Deus no tempo

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No Natal, nós celebramos algo maravilhoso: Deus adentrando em nosso tempo e espaço. O eterno torna-se temporal; o infinito, finito; a Palavra que criou todas as coisas tornou-se carne.

Encarnação 

Oh, quão misterioso é tudo isto! Aquele que sabe todas as coisas (João 16:30, 21:17) “cresceu em sabedoria” (Lucas 2:52). O Autossuficiente teve fome e sede (Mt. 4:2, João 19:28).  O Criador de tudo não tinha casa (Mt. 8:20). O Senhor da vida padeceu e morreu. Deus encarnado foi desamparado por Deus Pai (Mt. 27:46).

Deixando “R.I.P.” descansar em paz

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Eu tenho grande admiração pelos não cristãos que contribuíram para a melhoria da sociedade através das suas invenções, produção, liderança, literatura e arte. Recentemente, minha esposa e eu estávamos refletindo a respeito das notáveis maneiras pelas quais os trabalhos de Steve Jobs ajudaram a mudar o mundo em que vivemos. Eu amo muitas das belas obras de arte e música que foram produzidas por artistas seculares e, eu não quero, nem por um segundo, crer que devemos nos isolar do uso e desfrute das contribuições dos autodeclarados descrentes no mundo que nos cerca. Caso contrário, como declarou o apóstolo Paulo, teríamos “de sair do mundo” (1Co 5.10). Existe um princípio de graça comum em ação no mundo, pelo qual Deus permite que homens beneficiem uns aos outros, tornando a vida neste mundo caído um pouco menos dolorosa do que, de outra forma, ela seria.

Dito isto, tenho notado uma tendência preocupante nos últimos anos. Trata-se da maneira pela qual os crentes falam a respeito dos indivíduos que causam impacto na cultura com as suas mortes. Em vez de simplesmente expressarem apreço por suas vidas e realizações, tornou-se lugar-comum para os cristãos usar nas redes sociais a abreviatura R.I.P (“Rest In Peace”), ao falar sobre a morte desses indivíduos – em cujas vidas não houve evidência de graça salvífica. Correndo o risco de parecer mal-humorado, gostaria de expor algumas razões pelas quais estou preocupado com essa tendência.

Primeiro, quando empregamos a abreviatura R.I.P., estamos, inevitavelmente, admitindo uma condição ou estado inseparavelmente ligado à ideia de vida após a morte. Não estamos falando de algo indiferente à verdade do porvir. Alguém poderia retroceder neste ponto, sugerindo que R.I.P. nada mais é do que uma maneira de expressar apreço pelas realizações de uma pessoa. Contudo, enquanto certas palavras e frases podem ser fluidas em seu significado (por exemplo, “adeus” assumiu um significado diferente do seu antigo sentido em inglês: “Deus esteja com você”), “descanse em paz” dá a sensação de que o falecido está “num lugar melhor” – um lugar de descanso e paz. Se nos preocupamos com a salvação eterna dos homens, e se eles estão ou não confiando em Cristo somente para a vida eterna, então, devemos evitar, cuidadosamente, dar a impressão de que acreditamos em qualquer forma de universalismo.

Segundo, como cristãos, devemos nos revoltar com a ideia de “orar pelos mortos”, uma vez que não há uma única gota de apoio bíblico para tal ideia. Quando dizemos “descanse em paz”, corremos o risco de dar a impressão de que estamos orando pelo falecido – seja por autodenominados incrédulos ou por crentes autodeclarados. Por si só, isso deveria nos fazer dar uma pausa para decidirmos abandonar a prática.

Terceiro, as Escrituras ensinam, de maneira muito clara, a natureza onerosa tanto da paz como do descanso. A narrativa bíblica é sobre o descanso redentivo que Deus prometeu conceder através da vida, morte, ressurreição, ascensão, intercessão e retorno de Cristo (Mt 11.28-30; Hb 4.1-10). O descanso escatológico que Jesus adquiriu para os crentes lhe custou o preço do seu sangue (1Co 6.20; 1Pe 1.19). Além disso, as Escrituras são claras sobre não haver paz para os perversos (Is 48.22; 57.21). O Senhor advertiu através dos profetas, a respeito da mensagem dos falsos profetas: “Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.14; 8.11). As Escrituras deixam bem claro que Deus comprou a paz apenas “pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20). O descanso e a paz pelos quais devemos passar – tanto para nós como para os que nos rodeiam – estão fundamentados na natureza da Pessoa e morte expiatória de Jesus. Se os homens passaram a vida rejeitando o Evangelho e não professaram a fé em Jesus, não deveríamos lhes oferecer paz e descanso póstumos. Isso coloca em risco a natureza da exclusividade de Jesus e do Evangelho – mesmo que esta não seja a nossa intenção.

Isto não quer dizer que os crentes devem ser apressados ou sem caridade na maneira como falam da morte daqueles que, provavelmente, morreram em incredulidade – ou que devemos falar de tal maneira que indique que sabemos com certeza aonde alguém foi quando morreu. Seguramente, temos consolo e alegria quando alguém que professou fé em Cristo – e em cuja vida houve fruto de que ele estava em Cristo (Mt 7.16,20), deixou esta vida. É o grande conforto dos crentes saber que os seus irmãos estão agora “descansando em paz”, que eles “descansam em Jesus” (1Ts 4.14). O Antigo Testamento fala dos crentes como sendo “reunidos ao seu povo” na hora da morte (Gn 25.8,17; 35.29; 49.29,33). Isto é reservado apenas para os crentes. Isto está em contraste com o modo como as Escrituras falam dos incrédulos em suas mortes. No entanto, quando perguntados sobre aqueles que nunca professaram fé em Cristo – alguém que passou a maior parte de sua vida aderindo a alguma religião falsa em particular – devemos lembrar que nenhum de nós conhece o que Deus, o Espírito Santo, faz nos corações de homens e mulheres momentos antes das suas mortes. Nenhum de nós sabe se a graça regeneradora de Deus veio no momento final; e, portanto, devemos apenas procurar, agora, alertar os vivos a respeito da ira, com o objetivo de manter a esperança da graça redentiva em Cristo.

Em dias nos quais a doutrina bíblica do inferno desapareceu virtualmente dos púlpitos em todo lugar, e as convenções sociais do nosso tempo exigem uma linguagem aparentemente mais agradável do que aquela que as Escrituras exemplificam e exigem, devemos proceder com um grande exame pessoal do que estamos dizendo e a razão de estarmos dizendo o que estamos dizendo. Devemos pesar as implicações do nosso discurso, tanto na forma verbal e escrita, lembrando que o mesmo Jesus que disse “vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.28-29), também disse, “que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo” (Mt 12.36).

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Autor: Nick Batzig
Fonte: Reformation 21
Tradução: Rev. Alan Rennê
Divulgação: Bereianos
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Antônio Carlos Costa: um protestante em convulsão

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O pastor Antônio Carlos Costa, pastor presbiteriano no Rio de Janeiro, fundador e presidente da ONG Rio de Paz, publicou na manhã de hoje [30/10] um vídeo no qual afirma que as igrejas evangélicas brasileiras necessitam de uma nova Reforma. Abaixo farei um breve resumo do vídeo, seguido de uma crítica às afirmações de Costa.

O amor e o ódio: quem ama, odeia

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Foi realizado hoje, 25/10, um "culto de oração", organizado por um grupo de evangélicos de orientação esquerdista, apoiadores de Fernando Haddad. A programação teve como tema "O Amor Vence o Ódio".

O tema foi escolhido em função do atual clima político do Brasil, e parte do pressuposto que os eleitores de Jair Bolsonaro são apoiadores de alguém que pratica o que, hoje em dia, é chamado de "discurso de ódio". Qualquer afirmação que contrarie o que a agenda esquerdista propõe é, imediatamente, rotulada como "discurso de ódio". Como bem observou o Pr. Augustus Nicodemus, "aquilo em que acreditamos começa a ser rotulado de ódio. Se afirmarmos a família, temos ódio contra os homossexuais; se afirmarmos a vida, somos contra a mulher que tem o direito do aborto; se afirmarmos a defesa própria, é discurso de ódio contra os criminosos, porque deve haver direitos iguais" (Caminhos da Fé. p. 41).

A incoerência do discurso dos evangélicos progressistas está em que, sua mensagem é a de que o ódio é, intrínseca e moralmente, errado. Se alguém diz ser discípulo de Jesus, então, a única coisa que lhe cabe é o amor. Não obstante, qual é o sentimento que, na prática, é nutrido e posto em obras da parte dos progressistas para com aqueles que, de acordo com eles, praticam o "discurso de ódio"? Amor? Tolerância? Não. Longe disso! É ódio! E o ódio se traduz, de modo claro, em agressões, insultos e até mesmo espancamentos. Hoje mesmo, aqui em São Luís, ao tentar apresentar uma palestra sobre o que é o fascismo, um católico conservador foi objeto do ódio de universitários esquerdistas, que o xingaram, cuspiram e pouco faltou para que o agredissem fisicamente.

Um segundo problema com o discurso progressista de que "o amor vence o ódio" é o pressuposto de que amor e ódio são mutuamente excludentes. Quem ama não odeia. E quem odeia não ama. Alguém cheio de ódio é alguém vazio de amor, e vice-versa. Se eu me coloco de modo contrário à ideologia de gênero, é porque eu não amo gays, lésbicas, transsexuais etc. Pelo contrário, eu os odeio. Esta é a lógica da esquerda evangélica.

Há um dito atribuído a Érico Veríssimo, que diz assim: "O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença". Eu sou inclinado a concordar com a afirmação inicial. O oposto do amor não é o ódio. De modo bem interessante, em 1 Coríntios 13, não encontramos a declaração de que o amor não odeia. O apóstolo Paulo diz sobre o amor: "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (vv. 4-7). Perceba, o ódio não figura entre as posturas e sentimentos incompatíveis com o amor.

Existem algumas passagens nas quais amor e ódio são mencionados e, aparentemente, figuram como antagônicos entre si. No Salmo 109.5 está escrito: "Pagaram-me o bem com o mal; o amor, com ódio". Esta passagem é suficientemente clara. Amor e ódio não são antagônicos um ao outro. O que está sendo afirmado aqui é apenas o princípio por trás da conhecida regra de ouro: Faça aos outros aquilo que você quer que façam a você. Se você tem sido beneficiado com o amor de alguém, então, retribua com amor. Se alguém te faz o bem, retribua com o bem, não com mal. Em Provérbios 10.12 está escrito: "O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões". Nesta passagem, amor e ódio também não devem ser vistos como inimigos. O que o autor está afirmando é o princípio envolvido no ódio pecaminoso, gratuito. Para poder interpretar esta passagem como que ensinando que amor e ódio são absolutamente incompatíveis, eu necessito partir do pressuposto que todo e qualquer ódio é, por necessidade, pecaminoso, mal, vil, perverso, maligno. No entanto, as Escrituras não me permitem fazer isso.

Em Apocalipse 2.6, um dos elogios que Jesus faz à igreja de Éfeso foi o seguinte: "Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio". De antemão afirmo que o versículo está traduzido da maneira correta. O verbo grego miséô significa mesmo "odiar". Existem algumas passagens neotestamentárias em que o verbo assume o significado de "amar menos", como em Lucas 14.26. No caso, o verbo faz uma comparação entre nossa afeição a Deus, que deve estar acima de tudo e de todos, e nossa afeição aos nossos pais, irmãos, filhos etc. Mas em Apocalipse 2.6 o objeto do verbo é o pecado. No caso, "as obras dos nicolaítas", que nada mais eram do que a imoralidade, a idolatria e a perversão da verdade, como nos diz Simon Kistemaker (Apocalipse. p. 159). G. K. Beale faz o seguinte comentário sobre "as obras dos nicolaítas": "Provavelmente os nicolaítas ensinavam que os cristãos poderiam participar da cultura idólatra de Éfeso. A cidade fora dominada pelo culto à deusa Artemis, deusa da fertilidade, e seu templo tinha milhares de sacerdotes e sacerdotisas com pesado envolvimento na prostituição" (Revelation: A Shorter Commentary. p. 57). Dessa forma, Jesus não está elogiando a igreja de Éfeso por "amar menos" aquilo que é pecaminoso. Em vez disso, Jesus aprova que aqueles cristão, de modo ativo e intenso, detestem o pecado ensinado e promovido pelos nicolaítas. Ademais, que os evangélicos esquerdistas atentem bem para isto: Jesus diz: "eu também odeio". Jesus odeia. E nem preciso dizer que em Jesus não existe pecado, não é mesmo?

Em 1 João 4.20 a Palavra de Deus diz: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". O princípio é óbvio: quem ama a Deus também ama a seu irmão. Quem odeia a seu irmão, não ama a Deus. Quem odeia a seu irmão também odeia a Deus. A pergunta é: quem é o meu irmão? Não vou entrar na questão da paternidade de Deus, pois aqui já temos informação suficiente para que os evangélicos esquerdistas rilhem os seus dentes por longos anos.

O fato é que o ódio também pode ser compreendido como uma função do amor. Sim, é isto mesmo que você leu. O ódio é uma função do amor. Ora, qualquer coisa que coloque sob ameaça aquilo que é o objeto da minha afeição mais elevada, do meu amor mais intenso, será, automaticamente, objeto do meu ódio, da minha repulsa mais intensa. De igual modo, se eu amo a pureza, então, eu também odiarei a impureza. Se eu amo a santidade, odiarei a iniquidade. Se amo a justiça, odiarei a injustiça. Por amar a Deus acima de todas as coisas, qualquer coisa que ofenda ao objeto do meu amor será objeto do meu ódio. Como Davi, no Salmo 139, pôde dizer que odiava com ódio consumado determinadas pessoas? Ele explica: "Não aborreço eu, SENHOR, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato" (vv. 21-22). Davi não odiava quem o odiava. Davi odiava quem odiava aquele a quem ele amava de todo o seu coração. Mas nem por isso ele se dava por justificado. Ele, sabendo da inclinação do seu coração, ainda pediu a Deus o sondasse e o livrasse de todo e qualquer caminho mau (vv. 23-24).

O nosso grande perigo é odiarmos aquilo que deve ser objeto do nosso amor e amarmos aquilo que devemos odiar. Quando o Senhor inicia em nós o processo de santificação, ele está nos moldando segundo a imagem de Jesus (Romanos 8.29), a fim de amarmos cada vez mais aquilo que é amável e odiarmos cada vez mais aquilo que é odioso. Por amarem tanto uma ideologia, esquerdistas odeiam aqueles que defendem a fé cristã histórica.

Quem ama a Deus, odeia o pecado.

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Autor: Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima
Fonte: Perfil do autor no Facebook
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Uma agenda para o voto consciente

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“Eu tenho ouvido: ‘Não traga a religião [cristã] para a política’. É precisamente para este lugar que ela deveria ser trazida e colocada ali na frente de todos os homens como um candelabro” (C. H. Spurgeon).

Como se costuma dizer, “a política é o espaço do bem comum”, frase que pode ser entendida como uma forma de praticar o amor cristão. Afinal, é pela ação política que muitas pessoas no país podem ser beneficiadas pelo bem e pela justiça. Mas para que isso aconteça, é necessário que a prática política esteja fundamentada em valores éticos. Além disso, a transformação da conjuntura social de acordo com a cosmovisão cristã é, também, uma forma de evangelizar. Portanto, com o objetivo de propor o voto consciente e responsável aos cristãos, sugerimos alguns elementos que deverão ser considerados na hora da sua escolha eleitoral:

Olavo continua refutado

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Neste vídeo o Pr. Yago Martins refuta (novamente) Olavo de Carvalho (e Bernardo Küster) no vídeo "Yago Martins e as fés protestantes". Será mesmo que Olavo e Küster tem razão? Assista o vídeo e tire suas conclusões:


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Autor: Pr. Yago Martins
Fonte: Dois dedos de Teologia
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Porque Abandonei a Igreja Sensível ao que Busca

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Comecei a pastorear em setembro de 1994 - bem no meio da loucura do movimento “seeker-sensitive” (sensível ao que busca). As duas primeiras igrejas em que trabalhei estavam 100% comprometidas com o programa. Nós éramos contemporâneos, tínhamos foco, boa sinalização e todos os nossos valores centrais começavam com a letra "G"¹ - éramos tão amigos dos interessados quanto era humanamente possível.


Ambas as igrejas fecharam e o próprio movimento parece estar em declínio terminal.

Por que não sou olavete - resposta ao artigo “por que não sou evangélico”, de Olavo de Carvalho

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Neste vídeo o Pr. Yago Martins refuta Olavo de Carvalho em seu artigo "Por que não sou evangélico", divulgado em seu blog pessoal e Facebook. Será mesmo que Olavo tem razão neste assunto? Assista o vídeo e tire suas conclusões:


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Autor: Pr. Yago Martins
Fonte: Dois dedos de Teologia
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Refutando a luterana abortista com 11 argumentos

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No dia 06/08 a pastora Lusmarina Campos, representando o Instituto de Estudos da Religião (ISER) do Rio de Janeiro, defendeu a descriminalização do aborto no Brasil na Audiência pública do STF. Impregnada de teologia liberal, ela distorceu totalmente o ensino bíblico a fim de validar sua posição favorável ao aborto. Alisto abaixo 11 argumentos em refutação ao seu discurso.

1. Ela disse que “os principais argumentos levantados contra a descriminalização do aborto são religiosos”. De fato, para um cristão verdadeiro, o principal argumento contrário ao aborto é que a vida é sagrada, porque não pertence a nós, mas a Deus. Porém, é falacioso dizer que os melhores argumentos são religiosos, como se fosse uma discussão restrita a este campo. É conhecido e divulgado que juristas, biólogos, médicos e cientistas em geral se opõem ao aborto por questões humanitárias, de defesa da vida e dos direitos do nascituro.

Refutando a “pastora” do aborto

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Neste vídeo o Pr. Yago Martins refuta os argumentos utilizados pela "Pastora" Lusmarina Campos, da Igreja de Confissão Luterana, utilizados na audiência pública do Supremo Tribunal Federal, sobre a questão da descriminalização do aborto, onde ela defendeu que a Bíblia não condena o aborto. Assista: 


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Autor: Pr. Yago Martins
Fonte: Dois Dedos de Teologia
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Batismo e Circuncisão: uma breve apologia ao pedobatismo

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Tendo estabelecido os elementos da circuncisão, e seu propósito de inclusão na aliança, temos que ver como isso é transmitido para o Novo Testamento. Está pressuposta a essa aula o princípio hermenêutico de que a Aliança é a religião da Bíblia. O que temos é a alteração de administração, i. e., de formas de se observar os mesmos elementos. Talvez o argumento mais rápido para se observar isso seja o da própria expressão lucana ‘Nova Aliança’, usando o termo καινὴ¹ que não significa ‘novo’ de inédito, mas algo que não está usado, fresco… e coisas do tipo. Jesus estava dizendo, pois, que tínhamos uma renovação da aliança, e que uma nova etapa administrativa seria iniciada. Tal como nas ocasiões anteriores, isso não significava a supressão dos elementos anteriores, mas algumas coisas poderiam mudar.

Já foi visto que a Páscoa é substituída pela Santa Ceia. O Batismo é, por sua vez, substituto da Circuncisão². Para entender muito bem a isso, temos que tentar entender a instituição desses dois rituais com a perspectiva dos crentes da época, i.e., temos que adotar uma perspectiva exegética.

Um crente, então, acreditava que Deus havia instituído dois Sacramentos. Um memorial tinha sido estabelecido e deveria ser constantemente celebrado. Agora, novamente, um memorial estava sendo estabelecido. Era preciso que eles lembrassem o evento que inaugura a ‘nova’ aliança. Jesus, então, no próprio dia da Páscoa estabelece a Santa Ceia. Qualquer judeu ali entenderia que o novo memorial estava estabelecido. Sem esse recurso dedutivo não há como proibir ou mesmo não observar normativamente a Páscoa. Ela teria valor obrigatório para nós.

O raciocínio para o batismo é muito semelhante. Os crentes estão entendendo que o sinal para a inclusão de um indivíduo ao povo de Deus era a circuncisão. Agora, após alguém se unir ao povo de Deus deveriam ser batizados. O recado foi captado - ou deveria ser. Mais tarde, o Novo Testamento condenará explicitamente a circuncisão como ato de abandono da Nova Aliança³. O batismo é até mesmo chamado de ‘Circuncisão de Cristo’⁴! Paulo também diz que nós, os cristãos, somos a Circuncisão.⁵

Estabelecido esse ponto inaugural, é hora de observarmos quem são os indivíduos que deveriam ser circuncidados. A Páscoa exigia, como memorial, que toda a família celebrasse o memorial. A criança, é claro, comia sem uma compreensão adequada do que era o memorial, mas em breve seria instruída e comeria com fé. Igualmente, na circuncisão a criança não cria, mas logo deveria confirmar a fé dos pais. E o batismo? Não teria a mesma característica?

Pois bem, assim seria entendido pelo judeu que se convertesse. Tal como ele circuncidava seus filhos, batizaria os mesmos, naturalmente. “A referida exclusão [da criança ao rito neotestamentário] por certo exigiria uma declaração muito explícita a respeito”⁶. Todavia, há algumas objeções normalmente levantadas por nossos irmãos batistas para negar esse raciocínio⁷. Pretendemos analisá-las. 

1) Primeiro, alguns observam que o Novo Testamento apresenta o batismo como algo a ser recebido com fé, de modo que alguém que não entende não poderá ser batizado. Nós, porém, respondemos que a fé apresentada como condição para o batismo diz respeito a convertidos não nascidos na aliança, i. e., nascidos fora da Igreja. O mesmo acontecia no Antigo Testamento. De fato, é o próprio Paulo que nota ser a circuncisão um sinal que funcionava como sinal da justiça da fé entregue para Abraão quando ele ainda não havia se convertido⁸. Precisamos notar com cautela o que está sendo afirmado aqui. Abraão, quando creu, foi justificado pela fé.

Então recebe o sinal da circuncisão, firmando a aliança. Ele é, pois, circuncidado quando adulto, quando se converteu. A partir daí, a situação natural seria que os filhos não mais fossem circuncidados quando grandes. Mas e se alguém viesse a crer quando mais velho? Ele não era circuncidado novamente. Valia a circuncisão já recebida, funcionando novamente como ‘sinal da justiça da fé’. Confirmava-se, pois, a circuncisão.

2) Mas não é forçado pensar numa noção de confirmação da fé? A circuncisão exigia tal confirmação? Em Deuteronômio 10:16⁹, Jeremias 4:4¹⁰ e Ezequiel 44:7 é dito que os judeus deveriam circuncidar seus corações. O ensino de Paulo é justamente esse, i. e., que os judeus que se arrogavam mestres da lei e circuncisos só poderiam gozar de algum louvor se fossem circuncidados de coração. Essa é a circuncisão que vale a pena¹¹. Mas essa circuncisão de coração, que era a de valor, só poderia ser exercida pela fé, quando alguém cresse. Não obstante, não implicava em proibição da circuncisão enquanto não houvesse fé.

3) Mas não vemos nenhum exemplo [explícito]¹² de batismos infantis no Novo Testamento. Como, pois, sustentar que esse tipo de prática é lícita? Na verdade, embora isso seja respondido de uma forma simples, não é tão facilmente notado. Entretanto, faça esse simples exercício exegético: observa que não há qualquer narração a respeito da continuidade da vida comunitária cristã no único livro narrativo após os Evangelho: Atos. Temos, ali, o registro das viagens missionárias. Seria de se esperar que encontrássemos pessoas batizando seus filhos onde as pessoas nem mesmo eram crentes? Não, evidentemente. Como Hodge diz: 

A Igreja expandiu-se grande rapidez, mas suas adesões vinham de fora; adultos convertidos dentre os judeus e gentios que, ao se tornarem cristãos, traziam consigo, naturalmente, seus filhos para o rebanho de Cristo. Portanto, durante esse período, pouco se ouviu do batismo de crianças.¹³

Berkhof dá explicação muito semelhante:“Mas não há necessidade de ninguém se surpreender com o fato de não haver menção direta do batismo de crianças, pois num período missionário como o da era apostólica, naturalmente a ênfase recai sobre o batismo de adultos”¹⁴.

E a questão é tão pueril que, como coloca Berkhof, atesta contra os próprios batistas, i. e., não lemos em qualquer lugar uma menção ao batismo de filhos de crentes quando se tornam mais velhos, adultos. Ou seja, a prática batista encontra igualmente nenhuma referência:

A ausência de referências definidas ao batismo de crianças tem explicação, ao menos em boa medida, no fato de que a Escritura nos dá um registro histórico da obra missionária dos apóstolos, e não da obra empreendida nas igrejas organizadas. Aí também o feitiço vira contra o feiticeiro, quanto aos batistas. Poderão mostrar eles algum exemplo de batismo de um adulto nascido e criado num lar cristão? Não há risco nenhum de que algum dia o façam.¹⁵

4) Mas não há qualquer registro de que os crentes deveriam confirmar sua fé quando amadurecessem. Isso não deveria estar na instrução de alguma das epístolas? Não pelo simples fato de que essa já era a prática corrente. Não é dito que deveriam evitar a adoração por meio de imagens, mas essa já era a prática vigente e certamente a adoração pública demonstraria os ensinos implícitos.

5) Não há ordem para que crianças sejam batizadas. Antes, se diz que a condição para o batismo é a fé. Como explicar textos como Marcos 16:15-16? Aqui é dito, claramente, que apenas quem cresse deveria ser batizado.

Primeiro, é preciso observar que não há lugar algum dizendo que as crianças não deveriam ser batizadas. Nenhuma ressalva do tipo: ‘batizem, mas não as crianças’.

Por isso, Hodge coloca: 

O ‘onus probandi’ repousa sobre aqueles que assumem a negativa sobre este tema. Se os filhos devem ser privados de um direito nato do qual têm desfrutado desde quando houve Igreja sobre a terra, é preciso haver algum mandamento positivo para sua exclusão, ou alguma mudança claramente revelada nas condições de membresia que façam tal exclusão necessário. Quase nem é preciso dizer que Cristo não deu nenhum mandamento de não se considerar mais as crianças dos crentes como membros da Igreja…¹⁶

Em segundo lugar, é preciso observar as condições em que tal orientação está inserida, a saber, num contexto evangelístico. ‘Preguem o Evangelho’ é dito antes.

Além disso, ele seria pregado não na igreja, nesse arranjo, mas fora, e no mundo todo. O contexto é evidentemente missionário. E, sendo assim, permanece a situação descrita no ponto 3, i. e., aquela perspectiva missionária que certamente apontaria para convertidos fora da aliança. Esses só seriam batizados, evidentemente, depois de crer.

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Notas:
[1] Lucas 22:20. É o mesmo termo usado em 1 Coríntios 11:25. Apesar do uso de νέας em Hebreus 12:24, o argumento na sequência permanece o mesmo. Afinal, se algo é renovado, podemos chamá-lo de novo, mas não o contrário.
[2] O artigo foi feito como material para uma aula dada no curso de Teologia ministrado nas EBDs da Igreja Presbiteriana Confessional. Nesta etapa do curso já foi ensinada a transição da Páscoa para a Santa Ceia. Quem precisar compreender melhor esse ponto deve buscá-lo em outras fontes. Sugerimos as próprias Teologias Sistemáticas reformadas, como a de L. Berkhof, Charles Hodge, Françoi Turretini e etc.
[3] Um dos episódios mais claros é o da controvérsia em Jerusalém, em Atos 15. Ali Paulo e Barnabé confrontavam claramente os farizeus que haviam crido exigiam que os irmão observassem a circuncisão para serem salvos (cf. 1-5). Curiosamente, não houve controvérsia em relação à Páscoa, e não ouvimos qualquer relato de que alguém a tenha observado.
[4] Colossenses 2:11-12, que diz: ‘Nele [em Cristo], também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele no batismo…” Fomos circuncidados por Cristo, não por intermédio de mãos, mas no ato de despojar-se do corpo da carne. Isso foi feito tendo havido o batismo. Portanto, no batismo somos circuncidados por Cristo.
[5] Filipenses 3:3.
[6] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, 3 ed., 2007, p. 585.
[7] Isso quando são aliancistas, como Charles Haddon Spurgeon ou Franklin Ferreira, para ficarmos nos nomes mais célebres. Os que advogam a Teologia da Nova Aliança, por exemplo, ou os dispensacionalistas, argumenta contrariamente a tal noção justamente fazendo uma cisão, uma ruptura mais abrupta entre as alianças.
[8] Romanos 4:11.
[9] Vale a pena ler a partir do verso 12. A instrução é clara: deveriam temer a Deus, obedecer seus mandamentos e circuncidar o coração.
[10] cf. 9:25-26.
[11] Romanos 2:25-29.
[12] Alguns admitem a possibilidade do batismo da casa de Lídia (Atos 16:15), e da do carcereiro (Atos 16:32-33 incluírem crianças. Todavia, vociferam que isso é especulativo, e que não há menção 
explícita a crianças. Se não se deve admitir batismo a elas, então se houvesse crianças, foram  omitidas.
[13] HODGE, Charles. Teologia Sistemática, p. 1432.
[14] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 586.
[15] Ibid, p. 588, itálico nosso.
[16] HODGE, Charles. Teologia Sistemática, p. 1431.

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Autor: Lucio Antônio de Oliveira
Divulgação: Bereianos
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Porque não falamos em línguas

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A resposta? Simplesmente esta: Nós não falamos em línguas porque não é bíblico assim fazer.

“Mas, no Novo Testamento as pessoas não falavam em línguas? Isto não faz dela uma prática bíblica?”

Não. Algumas coisas na Bíblia pertencem a pessoas e tempos especiais; não a nós. Jesus ressuscitou dos mortos e os apóstolos manejaram miraculosamente serpentes mortais sem dano algum; mas nós não podemos fazer estas coisas hoje.

O Que as Línguas Eram

A palavra línguas, na Bíblia, significa idiomas. Falar em outras línguas (note o plural; a Escritura não está falando de algum idioma celestial) é a capacidade de pregar em idiomas estrangeiros sem ter estudado ou aprendido os mesmos (At 2:8-11). Os dons miraculosos do Espírito Santo capacitaram os apóstolos, em seus dias, a ensinarem pessoas de muitas nações. Você pode ver, então, como Paulo claramente disse, que as línguas tinham um propósito evangelístico: “as línguas são um sinal, não para aqueles que creem, mas para os incrédulos” (1 Co 14:22).

Porque isto é verdade, um idioma não deve ser usado numa congregação que fala outro idioma. Aparte da interpretação, o falar em línguas estrangeiras não edifica. E o propósito principal de Paulo nestes capítulos é enfatizar que todas as coisas devem ser feitas para edificar (ou fortalecer) os outros – 1 Co 14:26b. Usá-las na igreja era inadequado e inconveniente, visto que elas deviam ser interpretadas.

Porque as Línguas Cessaram

Deus nunca intentou que o falar em línguas continuasse indefinidamente. Paulo expressamente escreveu: “as línguas cessarão” (1 Co 13:8). O esforço evangelístico que estabeleceu a igreja primitiva em todo o mundo Mediterrâneo, foi realizado sob a liderança dos apóstolos. Os ofícios apostólicos e proféticos eram revelacionais (Ef 3:5). Isto é o mesmo que dizer que, durante o período no qual o Novo Testamento estava sendo escrito, ambos recebiam a verdade diretamente de Deus. Os apóstolos foram enviados com o evangelho, enquanto os profetas pareciam ter sido assistentes apostólicos. A revelação que eles receberam foi registrada nos livros que chamamos o Novo Testamento.

Não somente os dons miraculosos capacitaram os apóstolos a pregarem em muitos idiomas que eles não conheciam, mas estes dons também atestaram sua comissão apostólica (2 Co 12:12), assim como os feitos miraculosos atestaram a obra evangelística de Jesus (At 2:2). Além do mais, pelos dons extraordinários, Deus confirmou os escritos dos apóstolos (Hb 2:2-4). Quando a escrita das Escrituras se completou, sua autoria não necessitava de confirmação adicional.

Foi somente durante o lançamento dos fundamentos da igreja que os dons miraculosos eram necessários. Os ofícios de apóstolo e profeta, sobre quem Deus depositou estes dons, cessaram quando este fundamento foi lançado. Isto é claro a partir de Ef 2:20. Um fundamento é lançado somente no princípio; ele não se estende até às paredes ou ao texto!

Quando Paulo disse que os dons especiais eram “os sinais de um verdadeiro apóstolo” (2 Co 12:12), ele certamente implicou que nem todos os cristãos os possuem. Era somente os apóstolos, e aqueles a quem eles transmitiram (At 19:6,7; Rm 1:11), que possuíram estes dons.

Suponha que eu dissesse “Nossa igreja se reúne numa casa, no bloco 200, da Avenida Central – você não pode deixar de encontrar; simplesmente olhe para o sinal”. Mas, quando você chega, cada casa parece semelhante e todas têm sinais similares! Este sinal seria inútil; ele não mais seria um sinal. Se após o Pentecostes judeu e o Pentecostes gentio (At 2:10), quando o Espírito Santo veio diretamente, os dons eram mediados somente pelos apóstolos (At 8:17,18; 19:6,7), então, eles deveriam ser deveras um sinal dos verdadeiros apóstolos (2 Co 12:12). Mas somente assim. Se alguém pudesse, de si mesmo, obter dons de Deus, aparte dos apóstolos, então, as línguas seriam um sinal para ajudar a identificar um verdadeiro apóstolo, tanto quanto os sinais na Avenida Central.

Não, os sinais e maravilhas pertenceram ao período fundacional da igreja – um período, presumidamente, que aqueles que ensinam outra coisa parecem não reconhecer (embora o próprio Paulo faça alusão a isso em Ef 2:20). Eles não têm mais lugar na igreja hoje do que a continuação da escrita da Bíblia. Você pode assumir, portanto, que não importa quão bem-intencionadas as pessoas que reivindicam o dom de línguas possam ser, elas têm enganado a si mesmas sobre o assunto. Não importa a sinceridade delas ou o “balbuciar celestial” que elas possam parecer falar.

Não busque, ore ou espere dons miraculosos hoje. Não há garantia para assim o fazer. Foque sua atenção, ao invés disso, nas Escrituras e n'Aquele de Quem elas falam. Nele (Jesus Cristo) somente, está o majestoso poder de Deus, depositado e demonstrado.

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Autor: Jay E. Adams
Fonte: Monergismo
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
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Subscrição Confessional

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Uma afirmação credal ou confessional é uma afirmação daquilo que um indivíduo ou uma denominação confessa ser sua crença. Que afirmações credais são bíblicas é visto nas fiéis palavras que o apóstolo cita nas Epístolas Pastorais. Por exemplo: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Timóteo 1.15). A PCA [Presbyterian Church of America], logo quando surgiu, declarou-se comprometida com a Confissão e os Catecismos de Westminster, como sustentados pelas igrejas presbiterianas americanas desde 1789.

A ideia de subscrição é a do compromisso formal de si mesmo com aquilo que subscreve. O segundo voto de ordenação da PCA é um voto no qual o ordenando afirma a sua fé. Envolve a sua subscrição à Confissão e aos Catecismos de Westminster como a sua confissão de fé. Ele diz:

Você recebe e adota, sinceramente, a Confissão de Fé e os Catecismos dessa Igreja, como contendo o sistema de doutrina ensinado nas Sagradas Escrituras; e você promete também que, se em qualquer época você se encontrar em desacordo com qualquer dos fundamentos desse sistema de doutrina, por sua própria iniciativa fará conhecida ao seu presbitério a mudança ocorrida em suas opiniões, a partir do momento em que você assume este voto de ordenação? (BCO 21-5, 24-5) 

Antes de prosseguir, seria bom definir como entendemos os termos subscrição “estrita” e “ampla” significam. Em primeiro lugar, as duas palavras “estrita” e “ampla” não são os melhores termos pata descrever as duas visões em jogo no “debate sobre subscrição”. Essa terminologia remonta ao século XIX. De certa forma, os dois termos são caricaturas das posições que levam esses nomes. Em vez de “subscrição estrita”, a melhor descrição é “subscrição integral”. Podemos substituir a expressão “subscrição ampla” por “subscrição do sistema de teologia”, que será abreviada como “subscrição do sistema” ao longo deste texto.

Subscrição estrita ou integral leva em conta a pergunta citada acima: “Você recebe e adota, sinceramente, a Confissão de Fé e os Catecismos dessa Igreja, como contendo o sistema de doutrina ensinado nas Sagradas Escrituras...”. Ela sustenta que o ordenando está subscrevendo nada mais nada menos que a inteireza da Confissão e dos Catecismos como contendo o sistema de doutrina ensinado nas Escrituras. Não significa dizer que aquele que subscreve integralmente uma confissão não reconhece que alguns ensinamentos da Confissão e dos catecismos são mais fundamentais que outros, mas, sim, que ele acredita que ao professar que a Confissão e os Catecismos da sua igreja são a sua confissão, ele está subscrevendo todas as doutrinas na Confissão e nos Catecismos. Todas elas são parte do sistema de doutrina, embora, admitidamente, algumas sejam mais essenciais que outras. Note que subscrição integral não exige subscrição em termos de adotar cada palavra da Confissão e dos Catecismos, mas, sim, em termos de cada doutrina ou ensinamento da Confissão e dos Catecismos.

Subscrição ampla – ou do sistema –, por outro lado, sustenta que subscrevemos
um sistema de doutrina que não é definido especificamente, mas que está contido na Confissão e nos Catecismos da igreja. A subscrição do sistema sustenta a adoção de todas as doutrinas fundamentais e essenciais do sistema. Outras expressões das confissões e catecismos, que são julgadas como não essenciais ao sistema de doutrina são uma questão de indiferença, quer o ordenando as adote ou não. 

Envolvido em ambas as visões está o conceito de “doutrina”. Essencialmente, a palavra significa um ensinamento. Quando alguém que subscreve uma confissão de maneira integral insiste no fato de que a nossa subscrição inclui todas as doutrinas  nos Padrões Confessionais, ele não está insistindo em cada afirmação a respeito de cada uma daquelas doutrinas, mas, em vez disso, que cada uma das áreas do ensinamento tratado pelos Padrões está incluída em sua subscrição. Por outro lado, aquele que subscreve o sistema afirma que apenas as doutrinas que compõem o sistema são ordenadas na subscrição. Aquelas proposições ou expressões, e mesmo aquelas doutrinas que não são uma parte do sistema, não estão incluídas. A definição do que está incluído no sistema é algo que deve ser determinado pelos tribunais da igreja, na medida em que a ocasião surge.

Vamos ilustrar os tipos de diferenças que surgem. Aquele que subscreve uma confissão integralmente acredita que está comprometido todas as posições doutrinárias elencadas na Confissão e nos Catecismos. Ele está assim comprometido com a visão de casamento e divórcio ensinada na Confissão. Se um membro da sua igreja deseja casar com um católico romano, contra quem a Confissão fala de modo bem específico, aquele que subscreve integralmente a Confissão não sente que tem liberdade para realizar tal casamento. Em vez disso, deve advertir o seu paroquiano contra o mesmo. Aquele que subscreve o sistema de doutrina pode entender que parte do capítulo sobre casamento não faz parte do sistema, e pode sentir que possui perfeita liberdade para realizar tal casamento.

Um número de outras ilustrações poderia ser apresentado, tais como: visões a respeito do Sabbath, da condução dos serviços de culto, etc. Quem subscreve a Confissão de maneira integral defende o Sabbath como está expresso nos catecismos, enquanto quem subscreve o sistema pode sentir que tem liberdade para fazer um número de coisas proibidas pelos Catecismos. Tal é o caso com o Princípio Regulador do Culto. O subscritor integral enxerga isso como a posição da Igreja Presbiteriana, e não quer cruzes ou imagens de Cristo, no lugar do culto. Ele também deseja ser capaz de apontar diretamente, a partir da Escritura, tudo aquilo que é feito no serviço de culto.

O subscritor do sistema pode achar que o uso de cruzes, ou mesmo de imagens de Cristo, é permitido. Ele julga essa parte do Catecismo como uma a respeito da qual uma exceção pode ser tomada, uma vez que ele pode sentir que o sistema de doutrina bíblico não a exige. Quando observamos como as nossas visões da subscrição se aplicam à nossa prática pública, vemos o porquê de existir tanta tensão entre os dois grupos.

A pergunta que deve ser respondida é como as exceções devem ser tratadas. Vamos agora tentar estabelecer as implicações de cada um desses pontos de vista.

Primeiro, pode-se afirmar que nenhuma exceção deve ser permitida. Quando alguém subscreve a Confissão de uma igreja, ele adota aquela confissão como a sua própria, e não ensinará ou praticará o que é contrário a essa confissão. Ele decide, com a ajuda de Deus, que procurará ser verdadeiro à essa Fé tanto em seu ensino como em sua vida. Essa é a posição que o subscritor integral prefere. Entretanto, ela não é a única posição compatível com a posição da subscrição integral.

Do primeiro Ato de Adoção da Igreja Presbiteriana Americana (1729), foi feita provisão para homens afirmarem os seus escrúpulos diante do presbitério que os examinava. Então, o presbitério tinha o dever de determinar se o ponto de exceção era de natureza tal que excluía o candidato do ministério presbiteriano ou não. A pergunta acerca do que essa aprovação permitia permanecia para aqueles aprovados para ordenação com exceções. Era permitido que ele ensinasse essa visão, contrária aos Padrões da Igreja, ou era exigido que ele ensinasse a posição da Igreja?

O subscritor integral defende que a aprovação da exceção não é um acordo para
o indivíduo ensinar contra as doutrinas da Igreja. Se o candidato deseja ser um ministro presbiteriano, de boa vontade, ele deve se submeter aos irmãos, e ensinar apenas o que a Igreja adotou como sua posição. Se ele não pode fazer isso com boa consciência, então, ele deve buscar uma comunhão onde ele não esteja debaixo de tal restrição. Samuel Miller (1769-1850) escreveu a respeito dessa questão:

Definindo, então, como um primeiro princípio de honestidade, bem como da verdade cristã, essa subscrição dos Artigos de Fé é uma transação de peso, que realmente significa o que ela professa significar; que nenhum homem tem a liberdade de subscrever artigos nos quais não acredita verdadeira e plenamente; e que, ao subscrever, ele se coloca debaixo de um compromisso solene e pactual com a igreja em que entra, para andar com ela ‘em unidade de fé’, e ‘no vínculo da paz e do amor’. Se ele não pode fazer isso de maneira honesta, não permita que ele professe isso de maneira alguma.¹

O ordenando que toma exceções a um ensinamento particular da Confissão ou dos Catecismos, pode ser ordenado pelo presbitério, se este achar que a exceção não afeta o sistema básico de doutrina contido nos Padrões. Ele não está autorizado a ensinar de modo contrário aos Padrões. Ele deve ensinar a visão dos Padrões, a fim de não perturbar a Igreja por ensinar contrários aos padrões dela. Se não puder se submeter aos irmãos, ele deve buscar outra comunhão, onde ele tenha maior liberdade.

A Confissão e os Catecismos da Igreja são seu credo, não algum indefinido sistema de doutrina – nem mesmo um indefinido sistema reformado de doutrina.

Teólogos liberais na principal Igreja Presbiteriana no início do século XX, todos os quais eram subscritores amplos, afirmavam sustentar o sistema de doutrina, mas não a Confissão e os Catecismos em si. Por não definirem o sistema, eles eram capazes de afirmar isso, e não serem disciplinados quando ensinavam algo contrário à Confissão ou aos Catecismos. Se permitirmos que homens tomem exceções à Confissão e aos Catecismos e, então, permitirmos que ensinem essas exceções, a Igreja se tornará cada vez menos unificada em sua posição doutrinária. E se tornará cada vez mais difícil disciplinar aqueles que ensinam o erro. Em seu credo, a Igreja declara o que ela crê ser a interpretação correta de várias doutrinas contidas ali. Essa é a visão que a Igreja espera que o seu ministro ensine e defenda. Se um homem deseja ser um ministro numa denominação confessional, de boa vontade ele deve submeter o seu ensino e práticas pessoais à Igreja, mesmo que ele sinta que a Igreja não está correta naquele ponto em particular. Se ele não puder fazer isso, então, ele deve procurar outra comunhão.

Os escritores da Confissão e dos catecismos foram bastante sábios ao não estabelecerem todas as possíveis questões teológicas a respeito das quais a Bíblia não é explícita. Por exemplo, os Padrões não estabelecem as questões em torno do supra ou infralapsarianismo, ou da natureza da imputação do pecado de Adão, ou do milenialismo. Felizmente, os teólogos de Westminster deixaram essas questões para a consciência individual, e não estamos vinculados a uma visão em particular sobre essas por ocasião da nossa subscrição aos Padrões.

O espírito da nossa subscrição é aquele de submissão aos nossos irmãos, e muito mais aquele de submissão à Palavra de Deus. Historicamente, esse tem sido o espírito expresso nas confissões reformadas e presbiterianas. A Confissão Escocesa de 1560 declara em seu prefácio:

Se qualquer homem notar em nossa Confissão qualquer capítulo ou sentença contrária à Santa Palavra de Deus, ele deve, por gentileza e por amor da caridade cristã, informar-nos por escrito; e nós, por nossa honra, prometemos que pela graça de Deus daremos satisfação a partir da boca de Deus, isto é, pela Sagrada Escritura, ou então, alteraremos o que ele provar estar errado.

Para encerrar, cabe a nós aprender as lições da história, e procurar resolver esse problema que tem causado não pouca perturbação da “paz e da unidade” da Igreja Presbiteriana Americana.

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Nota:
[1] Samuel Miller. The Utility and Importance of Creeds and Confessions: addressed particularly to candidates for the ministry. (Greenville, SC: 1987), 102.

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Autor: Morton H. Smith
Fonte: Morton H. Smith. “Confessional Subscription”. In: Zachary Groff (Ed.). Equipping Preachers, Pastors, & Churchmen: Selected Articles by the Faculty of Greenville Presbyterian Theological Seminary. Taylors, SC: Presbyterian Press, 2017. pp. 77-82.
Tradução: Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima 
Via: Seminário JMC
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Reformado & Pentecostal?

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James K. A. Smith tem uma interessante postagem na Christianity Today:
Teaching a Calvinist to Dance.[1] Neste texto ele diz que anseia por um “tipo de espiritualidade reformada ‘pentecostalizada’”. Ele continua a vincular a sua busca com a de Edwards. Isso pode surpreender alguns leitores, mas Smith está, pelo menos parcialmente, correto. Ele está exatamente certo em vincular o seu desejo por uma experiência imediata do Cristo ressuscitado e por fenômenos extraordinários como em Edwards. Esse é o pequeno segredo sujo da história moderna da teologia, da piedade e da prática reformada. Nós não podemos incluir Edwards e D. Martyn Lloyd-Jones inequivocamente como "um de nós" e dizer a Jamie Smith que ele não pode ter a mesma piedade que eles tiveram ou procuraram.

Em segundo lugar, o texto de Jamie ilustra o estado da definição das palavras “calvinista” e “reformado”. Jamie menciona algumas figuras reformadas modernas (Bavinck e Kuyper), mas ele não menciona (se bem me lembro) pessoas como Calvino e DeBres. Os nossos teólogos mais antigos, que escreveram nossas confissões, confrontaram o tipo de espiritualidade que Jamie defende e procura, e eles a rejeitaram. Não é bem conhecido agora, mas os anabatistas do século XVI eram proto-pentecostais. De fato, todo ano no curso da Reforma Medieval, quando descrevo a teologia, a piedade e a prática dos anabatistas, muitos estudantes observam que isso se parece muito com a piedade na qual eles foram criados.

Guido DeBres, principal autor da Confissão Belga (1561), uma das confissões reformadas adotadas pelas igrejas reformadas, como parte das “Três Formas de Unidade” (incluindo o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dordt) escreveu um tratado contra os Anabatistas, em que ele se empenhou exatamente nas questões colocadas pelo pentecostalismo moderno: a tentativa de replicar os fenômenos apostólicos, línguas, curas, etc. Ele enfrentou a Thomas Muntzer, que acusou os protestantes de estarem "mortos", e repudiou a piedade de Munzter em favor de uma piedade da Palavra e dos sacramentos. Para DeBres a espiritualidade reformada é antitética ao que hoje é chamado de pentecostalismo.

O ponto é que, desde o início, os reformados sempre estiveram cientes de que uma piedade da Palavra e dos sacramentos não seria satisfatória para todos, mas essa é a nossa piedade. Nós entendemos que a era canônica passou. Não vivemos na história da redenção. Os apóstolos estão mortos. O Espírito não está dando a ninguém o poder de ressuscitar os mortos ou de matar os vivos. Não estamos falando em línguas estrangeiras de nativos pelo poder do Espírito e não estamos recebendo revelações canônicas ou extra-canônicas.

Buscar essas coisas é buscar o que Lutero chamou de “uma teologia da glória” e é antitético à piedade reformada. Eu percebo que isso nos faz parecer "ortodoxos mortos" para os reavivalistas e restauracionistas, mas eu posso viver com isso. Eu passei muito tempo questionando a “voz pequena e imóvel” e vivendo com a decepção de que eu parecia ser o único a não receber a revelação contínua - até que percebi que meus amigos pentecostais simplesmente redescreveriam todas as coisas comuns que acontecem em categorias extraordinárias, apostólicas e sobrenaturais. Quando fiz a exegese bíblica, percebi que muito do que os pentecostais buscam nem sequer é bíblico. “Línguas de anjos” não tem nada a ver com idiomas falados por anjos e pentecostais. É apenas uma hipérbole paulina para enfatizar um ponto moral.

Terceiro, não há dúvida de que Deus poderia fazer o tipo de coisas que Jamie (e a tradição predestinacionista reavivalista) quer. A questão é se Deus prometeu fazê-lo ou, se devemos esperar por isso. Aqui vou para Dt 29.29. Eu vou para a teologia da cruz de Lutero. Eu vou para a “piedade comum” das Três Formas de Unidade e dos Padrões de Westminster. Nós vemos milagres regularmente. Deus opera soberanamente através do evangelho pregado (1Co 1-2) para tornar vivos os pecadores mortos, para dar-lhes fé, para uni-los a Cristo. A cada Sabbath ele confirma essa fé e fortalece essa união através do uso dos santos sacramentos. Isso é mistério. Esse é o poder do Espírito. Não, eu não falei a língua Swahili no culto,[3] mas eu ouvi o Evangelho e Deus o Espírito pairou sobre a congregação (1 Pe 4) e os anjos estavam presentes (1 Co 11). Isso é o suficiente para mim.

Tudo isso é para dizer que eu entendo o que Jamie quer, mas que ele está errado. Você não pode colocar João Calvino no mesmo saco que Thomas Muntzer, Hans Hut, Denck ou a irmã Aimee, Cane Ridge ou qualquer um dos outros restauracionistas e continuistas. Porque essas coisas são mutuamente exclusivas. Existe uma piedade reformada. Ela não carece de ser aumentada ou corrigida. Precisa ser experimentada.

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Notas:
[1] https://heidelblog.net/2013/10/reformed-and-pentecostal/
[2] https://www.christianitytoday.com/ct/2008/may/25.42.html 
[3] A Swahili, Suaíli, Suaíle ou Kiswahili) é a língua banto com o maior de número de falantes. É uma das línguas oficiais do Quénia, da Tanzânia e de Uganda, embora os seus falantes nativos, os povos suaílis, sejam originários apenas das regiões costeiras do Oceano Índico.

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Autor: R. Scott Clark
Fonte: The Heidelblog - Recovering The Reformed Confession
Tradução: Ewerton B. Tokashiki
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