Aceitar a Jesus?

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Por: A. W. Tozer

Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele, sem qualquer influência por parte de quaisquer obras praticadas.

"O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir a saída eterna da face de Deus.

Os cristãos "evangelicais" fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seu Salvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; João 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.

Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula "Aceite Cristo" tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda a instrução que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas para descobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva".

A dificuldade está em que a atitude "Aceite Cristo" está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Ele fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.

Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse "aceito" no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo "aceitasse" o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo? É preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude!

Ao permitir que a expressão "Aceite Cristo" represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.

"Aceitar Cristo" é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus, absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de Sua companhia.

Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é.

Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como Salvador hoje, e aguardando até amanhã para decidir quanto à Sua soberania.

O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.

Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do Seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.

O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na Sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.

Aceitar Cristo é conhecer o significado das palavras: "pois, segundo ele é, nós somos neste mundo" (1 João 4:17). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como o nosso.

Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.

Autor: A. W. Tozer
Fonte: [ PalavraPrudente ]
Via: [ Casa Na Rocha ]
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O Assédio psicológico pastoral, a manipulação e o inferno

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Por: Mark Dever

Pregar sobre o inferno é manipulação. É a tática do medo. É assédio psicológico. Não é isso o que as pessoas dizem?

Na maior parte de sua história – afirma o jornalista A. C. Grayling – o cristianismo tem sido uma ideologia geralmente violenta e sempre opressiva – pense nas Cruzadas; na tortura; nas pessoas queimadas em estacas; nas mulheres constantemente escravizadas inúmeras vezes aos partos e ao seu marido, sem poderem se divorciar; na distorção da sexualidade feminina; no uso do medo (dos tormentos do inferno) como um instrumento de controle; e nos resultados horrendos de sua calúnia contra o Judaísmo.


Mas hoje em dia, os cristãos são consumidores mais conscientes. Eles sabem como se vender no mercado, lançando fora as repressões, como se fossem um novo produto ou um político.

Grayling continua:

Atualmente, em contraste, o cristianismo se especializa em músicas comoventes e desfocadas. Suas ameaças acerca do inferno; sua exigência por pobreza e castidade; sua doutrina de que apenas poucos serão salvos e muitos serão condenados foram deixadas de lado e substituídas por dedilhados de violão e sorrisos açucarados. O cristianismo tem se reinventado com freqüência, com uma hipocrisia de tirar o fôlego, com o interesse de manter o seu domínio sobre os incautos. E se um monge medieval despertasse do sono hoje, como no filme O Dorminhoco, de Wood Allen, não seria capaz de reconhecer a fé que leva o mesmo nome que a sua.[i]

De qualquer modo, essa é a transformação que um descrente observou entre os cristãos. Isso reflete o nosso desconforto moderno, nossa repulsa em afirmar publicamente qualquer um dos ensinos impopulares de Jesus, como o apavorante quadro do futuro, pintado por Jesus. Poderia isso refletir também o modo como os crentes se renderam rapidamente aos padrões culturais?

POR QUE ESCARNECEMOS DO MEDO?

Nossa sociedade não se agrada de ser motivada pelo medo. Nós nos ressentimos com isso. Afinal de contas, o medo não é um guia confiável. Ele parece ser indigno de nós. Parece primitivo e até animalesco. Parece muito instintivo, em vez de racional.

“Fobias” são como chamamos os medos irracionais. Então nos referimos à hidrofobia como sendo um medo irracional de água ou à aracnofobia, como um medo irracional de aranhas. Devemos ter pena das fobias e rejeitá-las. Se você chama o modo como concebo a sexualidade de “homofobia”, então você não deve levar em consideração o que digo. As fobias são indignas de serem levadas a sério.

O medo é poderoso, admitimos, mas também é irracional e nos deixa sujeitos à manipulação, vulneráveis. Por essa razão, não gostamos dele.

O MEDO FUNCIONA

Ironicamente, todo mundo sabe que o medo é útil. Por isso tiramos proveito dele.

Fazemos isso desde os primórdios dos tempos. Por essa razão, as fábulas de Esopo advertiam sobre o destino dos preguiçosos. Os provérbios e as máximas de Confúcio e Benjamin Franklin contrastam a prosperidade dos que andam retamente com a pobreza dos que fazem coisas erradas. Os pais dizem aos filhos para não fazerem isto ou aquilo para que não se machuquem ou para não terem aquelesamigos porque eles o conduzirão ao que não é bom. Os professores dizem a Joãozinho que, se ele não ler, não poderá trabalhar; e se não puder trabalhar, não poderá ter as coisas que quer e a vida que deseja. Fingimos não acreditar em afirmações assustadoras, mas a grande verdade é que o medo vende!

Você quer segurança para os seus filhos, por essa razão, compra determinado carro. Você quer sua saúde protegida, por isso adquire um convênio e compra vitaminas. Você quer manter uma boa aparência, então compra um aparelho para abdominais. Você quer segurança financeira, portanto, faz investimentos. Você quer ter um sono sadio, o que significa que precisa dormir em segurança, por essa razão, compra um alarme para a sua casa.

O medo funciona!

E não é só a Madison Avenue que sabe disso. A cidade onde moro, Washington, DC, conhece a utilidade do medo. O medo pode ser censurado – “Não há nada a temer, mas tema o próprio medo”! – no entanto, ele é utilizado constantemente.

Apenas imagine uma tela escura de televisão. Depois, uma foto desagradável em preto e branco aparece, e uma voz profunda e agourenta diz: “Se o ‘Fulano de Tal’ chegar ao poder, prisioneiros assassinos serão soltos; os empregos evaporarão; nosso país ficará indefeso; os idosos passarão fome; o sol não brilhará; sempre será inverno e não haverá mais natal”! Depois, a tela muda para uma foto colorida de um candidato sorrindo, sendo cumprimentado calorosamente por pessoas felizes. A voz passa de agourenta para uma voz calorosa e confiante. Ela afirma o candidato. Fim.

E SE, DE FATO, HOUVER ALGO A TEMER?

É lógico que é bom ensinarmos os nossos filhos a não terem medo de sombras e sermos cautelosos com aqueles que utilizam o medo para nos vender algo. Mas e se houver realmente algo a temer?

E se nossas ações tiverem conseqüências e nem todas as conseqüências forem boas? E se houver uma relação entre o que fazemos e o que colhemos? Temos permissão para falar disso?

Nossa sociedade tolera advertências sobre perigos reais: “Ponte caída. Retorno à direita”. Valorizamos advertências médicas educativas: “Se você não parar de fumar, isso o matará”. Especulamos como uma ação afetará nosso meio ambiente ou nossa economia. Somos rápidos em advertir contra ameaças terroristas.

Mas e nas questões espirituais? Nos assuntos sobre Deus, nossa alma e vida após a morte? O medo é um motivador apropriado nessas questões?

Podemos nos ressentir com tal idéia, no entanto, nossos ressentimentos nunca foram um guia infalível contra o que é falso, não é mesmo? O fato de nos ressentirmos com algo não significa que ele não seja verdadeiro!

JESUS NOS MOSTROU O QUE DEVEMOS TEMER: O INFERNO

Jesus sabia que havia algo a temer: passar a eternidade no inferno. Ele disse aos seus discípulos:

E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga (Mc 9. 43 a 48).

Em outra passagem, Jesus disse:

Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer (Lc 12.4 a 5).

Jesus nos exortou a temer o inferno. E nos advertiu para temermos a Deus, que tem o poder de nos lançar no inferno.


PASTORES, NÃO TENHAM MEDO DO MEDO

É uma ilusão pensar que podemos viver sem medo neste mundo amaldiçoado e caído. Todo mundo tem medo de algo, é só uma questão do que.

Pastores, não sejam seduzidos pelos padrões culturais a respeito do que devemos ou não temer. Não seja enganado pela ironia de nossa cultura em relação ao medo. Eles também sentem medo. Em vez disso, siga a Jesus, admoestando os outros acerca do futuro aterrorizante que aguarda aqueles que não se arrependem de seus pecados e não confiam em Cristo.


[i] GRAYLING, A. C.. Against All Gods. London: Oberon Books, 2007. p. 24

Sobre o autor: Mark Dever é pastor da Igreja Batista de Capitol Hill, no distrito de Washington; fundador do ministério 9Marcas e um dos organizadores do ministério Juntos Pelo Evangelho; conferencista internacional e autor de vários livros, incluindo os livros “Nove Marcas de Uma Igreja Saudável”,”Refletindo a Glória de Deus” e “Deliberadamente Igreja”, todos publicados em português pela Editora FIEL.

Fonte: [ Editora Fiel ]

Pelágio - A Heresia que continua hoje.


Por R. C. Sproul

O nome pelagianismo tem sua origem a partir de um monge britânico que se engajou num debate ardente com Agostinho na igreja primitiva. Presumivelmente nascido na Irlanda, Pelágio tornou-se monge e eunuco. Movido em sua alma, ele chamava a igreja para uma perseguição vigorosa da virtude e até mesmo a perfeição moral. Passou muitos anos em Roma onde Coelestius e Juliano de Eclanum, um bispo que se tornara viúvo ainda jovem, se juntaram a ele no seu conflito com Agostinho. Dos três, Julianoera o mais culto. Também era o mais agressivo na controvérsia, embora tenha sido menos agitador do que Coelestius.

Adolph Harnack diz que Pelágio foi "levado à ira por uma cristandade inerte, que se desculpava alegando fragilidade da carne e a impossibilidade do cumprimento dos mandamentos opressivos de Deus". De acordo com Harnack, Pelágio "pregava que Deus não havia ordenado nada impossível, que o homem possuía o poder de fazer o bem se assim desejasse e que a fraqueza da carne era meramente um pretexto".

O princípio controlador do pensamento de Pelágio era a convicção de que Deus nunca ordena o que é impossível para o homem realizar. Para Pelágio, esse não era um princípio teológico abstrato mas um assunto que acarretava conseqüências práticas urgentes para a vida cristã. Ele se levantou inicialmente contra Agostinho por causa de um oração que Agostinho havia escrito: "Concede o que tu ordenaste, e ordena o que tu desejas".

Pelágio não discordava da última frase dessa oração. Na verdade, é virtualmente supérfula. Deus tem o direito de ordenar tudo o que deseja. Esta, claramente, é uma prerrogariva divina. A suposição, naturalmente, é de que o que Deus deseja das suas criaturas nunca era frívolo ou mal. Essa parte da oração de Agostinho não indica que Deus precisa da permissão humana para legislar seus mandamentos, mas refletia, em seu lugar, a postura de humilde submissão de Agostinho quanto ao direito divino de lei.

Pelágio exasperou-se com a primeira parte da oração de Agostinho: "Concede o que tu ordenaste..." O que Agostinho estava pedindo que Deus concedesse? Não poderia ser sua permissão, porque a criatura nunca precisa pedir permissão para fazer o que havia sido ordenado. Na verdade, ele precisaria de permissão para não fazê-lo. Agostinho, obviamente, estava pedindo outra coisa, algum tipo de dom para atender ao comando. Pelágio acertadamente supôs que Agostinho estava orando pelo dom da graça divina, que viria na forma de algum tipo de assistência.

Pelágio levantou a seguinte questão: A assistência da graça é necessária para o ser humano obedecer aos comandos de Deus? Ou esses comandos podem ser obedecidos sem essa assistência? Para Pelágio, a ordem de obedecer implicava habilidade para obedecer. Isso se aplicaria não apenas a lei moral de Deus mas também aos comandos inerentes ao evangelho. Se Deus ordena que as pessoas creiam em Cristo, então elas devem ter o poder de crer em Cristo sem a ajuda da graça. Se Deus ordena que os pecadores se arrependam, eles devem ter a habilidade de se inclinarem para obedecerem ao comando. A obediência não precisa, de forma alguma, ser "concedida".

A questão entre Pelágio e Agostinho era clara. Não estava ofuscada por argumentos teológicos intrincados, especialmente no começo. "Nunca houve, talvez, uma crise de igual importância na história da igreja na qual os oponentes tenham expressado os princípios em debate tão clara e abstratamente" - diz Harnack. "Somente a disputa Ariana antes do Concílio de Nicéia pode ser comparada a ela..."

Para Pelágio, a natureza não requer graça a fim de cumprir suas obrigações. O livre-arbítrio, adequadamente exercido, produz virtude, que é o bem supremo e devidamente seguido pela recompensa. Por meio do seu próprio esforço, o homem pode alcançar tudo o que se requer dele na moralidade e na religião.
Dezoito Premissas.

01) A base do pensamento de Pelágio é a premissa de que os mais altos atributos de Deus são a bondade e a justiça. Para Pelágio, esses atributos são a condição sine qua non do caráter divino. Sem os mesmos, Deus não seria Deus. É inconcebível um Deus que carece da perfeição da bondade e da justiça.

02) A segunda premissa sobre a qual Pelágio elabora é: se Deus é completamente bom, então tudo o que criou é igualmente bom. Toda a sua criação é boa, incluindo o homem. "Adão... foi criado por Deus sem pecado e inteiramente competente para todo o bem, com um espírito imortal e um corpo mortal", observa Philip Schaff, resumindo a visão de Pelágio. "Ele (Adão) - foi dotado com razão e livre-arbítrio. Com sua razão, ele deveria ter o domínio sobre todas as criaturas irracionais; com o seu livre-arbítrio, ele deveria servir a Deus. A liberdade é o bem supremo, a honra e a glória do homem, o bonum naturae, que não pode ser perdido. É a base única da relação ética do homem com Deus, que não teria um culto relutante. Ela consiste... essencialmente no liberum arbitrium, ou na possibilitas boni et mali; liberdade de escolha e na habilidade obsolutamente semelhante para o bem ou mal a cada momento"

Pelágio arraigou sua visão da natureza humana e do livre-arbítrio na sua doutrina da criação. O livre-arbítrio consiste essencialmente na habilidade de se escolher entre o bem e o mal. Essa habilidade ou possibilidade é a própria essência do livre-arbítrio, de acordo com Pelágio. Essa habilidade é dada ao homem por Deus na criação, e é um aspecto essencial da natureza constituinte do homem.

03) A terceira premissa de Pelágio é que a natureza foi criada não apenas boa mas incontestavelmente boa. Isso é verade "porque as coisas da netureza persistente desde o início da existência (substância) até o seu fim". Schaff diz de Pelágio:

Ele vê a liberdade na sua forma apenas, e em seu primeiro estágio, e lá ele a fixa e a deixa, no equilíbrio perpétuo entre o bem e o mal, pronta para se decidir por qualquer um a qualquer momento. Ela não tem passado ou futuro; absolutamente independente de tudo, seja interior ou exterior; um vácuo que pode se fazer pleno e , então, tornar-se um vácuo novamente; uma tábula rasa, sobre a qual o homem pode escrever tudo o que lhe agra; uma escolha impaciente, a qual, depois de cada decisão, reverte-se à indecisão e oscilação. A vontade humana é como se fosse o eterno Hércules na encruzilhada, que dá o primeiro passo para a direita e o segundo para a esquerda e sempre volta à primeira posição.

Se a vontade do homem é uma tábula rasa perpétua, então quando uma pessoa peca, a natureza da vontade não passa por uma mudança e nem por uma deformação. Não há uma corrupção inerente no homem. Não há predisposição ou inclinação para o pecado que é, em si mesma, um resultado do pecado. Cada ato de pecado flui de um novo começo, um bloco limpo de papel que não é inscrito a priori com alguma predileção.

04) A quarta premissa de Pelágio é que a natureza humana, como tal, é inalteravelmente boa. Isto é, a essência constituinte do homem permanece boa. A natureza não pode ser alterada na sua substância; só pode ser modificada acidentalmente. O termo acidentalmente aqui não significa que algo acontecesse sem intenção como um resultado do infortúnio. Ele refere-se à distinção de Aristóteles entre a substância de um objeto e seus accidens. Accidens refere-se ao que é exterior a alguma coisa, as qualidades perceptíveis, qualidades que estão na periferia e não são essencias ao ser desse algo. O comportamento de alguém pode ser mudado quando ele comete atos pecaminosos, mas essas ações não mudam a natureza desse alguém.

05) A quinta premissa de Pelágio, que se segue a partir das quatro primeiras, é que o mal ao pecado nunca pode transformar-se em natureza. Ele define o pecado como um desejo de fazer o que a justiça proibe, do qual somos livres para nos abstermos e, assim podemos sempre evitá-lo pelo exercício adequado da nossa vontade. O pecado é sempre um ato e nunca uma natureza. Caso contrário, Pelágio insiste, Deus seria o autor do mal. Os atos pecaminosos nunca podem causar uma natureza pecaminosa, e o mal também não pode ser herdado. Se pudesse, então a bondade e a justiça de Deus estariam destruídas.

06) Na sexta premissa, Pelágio explica que o pecado existe como o resultado das armadilhas de Satanás e da concupiscência sensual. Essas tentações ao pecado podem ser superadas pelo exercício da virtude. Nem a lascívia ao a concupiscência surgem da essência do homem mas é "extrínsica" a ela. Essa concupiscência não é, em si mesma má, porque até mesmo Cristo estava sujeito a ela. Isso dá origem a formulação história com relaão à concupiscência: ela é do pecado e inclina ao pecado mas não é, em si mesma, pecado.

07) A sétima premissa - conclui que sempre permanece a possibilidade e, na verdade, a realidade dos homens sem pecado. O homem pode ser perfeito e alguns têm sido. Essa tese rejeita categoricamente qualquer doutrina do pecado original, isto é, que os homens têm a natureza corrupta como resultado da queda de Adão. Isso conduz às teses nas quais Pelágio descreve a condição de Adão e de sua progenitura.

08) A oitava premissa - é que Adão foi criado com livre-arbítrio e uma santidade natural indubitável. Essa santidade natural compreendia a liberdade da sua vontade e da sua razão. Uma vez que essas faculdades eram dons dados por Deus na criação, podiam ser consideradas dons da graça. Não foram adquiridas por Adão, mas eram inerentes na sua criação.

09) A nona premissa - é que Adão pecou por vontade própria. Ele não foi coagido por Deus ou por qualquer outra criatura a cometer o primeiro ato de pecado. Esse pecado não resultou na corrupção da sua natureza. Nem causou a morte natural porque Adão foi criado mortal. O pecado de Adão resultou, sim, em "morte espiritual", que não era a perdad da habilidade moral ou uma corrupção inerente, mas a condenação da alma por causa do pecado.

10) A décima premissa - é que a progenitura de Adão não herdou a morte natural e nem a morte espiritual. Sua descendência morreu porque também era mortal. Se seus descendentes experimentaram a morte espiritual, isso se deu porque, de forma semelhante, também pecaram. Eles não experimentaram a morte espiritual por causa de Adão.

11) A décima primeira premissa - afirma que nem o pecado de Adão nem sua culpa foram transfimitos a sua descendência. Pelágio considerava a doutrina do pecado transmitido (tradux peccati) - e a do pecado original (peccatum orignis) como uma doutrina blasfema arraigada no maniqueísmo. Pelágio insistia que seria injustiça de Deus transmitir ou imputar o pecado de um homem a outros. Deus não introduziria novas criaturas a um mundo onerado com o peso de um pecado que não era delas. O pecado original envolveria uma mudança na natureza constituinte do homem de boa pra má. O homem se tornaria naturalmente mau. Se o homem fosse mau por natureza, tanto antes quanto depois do pecado de Adão, então Deus seria novamente considerado o autor do mal. Se a natureza do homem se tornou pecaminosa ou má, então estaria também acima da redenção. Se o pecado original fosse natural, então Cristo teria de possuí-lo e seria incapaz de se redimir, muito manos a qualquer outra pessoa.

Schaff faz a seguinte observação sobre essa dimensão da antropologia de Pelágio:"Pelágio, destituído da idéia do todo orgânico da raça ou da natureza humana, via Adão meramente como um indivíduo isolado; ele não deu a Adão nenhum lugar representativo, logo seus atos não acarretavam conseqüência além de si mesmo. Em sua visão, o pecado do primeiro homem consistiu de um único e isolado ato de desobediência ao comando divino. Juliano o compara à ofensa insignificante de uma criança que se permite ser desencaminhada por alguma tentação sensual mas que depois se arrepende de sua falha... Esse ato de transgressão único e desculpável não gerou conseqüências à alma e nem ao corpo de Adão, muito menos à sua posteridade, onde todos se mantém ou caem por si mesmos"

Para Pelágio, não há conexão entre o pecado de Adão e o nosso. A idéia de que o pecado poderia ser propagado via geração humana é absurda. "Se seus próprios pecados não prejudicam os pais depois da sua conversão", diz Pelágio, "muito menos os pais podem prejudicar seus filhos".

12) A décima segunda premissa conclui que todos os homens são criados por Deus na mesma posição que Adão gozava antes da queda. Há duas diferenças essenciais entre Adão e sua descendência; mas essas diferenças não são essenciais. A primeira é que Adão foi criado como um adulto; sua descendência teve de desenvolver sua habilidade quanto à razão. A segunda diferença é que Adão foi colocado num jardim paradisíaco ande não prevelacia o costume do mal; sua descendência nasce em uma sociedade ou ambiente no qual o costume do mal prevalece. No entanto, as crianças ainda nasce sem pecado.

Por que, então, a universalidade virtual do pecado? Pelágio atribui a imitação e a longa prática do pecado: "Porque nenhuma outra causa faz com que tenhamos dificuldades de fazer o bem do que o longo costume dos vícios que nos infectam desde a infância e gradualmente, através dos anos, nos corrompem e , assim, nos mantém abrogados e devotados a eles, parecendo, de alguma forma, ter a força da natureza".

Nessa passagem, Pelágio parece chegar perto de admitir o pecado original. A palavra-chave, no entanto, é parecendo. O pecado, na verdade, não tem "a força da natureza", a despeito da sua presença difundida.

13) - A décima terceira premissa é que o habito de pecar enfraquece a vontade. Esse enfraquecimento, no entanto, deve ser entendido no sentido acidental. O costume de pecar obscurece o nosso pensamento e nos conduz aos maus hábitos. Mas esses hábitos descrevem uma prática, não algo que realmente "habita a vontade". A vontade não é enfraquecida; ela não passa por uma mudança constituinte. Ela ainda retém a postura da indiferença sempre que uma decisão ética ou moral precisa ser tomada.

14) - A décima quarta premissa - de Pelágio revela o início de um conceito da graça: A graça facilita a bondade. A graça de Deus faz com que seja mais fácil para nós seros justos. Ela nos assiste em nossa busca da perfeição. Mas o ponto crucial de Pelágio é que, embora a graça facilite a justiça, ela não é, de forma alguma, essencial para que alcancemos essa justiça. O homem pode e deveria ser bom em a ajuda da graça.

"A resolução pelagiana do paradoxo da graça foi baseada numa definição de graça fundamentalmente diferente da definição agostiniana, e foi aí que o debate apertou", observa Joroslav Pelikan. "Espalhou-se que Pelágio estava 'contestando a graça de Deus'. Seu tratado sobre a graça dava a impressão de consentrar-se 'apenas no tópico da faculdade e capacidade da natureza, enquanto fez com que a graça de Deus consistisse quase que inteiramente disso'. Nesse livro, parecia que 'com cada argumento possível, ele defendia a natureza do homem contra a graça de Deus, pela qual o ímpio é justificado e pela qual nós somos cristãos"

15) - A décima quinta premissa - declara que a graça fundamental que Deus dá é aquela dada na criação. Essa graça é tão gloriosa que alguns gentios e judeus têm alcançado a perfeição.
16) - A décima sexta premissa denota a graça dada por Deus em sua lei, a graça da instrução e iluminação. Essa graça nada faz interiormente, mas produz uma definição clara da natureza da bandade. Nas categorias clássicas da virtude, duas coisas distintas foram requeridas: o conhecimento do bem e o poder moral para fazer o bem. Ambos são facilitados pela instrução e ilumimação da lei.

A graça é dada não apenas pela lei, mas também, de acordo com a 17) - décima sétima premissa, por meio de Cristo. Essa graça é também definida como illuminatio et doctrina. A principal obra de Cristo foi nos fornecer em exemplo.

Pelágio escreve, numa carta: "Nós, os que fomos instruídos pela graça de Cristo e nascidos de novo pra uma humanidade melhor, que fomos expiados e purificados pelo seu sangue e incitados a justiça perfeita pelo seu exemplo, devemos ser melhores do que aqueles que existiram antes da lei, e melhores também do que aqueles que estiveram sob a lei"; mas o argumento total dessa carta, emque o tópico é simplesmente o conhecimento da lei como meio poara a promoção da virtude, e também a declaração de que Deus abre os nossos olhos e revela o futuro "quando nos ilumina com o dom multiforme e inefável da graça celestial", prova que para ele... a"assistência de Deus" - consiste, no final, apenas em instrução.

A doutrina da graça de Pelágio é meramente o outro lado da sua doutrina do pecado. Por todo o seu pensamento, permanece a afirmação fundamental da inconversibilidade da natureza humana. Tendo sido criado boa, ela sempre permanece boa.

18) - A décima oitava premissa é que a graça de Deus, é compatível com sua justiça. A graça não fornece benefício adicional a natureza humana, mas é dada por Deus de acordo com o mérito. Em última análise, a graça é merecida.

Podemos resumir os dezoito pontos do pensamento pelagiano como se segue:

01. Os mais altos atributos de Deus são sua retidão e justiça.

02. Tudo o que Deus criou é bom.

03. Como alogo criado, a natureza não pode ser mudada na sua essência.

04. A natureza humana é inateravelmente boa.

05. O mal é um ato que nós podemos evitar.

06. O pecado vem via armadilhas satânicas e concupiscência sensual.

07. Pode haver homens sem pecado.

08. Adão foi criado com livre-arbítrio e santidade natural.

09. Adão pecou por livre vontade.

10. A descendência de Adão não herdou dele a morte natural.

11. Nem o pecado de Adão nem sua culpa foram transmitidos.

12. Todos os homens são criados como Adão era antes da queda.

13. O hábito de pecar enfraquece a vontade.

14. A graça de Deus facilita a bondade mas não é necessária para se alcançá-la.

15. A graça da criação produz homens perfeitos.

16. A graça da Lei de Deus ilumina e instrui.

17. Cristo trabalha principalmente pelo seu exemplo.

18. A graça é dada de acordo com a justiça e mérito.

O Curso da Controvérsia.

A controvérsia pelagiana surgiu por volta de 411 ou 412 em Cartago. Coelestius, discípulo de Pelágio, tentava ser nomeado presbítero em Cartago. Paulinius o denunciou com a acusação de que ele ensinava que o batismo de unfantes não objetivava a purificação do pecado. Harnack lista os itens da denúncia de Paulinius: Pelágio ensinava "que Adão foi feito mortal e teria morrido se tivesse ou não pecado - que o pecado de Adão só trouxe prejuízo a ele mesmo e não a raça humana - infantes, quando nascem, estão no estado em Adão estava antes do seu erro -que a raça humana não morre por causa da morte de Adão e do seu erro e nem ressuscitará em virtude da ressurreição de Cristo - tanto a lei quanto o Evangelho admitem os homens no reino dos céus - mesmo antes do advento de nosso Senhor, houve homem impecáveis, isto é, homens sem pecado - que o homem pode estar sem pecado e pode facilmente manter os comandos deivinos se assim desejar".

O Sínodo de Cartago excomungou Coelestius. Ele, então, retirou-se para Éfeso onde conseguiu tornar-se presbítero. Enquanto isso, Pelágio desejando evitar qualquer grande controvérsia, havia viajado pra a Palestina. Antes disso, havia visitado Hippo, mas Agostinho estava fora e assim, não se encontraram. De Jerusalém, Pelágio escreveu uma carta lisonjeira a Agostinho. Este respondeu com uma carta cortês mas cautelosa. Agostinho ainda estava se recuperando da pressão da controvérsia donastia e sabia pouco sobre a controvérsia que estava se formando em Cartago com Coelestius. Agostinho recebeu notícias de Jerusalém de que o ensino de Pelágio estava causando um tumulto por lá.

Orósio, um amigo e discípulo de Agostinho, solicitou uma sindicância contra Pelágio em 415, mas Pelágio foi exonerado. Em dezembro desse ano, um sínodo palestino denunciou alguns escritos de Pelágio. Quando o sínodo exigiu que ele renunciasse ao seu ensino de que o homem pode estar sem pecado sem a ajuda da graça, Pelágio capitulou. Ele disse, "eu os anatemizo como insensatos, não como heréticos, visto não ser caso de dogma". Ele repudiou o ensino de Coelestius dizendo: "Mas as coisas que declarei não sendo minhas, eu, de acordo com a opinião da santa igreja, reprovo, pronunciando um anátema a todo aquele que se opuser".

Como resultado, Pelágio foi pronuciado ortodoxo. Reinhold Seeberg chama a resposta de Pelágio de "mentira covarde". Isso deixou Pelágio com a difícil tarefa de recuperar a sua credibilidade diante de sus próprios defensores. Ele escreveu quatro livros, incluindo De natura e De líbero arbitrio para elucidar suas opiniões.

A igreja da África do Norte não estava satisfeita com os resultados do sínodo. Jerônimo o chamou de "sínodo miserável" e Agostinho disse, "não foi a heresia que foi absolvida lá, mas o homem que a negou". Dois sínodos norte-africanos aconteceram em 416, e ambos condenaram o pelagianismo. Uma carta dos precedimentos foi enviada ao papa Inocência, e esta foi seguida por outra carta de cinco bispos norte-africanos, incluindo Agostinho. Pelágio reagiu com uma carta sua. O papa Inocência se agradou em ser consultado e expressou sua concordância total com a condenação de Pelágio e Coelestius: "Declaramos, em virtude da nossa autoridade Apostólica, que Pelágio e Coelestius estão excluídos da comunhão da Igreja até que se lebertem das armadilhas de Satanás".

No ano seguinte (417), o papa Inocência morreu e foi sucedido pelo papa Zózimo. Pelágio enviou uma confissão de fé bem-composta a Roma, argumentando que havia sido falsamente acusaso e deturpado pelos adversários. Enquanto isso, Coelestius havia ido a Roma e submetido ao papa uma síntese de submissão. O biógrafo de Agostinho, Peter Brown, escreve: "Pelágio apressou-se em obedecer às convocações do Bispo de Roma; ele havia sido precedido por um bispo Heros e Lázaro, eram inimigos pessoas de Zózimo... numa sessão forma, Zózimo recusou pressionar Coelestius e, assim, pôde declarar-se satisfeito. Pelágio obteve uma saudação ainda mais calorosa em meados de setembro. Zózimo disse aos africanos..., 'Quão profundamente cada um de nós foi movido! Dificilmente alguém presente poderia reter as lágrimas ao pensamento dessas pessoas de fé genuína terem sido difamadas".

O julgamento de Zózimo não encerrou o assunto. A igreja norte-africana convocou um concílio geral em Cartago em 418 ao qual compareceram mais de duzentos bispos. O concílio lançou vários cânones contra o pelagianismo, incluindo o seguinte:

"Todo aquele que diz que Adão foi criado mortal e teria, mesmo sem pecado, morrido por necessidade natural, seja anátema...

Os cânones prosseguiram condenando as seguintes doutrinas: "que... o pecado original ( não é) herdado de Adão; que a graça não ajuda com relação aos pecados futuros; que a graça consiste apenas em doutrinas e mandamentos; que a graça apenas faz com que seja mais fácil fazer o bem; (e) que os santos expressam a quinta súplica da oração do Senhor não por si mesmos, ou apenas por humildade"

Zózimo, então, retratou-se quanto a sua posição anterior e publicou uma epístola requerendo que todos os bispos subscrevessem os cânones desse conselho. Dezoito bispos, incluindo Juliano de Eclanum, recusaram-se. Historiadores uniformemente consideram Juliano como o mais capaz e astuto defensor da teologia pelagiana. Ele forçou sua causa com cartas ao papa e com uma crítica mordaz às visões de Agostinho. Quando Banifácio secedeu Zózimo, ele persuadiu Agostinho a refutar Juliano, e esse trabalho o ocupou até a sua morte. Dezessete dos dezoito bispos que resistiram à epístola papal, retrataram-se subsequentemente. Apenas Juliano persistiu. Depois de ser desposado do seu cargo, refugiou-se, juntamente com Coelestius, em Constantinopla, onde em 429 recebeu as boas vindas do patriarca Nestor. Pouco se sabe da vida subseqüente de Pelágio e Coelestious. A aliança de Juliano e Nestor não o ajudou porque o póropio Nestor foi mais tarde condenado por causa da heresia que levava seu nome.

O terceiro conselho ecumênico em Éfeso (431 d.C), realizado um ano após a morte de Agostinho, conenou o pelagianismo. Schaff faz a seguinte observação sobre o sistema de pensamento pelagiano:

"Se a natureza humana não é corrupta, e a vonta de natural é competente para todo o bem, não precisamos de um Redentor para criar em nós uma nova bondade e uma nova vida, mas apenas de alguém que nos melhore e enobreça; e a salvação é, essencialmente, obra do homem. O sistema pelagiano realmente não tem lugar para as idéias de redenção, expiação, regeneração e nova criação. Ele as substitui pelos nossos próprios esforços de aperfeiçoar nosso poderes naturais e a mera adição da graça de Deus como suporte e ajuda valiosa. Foi somente por uma feliz inconsistência que Pelágio e seus adeptos tradicionalmente permanecem nas doutrinas da igreja da Trindade e da pessoa de Cristo. Logicamente, seu sistema condizia a uma Cristologia racionalista".

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Paul Washer - O Verdadeiro Evangelho da Prosperidade

Porque eu não quero uma teocracia cristã

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Por Helder Nozima

A uniformidade de pensamento é um desejo buscado, consciente ou inconscientemente, por todos nós. Por mais "tolerantes" que sejamos, sempre há um segmento ideológico que é visto como "inimigo" e pelo qual não nutrimos simpatia. Como não é possível forçar todos a pensarem de modo agradável a nós, o pluralismo acaba se impondo não como o ideal de todos, mas antes como a melhor alternativa possível, superior à guerra e à violência. Melhor conviver com o diferente do que tentar exterminá-lo.

Contudo, a tentativa de impor um pensamento único sempre seduz parcelas significativas da sociedade. A História está cheia de exemplos, desde o nazismo alemão até o comunismo soviético, incluindo-se aí o fundamentalismo islâmico e até mesmo experiências puritanas de criar colônias nos Estados Unidos onde haveria uma única religião. O totalitarismo é uma tentação que não respeita nenhum tipo de fronteira.

Ao meu ver, é esse tipo de tentação que leva cristãos de vários matizes a defenderem uma teocracia cristã. Na verdade, já há proposta para criar o Partido Republicano Teocrata Cristão (PRTC). O objetivo expresso é o de promover a "adequação de todas as leis da nação às leis bíblicas", inclusive com apoio de muitos blogs calvinistas. Esse tipo de movimento é uma reação à aprovação e discussão de leis que ferem os princípios da Bíblia.

Contudo, esse fato exige uma discussão. Afinal, a teocracia cristã é o caminho que a própria Bíblia ensina para fazer valer o reino de Deus?

A necessidade da liberdade religiosa
Creio que a primeira coisa que deve ser analisada é a questão da liberdade religiosa. O sonho oculto de muitos segmentos, desde o mais tradicional dos reformados até o mais esotérico neopentecostal, é o de ver todos seguirem uma mesma fé, tendo a Bíblia formalmente reconhecida como estando acima de qualquer outra lei. Na verdade, muitos evangélicos não querem esperar pelo dia em que Jesus Cristo virá implantar seu Reino...querem vê-lo aqui, de modo visível, já! A separação entre Igreja e Estado não é mais vista como uma conquista que foi essencial para garantir a sobrevivência dos evangélicos em sociedades católicas. Agora, o sonho de muitos é ver as igrejas evangélicas comandando o Estado e impondo a sua agenda e pensamento a todos.

Contudo, Jesus Cristo nunca exigiu a conversão de todos os seus ouvintes aos seus ensinamentos. É interessante notar que Jesus não protesta porque ninguém proíbe os fariseus de ensinar ou porque o ensino pagão era tolerado pelo Estado romano. A arma usada por Jesus em seu ministério era a pregação da Palavra. Era por meio da persuasão, da oratória e dos debates que o Senhor esperava ganhar o coração dos ouvintes. Cristo nunca questionou porque o Estado romano não dava apoio ao seu sistema de fé.

O mesmo pode ser dito dos apóstolos. Eles são sempre retratados como sendo perseguidos por judeus ou pagãos, mas nunca como perseguidores daqueles que anunciam outra fé. Isso é evidenciado em Atos 19, quando os pagãos de Éfeso se revoltam contra a pregação de Paulo:
Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios! Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. (Atos 19:24-29)
O tumulto é encerrado pelo escrivão de Éfeso, que apazigua a multidão afirmando o seguinte:
porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrílegos, nem blasfemam contra a nossa deusa. (Atos 19:37)
É muito interessante notar isso no Novo Testamento. O desejo dos cristãos é o de terem liberdade para pregar a Palavra sem correrem o risco de serem presos. São os outros...os judeus e os pagãos quem buscam usar o Estado para prender os cristãos e impedir a disseminação da fé cristã. Os discípulos não cometiam sacrilégios nem blasfemavam contra Diana, embora deixassem claro que ela não era uma deusa de fato. Isso mostra uma busca pela liberdade religiosa, e não pela uniformidade religiosa.



Igreja e Estado são esferas distintas
Por que nem Jesus e nem os apóstolos reivindicam o apoio do Estado para a pregação evangélica? Uma das razões é dada pelo próprio Cristo: dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Convém aqui reler essa história:
Naquela mesma hora, os escribas e os principais sacerdotes procuravam lançar-lhe as mãos, pois perceberam que, em referência a eles, dissera esta parábola; mas temiam o povo. Observando-o, subornaram emissários que se fingiam de justos para verem se o apanhavam em alguma palavra, a fim de entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador. Então, o consultaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente e não te deixas levar de respeitos humanos, porém ensinas o caminho de Deus segundo a verdade; é lícito pagar tributo a César ou não? Mas Jesus, percebendo-lhes o ardil, respondeu: Mostrai-me um denário. De quem é a efígie e a inscrição? Prontamente disseram: De César. Então, lhes recomendou Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, admirados da sua resposta, calaram-se. (Lucas 20:19-26)

O ardil era esse: se Jesus dissesse que o imposto deveria ser pago, então Ele se colocava ao lado dos romanos e desagradava aos judeus. Se dissesse que não deveria ser pago, então os judeus se agradariam, mas Jesus poderia ser acusado diante dos romanos. O Mestre evita a resposta, ensinando que o povo deve dar a César o que é de César (respeito às leis, pagamento de impostos) e a Deus o que é de Deus (fé, adoração, devoção, o controle da vida).


Embora a separação entre o Estado e a Igreja seja um conceito posterior, creio que ele pode ser reconhecido aqui. Jesus não ensina que o Estado não deve obediência alguma a Deus. Afinal, o reino dos céus engloba todas as coisas, inclusive sim os governos. Mas isso não significa que tudo deva ser misturado. Há sim distinções.

Por exemplo, não cabe a Igreja decidir qual o melhor sistema de arrecadação tributária ou se um país deve ou não ter relações diplomáticas com outro. Os cristãos podem opinar sobre isso, mas a decisão pertence ao Estado, o qual, por sua vez, não deve decidir se a doutrina da predestinação é ou não correta. César é César, Deus é Deus.


Sei que aqui eu perdi o apoio de quase todos os calvinistas...afinal, a Confissão de Fé de Westminster, documento ícone da fé reformada, foi feita em um concílio convocado pelo Estado inglês. Contudo, não há base no Novo Testamento para que o Estado se envolva neste tipo de decisão. Esta não é uma questão de Governo, e sim de fé.

A natureza do Reino de Deus
Talvez muitos pensem que as ideias acima expostas ferem o ensino bíblico sobre o reino de Deus. Ele não é o Senhor de todas as coisas? A recusa dos homens em obedecê-Lo não é um pecado? Sim e sim, digo eu. Mas daí a querermos forçar o Estado a adotar leis bíblicas vai uma grande diferença.

Por quê? Ora, por causa da natureza presente do reino de Deus? Observe o que diz Jesus no momento em que ele é preso, como narrado em Mateus 26:51-54.
E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha. Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?
Repare que a espada não foi usada de modo arbitrário pelo apóstolo Pedro. Jesus estava para ser preso, uma turba com espadas e porretes ameaçava os apóstolos. Pedro quis apenas defender o seu Mestre. Mas Jesus reprovou essa atitude. Quem lança mão da espada (violência) perecerá por causa dela. Se o Cristo quisesse, poderia rogar ao Pai para ter a defesa de anjos. Porém, a espada angelical não era o caminho de defesa do reino.

Essa mesma ideia é repetida por Jesus quando ele é confrontado por Pilatos em João 18:33-37.
Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
A violência e a coerção não irão promover o reino de Deus, que só se manifestará de modo plenamente visível neste mundo quando Cristo voltar. Por isso Jesus diz que seu reino não é terreno: não há exércitos ou ministros para defendê-lo. O objetivo de Jesus era o de dar testemunho da verdade. A testemunha busca convencer, mas quem pode impor a sentença é o Juiz. E a vinda de Cristo como Juiz está no futuro.
Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus. (1 Pedro 4:4-6)
Chegará sim o dia em que a verdade será manifesta e todos serão julgados, o dia em que todo aquele que rejeitou a Cristo sofrerá a pena por sua rebeldia. Mas, até lá...o dever da igreja não é o de antecipar a execução do juízo, mas sim o de testemunhar a favor da verdade. Testemunhar não é forçar ninguém a acreditar ou seguir, é tentar, da melhor forma possível, convencer os demais a crerem em nosso testemunho.

O mundo é incapaz de seguir a Deus
Mas, de todos os argumentos, o melhor para combater a ideia de uma teocracia cristã é o primeiro ponto do calvinismo: a depravação total. Por esta doutrina, o homem é simplesmente incapaz de, voluntariamente, seguir a Deus. Se o ser humano não for alcançado pela graça de Cristo, servir a Deus é algo impossível a ele, mesmo que o Estado tente obrigá-lo:
Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas o que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:5-8)
Ora, se os que estão seguindo o pendor (inclinação) da carne não podem estar sujeitos à lei de Deus e não são capazes de agradar a Deus, no que adiantaria criar uma teocracia cristã? Ela seria inútil! Não é isso que tornará o Brasil um país melhor. E isso se torna óbvio quando lemos o que a Bíblia diz sobre a lei de Deus:
Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. (Hebreus 7:18-19)

Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. (Hebreus 10:1)
A lei de Deus não tem o poder de aperfeiçoar as pessoas e, por extensão, a sociedade. O Brasil só será transformado por meio da salvação dos brasileiros, da criação de novos homens que nascem segundo Cristo Jesus e, voluntariamente, seguem a lei de Deus. Só que isso não é uma obra do homem, mas sim de Deus. Um novo ser humano é algo que só Cristo pode fazer:
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2 Coríntios 5:17)
Qual a solução?
Então, os cristãos devem cruzar os braços e deixar o Estado aprovar leis que ferem a Bíblia? Não! De modo algum. Devemos lutar, nas ruas, no Congresso, na Internet, onde for preciso para influenciar o mundo a seguir o Evangelho.

Para influenciar, não para impor.

Creio que este é o modelo bíblico de conduta política para os cristãos. Homens como José, Daniel e Mordecai não tentaram convencer o Egito, a Babilônia e a Pérsia a adorarem ao Deus de Israel. Eles influenciaram impérios a se adequarem às leis de Deus por meio de seus comportamentos e atuações políticas. No caso de Daniel e seus amigos, além de Mordecai, vemos que foram decisivos para impedir que os judeus fossem forçados a idolatria ou que fossem massacrados pelos caprichos da nobreza. Foram instrumentos de Deus em impérios que, guardadas as proporções, eram sociedades plurais.

Ao meu ver, o caminho continua sendo esse. O chamado de Deus para a Igreja é viver em um mundo plural e tentar influenciá-lo de todos os modos, mas sem impor a sua vontade. O objetivo dos cristãos é convencer a sociedade a obedecer a Deus...e não o de obrigá-la a fazer isso.


Os cristãos precisam entender que este mundo não é perfeito. Nossas decisões políticas, econômicas e sociais devem levar em conta as imperfeições do estado atual da criação: por isso é que existem policiais, soldados, leis penais e democracia. Seria ótimo viver em um planeta onde todos seguem a Deus! Mas isso não vai acontecer até Jesus voltar. Então, não adianta forçar o caminho nessa direção.

Precisamos aceitar o mundo como Deus quis que Ele fosse. E, para isso, é necessário aprender a conviver com os diferentes. Não há caminho melhor do que um onde exista liberdade de religião, de pensamento e de expressão. Não há caminho melhor do que o enfrentamento democrático e pacífico. Se, pela democracia, o Brasil escolher servir a Deus, ótimo! Mas, mesmo assim...as liberdades precisariam ser garantidas.

Que possamos refletir no ensino bíblico de Romanos 14:12.
Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.
Que assim seja. Amém! Soli Deo Gloria!

A Pro$peridade dos Apó$tolos modernos.

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Por Renato Vargens

Acredita-se que no mundo existam cerca de 10 mil “apóstolos”. Na verdade, nunca se viu tantos apóstolos como neste inicio de século. Em cada canto, em cada esquina, em cada birosca encontramos alguém reivindicando o direito de ser chamado de apóstolo. Junta-se a isso, o fato de que com o surgimento deste tipo de "ministério" surge a reboque o aparecimento de inúmeras heresias. Isto sem falar é claro, na ênfase que estes profeteiros dão ao dinheiro. Veja por exemplo o apóstolo Silvio Ribeiro de Porto Alegre, que usa $ no cinto da calça. (clique na foto para ampliar)

Pois é, sinceramente confesso que eu gostaria de saber porque o "apóstolo" Silvio usa um $ no cinto da calça! Será que é um tipo de decreto espiritual para atrair riquezas e prosperidade? Ou será tipo de "mandinga gospel"?

Fico a pensar como seria se Pedro, Paulo e Tiago e os demais apóstolos vivessem entre os "apóstolos" do século XXI. Possivelmente seriam estigmatizados, desqualificados e repudiados por sua incapacidade em realizar ou decretar atos sobrenaturais de fé, como também confrontados pelos profetas da confissão positiva pelo fato de terem fracassado financeiramente.

Caro amigo, por favor, pare, pense e responda: Por acaso eram os apóstolos ricos? Possuíam eles as riquezas deste mundo? Advogaram o ensino de que todo discipulo de Cristo deve ser rico? Ora, se fosse realmente verdade o que ouvimos e lemos dos bispos, apóstolos, paipostolos e mercadores da fé que Deus quer que os seus filhos tenham sucesso e riquezas, então porque Ele não fez que Jesus nascesse numa família extremamente rica? Porque então Ele não escolheu doze apóstolos milionários, ou pelo menos não lhes conferiu riquezas? Não seria muito mais fácil conquistar o mundo assim?

Prezado leitor, vamos combinar uma coisa? Os apóstolos modernos fundamentam suas doutrinas em pressupostos absolutamente anti-bliblicos. Para justificarem seus gastos pomposos, afirmam que Jesus era rico, que suas roupas eram nobres, que o burrinho usado na entrada de Jerusalém era novo, e que tinha muito dinheiro na bolsa do tesoureiro.

Infelizmente diferentemente dos apóstolos do primeiro século estes falsos profetas gloriam-se de suas megas igrejas, de suas riquezas, sucessos e popularidade. Lamentavelmente essa corja religiosa se comporta como celebridades desfilando por esse "Brasil de meu Deus" com seus carros blindados, cercados de seguranças, pregando um evangelho absolutamente mercantilista.

Pois é meus amados irmãos, dias complicados os nossos! Diante do exposto acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos. Sem sombra de dúvidas necessitamos desesperadamente de uma nova reforma, por que caso contrário a vaca vai para o brejo.

Soli Deo Gloria,

Renato Vargens
Fonte: [ Púlpito Cristão ]

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A Graça de Deus

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Por Heitor Alves

Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios faziam o primeiro pé de sua viagem da Inglaterra quase vazios até que escorassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos Europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. Os compradores selecionavam os espécimes mais finos, e comprava-os em troca de armas, munições, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos então a bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados nas plataformas para impedir suicídios. Colocados lado a lado para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente até 600 "unidades" de carga humana. Os escravos eram "carregados" nos navios para a viagem através do Atlântico. Os capitães procuraram fazer uma viagem rápida esperando preservar ao máximo a sua carga, contudo a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais.

Uma vez chegados ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e melaço que os navios carregavam para Inglaterra no pé final de seu "comércio triangular". John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII. Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e afundou-se. Foi nesta tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Após ter sobrevivido, ele converteu-se verdadeiramente ao Senhor Jesus e começou a estudar para ser um chamado Pastor”. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres. Em 1782, Newton disse: "Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: Eu sou um grande pecador, Cristo é o meu grande salvador."No túmulo de Newton lê-se: "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir". O seu mais famoso testemunho continua vivo, através da sua autoria de um hino intitulado "Amazing Grace", Graça Maravilhosa.

Newton compôs esta canção cuja letra fala de sua transformação espiritual. Testemunha que foi a graça de Deus que o salvou do naufrágio. Esta composição foi interpretada por vários cantores norte-americanos, mas é na voz de Elvis Presley, o "Rei do Rock", que se tornou famosa.

Podemos definir esta “graça” como o favor eterno e totalmente gratuito de Deus, manifestado na concessão de bênçãos espirituais e eternas às criaturas culpadas e indignas. Ou seja, é a concessão de favores a quem não tem mérito próprio e pelos quais não se exige compensação alguma. Logo, ninguém pode reinvidicá-la como direito. Caso contrário não seria graça (Rm 4.4,5; 11.6).


1. Características da Graça

A Graça é Eterna.
As obras da graça não são feitas para resolverem os problemas de última hora. Ela não é feita às pressas, na carreira. Deus não espera acontecer algo de mal ao homem para formular como a Sua Graça agirá. Mas as obras da graça de Deus foram idealizadas antes de serem manifestadas aos homens. Elas foram formuladas antes de serem comunicadas a eles. Deus nos deu tudo antes de tudo existir (2Tm 1.9). Todas as resoluções fundamentais com respeito à nossa salvação foram feitas antes que o mundo existisse (Tt 1.2).

Deus não toma providências quando os problemas surgem. Mas a sua sabedoria eterna e infinita tratou de planejar a sua graça de acordo com cada problema antes mesmo do problema agir. Nisso dizemos que Deus não é apanhado de surpresa em nada do que acontece no mundo. Pois para cada situação da vida, cada detalhe da nossa existência, Deus já havia providenciado a sua graça para aquele momento ou para aquela situação.

A Graça é Supremamente Rica.
O apóstolo Paulo, quando escreve sobre a graça de Deus, escreve usando expressões majestosas. Veja Efésios 2.6,7:

“e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.”

Vemos, neste verso, que todas as realidades relacionadas à graça de Deus sobre nós estão vinculadas a Cristo Jesus. Isso quer dizer que Não existe manifestação da graça para nós fora de Cristo. A Graça de Deus não pode vir a nós se não vier com Cristo. Com Cristo temos graça, sem Cristo não temos graça. A graça vem acompanhada da obra de cristo em nosso lugar e em nosso favor.

Notemos também que Paulo fala da “suprema riqueza da sua graça”. A graça de Deus é rica (1) porque ela nos ressuscita com Cristo. Isso tem haver com a regeneração ou novo nascimento, onde Deus nos deu vida estando nós mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1,5). Ela é rica porque concede vida aos que estão mortos.

A graça de Deus é rica porque (2) ela nos coloca “nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Quando Deus nos ressuscita, Ele nos eleva para os “lugares celestiais” que são os lugares nos quais reina a graça de Deus de forma supremamente rica e nos quais a esfera da pecaminosidade não possui domínio sobre nós. No original grego, “nos fez assentar” está no passado e indica uma ação concretizada no passado. Deus já nos colocou nessa posição gloriosa juntamente com Cristo.

A Graça é Soberana.
É soberana porque reina. Ela não é um objeto qualquer que nos é oferecida e podemos aceitá-la ou não. Paulo afirmou que a graça reina (Rm 5.21) e o autor aos Hebreus usa a expressão “o trono da graça” (Hb 4.16). Ora, onde há um reino, há um trono; onde há trono aí há a soberania.

O que produz no coração dos orgulhosos um forte ódio contra Deus é o fato da graça de Deus ser dada livre e soberanamente, sem que possa ser comprada ou merecida ou até mesmo exigida. Faz parte da natureza humana o sentimento de competição, de luta para conquistar algo. O atleta que treina durante quatro anos para competir e ganhar uma olimpíada; uma seleção de futebol que se prepara com amistosos, torneios e eliminatórias durante quatro anos para, enfim, jogar uma copa do mundo com sete partidas e sagrar-se campeão. Mas na carreira espiritual não há preparação ou treino. Você chega ao céu simplesmente com a graça. É dada para o homem a entrada nos céus. É dada ao homem a vida eterna.


2. As Obras da Graça
A graça de Deus faz muitas obras na vida do homem, sejam elas de caráter soteriológico ou não.

A Graça na Restauração do Pecador.
Em se tratando de restauração do pecador, todos os passos para a redenção do pecador são atribuídos à graça de Deus, ou seja, todas as bênçãos provenientes da salvação nos são dadas graciosamente por Deus.

(1) A Eleição é obra da graça de Deus. Apesar da eleição não significar salvação, ela indica quem serão salvas com absoluta certeza, embora apenas Deus possa ter esta certeza. O decreto da eleição é nascido no amor gracioso de Deus. O ato divino de eleger indivíduos para a salvação já revela a manifestação da graça de Deus. A eleição por si só já é por graça. Isso exclui toda e qualquer tentativa de validar a salvação por obras (Rm 11.5,6).

(2) A Regeneração é obra da graça. Regeneração é sinônimo de chamamento, chamado eficaz, vocação eficaz. Paulo declara de os homens são chamados por graça. Ele é um exemplo do chamado gracioso de Deus. Ele não desejava ser um cristão. Nunca almejou isso. E ele testemunha isso em Gálatas 1.6,15:

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho... Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...”.

(3) A Justificação é obra da graça. A base da nossa justificação repousa na obra graciosa de Cristo que derramou o seu sangue (Rm 5.9). A justificação pelo sangue é uma obra da graça de Deus:

“... sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus...” (Rm 3.24).

Em Romanos 5.16,18, Paulo nos explica que Deus exerce juízo sobre os homens com base apenas no pecado de Adão. Uma só ofensa. Já com a graça de Deus ocorre diferente. Imagine se Deus justificasse o homem por um só pecado?, como ficaria ele com o restante dos pecados que comete? A morte de Cristo traz o perdão não apenas de uma transgressão, mas de todas elas. Isso leva a gratuidade da justificação por todos os pecados. A graça transcorre de muitas ofensas. Por isso o apóstolo conclui:

“... mas onde abundou o pecado, superabundou a graça...” (Rm 5.20).

A graça sobrepuja o pecado a fim de que os seres humanos possam ser justificados de todos os seus pecados (Tt 3.7).

(4) A fé é obra da graça. De acordo com as Sagradas Escrituras, a fé é fruto da graça divina sobre os homens. É a graça de Deus atuando na vida do homem que o capacita a ter fé. Não podemos dissociar graça da fé. Sem a graça divina é impossível crer em Cristo. Qualquer fé em Cristo que não for acompanhada da graça, pode ser qualquer coisa, menos a verdadeira fé evangélica. É a graça de Deus que torna possível a fé em Cristo:

“Querendo ele (Apolo) percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos e escreveram aos discípulos para o receberem. Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido...” (At 18.27).

Mesmo convencendo publicamente às pessoas por meio das Escrituras (v. 28), era absolutamente necessário que a graça operasse, a fim de que as pessoas pudessem crer. Não existe fé sem a graça. Não há meio para obter a fé se não for através da graça.

“Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele...” (Fp 1.29).

(5) A santificação é obra da graça. Apesar de muitos crentes acharem que a santificação é algo que o crente deve desenvolver, e eles estão corretos em pensar isso, o que eles precisam saber é que a santificação é uma obra que Deus faz em nós.

"Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar." (1Pe 5.10).

A palavra “santificação” não aparece no texto, mas os seus sinônimos: “aperfeiçoar”, “firmar”, “fortificar” e “fundamentar”.

A graça de Deus nos aperfeiçoa, ou seja, vai nos tornar maduros para a vida cristã semelhante á de Jesus Cristo. A graça de Deus promete firmar-nos, ou seja, Deus nos fará seguros na luta contra o inimigo. É pela graça que o crente nunca apostatará da fé, mas permanecerá firme na doutrina do seu Senhor. Não desprezará a boa consciência firmada na palavra e nem irão naufragar na fé (1Tm 1.19). A graça de Deus nos fortifica. Em tempos de conflitos teológicos e espirituais, precisamos não apenas de firmeza, mas de constante fortalecimento. Constantemente perdemos nossas energias contra os ataques desgastantes do inimigo. Por isso, em Hebreus, os santos do passado “da fraqueza tiraram força” (Hb 11.34). Paulo já afirmou que “o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (2Co 12.9,10). A graça de Deus promete fundamentar-nos. Toda obra de santificação está firmada na obra de Cristo que nos é transmitida através de sua Palavra. É o fundamento sobre o qual toda a igreja deve estar firmada.

(6) A entrada na glória é obra da graça. Ainda no texto de 1 Pedro 5.10, encontramos a declaração da glória a vir a ser revelada em nós como produto da mesma graça. Somos chamados para desfrutar ou participar da eterna glória de Deus. “Glória” é a bem-aventurança celestial da qual todos os eleitos de Deus participarão. Esta glória está vinculada à sua Santidade. Ser participante da sua glória é ser participante da sua santidade. Deus já começou esta obra em nós, mas vai completá-la no dia de Cristo Jesus.

A Graça de Deus nos instrumentos da Salvação.
Nada do que os seres humanos recebem está fora da graça divina.

(1) Pela graça, o evangelho é dado. O evangelho de Jesus Cristo é chamado de “evangelho da graça de Deus” (At 20.24). É o “evangelho da graça” porque alcança o pecador num estado de miséria e de desmerecimento; porque anuncia a redenção sem exigir nada do homem; porque invade o coração do pecador trazendo-o para a vida quando estava morto em delitos e pecados. É a demonstração da boa-vontade de Deus para com o pecador. Este evangelho anuncia o perdão de Deus aos pecadores por quem Cristo morreu.

(2) Pela graça, a Palavra de Deus é dada. Também é chamada de “palavra da sua graça” (At 14.3). É a Palavra do Senhor que anuncia a sua salvação pela graça aos pecadores.

(3) Pela graça, o evangelho de Deus é pregado. O evangelho é chamado de “evangelho da graça”. A proclamação dele é também uma obra da graça de Deus.

“A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo... (Ef 3.8).

A tarefa de pregar o evangelho é um dom precioso. A maior graça que Paulo recebeu foi a de ser o pregador do evangelho da graça.

(4) Pela graça participamos da Ceia do Senhor. Na Ceia do Senhor é anunciada a sua morte. Os participantes dela alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para sua nutrição espiritual e crescimento na graça; têm a sua união e comunhão com ele confirmadas; testemunham e renovam a sua gratidão e consagração a Deus e o seu mútuo amor uns para com os outros, como membros do corpo de Cristo.

A Graça de Deus na capacitação dos Cristãos.
Nada do que os seres humanos recebem está fora da graça divina. A Graça de Deus se manifesta de múltiplas formas na vida do cristão. (1Pe 4.10; 2Co 4.15).

(1) Pela graça os homens recebem os dons espirituais. Todos os dons espirituais são produto da graça de Deus na vida dos cristãos. Não há dom que não seja pela graça. Recebemos os dons gratuitamente para servimos aos outros.

“... tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé...” (Rm 12.6).

Os dons não são habilidades conseguidas pelos cristãos, mas são uma concessão graciosa de Deus. Por falta dessa compreensão, há muitas discórdias e divisão na igreja. O fato dos dons serem um produto da graça divina nos guarda contra o orgulho e a jactância (Ef 4.7,8; 1Pe 4.10).

(2) Pela graça os homens são dotados para o ministério da Palavra. Todos os crentes possuem uma função no corpo de Cristo porque a graça possui várias manifestações de capacitação (1Pe 4.10), mas a capacitação mais marcante na vida de Paulo foi a altíssima e honrosa tarefa de ser ministro de Cristo Jesus na pregação do evangelho.

“Entretanto, vos escrevi em parte mais ousadamente, como para vos trazer isto de novo à memória, por causa da graça que me foi outorgada por Deus, para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo.” (Rm 15.15,16).

Paulo sempre fazia questão de dizer para seus ouvintes que o seu ministério não era por vontade própria, mas uma decisão graciosa de Deus. Era um privilégio tão grande que ele o chama de “sagrado encargo”.

No conceito paulino, servir aos irmãos com a pregação da Palavra é graça.

“... do qual [evangelho] fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder.” (Ef 3.7).

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” (1Co 15.10)

A Graça de Deus na Vida Cristã em Geral.
(1) Pela graça os homens recebem consolação e esperança. Todos os dons espirituais são produto da graça de Deus na vida dos cristãos. Não há dom que não seja pela graça. Recebemos os dons gratuitamente para servimos aos outros.

“Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.” (2Ts 2.16,17).

Paulo fala de dois tipos de consolação. Um tipo de consolação que já nos foi dada e um tipo de consolação que é nos dada diariamente. O que Paulo chama de “eterna consolação” se refere o que Cristo já fez por nós. Refere-se aos atos redentores de Deus. Cristo conquistou o amor eterno e a consolação eterna de uma maneira segura. Ao mesmo tempo, Paulo deseja a consolação de Deus para os corações aflitos. Esse tipo de consolação juntamente, com a esperança, haveria de encher os corações deles. Eles anda haveriam de se apropriar das bênçãos que tinha origem e caráter eterno. Isso é graça de Deus.

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4.16).

Para receber as bênçãos da salvação descritas neste verso (misericórdia e graça), precisamos nos achegar com confiança ao “trono da graça” para sermos socorridos em tempo de necessidade. Cristo transformou o trono de juízo em trono da graça. No tempo oportuno, Deus socorre o pecador com misericórdia e graça.

(2) Pela graça os homens recebem libertação do perigo.

“Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo.” (At 27.23,24).

A graça de Deus não é apenas para a salvação, mas é também para eventos do dia-dia. Veja o caso de Paulo. Pela graça de Deus, nenhum dos que estavam á bordo do navio se perdeu durante a tempestade. Todos se salvaram pela graça de Deus (Ver todo o capítulo 27 de Atos).

Todos os dias nos colocamos em situações de perigos sem sabermos. Mas uma coisa precisamos saber, que a graça de Deus se faz presente nos livrando dos perigos existentes, seja um assalto em um ônibus, ou mesmo na rua, ou uma outra situação de risco qualquer. A graça de Deus não apenas nos livra de situações de risco, mas, mesmo experimentando algum tipo de perigo, a Sua graça trata de tirar-nos da situação completamente ilesos. Em um estabelecimento em que trabalhava, fui vítima de um assalto. Ficamos reféns dos assaltantes por pelo menos 15 minutos. Todos com arma em punho. Mas, pela graça de Deus, não usaram suas armas e todos nós saímos ilesos daquela situação.

Conclusão

Transcrevo aqui um texto de John Newton:

“Eu não sou o que devo ser. Ah! quão imperfeito sou! Não sou o que desejo ser. Abomino o que é mau e anelo apegar-me ao que é bom. Não sou o que espero ser. Logo me despirei da mortalidade e, com ela, de todo pecado e imperfeição. Embora não seja o que devo ser, o que desejo ser e o que espero ser, ainda posso dizer, em verdade, que não sou o que fui outrora, escravo do pecado e de Satanás; posso, sinceramente, unir-me ao apóstolo e reconhecer: ‘Pela graça de Deus, sou o que sou’”.

Procuremos entender a cada dia o conceito de graça. Nunca atribua nada do que você tem àquilo que você faz, ou fez, ou conseguiu. Proteja-se da auto-justiça. Paulo dava muito valor à graça de Deus porque ele teve noção da sua pecaminosidade. Logo, quanto mais depreciarmos o pecado e lamentarmos por ele, mais ansiaremos pela graça divina dando um valor inigualável a ela. Louvemos a Deus por Ele ser o Deus da graça. O Deus que concede graça aos imerecidos.

Extraído de: [ Blog dos Deus ]
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