Concepções Errôneas quanto à Natureza da Igreja

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Por João Calvino (1509-1564)

- Com seu dilema, não tão prementemente nos arrocham que nos forcem a confessar, ou que a Igreja esteve por algum tempo semimorta, ou que agora estejamos nós em conflito com a Igreja. A Igreja de Cristo certamente tem estado viva, e viva continuará por quanto tempo Cristo reinar à destra do Pai, por cuja mão é ela sustentada, por cuja proteção é guardada, por cujo poder ela retém sua intangibilidade. Pois ele cumprirá, indubitavelmente, o que uma vez prometera, a saber, que haverá de estar com os seus até a consumação do mundo [Mt 28.20]. No momento não sustentamos contra ela nenhuma luta, uma vez que, em pleno consenso com todo o corpo dos fiéis, cultuamos e adoramos ao Deus único e a Cristo, o Senhor [1Co 8.6], nos moldes em que tem sido sempre adorado por todos os piedosos. Entretanto, eles não se desviam pouco da verdade, quando não reconhecem nenhuma Igreja senão aquela que descortinam pela visão natural e a tentam circunscrever aos limites a que, de modo algum, foi ela confinada.

A controvérsia gira nestes gonzos: primeiro, que eles contendem dizendo que a forma da Igreja é sempre concreta e visível; segundo, que identificam a própria forma com a sé da igreja romana e a ordem de seus prelados. Nós afirmamos, em contrário, não só que a Igreja pode subsistir sem nenhuma expressão visível, nem que ela contém a forma nesse esplendor externo que estultamente admiram, mas, em marca bem diferente, a saber, na pregação pura da Palavra de Deus e na legítima administração dos sacramentos.

Eles se exasperam quando nem sempre podem apontar a Igreja com o dedo. Quão freqüentemente, porém, aconteceu de ela deformar-se ante o povo judeu a tal ponto que não podia ser distinguida por nenhuma aparência? Que forma pensamos haver ela refulgido, quando Elias deplorava por ter ficado sozinho? [1Rs 19.14].

Quanto tempo, desde a vinda de Cristo, ela ficou obscura e sem forma? Quantas vezes, desde essa época, ela foi de tal modo oprimida por guerras, por revoltas, por heresias, que em parte alguma fosse contemplada com esplendor? Se porventura tivessem vivido nesse tempo, teriam crido existir então alguma Igreja? Elias, porém, ouviu que foram conservados sete mil homens que não tinham dobrado os joelhos diante de Baal [1Rs 19.18]. Tampouco nos deve pairar alguma dúvida de que Cristo sempre reinou na terra, desde que subiu ao céu. Com efeito, se então os piedosos houvessem requerido alguma forma perceptível aos olhos, porventura não teriam prontamente cedido ao desânimo?

Aliás, já em seu século, Hilário havia considerado ser um mal superlativo que, tomados de estulta admiração pela dignidade episcopal, não se apercebiam que se ocultava por debaixo dessa máscara mortífera e sinistra, porque assim fala contra Auxêncio: “De uma coisa vos advirto: Guardai-vos do Anticristo! Pois é mal que de vós se haja apoderado o amor às paredes, mal que venerais a Igreja de Deus em tetos e edifícios, mal que sob essas coisas introduzis o nome de paz. Porventura é passível de dúvida que nestes o Anticristo haverá de assentar-se? A mim mais seguros são as montanhas, as florestas, os lagos, os cárceres e as furnas. Pois nestes, profetiza o Profeta, ou habitam, ou são lançados.”

Entretanto, o que hoje o mundo venera em seus bispos cornudos, senão que presume serem santos prelados da religião aqueles a quem vê presidirem às cidades de maior renome? Fora, portanto, com tão estulta admiração! Antes, pelo contrário, uma vez que só ele sabe quem são os seus [2Tm 2.19], permitamos ao Senhor isto: às vezes ele até mesmo priva a visão dos homens da percepção exterior de sua Igreja. Confesso que isso é o que merece a impiedade dos homens; por que porfiamos nós em opor-nos à justa vingança de Deus? Em moldes como esses, o Senhor puniu em tempos idos a ingratidão dos homens. Ora, visto que não quiseram obedecer-lhe à verdade, e sua luz extinguiram, quis ele que, tornando-se cegos em seu entendimento, não só fossem enganados por falsidades absurdas, mas ainda imersos em trevas profundas, de tal sorte que não se evidenciasse nenhuma expressão exterior da verdadeira Igreja.

Contudo, em todo o tempo em que ela foi extinta, ele preservou os seus, ainda que não só dispersos, mas até mesmo submersos em meio aos erros e às trevas. Nem é de admirar, pois, que soube preservá-los tanto na própria confusão de Babilônia, quanto na chama da fornalha ardente.

Entretanto, o fato de quererem julgar a forma da Igreja em função de não sei que vã pompa, o quanto isso é perigoso, e para que a exposição não se prolongue desmedidamente, o indicarei em poucas palavras, em vez de tecer-lhe longa consideração. O pontífice, insistem, que ocupa a sé apostólica, e quantos foram por ele ungidos e consagrados sacerdotes, uma vez que sejam assinalados por suas mitras e báculos, representam a Igreja e devem ser tidos como a Igreja. Por isso eles não podem errar. Por quê? Porque são pastores da Igreja e consagrados ao Senhor.

E porventura Arão e os demais guias de Israel não eram pastores? Contudo Arão e seus filhos, já investidos sacerdotes, no entanto erraram quando forjaram o bezerro [Ex 32.4]. Segundo este raciocínio, por que não teriam representado a Igreja aqueles quatrocentos profetas que mentiam a Acabe? [1Rs 22.11, 12]. A Igreja, porém, estava do lado de Micaías, por certo um homem sozinho e desprezível, de cuja boca, entretanto, procedia a verdade.

Porventura os profetas não levavam diante de si não só o nome, como também a forma da Igreja, quando à uma se insurgiram contra Jeremias e, ameaçadores, se jactavam de que não era possível que a lei perecesse ao sacerdote, o conselho ao sábio, a palavra ao profeta? [Jr 18.18]. Jeremias é enviado sozinho contra toda essa horda de profetas, para que da parte do Senhor denunciasse que acontecerá que a lei perecerá ao sacerdote, o conselho ao sábio, a palavra ao profeta! [Jr 4.9].

Por acaso não refulgia tal esplendor naquela assembléia que os sacerdotes, os escribas e os fariseus reuniram a fim de captar pareceres acerca de como tirariam a vida a Cristo? [Mt 26.3, 4; Jo 11.47-53; 12.10]. Que se vão agora e se apeguem à máscara exterior, e assim se façam cismáticos a Cristo e a todos os profetas de Deus; por outro lado, que façam dos ministros de Satanás órgãos do Espírito Santo!

Ora, se estão falando a sério, respondam-me em boa fé: entre que agentes e lugares pensam que a Igreja residia depois que, por decreto do Concílio de Basiléia, Eugênio foi deposto e alijado do pontificado e Amadeu investido em seu lugar? Ainda que se arrebentem, não podem negar que, no que tange à exterioridade, esse Concílio foi legítimo, além de tudo convocado não apenas por um pontífice, mas por dois. Eugênio foi ali condenado de cisma, rebelião e contumácia, juntamente com todo o bando de cardeais e bispos que haviam com ele maquinado a dissolução do Concílio. Entretanto, mais tarde apoiado no favor dos príncipes, recuperou integralmente o pontificado. Em fumaça se desfez essa eleição de Amadeu, solenemente consumada que fora pela autoridade de um sínodo geral e sacrossanto, exceto que o supracitado Amadeu foi aplacado em virtude de um chapéu cardinalício, como um cão a ladrar se cala quando lhe é tirado naco de carne. Do grêmio desses hereges rebeldes e contumazes procedeu tudo quanto em seguida tem havido de papas, cardeais, bispos, abades, padres.

Neste ponto, impõe-se agarrá-los e imobiliza-los. Pois, a qual das duas facções conferirão o nome de Igreja? Porventura negarão que foi esse um Concílio Geral, de nada carecendo quanto à majestade exterior, já que, em verdade, foi solenemente convocado por duas bulas, consagrado mediante o legado da sé romana a presidi-lo, em todas as coisas devidamente conformado às normas regulamentares, a conservar-se sempre na mesma dignidade até o fim? Declararão Eugênio cismáticos com toda sua coorte, pela qual foram todos consagrados?

Portanto, ou definam a forma da Igreja em outros termos, ou, por mais numerosos que sejam, serão por nós tidos como cismáticos quantos, cônscia e deliberadamente, foram ordenados por hereges.

E se nunca antes se fizesse evidente que a Igreja não se prende a pompas externas, eles próprios podem dizer-nos que disso constitui prova abundante, visto que, sob esse pomposo nome de Igreja, por tanto tempo orgulhosamente se apregoaram ao mundo, quando, entretanto, não passavam de pestes mortíferas à Igreja. Não estou me referindo a seus costumes e àqueles atos hediondos de que empanturra o viver de todos, quando, como os fariseus, dizem que devem ser ouvidos, não imitados [Mt 23.3].

Se devotares um pouco de teu lazer a ler estas nossas ponderações, sem sombra de dúvida reconhecerás que a própria, sim, a própria doutrina, à base da qual argúem que devem ser tidos como sendo a Igreja, não passa de mortífero matadouro de almas, tocha incendiária, ruína e destruição da Igreja.

Fonte: [ Liga Calvinista ]
Via: [ Ministério Batista Beréia ]

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Cristianismo de entretenimento!

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Por: John MacArhtur

A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos cultos de entretenimento.

Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.

O que eles querem

Os templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.

Os pastores espirituais estão dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.

O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos freqüentadores atrai muitas pessoas.

Como resultado disso, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho que Deus lhes confiou.

A congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.

A idéia fundamental

O que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender” o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível dos grandes produtos.

Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.

Essa filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho na embalagem cor-reta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.

Além disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.

Outras relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.

O verdadeiro padrão

Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

Devemos observar que as prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo. Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.

Essa é uma responsabilidade de todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).

Estilo de vida

A sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.

Algumas dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.

Considere o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é ilógico.

Por que não realizarmos um verdadeiro show de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?

É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.

Tornando vulgar

Infelizmente, este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.

Creio que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.

Não se apresse em abraçar as tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).

Precisamos tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.

Fonte: [ Plugados com Deus ]
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Artigo sobre o BBB - Crônica

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Crônica sobre o "BBB"

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima terceira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE..

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.

Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns).

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar.... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

Fonte: [ Index Reformado ]

Obs.: Segundo informações (veja aqui), este texto não foi escrito por Luis Fernando Veríssimo. Até o presente momento não possuímos informações de quem realmente seja o autor do mesmo. Se alguém souber, favor deixar um comentário com a fonte na internet.

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Transferindo demônios através do sexo

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Por: Fernando Galli

Estava eu numa viagem missionária no interior de Minas Gerais, comendo meu queijinho mineiro (que delícia!), e ao mesmo tempo navegando pelas páginas ricas em conhecimento teológico (Deus me livre!), quando li: Oração para quebra de laço de alma.

Logo imaginei que fosse crenças do candomblé, quimbanda ou umbanda, mas não. Era uma oração sugerida para destruir o laço que amarra pessoas na carne, na alma e no espírito, quando elas têm relações sexuais fora do casamento. Obviamente, não endosso tais relações, pois a Bíblia as condena, com o nome de fornicação. (1 Coríntios 6:18). Creio também que precisamos pedir perdão a Deus caso venhamos a cometer um ato desses, e abandonar tal ato, para que tenhamos a misericórdia de Deus. (Provérbios 28:13). E que se pecarmos assim, temos o nome de Jesus e seu sacrifício, que nos purifica de todo o pecado (1 João 1:7b; 2:1, 2). Todavia, a "jegada" pentecostista inventou há tempos, pelo que percebi, a crença de que quando uma pessoa fornica, ou até adultera, cria-se um laço espiritual, e esse laço precisa ser quebrado. Queria saber desses jegues onde a Bíblia ensina isso? E como se não bastasse, ainda ensinam que há uma transferência de demônios, nessas relações, e as pessoas neste pecado vão acumulando demônios e, pasme! - Afirmam ser até possível calcular o número de demônios transferidos em cada ato sexual ilícito. Leia e divirta-se:
"Cada relação sexual em casos assim têm o poder de transferência de espíritos (demônios), então veja: se o homem transfere para a mulher o número de demônios recebido através de cada relação sexual que teve e a mulher da mesma forma, um grande número de espíritos imundos tem trânsito livre nessas vidas. É simples fazer o cálculo do número de quantos demônios foram se somando em uma pessoa depois de todas as transferências recebidas através das relações sexuais pecaminosas (fora de aliança de casamento). Mesmo aqueles que se casaram e não fizeram desligamento de alma poderão ter problemas com a influência desses espíritos que foram transferidos, e muitas vezes cogitam a separação consensual alegando incompatibilidade de gênios, o que infelizmente está acontecendo é incompatibilidade de demônios, que brigam por território na vida do casal." - Clique aqui e confira.
Alguém poderia me ensinar a fazer esse "cálculo simples"? Além disso, quando casais que tiveram relações sexuais antes do casório e com o tempo se divorciam alegando incompatibilidade de gênios, na verdade é incompatilibilade entre capetinhas, porque eles brigam por território. Onde a Bíblia ensina isso? Já sei, são mistérios que Deus revela somente aos que trabalham com cura e libertação. Sim, claro!

Mas eu estou interessado mesmo é no "cálculo simples". Não estou preocupado quanto à certeza que tenho de que uma vez a pessoa convertida a Jesus e salva, não resta nenhuma condenação na vida dela, portanto, não há laços espirituais pois Jesus lavou os pecados cometidos, e continua lavando quando nos arrependemos de fato. Não precisamos fazer tipos de orações assim - basta aceitar a Jesus de fato. Quanto idiotice e ignorância que esses pentecosteiros inventam! Depois de ter lido a matéria toda, percebi que o queijinho havia entalado, e precisei tomar meu suco favorito - o de uva. Por favor, como se faz esse cáculo? Preciso muito saber.

Autor: Fernando Galli
Fonte: [ IACS ]

Sola Gratia: A Erosão do Evangelho

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A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.
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Fonte: A Declaração de Cambridge. Para ler a Declaração de Cambridge na íntegra acesse o site Eleitos de Deus.

Extraído do blog: [ Eleitos de Deus ]
Via: [ Fundamentalismo Bíblico Cristão ]

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Cristo e o sofrimento humano

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Cristo e o Sofrimento Humano

Por: Mauricio Andrade

O sofrimento humano deve atingir o cristão na mesma intensidade com que atingiu Jesus Cristo. É impossível imaginar sensibilidade maior do que a demonstrada por nosso Senhor diante da complexidade da angústia, dor e confusão humanas. Observe-se, por exemplo, o choro do Senhor diante do túmulo de Lázaro, em Betânia (João 11.35). Devemos nos perguntar a razão de Jesus ter chorado ali – mas dentro do contexto da narrativa e das informações que ela nos dá. Assim, lembremo-nos de que foi o próprio Jesus que, intencionalmente, demorou-se ainda dois dias onde estava, após receber a notícia da doença de Lázaro. E deixou claro que era melhor que ele não estivesse em Betânia – e não pudesse intervir na doença – a fim de que seus discípulos tivessem nova oportunidade de crer nele. Ou seja, ele sabia o que estava para fazer; tinha o controle da situação e a conduzia para um fim específico e bom. Então, por que ele chora diante daquele quadro de desespero e dor? Por que ele se comove e se agita, tendo Maria a seus pés a dizer-lhe “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido!”? Seria fingimento? Parte de uma atuação diante das pessoas, já que, todo o tempo, ele sabia o que tinha ido fazer ali?

O texto diz, mais de uma vez, que Jesus amava! Ele amava Lázaro e amava suas irmãs. Ele amava pecadores e, no processo de se identificar com eles, amava-os em sua fragilidade, angústia e perplexidade diante da morte. Fragilidade por causa da impossibilidade deles de lidar com a morte de forma cabal; angústia porque a percebem inevitável; perplexidade porque não compreendem completamente que eles mesmos são responsáveis, em seu pecado, pela presença da morte a rondar-lhes a vida.

Finalmente, Jesus chora porque vê a confusão daquelas pessoas que, mesmo confiando nele e conhecendo-o intimamente, estão fracas demais, sob o peso das emoções e da dor, para perceber que podem confiar nele em qualquer momento da vida – ou da morte. Por exemplo, ao ordenar que tirem a pedra que tampava a entrada do sepulcro, Jesus encontra a oposição confusa da própria irmã do morto. Eu e você sabemos que o que Marta mais queria naquele momento era ter seu irmão de volta. E, no entanto – não em falta de fé, mas em confusão de espírito – ela se opõe à retirada da pedra apresentando um motivo menor, banal mesmo, quando se leva em conta tudo o que está acontecendo. Jesus não lhe diz que o milagre não será realizado por causa de sua “falta de fé”. Ao contrário, gentilmente lhe conforta e anima a alma, e prossegue realizando aquilo que já tinha determinado fazer antes mesmo de chegar a Betânia.

Nestes dias quando a notícia da morte repentina de centenas de pessoas atinge nosso país, é preciso manter Cristo no foco de nossa atenção, a fim de que nossa sensibilidade não se torne, apenas, um emaranhado de sentimentos que nos tirarão as forças e a confiança nele. Jesus é o foco da atenção na narrativa de João 11 – não Lázaro, não suas irmãs, nem mesmo o sofrimento delas. Cristo – que tem o controle de todas as coisas e ao, mesmo tempo, chora com os que choram – é o nosso referencial. Isso não só nos manterá confiantes em sua Palavra, mas nos tornará realmente úteis àqueles cuja fragilidade, angústia e perplexidade diante da morte, precisam de nossa presença e apoio, inclusive porque muitos deles ainda carecem de Vida – Vida em Jesus.

Fonte: [ Blog Fiel ]

O Apóstolo Pródigo

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Por: Augustus Nicodemus Lopes

Estudando Paulo para dar aulas esta semana, percebi mais um aspecto interessante do apóstolo que o distancia dos apóstolos modernos. Ao contrário dos tais apóstolos que se lançam para fazer carreira solo e ter seu próprio ministério, Paulo sempre fez questão de mostrar que ele fazia parte do grupo apostólico de sua época, embora tivesse sido chamado para ser apóstolo quando o prazo de matrícula já tinha expirado ("nascido fora de tempo", 1Co 15:8).

Se alguns têm uma visão de Paulo como um individualista que seguiu carreira e ministério próprios, isto se deve, em parte, à Igreja Católica que colocou Pedro acima dos demais apóstolos e portanto longe de Paulo. Os liberais também contribuíram para isto, quando fizeram de Pedro o líder do Cristianismo judaico da Palestina e Paulo o líder do Cristianismo gentílico de Antioquia, em constante tensão e hostilidade mútuas.

De todos os apóstolos, Paulo era o mais culto, o mais preparado intelectualmente e com maior experiência intercultural. Nascido em Tarso da Cilícia, em território grego, educado no que havia de melhor e mais refinado na erudição judaica, de família rica o suficiente para lhe dar o status de cidadão romano, Paulo se destacava dos pescadores, cobradores de impostos, artesãos e ex-guerrilheiros galileus que compunham o quadro dos Doze apóstolos de Jesus Cristo ("iletrados", At 4:13). Com facilidade ele poderia ter iniciado um movimento independente e ter seu próprio ministério e até mesmo fundar uma religião. Todavia, ele se negou a fazer isto e até mesmo repreendeu os seus fãs que queriam começar o "partido de Paulo" (veja 1Co 3:4-9).

Na realidade, o retrato que temos de Paulo em suas cartas e no livro de Atos é de um apóstolo que não se via tendo um ministério solo nem próprio, mas em perfeita harmonia e cooperação com os demais. Para ele a igreja está edificada sobre o fundamento "dos apóstolos e dos profetas" (Ef 2:20). Ele não se vê como um fundamento à parte. Ele honrou os apóstolos antes deles, visitando-os em Jerusalém e procurando comunhão e harmonia com eles (Gal 1:18). Foi provavelmente nesta ocasião que ele aprendeu com eles acerca de várias tradições originadas em Jesus (1Co 11:2; 15:3-7). Paulo declara que eles eram importantes e colunas da igreja, apesar de terem uma condição humana muito humilde - o que realmente não importava, pois Deus não olha para o exterior (Gal 2:6). Os sinais e prodígios que ele realizava eram "credenciais do apostolado" (2Co 12:12), isto é, sinais que eram operados por todos os que eram apóstolos. Paulo não teve problemas em se submeter às instruções de Tiago quando esteve em Jerusalém (At 21:18-26).

E quando é obrigado a dizer que trabalhou até mais que eles, Paulo logo acrescenta que é somente pela graça (1Co 15:10). E quando teve de repreender a Pedro por sua inconsistência (Gal 2:11-21), isto não fez com que se separasse dele - na verdade, Pedro mais tarde até mesmo recomenda as cartas que Paulo escreveu como se fossem Escritura! (2Pe 3:15-16).

A melhor maneira de descrever como Paulo se via entre os demais apóstolos é aquela do filho pródigo, que disse ao pai, ao regressar, "não sou digno de ser chamado teu filho" (Lc 15:21). Por ter perseguido a Igreja, Paulo fala de seu apostolado como uma honra nunca merecida, um favor especial concedido por Deus: "Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus" (1Co 15:9) [- devo este parágrafo a J. Van Bruggen].

Fico com a impressão que a inspiração dos modernos apóstolos evangélicos não é Paulo ou um dos Doze, mas o atual bispo de Roma.

Fonte: [ O Tempora, O Mores ]

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Série Homens de #Deuz (1)


Autor: Daniel Clós Cesar
Fonte: [ Púlpito Cristão ]

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A Fé Cristã é Realmente Racional? - R. C. Sproul

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Com absoluta certeza! Ela é intensamente racional. Agora, já me fizeram a seguinte pergunta: "É verdade que o sr. é um racionalista cristão?" Eu respondi: "De maneira nenhuma! Isso é uma contradição, em termos. O racionalista é alguém que abraça uma filosofia que se contrapõe ao cristianismo." Portanto, embora um cristão verdadeiro não seja um racionalista, a fé cristã certamente é racional.

O cristianismo é coerente? É inteligível? Faz sentido? Ele se harmoniza num padrão coerente de verdade, ou ele é o oposto do racional — ele seria irracional? Seria o cristianismo complacente com a superstição e concordaria com cristãos que crêem que o cristianismo é francamente irracional? Penso que isso é um fato muito lamentável. O Deus do cristianismo se dirige à mente das pessoas. Ele fala conosco. Ele tem um livro escrito para o nosso entendimento.


Quando digo que o cristianismo é racional, não quero significar com isso que a verdade do cristianismo em toda a sua majestade possa ser deduzida a partir de alguns princípios lógicos por um filósofo especulativo. Há muita informação sobre a natureza de Deus que podemos encontrar unicamente porque o próprio Deus escolheu revelá-las a nós. Ele revela essas coisas através de seus profetas, através da história, através da Bíblia e através do seu Filho unigênito, Jesus.

Mas o que ele revela é inteligível, podemos entender com nosso intelecto. Ele não nos pede que desprezemos nossas mentes para nos tornarmos cristãos. Há pessoas que pensam que, para se tornarem cristãs, elas precisam deixar seus cérebros em algum lugar do estacionamento. O único pulo que o Novo Testamento nos chama a dar, não é um pulo no escuro, mas é para fora do escuro, para a luz, para aquilo que verdadeiramente podemos entender. Isto não quer dizer que tudo o que a fé cristã afirma é absolutamente claro no que diz respeito às nossas categorias racionais. Não posso entender, por exemplo, como uma pessoa pode ter uma natureza divina e uma natureza humana ao mesmo tempo, que é aquilo que cremos sobre Jesus. Isso é um mistério — mas mistério não é o mesmo que irracional.

Mistério não se aplica somente à religião. Não compreendo inteiramente a força da gravidade. Essas coisas são misteriosas para nós, mas não são irracionais. Uma coisa é dizer: "Não compreendo, com minha mente finita, como isso funciona." Outra coisa diferente é dizer: "Elas são gritantemente contraditórias e irracionais, mas vou acreditar assim mesmo." Não é isso que o cristianismo faz. O cristianismo afirma que há mistérios, mas esses mistérios não podem ser articulados em termos do irracional; se assim fosse, então nos afastaríamos da verdade cristã.

Fonte: Boa Pergunta, R C Sproul, Cultura Cristã - Paginas 203 e 204
Via: [ Teor Lógico ]
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Satanás pode ouvir nossos pensamentos?

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Por: John MacArthur
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Satanás pode ouvir o que nós dizemos e conhece os nossos pensamentos? Deveríamos evitar orar em voz alta porque Satanás poderia nos ouvir?
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Não há nada na Bíblia que indique que Satanás é onisciente. Não há nenhum versículo que diga que ele sabe tudo ou que ele pode ler nossos pensamentos. Mas ele é perito em predizer o comportamento humano porque ele o viu em operação por tanto tempo. Ele pode antecipar o que você fará em uma determinada situação sem conhecer seus pensamentos por causa do conhecimento que ele tem da humanidade e porque ele tem uma mente sobrenatural.
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Mas em termos de ser onisciente e poder ler seus pensamentos (como Deus pode fazer), a Bíblia não apóia essa idéia de forma alguma. Ela nunca nos diz que anjos são oniscientes. E se um anjo santo não é onisciente, um caído também não é. Portanto, Satanás não pode ler nossos pensamentos, mesmo que ele seja bom em predizer o comportamento humano porque ele já viu tanto dele.

"E se um anjo santo não é onisciente, um caído também não é."
Eu falei em uma conferência em Iowa sobre este problema. Pessoas estavam perguntando coisas como "Como você lida com demônios?" e "Precisamos de exorcismo para nos livrarmos de demônios?" Bem, há muitas pessoas hoje que dizem que sim. Eu li um livro sobre libertação, certa vez, no qual o autor descreveu um médico que foi supostamente libertado do demônio do gotejamento pós-nasal1. E nessa abordagem, sempre que você pensa que tem um demônio, há uma certa fórmula mágica que você diz ou você anda de uma lado para o outro ou "clama o sangue"2 - seja lá o que for que essa frase signifique, já que não vem da Bíblia. O sangue já foi clamado em seu favor na hora da sua salvação e isso resolve a questão.
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Há pessoas que defendem pequenas fórmulas e práticas do tipo sessão-espírita com uma conotação cristã, reivindicando que podem expulsar demônios e assim por diante. Mas quando você vai para a Bíblia, percebe que lidar com o diabo é realmente tão simples quanto ir a Efésios 6 e vestir a armadura de Deus. Veja que, em Efésios 6, diz assim: " a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades", certo? Nós estamos lutando contra demônios e contra Satanás.

"O que ele diz é: "Vista a armadura de Deus" e aquilo de que aquela armadura realmente consiste é a justiça."
Mas o que fazemos com isso? O melhor lugar para descobrir é ler ali mesmo naquele capítulo, não é? Note que ele não diz: "Vá tratar de exorcizar seus demônios com um exorcismo cristão". Nem diz: "Vá arrumar alguém para expulsar seu demônio". O que ele diz é: "Vista a armadura de Deus" e aquilo de que aquela armadura realmente consiste é a justiça. O coração dela é "a couraça da justiça". A chave, então, é viver uma vida íntegra, cheia do Espírito e confiar no poder soberano de Deus.
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Portanto, não há nada na Bíblia que diga que Satanás pode ler nossos pensamentos. Certamente demônios podem ouvir o que dizemos. Eles podem entender o que nós dizemos. E, como eu disse antes, eles são muito bons em predizer as respostas comuns do homem porque eles praticam isso há muito tempo.
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Mas não se preocupe com isso! Uma senhora me disse uma vez: "Nós sussurramos", porque ela tinha medo de que demônios ouvissem as orações dela. Minha resposta foi: "Bem, isso é tolo!". Você pode ir confiantemente diante do trono da graça. No Antigo Testamento, não diz: "E Davi sussurrou ao Senhor"; o que diz é: "E Davi disse ao Senhor" - e ele pôs para fora o que tinha para dizer. Você nunca ouviu falar de qualquer momento no ensino do apóstolo Paulo sobre oração em que ele diz: "Não fale alto". Quando ele desejava orar, ele simplesmente orava e não se preocupava se Satanás o ouvia porque ele estava vivendo de tal modo que Satanás não podia fazer nada a respeito de qualquer forma. Essa é a questão.
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1 N. do Trad.: Post-nasal Drip - é uma condição das vias respiratórias que pode ser a causa de tosse crônica e outros problemas, também crônicos.
2 N. do Editor: "Clamar o sangue de Jesus" é um recurso comum em meios carismaníacos (citando Mark Driscoll) quando se quer amarrar e expulsar demônios. Muito comum em alguns tipos de música dita evangélica como este exemplo e este demonstram.

Fonte: Extraído de Grace To You.
Tradução: Juliano Heyse

Via: [ Bom Caminho ] / Via: [ Ministério Batista Beréia ]
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Teologia Reformada

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Por James Montgomery Boice

A Teologia Reformada recebe seu nome da Reforma Protestante do século XVI, com suas ênfases teológicas distintas, mas é teologia solidamente baseada na própria Bíblia. Os crentes na tradição reformada têm alta consideração as contribuições específicas como as de Martinho Lutero, Jonh Knox e, particularmente, de João Calvino, mas eles também encontram suas fortes distinções nos gigantes da fé que os antecederam, tais como Anselmo e Agostinho e principalmente nas cardas de Paulo e nos ensinamentos de Jesus Cristo.

Os Cristãos Reformados sustentam as doutrinas características de todos os cristãos, incluindo a Trindade, a verdadeira divindade e humanidade de Jesus Cristo, a necessidade do sacrifício de Jesus pelo pecado, a Igreja como instituição divinamente estabelecida, a inspiração da Bíblia, a exigência para que os cristãos tenham uma vida reta, e a ressurreição do corpo. Eles sustentam outras doutrinas em comum com cristãos evangélicos, tais como justificação somente pela fé, a necessidade do novo nascimento, o retorno pessoal e visível de Jesus Cristo e a Grande Comissão.

O que, então, distinto a respeito da Teologia Reformada?

1. A Doutrina das Escrituras

O compromisso da reforma para com a Escritura enfatiza a inspiração, autoridade e suficiência da Bíblia. Uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, tem a autoridade do próprio Deus, os reformadores afirmam que essa autoridade é superior àquela de todos os governos e de todas as hierarquias da Igreja. Essa convicção deu aos crentes reformados a coragem para enfrentar a tirania e fez da teologia reformada uma força revolucionária na sociedade. A suficiência das Escrituras significa que ela não necessita ser suplementada por uma revelação nova ou especial. A Bíblia é o guia completamente suficiente para aquilo que nós devemos crer e para como nós devemos viver como cristãos.

Os Reformadores, em particular, João Calvino, enfatizaram o modo como a Palavra escrita, objetiva e o ministério interior, sobrenatural do Espírito Santo trabalham juntos, e o Espírito Santo iluminando a Palavra para o povo de Deus. A Palavra sem a iluminação do Espírito Santo mantém-se como um livro fechado. A suposta condução do Espírito sem a Palavra leva a erros excessos. Os Reformadores também insistiam sobre o direito de os crentes estudarem as Escrituras por si mesmos. Ainda que não negando o valor de mestres capacitados, eles compreenderam que a clareza das Escrituras em assuntos essenciais para a salvação torna a Bíblia propriedade de todo crente. Com esse direito de acesso, sempre vem a responsabilidade sobre a interpretação cuidadosa e precisa.

2. A Soberania de Deus

Para a maioria dos reformadores, o principal e o mais distinto artigo do credo é a soberania de Deus. Soberania significa governo, e a soberania de Deus significa que Deus governa sua criação com absoluto poder e autoridade. Ele determina o que vai acontecer, e acontece. Deus não fica alarmado, frustrado ou derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de suas criaturas.

3. As Doutrinas da Graça

A Teologia Reformada enfatiza as doutrinas da graça.

Depravação Total: Isso não quer dizer que todas as pessoas são tão más quanto elas poderiam ser. Significa, antes, que todos os seres humanos são afetados pelo pecado em todo campo do pensamento e da conduta, de forma que nada do que vem de alguém, separado da graça regeneradora de Deus, pode agradá-lo. À medida que nosso relacionamento com Deus é afetado, nós somos tão destruídos pelo pecado, que ninguém consegue entender adequadamente Deus ou os caminhos de Deus. Tampouco somos nós que buscamos Deus, e, sim, é ele quem primeiramente age dentro de nós para levar-nos a agir assim.

Eleição Incondicional: Uma ênfase na eleição incomoda muitas pessoas, mas o problema que as preocupa não é realmente a eleição; diz respeito à depravação. Se os pecadores são tão desamparados em sua depravação, como a Bíblia diz que são, incapazes de conhecer a Deus e relutantes em buscá-lO, então, o único meio pelo qual eles podem ser salvos é quando Deus toma a iniciativa de mudá-los e salvá-los. É isso que significa eleição. É Deus escolhendo salvar aqueles que, sem sua soberana escolha e subseqüente ação, certamente pereceriam.

Expiação Limitada: O nome é, potencialmente, enganoso, pois ele parece sugerir que os reformadores desejam de alguma forma limitar o valor da morte de Cristo. Não é o caso. O valor da morte de Cristo é infinito. A questão é saber qual é o propósito da morte de Cristo e o que ele realizou com ela. Cristo pretendia fazer da salvação algo não mais que possível? Ou ele realmente salvou aqueles por quem morreu? A Teologia Reformada acentua que Jesus realmente fez a propiciação pelos pecados daqueles a quem o Pai escolhera. Ele realmente aplacou a ira de Deus para com seu povo, assumindo a culpa sobre si mesmo, redimindo-os verdadeiramente e reconciliando verdadeiramente aquelas pessoas específicas com Deus. Um nome melhor para expiação “limitada” seria redenção “particular” ou “específica”.

Graça Irresistível: Abandonados em nós mesmos, nós resistimos à graça de Deus. Mas, quando Deus age em nosso coração, regenerando-nos e criando uma vontade renovada, então, o que antes era indesejável torna-se altamente desejável, e voltamo-nos para Jesus da mesma forma como antes fugíamos dele. Pecadores arruinados resistem à graça de Deus, mas a sua graça regeneradora é efetiva. Ela supera o pecado e realiza os desígnios de Deus.

Perseverança dos Santos: Um nome melhor seria “perseverança de Deus para com os santos”, mas ambas as idéias estão realmente juntas. Deus persevera conosco, protegendo-nos de deixar a fé, que certamente aconteceria se ele não estivesse conosco. Mas, porque ele persevera, nós também perseveramos. Na realidade, perseverança é a prova definitiva de eleição.

4. Mandato Cultural

A Teologia Reformada também enfatiza o mandato cultural ou a obrigação de os cristãos viverem ativamente em sociedade e de trabalharem para a transformação do mundo e suas culturas. Os reformadores tiveram várias perspectivas nessa área, dependendo da extensão como acreditam que a transformação seja possível. Mas, no geral, concordam com duas coisas. Primeira, nós somos chamados para estar no mundo e não para nos afastarmos dele. Isso separa os reformadores crentes do monasticismo. Segunda, nós devemos alimentar os famintos, vestir os despidos e visitar os prisioneiros. Mas as principais necessidades das pessoas são espirituais, e a obra social não é substituto adequado para a evangelização. Na verdade, o empenho em ajudar as pessoas só será verdadeiramente eficiente se seu coração e mente forem transformados pelo Evangelho. Isso separa os crentes reformados do simples humanitarismo.

Tem-se alegado que, para a Teologia Reformada, qualquer pessoa que crê e faça parte da linha reformada perderá toda a motivação para a evangelização. “Se Deus vai agir, por que devo me preocupar?” Mas não é assim que funciona. É porque Deus executa a obra que nós podemos Ter coragem de nos unirmos a ele, da forma como ele nos ordena a agir. Nós agimos assim alegremente, sabendo que nossos esforços jamais serão em vão.

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra
Via: [
Presbiterianos Calvinistas ]

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Você conhece as Quatro Leis Espirituais? - Um comentário

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Por Cleber Olympio

O Evangelho é pautado pelo amor.

Claro que poderíamos escrever um livro sobre esse assunto. Sem amor, o que seria de nós? Com amor, tudo foi feito por Deus. Pelo amor, obediente, exercido na prática, Nosso Senhor Jesus Cristo se entregou pelos nossos pecados lá na cruz do Calvário. Tudo isso sabemos.

O que muitas vezes pode nos inquietar é a real dimensão desse amor. Incondicional, segundo a Palavra de Deus, é o amor que o Senhor sente por nós, pecadores. E nos exorta a fazer o mesmo, vez que devemos imitar a Cristo em tudo. Amor que se dedica aos outros, sempre em obediência à vontade do Pai.

Um momento. Paremos na seguinte frase, que acabei de lançar: “amor que se dedica aos outros”. Até que ponto fazemos isso?

Muitos, ao ingressarem na carreira cristã, se vêem confrontados em “espalhar” a mensagem do Evangelho. Só que falta, por vezes, um preparo adequado, ou conhecimento bíblico suficiente para responder a questões lançadas por incrédulos, ou mesmo modos de abordar. Qual a primeira alternativa que muitos têm em mente para falar de Cristo ao incrédulo? Distribuição de folhetos. Tanto é que em muitas reuniões para “estratégias de evangelismo”, notadamente em praça pública, em grandes eventos ou no meio da rua, basta entregar um folheto evangelístico que tudo se resolve. Basta um sorriso bonito, cativante, por vezes para disfarçar o medo de uma possível confrontação, que a obra do Senhor é feita.

Não quero chegar no mérito de que, estatisticamente, o método evangelístico de folhetos é um dos menos eficazes. Há quem já tenha se convertido, lendo um folheto? Com certeza; nosso Deus é poderoso para fazer maravilhas, e suscitar convertidos dos modos mais criativos possíveis e inimagináveis. O objetivo desse estudo é levar você, leitor, a uma reflexão sobre o nosso papel como evangelistas, mensageiros do Reino de Deus, numa sociedade cada vez mais corrompida.

Há uma grande diferença entre os sentidos, que nos permitem entrar em contato com o mundo exterior. Dizem que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. É verdade. Por vezes, um jeito de andar, de se expressar, que corretamente observado por alguém, podem falar muito mais do que meras palavras. Como que os jornalistas se apresentam na televisão? Com camisa regata, sem camisa, roupas destoantes? Nada disso. Há algo importante a se comunicar. A roupa tem de ser adequada ao momento. Da mesma maneira, um jornalista esportivo também não pode usar roupas sóbrias demais, por não transmitirem vida ao que lêem, ou na sua interatividade com o telespectador.

Da mesma maneira, na vida cristã, nossa “roupa” fala muito. Vertendo a uma linguagem sem rodeios: o nosso testemunho. O que vivemos corrobora o que falamos, ou talvez não. Falamos com a língua, mas nosso corpo, movimentos, olhares, falam até mais forte.

E qual a relação com os folhetos? E, principalmente, o presente estudo não tem por título “Você conhece as Quatro Leis Espirituais? – Um comentário”? O que há de errado com esse material?

O problema, insisto, não está na distribuição de folhetos. Nem na análise das Quatro Leis Espirituais (se bem que existem muitas mais). Está no modo de se passar esse material adiante, especialmente por aquele que, recentemente, ouviu falar de um Deus maravilhoso, que salva o pecador da perdição eterna.

Acontece que, por vezes, o que pauta é a necessidade do momento, da evangelização instantânea. Dói saber que existem pastores que conseguem “evangelizar”, racionalmente, uma pessoa em apenas dez minutos, e gabam-se disso, como se o Espírito Santo fosse limitado a atender prontamente às suas ordens humanas...

O que acontece com o crente? Aonde está o amor, a vida? Não diz a Bíblia “cri, por isso falei”? A mesma Palavra não nos exorta a testemunhar daquilo que temos visto e ouvido, mas também vivido?

Duro é saber que existem pessoas que se interessam em passar esses folhetos como se isso bastasse para a pessoa ser convertida ao Evangelho. Ou, então, abordar uma pessoa, pedir alguns minutos para explicar-lhe as quatro “leis” espirituais. Que adianta puramente tocar o intelecto, a razão da pessoa, falando-lhe para seguir determinados passos, a fim de que ela tenha pronta solução para os seus problemas?

A quem poderíamos comparar o crente, nessas horas, especialmente quando ele leva o folheto das “Quatro Leis Espirituais”? A uma vendedora de cosméticos, ou a um corretor de seguros, por exemplo. Tranqüilamente. Toca-se a racionalidade, pois o “doutrinador” tem apenas de ler o folheto, fazer o possível para manter a atenção dela e, após ilustrações de “trenzinhos” e termos evangélicos, praticamente forçá-la a “tomar uma decisão”, ainda pressionando-a de que aquela pode ser sua última oportunidade de “aceitar” a Cristo – como se dependesse dela tal coisa. Proposta irrecusável? Claro! Sendo coagido, quem não “aceitaria”?

Tenho em minhas mãos nesse momento um folheto dito “evangelístico”, que começa assim: “20000 GRAUS! E SEM UMA GOTA D’ÁGUA – O INFERNO DE FOGO – ALMAS PERDIDAS E TORTURADAS QUEIMANDO PARA SEMPRE!” (maiúsculas conforme o original). Detalhe: a capa mostra pessoas apavoradas queimando em meio às chamas e a suposta figura do diabo, exibindo satisfação... Há diversas palavras e trechos em negrito, como “inferno”, “inferno de fogo”, versículos fora de contexto (parábola do rico e Lázaro, que fala obediência aos mandamentos divinos, não de condenação eterna), passagens como Mateus 25:41b, que no original exorta à vigilância, mas que é reproduzido em letras garrafais: “... apartai-vos de mim, malditos...”. Tudo isso para a pessoa, sob pressão, sob ameaça de ir para o “inferno de fogo”, confessar numa simples oração de que quer a salvação (“faça agora mesmo uma escolha eterna”).

Quando achei esse folheto “evangelístico” na rua, fiquei assustado. Não por falta de segurança de salvação, pois tenho certeza de que Cristo um dia me salvou, mas pelo modo nada amistoso pelo qual a mensagem foi passada. Aonde está o amor aos perdidos, com folhetos violentos como esse? Ou com um material, que me obriga a seguir leis para me submeter a outras leis, só que espirituais? Por que transmitir a mensagem do Evangelho agredindo a quem já está, em tese, condenado à perdição eterna? O incrédulo funciona “pegando no tranco”?

Quanta falta de amor e compaixão pelas pessoas! O crente não tem tido misericórdia dos perdidos! Trata-os como pessoas ímpias, desonestas, abomináveis, e se esquece que ele próprio já foi um perdido, e que a diferença reside apenas na presença do Espírito Santo, concedido a todo aquele que crê em Jesus. O crente que toma essas atitudes busca se justificar de que modo? Dizendo ao mundo que é perfeito, que nem lhe passa pela cabeça pecar, que é santo, íntegro, bondoso e amoroso? E quanto a aceitar o indivíduo como ele é, com suas fraquezas, impurezas, feridas que o pecado lhe causou até agora?

Às vezes chego a não valorizar tanto o nosso acesso à palavra escrita. Na época de Jesus e dos apóstolos, as pessoas viam o amor deles. Sentiam a presença de Deus, resgatando os seus eleitos e amados. A comunicação de vida era mais intensa, presente. O evangelismo considerava mais a pessoa do que as estratégias. Fazia-se mais amizade, havia mais proximidade, não o despejar na pessoa um amontoado de frases feitas, versículos fora do contexto, chamando à autoridade as Escrituras de um modo violento, mecânico e fatalista, regido por “passos e etapas”.

Uma vida é transformada por algumas palavras de coação? Basta eu então falar para a pessoa repetir uma oração comigo para que ela venha a crer em Cristo? O pior é, depois desse espetáculo todo, deixá-la à vontade para, se quiser, congregar-se, ler a Bíblia, sem qualquer acompanhamento. Se não fizer isso, é sinal de que não “aceitou” mesmo a Jesus, e por isso não devemos perder tempo, pois há “muito território para conquistar para o Reino de Deus na Terra”.

O confessar a Cristo é algo coercitivo, ou algo que brota de um coração regenerado? Pior é passar por cima da soberania divina, usando estratégias violentas como essas, para obrigar a pessoa a “fazer uma escolha eterna” e, se não o for pelo método indutivo-racional, o será por coação moral irresistível.

Como está o coração do leitor nesse momento? O meu está doído, machucado, indignado com tamanha frieza pelo Evangelho. Acredito que os opositores às idéias aqui esboçadas deveriam rever seus padrões de amor ao Senhor, à sua Palavra e aos perdidos, e seguir o conselho do Espírito à igreja de Éfeso (Apocalipse 2:4-5), e voltar ao primeiro amor.

Aonde está a vida do anunciante do Evangelho? O contato íntimo, de quem conhece os problemas do indivíduo, as fraquezas, as necessidades mais latentes da alma, do coração?

Que possamos nos compadecer das pessoas, amarmos de verdade aquele que está perecendo, e ao invés de ameaçarmos e falarmos de quatro leis espirituais, possamos exercitar aquele que é o maior mandamento, acima de qualquer lei: “ama o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31).

Deus nos quer por inteiro, não apenas no exercício da nossa racionalidade.

Fonte: [ Militar Cristão ]

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Sou Spurgeonista... Calvinista... e o problema é meu!

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Recentemente o Pr. Renato Vargens publicou um texto intitulado: "Pode o crente em Jesus perder a Salvação?" (clique aqui para ler)

Minha resposta é não. Obviamente não. Aqueles por quem Cristo derramou seu sangue foram comprados, justificados e o poder da cruz não pode ser suplantando por nenhuma outra força deste ou de qualquer outro mundo.

Então, conforme minha resposta, posso ser embalado, rotulado e colocado na estante "calvinistas".

Ótimo. Nenhum problema com isso. Sentiria-me realmente ofendido se assim não fosse "rotulado". Serve também colocar na tarja: protestante/fundamentalista/fora-da-nova-visão-do-mundo-gospel.

Mas a questão vai muito mais além que apenas calvinismo ou arminianismo. Vai muito mais longe que predestinação e autodeterminação.

Charles H. Spurgeon, um calvinista, trouxe à luz algo muito mais importante: Regeneração.

Vou então refazer a pergunta do Pr. Renato Vargens.

"Pode um crente regenerado em Jesus perder a Salvação?"

Não. Para mim é muito claro que não. Alguém de mente regenerada peca, mas não volta atrás.

Os que pegam no arado e olham para trás, não são aptos.

Mas e quanto as advertências de Paulo quanto ao cuidado em não cair?

Entendo que Paulo se referia ao pecado. É apenas um pensamento e entendimento meu.

Tá.. e aí?

Nos comentários que li no texto do Pr. Renato Vargens publicado no blog Púlpito Cristão, vi que a indignação dos que rejeitam a Teologia da Graça, não se apoia em textos bíblicos, mas em posição política, ideólogica e social. Não se apoia na justiça de Deus, mas na suas próprias convicções de justiça.

Um leitor comentarista escreveu:

"O pior é que é um raciocínio circular, uma teoria impossível de refutar: "se perdeu a salvação, então nunca a teve realmente."

Veja, ele não citou uma "teoria impossível de refutar", mas (consciente ou não) uma explicação do apóstolo João que escreveu: "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." (1 Jo 2.19).

O entendimento deste rapaz é que a Palavra não é suficiente e definitiva, ela é parcial e amolda-se a mentalidade carnal do homem, e não o contrário. Assim, o que João escreveu foi algo "perverso", visando apenas nos deixar sem respostas e de cabeça baixa aceitar sua proposta maluca de salvação.

Um outro escreveu: "Pr Renato, relacionar as alianças de Deus com Abraão, Israel com a salvação em Cristo é um erro grosseiro."

Se esta pessoa ainda não conseguiu ver isso na Palavra, age tal qual os fariseus e saduceus que não viram em Cristo o Messias. Leram as escrituras e não as entenderam.

Alguém também citou o Pr. Ciro Zibordi. Excelente comentário. Isso mostra apenas que não é por não crer em predestinação que alguém se perde. Pois creio, de todo coração, pelo pouco que conheço o Pr. Ciro, ser ele um homem temente a Deus e servo do Altíssimo.

Mas maior crítica que vejo dos não calvinistas é seu temor de que pessoas que agem fora de seus padrões ou que eles considerem perdidas, possam ser salvas. Reproduzem a sua justiça em Deus. "Ora, não seria justo Deus salvar este e não este"... "quem Deus pensa que é para me salvar sem me consultar?"... "e se eu não quiser?"... "eu tenho direitos!"

Predestinação não é pré-requisito para salvação. Regeneração sim. Regenerados em Cristo não perdem a salvação, pois Ele mesmo é quem produz isso em nós.

Porque se achar mais santo. O assassino ao lado de Cristo na cruz era mais santo que algum de vós?

Sou spurgeonista por livre escolha. Calvinista por eleição. Salvo e regenerado mediante a Graça de Deus, algo que eu jamais alcançaria por mim mesmo. Mas, como escravo da Justiça e livre para o pecado, tenho a mente trasnformada. Certo, de que nem a morte nem mesmo essa vida pode me separar do amor de Cristo.

Ah... e quanto aos arminianos que gostam de cantar esse texto de Paulo em canções... parem com a hipocrisia, vocês crêem que a morte, a vida, os principados, as forças do presente e do porvir, os poderes, as alturas e profundidades podem afastá-los do amor de Deus.

Ou não?

Autor: Daniel Clós Cesar
Fonte: [ Anotações de um Cristão ]

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Deísmo: a cosmovisão do Deus ausente

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Seguindo a proposta de estudo e análise sobre Cosmovisões e dada a apresentação a respeito do Teísmo (vide ensaio “Reflexões sobre Teísmo e a cosmovisão cristã”) darei andamento apresentando uma cosmovisão pouco conhecida, mas que precisa ser apresentada e refutada.

Trata-se do Deísmo. E não devemos de modo algum pensar que pelo fato de nos dias de hoje tal cosmovisão não ser muito difundida que a mesma não precisa ser examinada, até por que os ideais do Deísmo permanecem ativos.

Farei uma apresentação histórica sobre o Deísmo, mostrarei os principais expoentes de tal pensamento e os pontos totalmente contrários a fé cristã que tal cosmovisão apregoa.

Crenças e Histórico

Apesar de alguns pontos semelhantes entre o Deísmo e o Teísmo, é preciso ressaltar logo de início que as discrepâncias são o bastante para fazer de tais cosmovisões coisas totalmente distintas. Uma simples definição sobre o termo pode ser vista abaixo:

“O Deísmo (lat. deus, deus) é etimologicamente um cognato de Teísmo (gr. theos, deus), sendo que as duas palavras denotam a crença na existência de um deus ou deuses e, portanto, é a antítese do Ateísmo.” [1].

Embora creia na existência de Deus, o Deísmo difere do cristianismo ortodoxo por apresentar a cosmovisão onde Deus fez o mundo, mas que não interfere e interage na criação. No Teísmo cremos que o Senhor interfere na criação de modo sobrenatural, ou seja, é a intervenção de Deus em nosso mundo natural, ou simplesmente “milagres”. A crença deísta é que não existem milagres e interferência de Deus na criação. No Deísmo, Deus criou todas as coisas, mas as deixou para que mediante as imutáveis leis da natureza sigam seu curso.

Deus é um fazendeiro que não se importa com seu campo. Ou mesmo como um exemplo muito usado para definir a cosmovisão deísta: Deus é como um relojoeiro que deu corda no relógio por ele feito e o deixou para funcionar, sem se interessar em intervir. Vejamos:

“Deísta é alguém que aceita Deus, mas descarta a intervenção divina no mundo. Mais importante que isso, a posição do deísta não é apenas que Deus não realizou nenhum milagre, mas que seria contra a própria natureza divina realizá-los. Deus criou uma ordem natural, e seria irracional e, conseqüentemente, impossível para Ele quebrar a ordem da natureza criada por Ele mesmo.” [2]

Outro grande erro do Deísmo é o conceito de autoridade. Enquanto que no Teísmo a autoridade é a Palavra de Deus inspirada e o testemunho do Espírito Santo, o Deísmo tem como autoridade o primado da razão. Desta forma os deístas até davam crédito ao cristianismo como religião, mas reinterpretaram de modo radical a teologia ortodoxa cristã. Na contramão da parceria sadia entre fé e razão, os deístas relegaram ao Espírito de Deus lugar secundário e substituem a revelação especial das Escrituras pela razão humana.

Além disso, negam a existência da Trindade, a encarnação (ou seja, o nascimento do Messias, Jesus Cristo, o Filho de Deus), a autoridade divina da Bíblia, e a expiação através de Cristo.

Todo este sistema de crença faz do Deísmo algo, no mínimo, estranho. Mesmo alegando a crença em Deus, o Deísmo se aproxima muito do Agnosticismo e Ateísmo. Um Deus que não se envolve com Sua criação, faz do todo um vazio angustiante. Faz de Deus um ser distante que não se interessa pela humanidade, que não se preocupa com o pecado e que, como já dissemos, não participou do milagre da encarnação.

No Deísmo não temos o milagre da vinda miraculosa e providencial do Filho, para expiação, redenção e justificação, reconciliando todas as coisas; logo, não temos o milagre da ressurreição, e nem mesmo a presença do Espírito Santo.

Este “relógio” tende a travar sem a graciosa intervenção do relojoeiro. Enquanto no conceito panteísta a ênfase é muito grande quanto à imanência de Deus, o deísta faz questão de enfatizar a transcendência de Deus, fazendo dEle um “Deus ausente”, tão ausente que se esquecem que o Senhor está imanente à criação em Sua Providência e como um Redentor na pessoa de Jesus Cristo.

A origem desta cosmovisão se deu no contexto do Iluminismo, que resumidamente pode ser definido:

“O Iluminismo do século 18 foi um movimento de idéias que buscava libertar a humanidade do erro e do preconceito e alcançar a verdade, o que, por sua vez, produziria liberdade. Muitos pensadores iluministas tinham como alvo a religião, pois eles a consideravam algo que incorporava o erro e o preconceito tão abominados. Em especial, consideravam o cristianismo e todas as outras religiões irracionais e inadequadas à época cientifica. O Iluminismo procurava explicações racionais para tudo o que era real, e a religião não era exceção.” [3]

O cenário armado da racionalidade levou o Deísmo à ênfase no aspecto puramente racional da religião. São também definidos como os pensadores religiosos europeus e norte-americanos dos séculos XVII e XVIII. Os deístas procuraram, diante do cenário Iluminista, adaptar a fé cristã a seu pensamento, sob o medo de que o cristianismo se tornasse irrelevante para o novo mundo (pós-Iluminista). Vale a reflexão interessante de notar como as tentativas de adaptação do cristianismo à cultura vigente podem ser trágicas.

É evidente que existe todo um panorama ao qual o surgimento do Deísmo está relacionado. A questão dogmática desta cosmovisão é o resultado da mescla de visões científicas-filosóficas, surgindo na Inglaterra do século XVII e se propagando pela França, Alemanha e Estados Unidos. [4]

Temos em Herbert de Cherbury (conhecido também como Edward Herbert, lord de Cherbury) (1583-1648), a figura precursora do Deísmo, conhecido como “pai do Deísmo inglês”. De certa forma, considerava a fé comum como irracional e lutava contra tal. Em sua linha de pensamento, propôs cinco “noções comuns da religião”, expostas pelo teólogo e historiador brasileiro Alderi Souza Matos:

“Cherbury propôs cinco ‘noções comuns da religião’ que são universais, racionais e naturais: 1. Há um Deus supremo; 2. Esse Deus deve ser adorado; 3. A essência da prática religiosa é a conexão entre virtude e piedade; 4. Os vícios e crimes humanos são óbvios e devem ser expiados pelo arrependimento; 5. Após esta vida haverá recompensas e castigos. Segundo Lorde Herbert, essas noções abrangiam todos os lugares e todas as pessoas. Ele se considerava cristão, embora fosse cético quanto a certas doutrinas, como a da Trindade. Seu livro foi amplamente lido no século XVII e lançou as bases do Deísmo.” [5]

O impacto que o ideal deísta tinha encontrou solo fértil influenciando o pensamento de muitos nomes amplamente conhecidos e sobre fatos históricos extremamente relevantes. Deístas como Charles Blount (1654-1693), John Tolard (1670-1722) e Lord Shaftesbury (1671-1713) levaram de modo ferrenho a filosofia deísta afirmando que o lado de mistério do cristianismo não comprovado por pressupostos racionais deveria ser descartado.

O Deísmo foi exportado da Inglaterra para França, vigorando seu ideal entre os filósofos do século XVIII. Dada a influência dos escritos de Herbert e Shaftesbury, traduzidos ao público francês, tivemos obras impregnadas com o pensamento deísta francês levadas ao público inglês, de autores como Rousseau (Jean Jacques Rousseau, 1712-1778) e Voltaire (François-Marie Voltaire, 1694-1778), que apesar de muitos não os considerarem deístas, tinham o pensamento norteado por tal cosmovisão.

O impacto foi tamanho que “na França a Igreja Católica Romana lutava contra esses deístas, livres pensadores que acabaram exercendo uma influência fortíssima sobre a Revolução de 1789, que se refletiu em toda a Europa”. [6]

Por fim, a grande difusão deísta se desdobrou com a imigração de oficiais ingleses aos Estados Unidos por força da guerra de 1756-1763. O pensamento deísta influenciou Benjamin Franklin (1706-1809), Stephen Hopkins (1707-1785), Thomas Jefferson (1743-1826) e Thomas Paine (1737-1809). Paine é considerado o grande difusor do Deísmo nos Estados Unidos por ser fervoroso militante. Seu livro “The Age of Reason: Being an Investigation of True and Fabulous Theology” (A Era da Razão: uma Investigação sobre a Teologia Verdadeira e a Fabulosa) foi obra de defesa da cosmovisão deísta, com propósito de alcançar os mais simples leitores, com tentativa de destruir as afirmações sobrenaturais apregoadas pela igreja.

Impactos

Como já havia mencionado, poucos são os que conhecem em nossos dias a cosmovisão deísta e muito menos os impactos que o surgimento do Deísmo causou. É importante destacar os impactos e como esta cosmovisão se “dissolveu”:

“Os deístas acabaram organizando sua própria denominação religiosa. Em 1774 surgiu em Londres a Capela de Essex, a primeira congregação unitária, ou seja, não-trinitária. Em 1785, a King’s Chapel, em Boston, antes anglicana, tornou-se a primeira igreja unitária dos Estados Unidos. Esse fenômeno se repetiu na década de 1790 com muitas igrejas congregacionais da Inglaterra e da Nova Inglaterra. Finalmente, em 1825 foi organizada uma nova denominação, a Associação Unitária Americana, tendo como seminário oficial a Escola de Teologia de Harvard. Todavia, a maior parte dos deístas não se filiou a essas igrejas.

O Deísmo se infiltrou silenciosamente na vida política e religiosa dos Estados Unidos. Seu Deus se tornou o Deus da religião civil americana, como se pode ver no lema nacional: ‘Em Deus nós confiamos’. Foi também o precursor da teologia liberal dos séculos XIX e XX”. [7]

Ainda segundo Ferreira e Myatt, o Deísmo “foi um precursor importante da teologia liberal que surgiu no século XIX (…) Visto que o conceito de Deus, no Deísmo, não serve para nada (…) o naturalismo surgiu em seu lugar”. [8]

Logo, apesar de dificilmente encontrarmos uma pessoa que se defina como deísta, os ideais do Deísmo estão presentes no cotidiano de muitas pessoas. Como cristão, é preciso batalhar pela Verdade contra os erros deístas.

Considerações gerais

Alguns reconhecem no Deísmo algumas contribuições, tirando algo de proveitoso desta cosmovisão. O uso equilibrado da razão em assuntos religiosos seria um desses pontos úteis, aplicando a razão contra muitas falácias feitas em nome de uma fé cega.

De forma bastante prática, ninguém entra num elevador no 25º andar de um prédio sem ter uma boa dose de bom senso e razoabilidade em saber que chegará sob segurança ao térreo. Da mesma forma em matéria de fé, não se deve abraçar qualquer “ultra” revelação (assuntos revelados fora das Escrituras) sem ponderar sobre os mesmos. Nesta matéria os deístas tiveram como mérito no passado expor muitas fraudes e superstições religiosas.

Além disso, a prerrogativa da racionalidade gerou saldo positivo no campo da crítica textual e exegese.

Outros defendem que o Deísmo possibilitou reflexão no aspecto da tolerância religiosa, o que possibilita um diálogo interreligioso respeitoso. Vale sempre lembrar e enfatizar: tolerância não é igual a concordância, sendo assim, é possível dialogar de modo respeitoso sem que isso implique em concordância.

O Espírito Santo nos convenceu plenamente da veracidade da fé cristã e este testemunho poderoso é único. Entretanto, o mesmo Espírito nos capacita e instrui a examinar matérias de fé, e neste sentido os fideístas erram ao não fazer uso da razão.

Apesar disso, o Deísmo é uma cosmovisão que merece ser rechaçada. Como visto acima, possui inúmeros pontos que divergem a fé cristã e estão sob crítica.

Primeiro, é incoerente pensar que um ser poderoso o bastante para criar o universo não seja capaz ou não queira intervir na ordem da criação, ou seja, efetuar milagres. Já que Ele criou a água, qual a dificuldade de dividir a mesma ao meio ou permitir que alguém caminhasse sobre ela? Se Deus criou a matéria e a vida, qual a dificuldade de multiplicar pães e peixes? Para um Deus que criou o universo sem material preexistente, ou seja, ex nihilo, do nada, qual o problema ou dificuldade de fazer voltar a vida um ser já morto, fazer o Messias nascer a partir de uma virgem e após a morte Ele ressuscitar em esplendor e majestade? Diante do grandioso milagre da criação, milagres “menores” seriam problemas e dificuldades?

Segundo, para um Deus que criou o universo e deu à humanidade a oportunidade de viver e multiplicar-se num mundo sob boa dose de bem-estar, qual o problema deste Deus relacionar-se com as pessoas que Ele mesmo colocou na criação de todas as coisas? Um Deus que se preocupou com coisas tão grandes, não se preocuparia com detalhes menores? Pensemos neste maravilhoso e poderoso Deus, que se preocupou com a posição de Alfa-Centauri, fazendo dela a mais brilhante estrela da constelação de Centauro e a terceira mais brilhante do céu, e ao mesmo tempo se preocupa com o íntimo de cada pessoa que habitou, habita e habitará o planeta que Ele criou. Que amor é esse?

Por fim, muito se criticou sobre o texto bíblico no início do Deísmo. Os racionalistas alegavam que a Bíblia é fraudulenta e intencionalmente manipulada. Muitos alegavam manipulação do texto profético e que os verdadeiros autores não eram os que de fato aparecem no texto bíblico. No entanto, a arqueologia prova a cada dia a veracidade da Bíblia. As “pedras clamaram” e mais de 25 mil descobertas arqueológicas já foram realizadas sobre o relato do mundo antigo em consonância com a Bíblia [9].

Infelizmente todo ataque deísta contra os ensinamentos cristãos, como na maioria das cosmovisões conflitantes, não passam de erros cometidos em função de um conhecimento superficial e ingenuidade sobre a Verdade que é Jesus Cristo.

Providência Divina

Deus não para de trabalhar (Jo 5.17)! Dentro da Teologia Cristã o ato de Deus de sustentar todas as coisas é chamado de providência. O Criador preserva tudo, opera em tudo e tudo está patente ao Seu controle. Na doutrina da providência, temos a soberania de Deus e a criação em conjunto.

A doutrina da providência trabalha no sentido de mostrar como Deus conduz todas as coisas segundo seu propósito perfeito:

“Ela procura dar resposta para a pergunta sobre se há uma ordem por detrás de todos os acontecimentos, ou se tudo acontece de modo aleatório (…). Na Escritura, podemos ver três modos nos quais a providência divina se manifesta: na preservação, na concorrência e no governo. Esses três modos providenciais de Deus revelam a maneira e o propósito pelo qual o mundo continua a existir, após ter sido criado, e espantam toda noção de acaso ou fatalismo” [10].

Em resumo:

Deus preserva todas as coisas: Hb 1.1-3; Ne 9.6; Sl 145.15-16; Sl 104.27-29; Mt 6.26; Mt 10.29-30.

Deus age em todas as coisas: At 17.28; 1Co 15.10; Is 45.1-2; Gn 45.8; Lc 22.21-22.

Deus governa todas as coisas: Ef 1.5; Rm 12.2; Rm 8.28.

“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera”. Is 64.4

Não existe sorte, mero acaso ou abandono de Deus. Existe Sua providência em tudo, e por isso, e por quem Deus de fato é, somos gratos, O adoramos e temos comunhão com Ele.

Toda honra e glória ao Senhor!

Notas:

[1] MACDONALD, Michael H. “Deísmo” in ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. I. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. p. 402
[2] CORDUAN, Winfried. “Milagres” in BECKWITH, Francis J., CRAIG, William Lane e MORELAND, J.P. Ensaios Apologéticos. São Paulo: Hagnos, 2006. p. 196
[3] ECKMAN, James P. Panorama da História da Igreja (Curso Vida Nova de Teologia Básica). São Paulo: Edições Vida Nova, 2005. p. 86
[4] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995. p. 323
[5] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. p. 211
[6] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. p. 324
[7] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. p. 213
[8] FERREIRA, Franklin e MYATT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova, 2007. p. 300
[9] GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Vida, 2002. p. 248
[10] LIMA, Leandro Antonio de. Razão da Esperança. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 173-174

Fonte: [ NAPEC ]
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