vieram a ele para serem batizados alguns com motivações erradas. Ele os advertiu com veemência por aquela atitude. Então começaram a perguntar a ele o que deveriam fazer. João Batista difere aquelas pessoas em suas lutas contra o pecado. Aos que tinham duas túnicas e comida, ele diz que deveriam repartir com quem não tinha. Aos publicanos, ele diz que não deveriam cobrar além do estipulado. Aos soldados, ele diz que não deveriam maltratar as pessoas, nem dar falso testemunho e deveriam contentar-se com o seu soldo (Lc.3.7-14). Notemos que entre aquele grupo as lutas contra o pecado teriam modalidades diferentes. Para uns, a luta se apresentaria de uma forma e para outros, de outra. Portanto, precisamos reconhecer que a luta contra o pecado pode ser diferente de pessoa para pessoa.

Quando pensamos nos jovens, a Bíblia os tem chamado à pureza. Eles, como todos os outros crentes são chamados a manterem uma vida pura. O crente que reconhece o que Deus fez por ele vai desejar viver para o inteiro agrado de Seu Salvador, e isso envolve o empenho por uma vida santa.

O salmo 119.9 fala especificamente à juventude e diz: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.”

Aqui podemos pensar sobre a pureza na vida dos jovens. Este versículo da Palavra de Deus tem muito a dizer àqueles que querem lutar com destreza contra o pecado. Deste versículo, podemos extrair verdades que ajudam o jovem em sua luta pela pureza. A palavra jovem aqui fala de alguém com pouca idade, porém capaz de assumir responsabilidade. A palavra hebraica é a mesma usada para Geazi, o moço de Eliseu (2Ra.5.20), um jovem que tinha tarefas a realizar e era considerado responsável. Ainda que a palavra possa ser usada para crianças, estamos falando de jovens.

De que maneira o jovem pode travar a luta contra o pecado?

Primeiro, reconhecendo que há problemas específicos da juventude. Quando pensamos na juventude, a Bíblia também reconhece que há uma luta específica para ela. A palavra de Deus afirma que os jovens têm tentações próprias da idade. O livro de Provérbios fala com muita clareza sobre os problemas que a juventude enfrenta (Provérbios 7, por exemplo). Isto nos mostra que há problemas próprios desta fase da vida. Eclesiastes fala aos jovens: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec.12.1). Pedro também escreveu: “Rogo, igualmente aos mais jovens: Sede, submissos aos que são mais velhos; outrossim no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede sua graça” (1Pe.5.5). A Bíblia nos diz que devemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg.4.7), porém quando se trata das paixões da mocidade ela ordena os jovens a fugirem (2Tm.2.22). A respeito disso, Paul Washer disse com peculiaridade: “As paixões da mocidade são mais perigosas que o diabo”. Não devemos pensar que os problemas dos jovens são todos comuns às outras faixas etárias. Eles têm sofrimentos peculiares para manter uma vida pura. Jovens humildes começam a sua luta contra o pecado reconhecendo que existem dificuldades especificas para eles. Sem este reconhecimento, a derrota pode ser inevitável.

A segunda maneira para lutar com destreza contra o pecado é crendo que a pureza é possível. O salmista afirma que há uma maneira para o jovem guardar puro o seu caminho. Deus não chamaria os jovens à pureza se isso não lhes fosse possível. Aqui ele fala de uma conduta pura. Somos tentados a pensar que a pureza para alguns é impossível. Tendemos a tolerar uma juventude impura, afirmando que isso é próprio da idade. Somos tentados a ouvir os conselhos mundanos que dizem que os jovens devem ter a liberdade para extravasar seus desejos, seus impulsos biológicos e aproveitar esta fase da vida. Isso é contrário à Palavra de Deus. Ainda que jovens tenham lutas específicas de sua idade, a pureza não é impossível para eles.

A pureza, porém, não é uma vida perfeita, onde não há a presença do pecado. Sabemos que enquanto estamos aqui neste mundo vivemos lutando com o pecado. A pureza aqui é uma vida de santificação progressiva, de crescimento espiritual, uma vida vivida sob a luz do Evangelho, sem obscuridades. Jovens puros não têm nada a esconder. Eles não se envergonham do que veem na internet, não se envergonham do que assistem na TV, não se envergonham do que fazem com alguém do sexo oposto. Eles agem assim, não porque são perfeitos a ponto de estarem totalmente livres do pecado, mas sim porque são puros. Davi orou e pediu a Deus um coração puro (Sl.51.10). Ele desejava um viver que agradasse a Deus. A pureza é possível e jovens humildes a buscam para a glória de Deus.

A terceira maneira para lutar com firmeza contra o pecado é reconhecendo a exclusividade da Palavra de Deus para a pureza. O salmista afirma que um caminho puro é conseguido quando ele é observado por meio da Palavra de Deus. Jesus afirmou que por meio de Sua Palavra seus discípulos estavam sendo limpos, a fim de que produzissem mais fruto (Jo15.1-3). Paulo escreveu que a Igreja tem sido purificada por meio da lavagem de água pela palavra (Ef.5.26). O salmo 19.8 diz que o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.

A pureza é alcançada quando a mente está cheia da Palavra de Deus. Isso envolve tempo, disposição e empenho. Quando a mente é renovada o resultado é um caminhar puro. Isto requer comprometimento com a igreja. A palavra de Deus está na igreja. Ela é a coluna e baluarte da verdade (1Tm.3.15). Sem um envolvimento sério com a igreja, não se consegue um coração cheio da Palavra de Deus. Aqueles que resolverem lutar contra o pecado sem estarem protegidos pela comunhão com a igreja já começarão perdendo. É por meio da igreja que recebemos a Palavra de Deus, através do ensino e dos conselhos sábios (1Ts.5.12-14). Sem uma igreja que leve o ensino a sério não teremos um coração cheio da Palavra de Deus. Por meio da igreja, temos companhia e assim podemos perceber os efeitos da Palavra de Deus em nossas vidas e também na vida de nossos irmãos. Por meio da igreja, temos a proteção a fim de não nos afastarmos do caminho santo. Quando os jovens ficam reclusos e começam a se isolar, vão gradativamente se afastando da igreja, e isso pode ser um sinal claro de impureza em seu caminho. O pecado é sempre isolacionista, sempre quer manter seus segredos. O jovem que observa seu caminho segundo a Palavra de Deus está comprometido com a igreja, e assim é protegido de si mesmo.

Portanto, os jovens são chamados para um caminhar puro neste mundo. Isto não é uma utopia, isto é uma possibilidade real. A juventude tem sua luta, ela não é pequena, entretanto ela não é uma guerra invencível, porque em Cristo Jesus somos mais que vencedores.vencedores.

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- Clodoaldo Machado pastoreia a Igreja Batista Parque Industrial em São José dos Campos – SP desde o ano 2000. É bacharel em teologia pelo Cetevap – Centro de Estudos Teológicos do Vale do Paraíba, e pós graduado em aconselhamento bíblico pela Faculdade Teológica Batista de Campinas e Southeaster Baptist Seminary (EUA). Pr.Clodoaldo é casado com Patrícia e tem dois filhos, Nathan e Nathalia.

Fonte: Editora Fiel
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O Espírito Santo e os dons naturais

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Por Márcio Jones

Que o evangelho não se resume a uma proposição filosófica, calcada em sabedoria humana, isso é claro, notório e indiscutível. O alcance da verdade revelada de Deus nem sequer é possível mediante a ação ainda que dos mais brilhantes intelectos que já houve sobre a Terra, pois se do contrário fosse, o homem poderia se gloriar em ter conhecido o Senhor por seus próprios méritos. Entretanto, Deus fez conhecida a sua estupenda sabedoria, que outrora se encontrava oculta (1 Co 2:7), por intermédio da revelação da pessoa de Cristo. 

Cabe enfatizar que a inteligência humana não apreende por si só essas verdades. Quando, porém, lhe é desvelado o conteúdo do evangelho, então o homem não só as entende, mas também as aceita (1 Co 2:15), passam a lhe fazer sentido (2 Co 4:3-5). É dizer, citando John Stott, "crer é também pensar". 

Nessa esteira, não poucos apresentam um contraste entre a fé e o raciocínio; entre o Espírito Santo e Sua obra de um lado e os dons naturais e a educação do outro. Afirmou Lloyd-Jones que "alguns parecem ter a ideia de que absolutamente nada importa, exceto que o homem seja convertido e receba o dom do Espírito Santo. E então, baseados nisso, há os que alegam que, seguramente, não importa quais sejam os dotes naturais da pessoa; não importa se ela é inteligente ou não, se é instruída ou ignorante - nada importa, senão o poder do Espírito". 

Ora, a Escritura contradiz o referido ponto de vista. Basta folhear suas páginas e perceber que Deus usou homens notáveis, de destacada capacidade, de brilhantismo inequívoco, que foram preparados de maneira singular. Vejamos Moisés, v.g., com habilidades naturais notórias e um grande saber adquirido na casa de Faraó. Notemos Isaías, com sua linguagem apresentada em forma de argutos e vigorosos argumentos, demonstrando o grande poeta que era. Cheguemos a Saulo de Tarso. O que dizer deste erudito? Judeu, educado como fariseu, teve o privilégio de ser instruído aos pés de Gamaliel, o maior mestre dentre os fariseus. Além de ser um homem oriundo de um dos maiores centros de cultura da época, similar à Atenas e Alexandria. O Senhor utilizou-se nitidamente de de toda essa capacidade para realizações especiais. É inegável. Vemos ainda base sólida para esse argumento ao longo da história da Igreja cristã. Homens de extrema capacidade e extraordinariamente dotados foram Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, João Wesley e tantos outros. 

O que resta sabermos, sim, é que não devemos estabelecer a nossa confiança nos dons naturais. Não devemos nos gloriar neles, creditar a eles nosso êxito. Essa, segundo o Dr. Lloyd-Jones, foi a preocupação de Paulo ao escrever aos coríntios. "Os dons naturais não são descartados nem deixados de lado pelo Espírito Santo. O Espírito Santo exerce controle sobre eles e faz uso deles".

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Análise honesta dos erros dos reformadores

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Por -
Silas Daniel
 

Falta honestidade nas análises que alguns fazem dos erros dos reformadores. Duas nuances, por exemplo, são completamente ignoradas. 

Em primeiro lugar, lembremos que os reformadores não eram super-homens espirituais, assim como Abraão, Isaque, Jacó, Elias, Davi, Salomão e outros servos de Deus no passado não eram. Todos estes que citei tiveram falhas, umas maiores, outras menores, mas todos tiveram. E sabe qual é uma das coisas mais lindas na Bíblia? É que ela não esconde as falhas dos heróis da fé. Já imaginou se escondesse? Se ela o fizesse, ao lermos a história dos homens de Deus na Bíblia, diríamos: “Meu Deus, eles eram tão perfeitos! Não há como eu poder ser usado por Ti como eles foram, pois sou tão falho...

Graças a Deus por não esconder as falhas dos heróis bíblicos! Graças a Deus por ela mostrá-los como eles realmente são! Diferentemente do que faziam os historiadores das nações da Antiguidade. Estes eram funcionários do reino e, por isso, tão tendenciosos que a maioria deles escondia todas as falhas dos reis, exaltava só as virtudes e ainda escondia relatos de derrotas em guerras contra outras nações. Esses funcionários relatavam só as vitórias. Por isso, para saber a verdade sobre determinados povos da Antiguidade, os historiadores modernos tiveram, em muitos casos, de comparar o que historiadores coetâneos de nações inimigas diziam sobre aqueles reis.

A Bíblia, porém, não mente, não camufla. Deus não dá “jeitinho” para ninguém. A Bíblia não esconde os erros dos heróis da fé. Ela mostra o ser humano como ele é, falho e extremamente necessitado e dependente da graça, da misericórdia e do perdão de Deus para ser restaurado, abençoado e se tornar uma bênção.

Enfim, ao mostrar os heróis da fé com suas falhas, a Bíblia nos ensina que Deus não faz a obra simplesmente através de nós. Ele faz Sua obra através de nós e apesar de nós, ou seja, apesar de nossas falhas. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e pôde ser usado por Deus como foi (Tg 5.17). Davi foi tremendamente falho, mas se arrependeu e pôde ser usado por Deus como foi. Nós somos falhos, mas podemos ser usados por Deus apesar de nossas fraquezas.

Então, não precisamos olhar para a Reforma para aprender que homens de Deus podem falhar. Basta lermos a Bíblia. Quem lê a Bíblia não se impressiona com a fraqueza humana, mesmo nos filhos de Deus. 

Agora, em segundo lugar, devemos aprender a fazer distinção entre os que erram por fraqueza (como os reformadores) e os que erram por falta de conversão mesmo, porque são ímpios travestidos de cristãos (aqueles que demonstravam viver divorciados dos princípios do Evangelho e ainda fizeram atrocidades em cima de atrocidades em nome de Deus). No primeiro caso, não devemos ignorar os erros, mas também não devemos comprometer toda a obra de uma vida dedicada ao Senhor por causa desses erros isolados. Lutero, Calvino e outros foram grandes homens, apesar de suas terríveis falhas. Já no segundo caso, devemos rechaçar esses falsos irmãos, que dizem que estão no Evangelho, mas o Evangelho não está realmente neles. Estes podem não se envergonhar do Evangelho, mas ele se envergonha deles.

Enfim, aprendamos com os erros e acertos dos reformadores. Seus erros pontuais não devem ser esquecidos por terem sido apenas pontuais, mas também não devem ser usados desonestamente para diminuir a importância do que fizeram sob a graça e a inspiração divinas. 

E uma última reflexão: assim como os erros cometidos no passado por célebres homens de Deus foram quase sempre frutos da influência do contexto histórico de suas épocas sobre eles, muitos cristãos repetem esse erro hoje quando se deixam influenciar pelo atual contexto histórico, pelos princípios da Pós-modernidade, na formação de sua mentalidade. Aprender com os erros dos reformadores e com o Sola Scriptura nos leva a não cometermos os erros desses cristãos de hoje. 

Silas Daniel

Mensagem de Paul Washer para os cristãos brasileiros

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Como dissemos na postagem anterior, gravamos na 28ª Conferência Fiel uma mensagem exclusiva com Paul Washer, onde ele fala aos cristãos brasileiros sobre disciplinas espirituais como leitura e memorização bíblica e oração. Washer nos incentiva a lutar contra a apatia e preguiça espirituais para crescermos em santidade e conformidade com Jesus Cristo.



Quanto a leitura bíblica, eu tenho usado um plano de leitura que John Piper recomenda. Ele possui alguns dias de folga – extremamente útil para procrastinadores e ajuda a não desanimar da leitura em casos de atraso.  Você pode baixar o plano de leitura aqui, mas sugiro que leia todo o especial sobre o meio da graça da leitura bíblica. Você pode ver as postagens sobre oração também.

  • Transcrição

Olá, meu nome é Paul Washer e estou aqui no Brasil pela primeira vez em meus 30 anos de ministério. Eu acabei de pregar e, agora, estou indo pregar em outro lugar, mas gostaria de dizer um oi e cumprimentar os cristãos aqui do Brasil.

Eu também quero encorajá-los a estudar as Escrituras e comparar o que vocês têm aprendido nas Escrituras com outros crentes piedosos ao longo das eras. Sejam muito cuidadosos com o evangelicalismo moderno e com todas essas coisas que estão acontecendo.

Aprendam a andar na simplicidade da obediência. Aprendam a andar em santidade. A maior paixão de vocês deve ser estar cada vez mais devotos à pessoa de Cristo. Entendê-lo, entender o que Ele fez por vocês e servi-lo com tudo o que vocês têm.

Nós vivemos em um mundo muito corrupto, agora. Um mundo que está extremamente caído e que expressa a sua raiva e hostilidade contra Deus. Devemos perceber que viver em um lugar tão corrupto também pode nos contaminar. Então, sejam muito cuidadosos com o modo que vocês andam. Não andem como o tolo, mas andem como o sábio.

Estudem a Bíblia todos os dias de suas vidas. Vivam em seus joelhos. Levem toda necessidade, “tudo a Deus em oração”.

Para vocês, jovens cristãos, uma das melhores coisas que eu posso recomendar é algo que tenho praticado por muitos anos: leiam sistematicamente toda a Bíblia. Comecem em Gênesis e leiam tudo até Apocalipse; e, quando acabar, comecem tudo de novo.  Outra coisa maravilhosa que irá ajudá-los a crescer no conhecimento da Palavra é: se enquanto leem a Bíblia vocês não entenderem algo, peguem um caderno e escrevam uma breve pergunta sobre o que não entenderam e continuem lendo. O que acontecerá de maravilhoso é que, quando vocês voltarem a ler a Bíblia inteira novamente, pela segunda vez, vocês serão capazes de responder muitas das suas perguntas com as próprias Escrituras. Enquanto fazem isso, vocês crescerão gradualmente no conhecimento de Deus e de Cristo.

Outra coisa que quero recomendar é isto: se vocês estiverem estudando muito as Escrituras, horas por dia, mas sem oração, então muito desse conhecimento se tornará em orgulho e não produzirá muita piedade em suas vidas. Então, vocês precisam estudar as Escrituras, mas também precisam orar. A oração não é apenas intercessão, mas, também, simplesmente estar com Deus. Vocês poderiam inclusive estudar as Escrituras de joelhos. Muitas vezes, eu ajoelho ao lado de minha cama e coloco a Bíblia sobre ela e leio o texto de joelhos. Quando algo chama minha atenção, eu as elevo a Deus; e quando vejo algo nas Escrituras que não vejo em minha vida, peço para Deus me ajudar, naquele exato momento.

Sabe, o grande desejo de Deus para vocês é conformá-los a imagem de Seu Filho, Jesus Cristo. Isso não acontecerá se forem apáticos e passivos. Paulo fala inclusive de como precisamos nos disciplinar.

Deixe-me repetir isso. Estudar as Escrituras, mas sem pular por elas. Leia de Gênesis até Apocalipse. Além disso, vivam uma vida de oração; não somente a oração, mas também a memorização da Escritura, pois vocês não poderão ter a Bíblia aberta diante de vocês durante o dia inteiro. Então, aprendam a memorizar a Escritura. Vocês sabiam que existem pessoas que memorizaram o Novo Testamento inteiro, todos os Evangelhos, o livro inteiro dos Salmos, e coisas assim? Vocês também conseguem! Eu me lembro de conversar com um homem que é bem conhecido pela sua capacidade de memorização da Escritura. Eu disse: “irmão, Deus lhe deu um dom para memorizar tantos trechos das Escrituras”. Você sabe o que ele me disse? Ele disse: “Não, de forma nenhuma. Eu simplesmente me esforcei mais do que você”.

É isso que eu quero que vocês vejam. Para mim, não é fácil ler a Bíblia sempre, não é fácil orar, porque a carne odeia isso. Então, o que vocês precisam entender é que todos nós precisamos lutar contra a apatia. Todos nós precisamos lutar contra a preguiça espiritual. Porém, são aqueles que lutam contra isso que prevalecem e progridem em santidade. Isso é muito, muito importante. Vocês não se santificarão, vocês não crescerão em sua conformidade com Cristo sem fazer nada.

Deus os abençoe. Eu oro que Ele lhes prospere em tudo, conforme a Sua vontade. Deus os abençoe.

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Por: Paul Washer © HeartCry Missionary Society | hcmissions.com
Entrevista, tradução e legenda: Voltemos ao Evangelho
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Perdemos a fé ou amadurecemos?

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Por André R. Fonseca
 — Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.”

— Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” E Jesus terminou, dizendo: — Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido..
Lucas 18:11-14 [NTLH]

Ouvi uma amiga dizer que perdeu a fé. Na verdade, não foi a primeira vez que ouvi esta declaração; eu mesmo já me perguntei algumas vezes se não perdera a fé. Depois de muita reflexão e comparação de casos, concluí que não perdemos a fé; mas, como tudo na vida, amadurecemos. Só isso...  "Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança." 1 Coríntios 13:11 [NTLH]

O que deixamos para trás, na verdade, é a crença no mito, ou misticismo. Aquela crença ingênua em coisas quase supersticiosas que não encontram mais lugar numa nova realidade de fé amadurecida. A insistência em permanecer na idiossincrasia daquele grupo do qual você não faz mais parte é que lhe dá a impressão de que perdera a fé. 

O engraçado é que, ao chegarmos neste ponto de nossa caminhada cristã, questionamos não somente a nossa fé, mas também a tal intimidade com Deus. Somo induzidos a pensar assim por uma quebra de paradigma, pois acredito que seja exatamente a nossa intimidade com Deus que nos proporciona o amadurecimento da fé. Nossa fé amadurece na proporção de nossa intimidade com Ele.

Outra questão essencial do amadurecimento cristão, embora esquecido pelo cristianismo moderno, está além do encontro com o transcendente. Todo cristão deveria buscar ter um encontro consigo mesmo. A experiência cristã deveria proporcionar ao crente uma descoberta de si mesmo. Filosofia e Religião nunca deveriam ter se separado! Onde está o cristão convertido pela percepção da realidade de quem ele mesmo é? A conversão ao cristianismo deveria ser fruto não só do encontro com o transcendente; mas, também, pelo encontro consigo mesmo... Santo Agostinho deveria ser nosso modelo!

Não! Não estou delirando. Quando Jesus Cristo nos ensina aquela parábola do fariseu e o publicano, não resta dúvida que o mais importante na experiência religiosa cristã está no encontro do cristão consigo mesmo. Já faz tempo que propugno meu pensamento a respeito disso: "A boa teologia é aquela que mostra as qualificações de Deus e as desqualificações do homem diante dEle." Portanto, não adianta buscar um encontro com Deus e ter intimidade com Ele se você mesmo não sabe quem você é! O publicano era réu confesso, e o fariseu não cometia aqueles pecados, observava a lei, parecia fazer tudo direitinho. Jesus Cristo não diz que aquelas alegações do fariseu eram falsas, bem que poderiam ser verdadeiras. Contudo, Jesus Cristo afirma que Deus não atentou para as qualidades do fariseu, mas o publicano teve um encontro com Deus e foi aceito por Ele, porque tivera, primeiramente, um encontro verdadeiro consigo mesmo. Como você poderia humilhar-se diante de Deus sem ter a mínima percepção de quem você realmente é? A falta de reconhecimento de quem eu verdadeiramente sou me faz agir como fariseu!

Se você está atravessando a mesma crise porque passou a olhar um pouco mais para dentro de si mesmo e abandonou a infantilidade espiritual, você está no caminho certo. Agora você é adulto e parou de agir como criança - 1 Coríntios 13:11 [NTLH].

Autor: André R. Fonseca
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca
Fonte da imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3c/Hobby-Horse.jpg

Fonte: teologia et cetera
 

Boa pergunta, resposta ingênua!

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Por André R. Fonseca
 

Boa pergunta: “A internet é uma boa fonte de informação e pesquisa, mas como saber o que ler e confiar? Será que podemos confiar em qualquer estudo bíblico que encontramos na internet? A dúvida é a mesma para livros. Quais livros devemos ler para ter a certeza de que estamos estudando uma teologia saudável e de acordo com a nossa doutrina?”

Resposta ingênua: “A maneira mais fácil de identificar se o que estamos lendo é um bom material de estudo bíblico, seja na internet ou nos livros, será pela quantidade de citação bíblica. Um bom e confiável estudo é aquele que tem muitas citações bíblica, quanto mais melhor!”

Quem fez a pergunta está consciente que o mundo não é cor de rosa e reconhece, também, que suas limitações o impede de julgar o que é bom e o que não é. Ciente das suas próprias limitações e dos riscos que corre, faz o que é certo: pede orientação sobre o que deve ler para alguém de confiança e que já trilhou o caminho que ele está para se aventurar.

Infelizmente, uma das resposta que ele não deveria ouvir foi essa aí acima. Uma resposta que só pode refletir a ingenuidade de quem também não sabe avaliar um bom estudo bíblico. O ingênuo autor dessa resposta nunca deve ter lido uma obra como o “Evangelho puro e simples” de C. S. Lewis. Uma obra verdadeiramente impregnada das mais puras e cristalinas verdades do Evangelho em páginas e mais páginas sem uma única citação bíblica.

Se empurrarmos essa resposta da ingenuidade para algo minimamente sério, precisaremos considerar os estudos dos Testemunhas de Jeová negando a divindade de Cristo como verdadeiros e dignos de toda confiança. Procure uma revista das Sentinelas sobre qualquer assunto e veja se não estão carregados de citações bíblicas.

Se a quantidade de citações bíblicas é o segredo para discernir entre o estudo verdadeiro e o falso, Satanás estava no caminho certo quando tentou Jesus. Não estava? Quando os doutores da lei tentavam arrumar ciladas para pegar Jesus em alguma falta, eles partiam de princípios bíblicos com citações da lei para construir suas artimanhas. Não é verdade?

Será mesmo esse o critério aceitável? É claro que não” Mas qual seria, então, uma resposta adequada? Bem, acredito que a resposta seja simples: compre livros por editora e autor. Uma boa editora mantém uma equipe de consultores renomados para avaliar a qualidade do que pretende publicar. Ou vai me dizer que você tem melhores condições de avaliar um material para leitura do que as grandes editoras como SBB, Vida ou Mundo Cristão? Se resolver não escolher pela editora por acreditar que haja algum interesse comercial que comprometa a qualidade da publicação, fique com os autores clássicos. Esta turma da antiga como Karl Barth, C. S. Lewis, C. H. Spurgeon, Jonathan Edwards e Santo Agostinho já escreveram o suficiente para elevar qualquer cristão ao nível mais alto de exercício intelectual e de fé. Se desejar ler algo mais contemporâneo, leia Russel Shedd, John Stott, J. I Packer, John Piper, Augustus Nicodemus ou Luiz Sayão.

E quanto à internet? Bem, aí ficamos com o conselho de Paulo: “julgai todas as coisas, retende o que é bom.” 1 Tessalonicenses 5:21. Até mesmo porque eu precisava fazer pelo menos uma citação bíblica para encerrar o texto, ou correria o risco de não ter a aceitação de todos os leitores! :) 
  
Autor: André R. Fonseca 
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca
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