João Calvino: um homem zeloso pela Glória de Deus

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Em tempos de escuridão, a luz do Evangelho brilhou e o mundo inteiro foi impactado pela fiel pregação da Palavra. Deus levantou um homem que influenciou todas as igrejas da Europa e toda a estrutura da cultura Ocidental. João Calvino é esse homem.

Neste vídeo o Rev. Dorisvan Cunha narra uma breve história do reformador João Calvino. Assista:




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Autor: Rev. Dorisvan Cunha
Fonte: Guerra pela Verdade
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O que a Bíblia diz sobre o Controle de Armas?

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O que parece estar subentendido no argumento para o controle de armas é que a disponibilidade de armas causa o crime. Por extensão, a disponibilidade de qualquer coisa que possa ser usada como arma deve ser vista como uma causa de crime. O que a Bíblia diz sobre esse ponto de vista?

É melhor que comecemos do início, ou pelo menos muito perto dele – em Gênesis 4. Neste capítulo, lemos sobre o primeiro assassinato. Caim ofereceu um sacrifício inaceitável e estava perturbado por Deus insistir que ele fizesse a coisa certa. Em outras palavras, Caim estava irritado por não poder fazer a sua própria vontade.

Caim estava mais engajado em matar seu irmão do que em andar corretamente com Deus. Não havia armas disponíveis, embora provavelmente houvessem facas. Mas, se foi uma faca ou uma pedra, a Bíblia não diz. O caso é que, o mal no coração de Caim foi a causa do assassinato, não a disponibilidade de armas mortais.

A resposta de Deus não foi banir as pedras ou as facas, ou o quer que fosse, mas, banir o assassino. Mais tarde (ver Gen. 9:5-6) Deus instituiu a pena capital, mas não disse sequer uma palavra sobre proibir armas.

Cristo Ensinou o Pacifismo?

Muitas pessoas, inclusive Cristãos, assumem que Cristo ensinou o pacifismo. Eles citam em seu favor Mateus 5:38-39. Nesse verso Cristo disse: “Vocês ouviram o que foi dito, ‘Olho por olho e dente por dente.' Porém, eu vos digo, não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir a face direita, dá também a outra.”

O Sermão do Monte, onde essa passagem se encontra, trata da correta conduta pessoal. Em nossa passagem, Cristo está esclarecendo uma confusão que as pessoas faziam em pensar que a conduta apropriada para o governo civil – isto é, fazer vingança – era também apropriada para um indivíduo.

Até mesmo as palavras que Cristo escolheu indicam que Ele estava aludindo à uma confusão, ou a uma distorção, que era corriqueira. Diversas vezes no restante do Sermão do Monte, Cristo usou: “vocês ouviram dizer isto”, uma figura de discurso para expor o engano e a falsidade ensinada pelos líderes religiosos da época.

Contraste isto ao uso que Cristo faz da frase “está escrito” quando Ele apelava para a autoridade das Escrituras (por exemplo, ver Mateus 4 onde em três ocasiões durante sua tentação pelo Diabo, Cristo respondeu a cada uma das mentiras de Satanás pela Escritura com as palavras: “está escrito”).

Para perceber melhor o fato de que Cristo estava corrigindo os líderes religiosos sobre seu ensino do “olho por olho” aplicado à vingança pessoal, considere que no mesmo sermão, Cristo condena veementemente o falso ensino: “Qualquer que quebrar algum destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus...” (Mt. 5:19). Fica claro, então, que Cristo não estava ensinando nada sobre a auto-defesa diferente daquilo que é ensinado em outras partes da Bíblia. Caso contrário, Ele estaria se contradizendo, pois estaria agora ensinando os homens a quebrar um dos mandamentos.

A referência “olho por olho” foi extraída de Êxodo 21:24-25, que trata de como o magistrado deve agir em relação ao crime. A saber, a punição acompanha o crime. Os líderes religiosos do tempo de Cristo haviam distorcido a passagem que se aplicava ao governo e, de forma errada, a haviam aplicado como um princípio de vingança pessoal.

A Bíblia claramente distingue entre os deveres do magistrado civil (o governo civil) e os deveres de um indivíduo. Ou seja, Deus delegou ao magistrado civil a administração da justiça. Os indivíduos têm a responsabilidade de proteger suas vidas dos agressores. Cristo se referiu a esta distinção na passagem de Mateus 5. Vamos agora examinar alguns detalhes do que as Escrituras dizem sobre as normas para os indivíduos e o governo civil.

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento ensinam a auto-defesa pessoal, mesmo que isto implique em tomar a vida do agressor, em determinadas circunstâncias.

A auto-defesa no Velho Testamento

Êxodo 22:2-3 nos diz: “Se um ladrão estiver roubando, e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado de seu sangue. Se o sol houver raiado sobre ele, haverá culpa por seu sangue. Ele fará restituição total; se não tiver condições, então, será vendido por seu furto.

Uma conclusão que podemos extrair daqui é que uma ameaça à nossa vida deve ser reprimida com força letal. Depois que “o sol houver raiado” parece referir-se a um julgamento diferente daquele permitido à noite. À noite é mais difícil discernir se o intruso é um ladrão ou um assassino. Além disso, a noite torna mais difícil a tarefa de defender-se e, ao mesmo tempo, evitar matar o ladrão. Durante o dia, seria melhor livrar-se do perigo, caso contrário, a defesa torna-se vingança, e esta é prerrogativa do magistrado.

Em Provérbios 25:26, nós lemos: “O homem justo que cede ao perverso é como uma fonte que foi turvada e poluída.” Certamente, cederíamos ao perverso se escolhêssemos estar desarmados e incapazes de resistir ao assaltante que pudesse ameaçar nossa vida. Em outras palavras, não temos o direito de abrir mão de nossa vida -- que é presente de Deus -- para o perverso. É um erro grave igualar a sociedade civilizada àqueles que se ocupam em assolá-la com maldade, ao invés de serem pessoas decentes.

Confiando em Deus

Outra pergunta que os Cristãos fazem é, “Ter uma arma não significa certa desconfiança sobre se Deus irá cuidar de nós?”

Realmente, Deus irá cuidar de nós. Ele nos disse também que se nós O amássemos, guardaríamos os Seus mandamentos (Jo. 14:15).

Os que confiam que Deus trabalha para que eles vivam, sabem que 1 Timóteo 5:8 nos diz: “Mas se alguém não provê para si próprio, e especialmente para os de sua casa, abandonou a fé e é pior do que um incrédulo.” Não trabalhar, e ainda esperar comer porque está “confiando em Deus” seria simplesmente estar tentando a Deus.

O rei Davi escreveu no Salmo 46:1 que “Deus é nosso refúgio e fortaleza, um grande socorro presente na angústia.” Isto não conflita com a oração ao Deus, “Que treina minhas mãos para a guerra e meus dedos para a batalha.” (Sl. 144:1).

A doutrina da Escritura é que nós nos preparamos e trabalhamos, mas deixamos o resultado com Deus.

Aqueles que confiam em Deus deveriam também fazer a provisão adequada para a sua própria defesa, assim como somos instruídos nas passagens citadas acima. Pois um homem que recuse suprir defesa adequada para si e sua família estará tentando a Deus.

Há um agravante com relação a adotar a posição do “eu não preciso me armar; Deus irá me proteger.”

Em um certo ponto, quando Satanás estava tentando a Jesus no deserto, ele desafiou Jesus a jogar-se de cima do templo. Satanás presumiu que os anjos de Deus poderiam protegê-Lo. Jesus respondeu: “Novamente está escrito, ‘Não tentarás ao Senhor teu Deus'” (Mt. 4:7)

Pode parecer piedoso dizer que confia em Deus para proteção – e todos nós devemos confiar – mas tentamos a Deus se não nos submetemos ao padrão que Ele nos deixou na Bíblia.

O Dever do Governo Civil

A Bíblia registra o primeiro assassinato em Gênesis 4 quando Caim matou seu irmão Abel. A resposta de Deus não foi registrar as rochas ou listar aqueles que possuíam um arado, ou o que quer que Caim tenha usado para matar seu irmão. Ao invés disso, Deus tratou com o criminoso. Desde Noé, a pena para o assassinato tem sido a morte.

Vemos a recusa em se aceitar os princípios que Deus nos deu lá no comecinho de tudo. Hoje vemos crescer a aceitação da idéia de que controlar o arsenal de armas disponíveis aos criminosos irá diminuir o crime, enquanto raramente devemos executar aqueles que são culpados de assassinato.

Em Mateus 15 (e em Marcos 7), Cristo também acusou os lideres religiosos de seu tempo de se oporem à execução daqueles jovens rebeldes que eram merecedores de morte. Eles haviam substituído os mandamentos de Deus com suas próprias tradições. Deus nunca esteve interessado em controlar os meios de violência. O que Ele sempre fez foi punir e, quando possível, restaurar (seja por restituição e excomunhão) o transgressor. O controle de indivíduos deve ser deixado a seu auto-governo. A punição dos indivíduos pelo governo civil deve ser feita quando acontece algo de errado com esse auto-governo.

Em nenhuma parte da Bíblia Deus deixa brecha para tratar dos instrumentos de crime. Ele sempre foca nas conseqüências que um indivíduo terá de arcar para suas ações. O céu e o inferno só dizem respeito às pessoas, não às coisas. A responsabilidade pertence somente às pessoas, não às coisas. Se esse princípio, que está profundamente arraigado na lei comum, permanecesse ainda hoje, os legisladores contra os fabricantes de armas deveriam banir somente os produtos que funcionassem mal.

Auto-Defesa Versus Vingança

Resistir a um ataque não deve ser confundido com fazer vingança, a qual é domínio exclusivo de Deus (Rom. 12:19). Ela tem sido delegada ao magistrado civil, que, como lemos em Romanos 13:4, “...é ministro de Deus para teu bem. Mas se fores mal, teme; pois não é em vão que vem a espada; pois é ministro de Deus, um vingador para castigar o que pratica o mal.

Os meios de vingança pessoal podem tornar alguém um criminoso se agir depois que sua vida não está mais em perigo, ao contrário de quando alguém está se defendendo de um ataque. Esse é o ponto crucial que têm sido confundido por cristãos pacifistas que querem tomar a passagem do Sermão do Monte sobre dar a outra face (o que proíbe a vingança pessoal) como um mandamento para anular-se ante o perverso.

Consideremos também o que nos diz o Sexto Mandamento: “Não matarás.” Nos capítulos seguintes, Deus dá a Moisés algumas situações que requerem a pena capital. Evidentemente, Deus não está dizendo que nunca se deve matar, mas que não devemos tirar a vida de um inocente. Considere também que o magistrado civil é um terror para aqueles que praticam o mal. Essa passagem não está de modo algum significando que o papel da lei obrigatoriamente é prevenir crimes ou proteger os indivíduos dos criminosos. O magistrado é um ministro que serve como “um vingador para castigar o que pratica o mal” (Rom. 13:4).

Este ponto está refletido na doutrina legal dos Estados Unidos. Repetidamente, as cortes mantiveram que o governo civil não tem nenhuma responsabilidade de fornecer segurança individual. Em um caso (Bowers x DeVito) se expressou desta maneira: “Não há nenhum direito constitucional para ser protegido pelo estado contra ser assassinado.”

Auto-Defesa no Novo Testamento

Cristãos pacifistas podem tentar argumentar que Deus mudou Sua mentalidade do tempo em que Ele deu os Mandamentos a Moisés no Monte Sinai. Eles podem, por exemplo, querer que nos convencer de que Cristo cancelou os Dez Mandamentos de Êxodo 20 ou a base para o assassinato justificável de um ladrão em Êxodo 22. Mas o escritor aos Hebreus deixa claro que não é assim, porque “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Heb. 13:8). No Velho Testamento, o profeta Malaquias grava da seguinte maneira as palavras de Deus: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo.” (Mal. 3:6).

Paulo estava se referindo à imutabilidade da Palavra de Deus quando escreveu a Timóteo: “Toda Escritura é dada por inspiração divina, e é útil para o ensino, admoestação, correção, para instrução na justiça, para que o homem de Deus possa ser perfeito, completamente capacitado para toda boa obra” (2 Tim. 3:16-17). Evidentemente, Paulo encarava toda a Escritura, incluindo o Velho Testamento, como útil para instruir os cristãos em cada área da vida.

Devemos considerar também que Cristo disse a seus discípulos em suas últimas horas com eles: “...Mas agora, quem tem uma bolsa, tome-a, e faça o mesmo quem tiver uma espada; e quem não tiver uma espada, venda sua capa e compre uma” (Lc. 22:36). Tenha em mente que a espada era a mais letal arma ofensiva disponível para um soldado individual – seria o equivalente hoje a um rifle militar.

Os pacifistas cristãos provavelmente irão objetar nesse ponto que algumas poucas horas mais tarde, Cristo repreende Pedro por usar uma espada para cortar a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote em companhia de um destacamento de tropas. Vemos ler o que Cristo diz a Pedro em Mateus 26:52-54: Embainha a tua espada, pois todo aquele que usa a espada irá perecer pela espada. Ou você pensa que eu não posso agora orar a Meu Pai, e ele me mandaria mais do que doze legiões de anjos? Como, então, pode ser cumprida as Escrituras dizendo que isto deve acontecer?”.

Na passagem paralela em João 18, Jesus diz a Pedro para guardar sua espada e diz que beberá do copo que Seu Pai lhe tem dado. Não era a primeira vez que Cristo explicava a seus discípulos porquê ele veio à terra. Para cumprir a Escritura, o Filho de Deus teve de morrer pelos pecados do homem, uma vez que o homem era incapaz de pagar por seus próprios pecados, livrando-se do fogo do inferno. Cristo poderia ter salvado sua vida, mas então os crentes perderiam suas vidas eternamente no inferno. Essas coisas tornam-se claras para os discípulos somente depois de Cristo ter morrido e levantado dos mortos, e depois do Espírito ter vindo ao mundo no Pentecostes (ver Jo. 14:26).

Quando Cristo disse a Pedro “ponha sua espada no lugar,” evidentemente ele não disse que a deixasse lá para sempre. Isto contradizeria o que ele havia dito aos discípulos apenas algumas horas antes. A espada de Pedro era para proteger sua própria vida mortal do perigo. Sua espada não era necessária para proteger o Criador do Universo e o Rei dos Reis.

Anos depois do Pentecostes, Paulo escreve em uma carta à Timóteo: “Mas se alguém não provê para si próprio, e especialmente para os de sua casa, ele abandonou a fé e é pior do que um incrédulo” (1 Tim. 5:8). Essa passagem se aplica a nosso assunto porque seria absurdo comprar uma casa, abastecê-la com comida e outras necessidades de uma família, e então recusar-se a instalar fechaduras e a prover os meios de proteger a família e a propriedade. Do mesmo modo, seria absurdo não tirar, se necessário, a vida de um ladrão noturno para proteger os membros da família (Ex. 22:2-3).

Um relato e um conceito até mais amplo é encontrado na parábola do Bom Samaritano. Cristo sintetizou um sumário de todas as leis bíblicas do Velho Testamento em dois grandes mandamentos: “‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força, e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo'” (Lc. 10:27). Quando perguntaram quem era esse próximo, Cristo contou a parábola do Bom Samaritano (Lc. 10:30-37). Foi o Bom Samaritano que cuidou da vítima de ataque, o samaritano era o “próximo” da vítima. Os que passaram perto e ignoraram a situação da vítima não agiram como “próximos” dele.

À luz de tudo o que vimos a Escritura ensinar sobre este ponto, podemos perguntar: se pudéssemos salvar a vida de alguém das mãos de um agressor por meio de um tiro no agressor com nossa arma deveríamos “dar a outra face”? A Bíblia não fala disto como correto. Fala somente das nossas responsabilidades em face de uma agressão – como criaturas individuais feitas por Deus, como chefes de família, ou diante do nosso próximo.

Bênçãos e Maldições Nacionais

O Antigo Testamento também nos fala bastante sobre o relacionamento positivo entre a retidão, que exalta a nação, e a auto-defesa. Deixando claro que em tempos de rebelião nacional contra o Senhor Deus, as leis da nação irão refletir a degradação espiritual do povo e o resultado é a rejeição da lei de Deus, a soberba dos oficiais, o desarmamento, e opressão.

Por exemplo, o povo de Israel foi oprimido durante o tempo da lei dos juízes. Isto ocorreu em qualquer tempo em que o povo apostatou. Juízes 5:8 nos fala que, “Escolheram-se deuses novos; então, a guerra estava às portas; não se via escudo nem lança entre quarenta mil em Israel.

Considere Israel sob Saul: O primeiro livro de Samuel fala da mudança de rumo de Israel para com Deus. O povo não queria ser governado por Deus; eles queriam ser regidos por um rei como os pagãos, as nações odiadas por Deus em derredor. Samuel advertiu o povo que se eles persistissem em pôr um rei sobre seus ombros e de suas famílias, a decisão recairia sobre eles. Incluindo naquela decisão o levantamento de um exército profissional composto por seus filhos e filhas para as agressivas guerras (1 Sam. 8:11).

Essa decisão não é desconhecida nos Estados Unidos. Tudo aquilo que Samuel advertiu ao povo, Saul realizou. Sua reunião de um exército armado foi repetida nos Estados Unidos, e não só em termos de forças armadas, mas também com os 650.000 oficiais de polícia contínuos para todos os níveis do governo civil.

Saul era o rei que israelitas pediram e tiveram. Ele era bonito aos olhos do mundo, mas um desastre aos olhos do Senhor. Saul não confiou em Deus. Ele se rebelou contra a forma de sacrifício do Senhor. Saul pôs a si mesmo acima de Deus. Ele era impaciente. Ele recusou esperar por Samuel porque o modo de Deus estava sendo um tanto demorado. Saul foi adiante e executou ele mesmo o sacrifício, violando assim os mandamentos de Deus (e, incidentalmente, violando também a separação que Deus ordenou entre os deveres da igreja e do estado!).

Assim Saul perdeu sei reinado. E, foi sobre ele que os Filisteus puderam derrotar os Judeus e escravizá-los. Quão grande foi a escravidão exercida pelo Filisteus: “Ora, não se encontrava nem um ferreiro em toda a terra de Israel: pois os Filisteus disseram, ‘Para que os Hebreus não façam espadas ou lanças.' Mas todos os israelitas tinham de descer aos filisteus para amolar a relha do seu arado, e a sua enxada, e o seu machado, e a sua foice.... Sucedeu que no dia da batalha, não se achou nem espada, nem lança na mão de nenhum do povo que estava com Saul e com Jônatas...” (1 Sam. 13:19-20, 22-23).

Hoje, os mesmos objetivos dos Filisteus seriam realizados por um opressor que banisse as armas da terra. A espada de hoje é a pistola, o rifle, ou a espingarda. O controle de espadas dos Filisteus é hoje o controle de armas daqueles governos civis que não permitem que seus cidadãos tenham armas.

É importante entender que o que aconteceu aos judeus no tempo de Saul não foi inesperado de acordo com as sanções proferidas por Deus em Levítico 26 e Deuteronômio 28. Nos primeiros versos daqueles capítulos, bênçãos são prometidas à nação que seguirem as leis de Deus. Nas últimas partes daqueles capítulos, as maldições são pronunciadas para uma nação que venha a ser julgada por sua rebelião para com Deus. Deuteronômio 28:47-48 nos ajuda a entender a razão para a opressão de Israel pelos Filisteus durante o reinado de Saul:

Porque não serviste ao Senhor, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo. Assim, com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos que o Senhor enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído.

A Bíblia fornece exemplo de bênçãos de Deus sobre Israel por sua fidelidade. Essas bênçãos incluem uma forte defesa nacional acoplada à paz. Um claro exemplo ocorreu durante o reino de Josafá. 2 Crônicas 17 fala de como Josafá conduziu Israel à fidelidade a Deus que incluía uma forte defesa nacional. O resultado: “E o temor do Senhor sobre todos os reinos da terra que estavam ao redor de Judá, de modo que não fizeram guerra contra Josafá” (2 Cr. 17:10).

O exército Israelita era um exército de milícia (Num 1:3ff.) que ia para a batalha com cada homem carregando sua própria arma – do tempo de Moisés, passando pelos Juízes, e além. Quando ameaçados pelos Midianitas, por exemplo, “Moisés falou ao povo dizendo, ‘Armai alguns de vós para a guerra, e que saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor contra eles'” (Num 31:3). Outra vez, demonstra-se a herança bíblica de carregar e portar armas, durante o tempo de Davi no deserto escondendo-se de Saul, “Davi disse a seus homens, ‘Cada homem cinja sua espada.' Então cada homem cingiu a sua espada, e Davi também a sua” (1 Sm. 25:13).

Finalmente, considere Neemias e aqueles que reconstruíram os portões e os muros de Jerusalém. Eles eram tanto construtores quanto defensores, cada homem – casa servo – armou-se com sua espada: Os carregadores, que por si mesmos tomavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a arma. Os edificadores, cada um trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam” (Ne. 4:17-18).

Conclusão

A sabedoria dos que fizeram a Constituição [Americana] é consistente com as lições da Bíblia. Os instrumentos de defesa devem estar espalhados por toda a nação, não concentrados nas mãos do governo central. Em um bom país, cada homem age corretamente por meio do Espírito Santo que trabalha nele. Não há razão para o governo civil querem o monopólio da força; o governo civil que deseja tal monopólio é um perigo à vida, liberdade, e propriedade de seus cidadãos.

A simples suposição de que pode ser perigoso que as pessoas carreguem armas é usada para justificar o monopólio da força por parte do governo. A noção de que não se pode confiar que as pessoas mantenham suas próprias armas nos mostra que, como o tempo de Salomão, não só para os muito ricos, é também um tempo perigoso para as pessoas simples. Se Cristo não for nosso Rei, nós teremos um ditador a governar sobre nós, justamente como advertiu Samuel.

Para aqueles que pensam que Deus tratou Israel de maneira diferente da que irá nos tratar hoje, por favor considere o que Deus disse ao profeta Malaquias: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo...” (Mal. 3:6).   

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Autor: Larry Pratt é diretor executivo da Gun Owners of America (com 150.000 membros), foi eleito Oficial na legislatura estadual da Virgínia, e é presbítero na Igreja Presbiteriana na América.
Fonte: Gun Owners of America
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
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Lutero: Reformador Destemido

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Quando tudo parecia perdido, eis que Deus levantou um homem de coragem e bravura para trazer o seu povo de volta às Escrituras, seu nome? Martinho Lutero.

"Sou rude e impetuoso ao lutar contra inúmeros monstros e demônios. Nasci para remover os tocos e as pedras, para podar os cardos e abrolhos, para arrancar os espinheiros e limpar as matas selvagens". (Martinho Lutero)

Neste vídeo o Rev. Dorisvan Cunha narra uma breve história do reformador Martinho Lutero. Assista:



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Autor: Rev. Dorisvan Cunha
Fonte: Guerra pela Verdade
Divulgação: Bereianos
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A Santa Ceia na Liturgia Cristã Reformada

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Resumo

Este artigo tem a intenção de fomentar a análise do momento apropriado para a celebração da Santa Ceia na igreja. Visa também tratar do modo incomum da celebração da Santa Ceia somente nas Escolas Bíblicas Dominicais, mostrando seus prejuízos aos membros, à igreja local e à proclamação do Evangelho aos visitantes da igreja. Por razão de não ser este modo claramente fiel ao que a História da Igreja nos mostra, também quanto às doutrinas bíblicas e teológicas reformadas, quanto a nossa Constituição Presbiteriana, nossos Princípios de Liturgia, Confissão de Fé (CFW), Catecismo Maior e Breve Catecismo etc., busco levar a liderança da igreja a uma análise mais aprofundada do tema, demonstrando que a Ceia deve estar presente em Culto Solene a Deus, sendo esta a correta ocasião para sua celebração, assim como o Sacramento do Batismo.

1. Introdução

Do Culto Religioso:

[...]“A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela, em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos, com graças no coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são partes do culto comum oferecido a Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, devem ser usados de um modo santo e religioso.”[2]

A Santa Ceia é uma parte importantíssima do culto cristão e é tido pelas igrejas reformadas como sendo um dos dois Sacramentos da igreja. Deste modo, ele é vital na doutrina cristã. Temos visto isso desde os tempos da reforma protestante com as grandes controvérsias, debates e confissões que têm sido desenvolvidas quanto a eucaristia. Por sua centralidade, não podemos deixar de lado tão grande doutrina na Igreja, e lidar com ela de modo impróprio no culto a Deus.

O Culto a Deus não é uma inovação, como muitas igrejas contemporâneas tem o tratado, modificando sua liturgia de acordo com suas vontades e concupiscências para agradar o maior número possível de pessoas. Deus mesmo é quem instituiu como deve ser feito o Culto e Adoração a Ele, não só no período neotestamentário, mas desde a Igreja no Éden[3]. As inovações e mudanças da ortodoxia da liturgia na Igreja devem ser fundamentadas profundamente na palavra de Deus, pois é a Deus que rendemos culto. Assim sendo, devemos tomar muito cuidado com as inovações que têm tomado lugar quanto a celebração da Ceia nos cultos de diversas igrejas no Brasil.

2. Memória do Sacrifício no Culto

O culto, como instituído por Deus, é memória do sacrifício vicário de Cristo, e nele o momento oportuno de louvor e adoração. Os sacrifícios no Antigo Testamento foram devidamente regulados por Deus na Antiga Aliança, assim como o é na Nova, em Cristo, sendo Jesus o verdadeiro e único sacrifício por nossos pecados. Seu corpo e sangue, na Santa Ceia do Senhor, como representação ou sinal, é parte integrante do Culto Solene a Deus e explícito nos Princípios de Liturgia da IPB:

O sacrifício no culto. Sem sacrifício não havia culto em Israel. O mesmo acontece com a Igreja e nela: A ideia de que o povo de Deus é fruto do sacrifício vicário de Cristo tem de, necessariamente, estar presente na liturgia comunitária, não somente na celebração da Santa Ceia, mas no culto em geral, mesmo quando não houver o ritual eucarístico. O culto existe porque, pelo derramamento de seu sangue expiador, o Cordeiro rasgou o véu do velho templo, dando acesso a todos os seus eleitos resgatados ao Santo dos santos, isto é, à adoração direta, sem intermediação, de seu augusto e inefável nome. Em nenhuma reunião cúltica autenticamente cristã o adorador pode olvidar a presença do efeito eficaz da imolação do Cordeiro imaculado em seu lugar e, como resultado desse reconhecimento, confessar os seus pecados. Culto sem contrição e confissão é incompleto e ineficaz como meio da graça. [...] [4]

Deste modo, a celebração da Ceia do Senhor não pode ser feita sem que seja em forma de Culto Solene a Deus, separando os elementos do vinho e do pão do uso comum, como comida ordinária, para o uso sagrado em Culto ao Senhor, em memória de Cristo e anunciando sua morte até que Ele volte:

“Nesta ordenança o Senhor Jesus constituiu seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do comum para um uso sagrado, tomar e partir o pão, tomar o cálice dele participando também e dar ambos os elementos aos comungantes e tão somente aos que se acharem presentes na congregação. Ref. Mar. 14:22-24; At. 20:7; I Cor. 11:20.”[5]

Assim sendo, a Santa Ceia deve ser um momento solene e sagrado, tendo sua devida explicação e compreensão daqueles que estão participando da mesa do Senhor. O pão e vinho não podem ser mal compreendidos, por exemplo, como sendo fisicamente o corpo e sangue de Cristo, como é feito na Igreja Romana. Tendo nosso país uma maioria Católica Romana, esta heresia é muito comum entre o povo, e se não for devidamente explicada e extirpada, leva a condenação divina e a contaminação da igreja de Deus. Do mesmo modo, a banalização da Santa Ceia é também condenável. Quando este Sacramento toma parte em ocasião qualquer sem a devida solenidade, ou tendo-a em pouca frequência, concedendo a Ceia do Senhor ao povo sem o devido culto a Deus, ou sem o devido caráter sagrado do sacramento, sem a compreensão de todo o seu caráter especial, também não é desejável na igreja.

Em nosso Culto a Deus na IPB, temos elementos que são essenciais e devem estar sempre presentes, como nos mostra os Princípios de Liturgia e o Catecismo Maior de Westminster. Entre eles está claramente delineado a presença “essencial” da Santa Ceia no Culto a Deus:

Elementos do culto. O culto tem elementos essenciais, estruturais, e constitutivos.
Elementos essenciais: A) - Palavra de Deus: lida e proclamada com autenticidade e fidelidade. B) - Oração comunitária, [...] C) - Santa Ceia, celebrada conforme instituída por Cristo Jesus, sem acréscimos e sem inovações. [...]” [6]
“P. 108. Quais são os deveres exigidos no segundo mandamento? R. Os deveres exigidos no segundo mandamento são - o receber, observar e guardar, puros e inalterados, todo o culto e todas as ordenanças religiosas que Deus instituiu na sua Palavra, especialmente a oração e ações de graças em nome de Cristo; a leitura, a prédica, e o ouvir da Palavra; a administração e a recepção dos sacramentos; [...]” [7]

Assim, o Culto Solene, como sacrifício agradável a Deus, tem como parte essencial e integrante a Santa Ceia, a qual deve ser celebrada com toda reverencia no Culto, e somente extraordinariamente em outras reuniões:

“Resumo: Todo culto deve conter basicamente:
[...] c - Sacrifício, memorizado e recapitulado cerimonialmente na Santa Ceia. [...]” [8]


3. A Importância da Ceia do Senhor

A Santa Ceia. A Santa Ceia deve ser celebrada com simplicidade, mas reverência. Ao pastor compete levar a Igreja a um estado de contrição e introspecção, para que haja ambiente propício ao pleno entendimento do seu conteúdo e significado. O ritual da Ceia do Senhor emana da sua instituição por Jesus Cristo, conforme narrada nos evangelhos. Nada de inovação, de querer “melhorar” o que o divino Mestre deixou em atos e termos claríssimos. O pão previamente partido e o vinho distribuído em cálices individuais, atendendo às necessidades atuais de higiene e praticidade, não devem levar a Igreja ao entendimento de que a Ceia de Cristo seja individualizada. Ela é uma “refeição espiritual comunitária” tanto quanto sua antecessora, a Páscoa, o foi: uma comunhão da família de Cristo. No contexto da comunidade ou corpo de Cristo, cada comungante recebe das mãos de um presbítero o pão, deglutindo-o reflexiva e reverentemente, com a mente voltada para o Calvário, onde Cristo foi sacrificado por ele. O mesmo fazendo com o cálice, contendo o vinho, ingerindo-o com o pensamento voltado para o pacto da graça, realizado pelo Cordeiro mediante o derramamento de seu sangue.” [9]

A importância a Santa Ceia é indiscutível em todo o cristianismo e presente em toda sua história, e principalmente em nossa igreja. Mas seu significado para cada membro e visitante da igreja é muitas vezes superestimado.

A Ceia do Senhor tem grande significado e importância, como vimos, não sendo simples sua compreensão. Dada sua grande importância espiritual para cada participante da mesa, não se pode esquecer da grande oportunidade de, por meio da pregação da Palavra e da explicação do sacramento, declarar e expor detalhadamente o caráter e doutrinas presentes neste sacramento. Como por exemplo a morte de Cristo; o novo pacto em Seu sangue; os beneficiários desta expiação; a nova aliança; a operação do Espirito Santo sobre os crentes para sua salvação. Todas estas doutrinas são importantíssimas e vitais ao crente e inerentes à este sacramento, e devem ser pregadas, não só para os que participam da mesa do Senhor, (para que não participem indignamente), mas também para os não-crentes e visitantes. Assim neste sacramento pastor tem ocasião oportuna e devida de pregar o evangelho em sua completude.

Vemos também que por meio dos Sacramentos, o Senhor Jesus nos deixou novas leis cerimoniais que substituem antigas leis para a Igreja de Cristo. Eles são símbolos valiosos que exteriormente mostram os que são da família da fé e também anunciam a fé em Cristo Jesus e sua morte até Ele volte. Assim sendo, todos estes símbolos servem não somente à Igreja de Cristo, mas também ao mundo todo, à todas as pessoas, como testemunho. Assim sendo eles não devem ser celebrados em secreto, vetando a presença de pessoas de fora, (a não ser em caso de perseguição que impossibilitem sua realização), mas antes devem ser meios da pregação do Evangelho de Cristo ao mundo. Sua importância é evidente e declarada em nosso Princípio de Liturgia quanto a Santa Ceia:

Importância da Santa Ceia. A Ceia do Senhor é um poderoso “meio de graça”, quando entendida e avaliada corretamente. Ela representa, rememora ou revive os dois fundamentos mais importantes da fé cristã: A morte vicária de Cristo (o pão partido), e o novo pacto selado pelo imaculado sangue do Cordeiro (o cálice de vinho). Quem é beneficiário da expiação e da nova aliança tem de, necessariamente, estar à Mesa do Senhor, não por imposição do Conselho, mas por impulso do Espírito Santo. Deus não afasta da Mesa Eucarística o verdadeiro crente, pois a sua “alimentação espiritual” é imprescindível ao crescimento na fé e na graça.” [10]

Fica clara a importância da Ceia do Senhor na vida dos crentes, e como é essencial para o conselho assegurar que ninguém seja omitido neste Sacramento. É aconselhado que a Ceia esteja disponível aos enfermos e idosos, levando da Ceia celebrada no Culto anterior a eles.


3.1. A Solenidade da Ceia e do Culto

Na distribuição da Santa Ceia é necessária solenidade, que aqui é relacionada diretamente a própria solenidade do Culto a Deus. Sem a necessária solenidade, perde-se facilmente o foco da importância da Santa Ceia, o que incorre necessariamente em uma possível banalização do Sacramento, que deve rigorosamente ser evitado. Para isso se requer a exortação pastoral, que está presente no Culto a Deus pela pregação da Palavra, e em seguida havendo a distribuição solene dos elementos da Ceia, de modo que não faça perder o grande valor teológico e significativo deste Sacramento, como fica claro na Constituição da IPB:

Distribuição da Ceia. Um dos momentos mais sublimes e de maior visibilidade do Presbítero é o da distribuição da Santa Ceia. O pastor ministra e o presbítero distribui, devendo cumprir tal ato ministerial com solenidade, reverência, dignidade e respeito. A Igreja precisa sentir o valor teológico, o peso significativo e o sentido místico da eucaristia.” [11]

3.2. Participação na Ceia do Senhor

“Art. 14 - O Conselho deve cuidar de que os membros professos da Igreja não se ausentem da Mesa do Senhor e velar para que não participem dela os que se encontram sob disciplina.” [12]

Neste artigo 14 do Princípio de Liturgia da IPB, vemos que o Conselho deve assegurar que os membros em plena comunhão não se ausentem da Ceia do Senhor. Fica também implícito que o conselho não pode dificultar ou negar esse Sacramento aos membros professos e que não estão sob disciplina e que tem comunhão no Culto Solene a Deus. Deste modo, um possível argumento de tentar usar a Santa Ceia como meio de “coagir” os membros a participarem de reuniões (EBD), que não o próprio Culto Solene[13] a Deus na Igreja, não é correto. Esta ação acaba sendo puramente pragmática, não tendo base bíblica, teológica, nem mesmo em nossa Constituição, Princípio de Liturgia e Símbolos de fé da IPB, mas aparentemente visaria somente números, prejudicando a devida celebração do Sacramento.


Em nosso Catecismo temos as exigências para que um crente participe da mesa da Ceia do Senhor, e o modo que ele deve ser celebrado. Também nos mostra a importância da correta administração do Sacramento e da necessidade da exposição da Palavra de Deus quanto às implicações da Ceia. Tendo em vista a vastidão das doutrinas presentes nela e a compreensão dos ouvintes, não se pode negligenciar a ponto de que a Ceia e as doutrinas não sejam Pregadas Expositivamente pelo Ministro do Evangelho pelo menos na ocasião de sua celebração, uma vez ao mês, educando assim o povo de Deus e evitando que a Ceia seja tomada indignamente:

“P. 97. Que se exige para participar dignamente da Ceia do Senhor?
R. Exige-se daqueles que desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examine sobre o seu conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem dele, sobre o seu arrependimento, amor e nova obediência; para não suceder que, vindo indignamente, comam e bebam para si a condenação. Ref. 1Co 11.27; 31-32; Rm 6.17-18.”[14]

Já quanto aos visitantes, e quanto ao argumento de que eles possivelmente não podem participar da Ceia do Senhor, tendo no Brasil várias seitas que doutrinariamente diferem de nossa igreja, o pastor deve ser prudente em oferecer a estes a Ceia, mas de forma alguma significa que o pastor ou o conselho deva evitar que a Santa Ceia seja celebrada no Culto Solene, (pensando haver no culto alguns visitantes não-crentes, o que não é caso comum na EBD), simplesmente pela presença de visitantes. O Santa Ceia deve sim ser celebrada no Culto Solene; e o pastor deve levar a igreja a um estado de contrição e introspecção, para que assim não incorra o pastor, a igreja e os visitantes em pecado. Não por meio da limitação da Ceia do Senhor para que ocorra somente na EBD:

Ceia a visitantes. Diante da promiscuidade de seitas supostamente evangélicas, o mais prudente é o pastor não oferecer a Ceia a visitantes de outras igrejas, para não correr o risco da oferta a indignos, que não saibam distinguir o verdadeiro significado comunitário e espiritual, não apenas ritual, da Ceia do Senhor. Além do mais, a Ceia é comunitária, não individual. Visitante, embora membro de outra denominação, não se integra na comunidade, não se arrola na família comungante específica. ‘Plena comunhão’ em outra denominação, qualquer delas com divergências doutrinárias com a nossa, não equivale à ‘plena comunhão’ na Igreja Presbiteriana do Brasil. Se o visitante estender a mão, apropriando-se da Ceia, a responsabilidade é dele, não do ministro oficiante ou do presbítero distribuidor. Se o faz indignamente, responderá por sua indignidade, segundo 1 Co 11. 27-29).” [15]

4. As Origens da EBD


A EBD é uma inovação da Igreja Protestante, não tendo sido parte da vida da Igreja por mais de 17 séculos. [16] Sua função principal é educar o povo e em seus primórdios tinha intenção de ensinar crianças a ler e escrever junto com instruções bíblicas. No modelo atual, há somente a intenção de preparar os neófitos no conhecimento das verdades bíblicas, tanto doutrinárias como teológicas, para que possam conhecer a Deus por meio das Escrituras, e estarem aptos para fazerem a boa confissão de fé, pura e verdadeira, e para adorarem a Deus de modo aceitável.

Em tudo isto podemos ver uma boa atitude da igreja, buscando educar o povo para serem fieis e sãos na fé ortodoxa. Mas fica claro também que a EBD de forma alguma substitui o Culto Solene a Deus ou pode ser igualado a ele, pois os dois têm funções totalmente diferentes. Assim sendo, uma pessoa não pode deixar de ter comunhão no Culto Solene tendo em vistas que participou da EBD anteriormente. Antes, deve participar do Culto Solene pois participou também da EBD, e entendeu a importância do Culto a Deus. O que as Escrituras claramente nos ensinam é a importância do Culto Solene a Deus, em comunhão com os santos, para louvor e adoração a Deus, proclamação da Palavra de Deus e seus Sacramentos.

Rev. Alderi Souza de Matos deixa muito claro as origens da EBD, seu foco principal inicial, tirando qualquer dúvida de que a EBD tenha a mesma importância solene do Culto a Deus ou que possa ser tida como meio principal de celebração da Santa Ceia:

“A moderna instituição conhecida como “escola dominical” teve como seu principal fundador o jornalista inglês Robert Raikes (1735-1811). Ele era natural da cidade de Gloucester e em 1757, aos vinte e dois anos, sucedeu o pai como editor do Gloucester Journal, um periódico voltado para a reforma das prisões. Nessa época, estava ocorrendo na Inglaterra o extraordinário avivamento evangélico, com sua forte ênfase social. Inspirado por outras pessoas, Raikes iniciou uma escola em sua paróquia em 1780. Ele ensinava crianças pobres de 6 a 14 anos a ler e escrever e dava-lhes instrução bíblica. [...]”. “Os primeiros dirigentes em geral eram leigos e líderes comunitários; o texto usado era a Bíblia e as matérias incluíam leitura, redação e valores cívicos e morais. Essas escolas dominicais prepararam o caminho para a criação de escolas públicas. [...]”. “A partir de 1800, os propósitos das escolas dominicais americanas passaram a ser instrução e evangelismo; elas transmitiam valores cristãos e o espírito democrático da nova nação. Era um trabalho não-denominacional ou, como se dizia na época, uma “associação voluntária”, reunindo pessoas de diferentes igrejas. [...]”. “Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século 20 era o ‘Dia do rumo à escola dominical’, quando se fazia um esforço especial para trazer um grande número de visitantes. [...]” [17]

5. Conclusão – Momento Apropriado para Celebração da Santa Ceia


Depois de tudo isso, não se pode ver qualquer outra razão para a celebração da Santa Ceia do Senhor, se não em caráter extraordinário, em reuniões, EBDs etc., que não no próprio Culto Solene a Deus. Ocasião esta a mais correta para a sua celebração, pois a Ceia é parte integrante do Culto a Deus.

Assim, argumentos que sejam somente pragmáticos, que visem somente obter resultados numéricos em reuniões na igreja, ou somente motivados pelo número de presentes na Escola Bíblica, ou mesmo para fazer com que os crentes participem mais das atividades, não pode de forma alguma ocorrer por meio de coação, principalmente usando-se do Sacramento da Santa Ceia.

A igreja não pode se deixar seduzir, buscando inovações e métodos pragmáticos, comuns em muitas igrejas evangélicas, para obter seus resultados. O resultado vem de Deus; cabe a nós sermos fieis a Deus e à Sua obra. Pois como é óbvio a todos nós que estamos em Cristo, não se pode haver coação pragmática sobre os membros da igreja em nenhum sentido, mas antes oração e o convencimento do coração dos crentes que vem como obra do próprio Espirito Santo, operando também pela pregação do evangelho e pela admoestação. Além disso, nosso Princípio de Liturgia também deixa bem definida a ocasião correta para a celebração da Santa Ceia:

Quando celebrar. O Conselho determinará um domingo fixo do mês para a celebração da Ceia do Senhor, que tanto pode ser no culto público matinal como no vespertino. Algumas igrejas das grandes metrópoles celebram-na duas vezes por mês, uma de manhã e outra à noite, porque muitos irmãos, que podem frequentar os cultos matinais, não podem estar presentes nos vespertinos.”[18]

Logo, a Ceia do Senhor deve ser parte integrante do Culto Solene, não só por seu simbolismo e espiritualidade; sua solenidade, sacralidade e importância; mas também por ela ser inseparável do Culto a Deus, símbolo da morte vicária de Cristo, que nos deu vida, e um poderoso “meio de graça”[19] ao povo de Deus, (assim como para os visitantes, que não tomando parte na mesa, ainda assim podem ver Cristo neste Sacramento), pois em Cristo nos tornamos aptos a render Culto que agrade a Deus.


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Bibliografia:
• SANTOS, Daniel. A Plantação da Igreja no Éden, FIDES REFORMATA, v. XIX, No. 1, p. 49, Editora Mackenzie, 2014.
Confissão de Fé de Westminster, Cap. XXVIII, parágrafo III., Capítulo XXI, parágrafo V.
Catecismo Maior de Westminster, pergunta 108.
• Catecismo Breve de Westminster, pergunta 97.
• IPB, Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, p. 40, Art. 31, a)., p. 71, Art. 54, a).
• IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 7, Art. 14., Art. 17., Art. 13, Cap. 3 (Culto Público) Art. 8, p. 
• 165., Apêndice (Praticas Ministeriais), Pastoreio da Igreja, XV. 15.
• Sunday School, Autor: Anônimo. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Sunday_school>. Acessado em: 9 de dez. 2014.
• Pequena História da Escola Dominical. Autor: Rev. Alderi Souza de Matos. 
Disponível em: <http://www.mackenzie.br/6980.html>. Acesso em: 30 de nov. 2014.

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Notas:
[1] Escola Bíblica Dominical, o mesmo para todas as outras siglas EBD.
[2] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XXI, V. (Ênfase minha)
[3] Cf. SANTOS, Daniel. A Plantação da Igreja no Éden, FIDES REFORMATA, v. XIX, No. 1, p. 49, Editora Mackenzie, 2014.
[4] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 3 (Culto Público) Art. 8, p. 165.
[5] Confissão de Fé de Westminster, Cap. 28, parágrafo III. (Ênfase minha)
[6] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 3 (Culto Público) Art. 8, p. 165. (Ênfase minha)
[7] Catecismo Maior de Westminster, pergunta 108.
[8] IPB, Princípios de Liturgia, Apêndice (Praticas Ministeriais), Pastoreio da Igreja, XV. 15.
[9] IPB, Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, p. 40, Art. 31, a).
[10] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 7, Art. 13, p. 174.
[11] IPB, Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, p. 71, Art. 54, a).
[12] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 7, Art. 14.
[13] IPB, Princípios de Liturgia, p. 175, Art. 17.
[14] Catecismo Breve de Westminster, pergunta 97.
[15] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 7, Art. 13, p. 175
[16] Sunday School, Autor: Anônimo. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Sunday_school>. Acessado em: 9 de dez. 2014.
[17] Pequena História da Escola Dominical. Autor: Rev. Alderi Souza de Matos. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/6980.html>. Acesso em: 30 de nov. 2014.
[18] IPB, Princípios de Liturgia, p. 175, Art. 17.
[19] IPB, Princípios de Liturgia, Cap. 7, Art. 13, p. 174.

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Autor: Bruno Luiz Silva Rodrighero é Seminarista pela Igreja Presbiteriana do Brasil, no Seminário Presbiteriano Brasil Central – Extensão Rondônia. Está cursando seu segundo ano e faz estágio na 2ª IPB de Ji-Paraná, RO.
Divulgação: Bereianos
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Que diremos, pois, diante dessas coisas?

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"Que diremos, pois, diante dessas coisas?" - Rm 8:31a

Essa frase foi proferida pelo apóstolo Paulo enquanto escrevia a epístola à igreja que estava em Roma. Uma frase de espanto, admiração e temor diante de Deus pela obra maravilhosa da Salvação, a qual foi planejada na eternidade, antes da criação dos céus e da terra.

A verdade que deixou Paulo maravilhado, em nossos dias é um tanto negligenciada, pois era para ele, e deve ser para nós também, motivo de regozijo!

Mas que verdade é essa? Que “coisas” são estas?

Nos versículos 29 e 30 nos é apresentado de forma sucinta a maravilhosa obra da salvação. De acordo com as Escrituras o próprio Deus já nos conhecia, não uma simples “previsão do futuro”, não uma “presciência morta” de simples observação, mas sim um relacionamento com aqueles a quem Ele havia de escolher, e de fato escolheu. E a esses (a quem escolheu) Deus predestinou a ser conforme a Imagem do Filho! “... o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso...” (Cf. Fp 3.20-21). Sim, Deus nos predestinou para a Salvação em Jesus Cristo!

De modo que a obra fosse completa e pudéssemos ter um relacionamento íntimo com ele, livres da culpa e do castigo pelo pecado, a esses que Ele “predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.” 

Paulo não levantou objeções quanto aos eternos decretos Deus, não acusou de injustiça o Justo Deus por haver predestinado seus escolhidos, e muito menos por haver escolhido para salvação a quem lhe aprouve! Ao contrário, teve uma postura humilde diante de Deus, e o glorificou dizendo: “QUE DIREMOS, POIS, DIANTE DESSAS COISAS?”.

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Autor: Eduardo Aragão Romero Sanches
Divulgação: Bereianos
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A ideia de uma filosofia pautada nas Escrituras - 1/2

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A falta de clareza que presentemente domina a teologia pode ser reduzida, em larga medida, a certas circunstâncias na área da filosofia. Evidentemente, a teologia, como uma ciência especial, terá ainda problemas suficientes para solucionar, mesmo que os equívocos na filosofia sejam diminuídos. Mas, nesse caso, as questões remanescentes serão formuladas de maneira consideravelmente mais clara e serão, portanto, mais fáceis de serem respondidas.

Creio, portanto, que também a teologia possui um grande interesse no pensamento basilar na filosofia. Mas somente podemos esperar algo da filosofia quando ela compreender o sentido da Reforma e a busca por sua salvação num retorno às Sagradas Escrituras. Um esforço assim intenso em prol de um retorno às Escrituras já se encontrava presente na filosofia de séculos anteriores: pensemos nos Pais da Igreja, especialmente Agostinho, e, posteriormente, Bradwardine; pensemos também nos Reformadores e, dentre eles, chamemos um pelo nome: Calvino!

Assim como Bradwardine, Calvino foi chamado um “novo Agostinho”. Todavia, tal título se encaixa menos no Reformador genebrino do que em Bradwardine, pois, mais profundamente do que os outros – ainda mais profundamente do que Agostinho –, Calvino penetrou no mundo do pensamento das Sagradas Escrituras, de forma que, ainda hoje, nos é vantajoso reportamos a ele. O que é o calvinismo? Por calvinismo devemos entender uma glorificação acrítica das obras escritas por Calvino durante sua vida ou uma repetição literal daquilo que ele pensou?

E aquele que pensa assim possui o direito de recusar o título de “calvinista” a todos que pensam diferentemente do grande Reformador com relação ao primeiro ou último ponto? Evidentemente não. Devemos, pelo contrário, distinguir entre aquilo que em Calvino se deduz imediatamente de seus princípios e aquilo que somente faz sentido com as emergências de sua época e vida. Analisemos primeiramente os princípios de Calvino. Com isto, nos referimos aos pensamentos que não se contradizem, mas que conduzem todo o edifício de sua obra de vida. Com relação a isso, devemos mencionar, em primeiro lugar, o reconhecimento das Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus.

Em suas Institutas e no Livro de Ordem Eclesiástica, nas suas controvérsias e comentários, em seus sermões e cartas: em tudo, em suma, o fim de todas as objeções se dá com a invocação da mais alta jurisdição: as Escrituras Sagradas. E ainda hoje esse “princípio formal” da Reforma permanece absolutamente válido para todo aquele que deseja ser designado como calvinista. De semelhante modo, também é de grande importância para a reforma da filosofia. Isto significa que não adotamos, juntamente com a filosofia atual, uma postura crítica com relação à Palavra de Deus e uma posição mais flexível contra a filosofia tradicional, mas, pelo contrário, que ao mesmo tempo em que nos curvamos perante a autoridade das Sagradas Escrituras, devemos investigar com total liberdade tudo aquilo que permanece no tocante à sua veracidade – e isto também com relação ao nosso próprio trabalho. Se tomarmos isso a sério, então, por toda parte, a proposição do problema muda e consequentemente também a resposta. Mas o reconhecimento das Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus somente pode apresentar conteúdo substancial ao responder esta questão: “O que dizem as Escrituras?” A resposta calvinista para tal indagação pode ser resumida brevemente nos seguintes pontos:

1. As Escrituras Sagradas ensinam a soberania imediata do Deus que Se revelou na Sua Palavra sobre todas as coisas em todas as relações e todas as áreas; e, em conformidade com isso, as Escrituras distinguem claramente Deus, o soberano, e aquilo que foi criado por Ele.

2. Concebe a religião como unio foederalis (uma unidade pactual) que chega ao conhecimento da família humana mediante a revelação da Palavra também já antes da Queda.

3.  De semelhante modo, a resposta calvinista também afirma isto a respeito das circunstâncias após a Queda:

a) a depravação total da humanidade;
b) a morte como punição do pecado;
c) a revelação da graça do Deus soberano no Mediador.

Passemos agora aos pontos fundamentais da filosofia comparados com as Escrituras, isto é, aquelas concepções básicas que levam em conta as Sagradas Escrituras no estudo de todos seus tópicos. No desenvolvimento de seus elementos primordiais, a filosofia pode sutilmente se desviar da resposta calvinista acerca dos principais conteúdos da Bíblia. A filosofia, quando contrastada com as Escrituras, pode, pois, nos ensinar primeiramente a soberania imediata daquele Deus que Se revelou em Sua Palavra, soberania que está acima de todas as coisas – em cada relação e em cada domínio – e também distinguir claramente, de acordo com essa Palavra, Deus como o soberano e aquilo que foi por Ele criado.

1. Em primeiro lugar, gostaria de chamar a atenção para esta sub-cláusula: “que Se revelou em Sua Palavra”. Ora, isto não é supérfluo, pois a filosofia não jogou com nenhuma outra palavra tanto quanto o fez com o termo “Deus”. Por vezes, tal expressão indica uma unidade arquetípica; depois, Deus foi novamente identificado com a forma do mundo, etc. etc. etc. Foi particularmente na Idade Média que mais houve equívocos neste ponto, quando vários cristãos buscaram combinar o pensamento pagão com a filosofia contrastada com as Escrituras. Consequentemente, é necessário declarar explicitamente: quando alguém crê que é preciso sustentar, na filosofia, uma concepção acerca de Deus que difere daquele ensinada nas Escrituras, segue-se que esse “deus” é um outro que não o Deus das Sagradas Escrituras, de modo que a filosofia desse indivíduo não é calvinista.

2. Por virtude dessa Revelação escrita, a filosofia contrastada com as Escrituras aceita que Deus criou o céu e a terra, sustentando-os, nesse meio tempo, por meio da Palavra de Seu poder. Portanto, crê-se nele como o fundamento fixo (“hipóstase”) de todas as coisas, e distinguindo-O nitidamente das coisas visíveis e invisíveis que, tanto no céu quanto na terra, se encontram estabelecidas neste “firmamento”.

3. O que é soberania? Essa questão é iluminada, no melhor dos casos, mediante uma analogia da relação entre um monarca absolutista e seus súditos. No que tange aos seres humanos, esse relacionamento deve ser rejeitado e visto como inaceitável, justamente pelo fato de que se encontra enraizado numa concepção que deifica o monarca como o criador do Estado ou como o filho do deus daquela terra. Um soberano humano tal como esse formula uma lei e acredita estar acima dela. No entanto, apenas Deus é o criador de todas as coisas e de cada realidade. Somente Ele pode estabelecer leis reais ao cosmos – somente Ele é o verdadeiro soberano. Ora, entre Deus e o cosmos, existe um verdadeiro “limite”, que, obviamente, não pode ser espacial, dado que a espacialidade pertence ao âmbito da criação, e um limite espacial somente pode separar uma coisa no cosmos de outra coisa que também se encontra no mesmo cosmos, de maneira que esta está situada fora daquela coisa. Todavia, aqueles que creem que Deus se encontra fora do cosmos dessa maneira acima não fariam jus à confissão de Sua imanência. Contudo, ainda assim a palavra “limite” nos é útil, já que possui outro sentido: implica aqui em algo que torna possível uma clara distinção, sem que nos sejamos levados a pensar em termos de espacialidade. É esse o sentido presente quando dizemos: “O limite entre Deus e cosmos é a lei”. Tudo aquilo que se encontra acima da lei do cosmos é soberano sobre ele. Tal predicado, portanto, se aplica somente ao Deus das Escrituras. Tudo que pertence ao cosmos se encontra sob a lei de Deus e está sujeito a Ele, isto é, sujeito ao Senhor.

4. Dificilmente será necessário explanar a expressão “sobre todas as coisas”. Qualquer um que a utilize está aberto para o reconhecimento das diferenças entre as coisas e configurações no cosmos. Simultaneamente, tal expressão contradiz todo aquele que venha a invocar essas diferenças com o intuito de afirmar: “Eis aqui algo que não está sujeito ao SENHOR”. Por exemplo, quando aqueles calvinistas que honravam a monarquia disputavam o dito monarquista princeps legibus solutus est, isto é, “o príncipe se encontra acima da lei”, tal fato se deu de acordo com sua confissão: “Deus legibus solutus est” (em vernáculo: “Deus se encontra acima da lei”). Tais calvinistas, portanto, desse modo, absolutamente não negavam a autoridade do monarca; todos aqueles com certo conhecimento histórico se lembram de que especialmente Calvino distingue nitidamente entre reforma e revolução. O poder do soberano não é, de fato, divinamente soberano, todavia, nada impede que os poderosos deste mundo, que foram colocados para governar sobre os cristãos, sejam reconhecidos, contanto que não proíbam estes de servirem a Deus, em obediência à Sua Palavra.

5. É preciso expandir ainda mais esse pensamento com a seguinte adição: [Deus é soberano, sobre todas as coisas] “em cada domínio”. O cosmos possui outras diferenças individuais além daquelas anteriormente mencionadas entre “uma” e “outra” coisa. Um das variações diz respeito às áreas nas quais uma e a mesma coisa agem. A filosofia pagã geralmente tentou forçar essa rica diversidade num esquema de umas poucas distinções. Calvino, todavia, seguiu um curso de pensamento totalmente diferente. O mundo é obra de Deus, portanto, a criação é muito mais rica do que julga nossa percepção. Tendo isto como ponto de partida, Calvino demoliu todas as construções que somente conduziam a representações enviesadas. Desse modo, ele não apenas rejeitou a distinção católico-romana entre natureza e graça, mas também reconheceu – transcendendo, assim, a doutrina luterana deveras reducionista das estruturas sociais (“família”, “estado” e “igreja”) – a vida econômica em sua singularidade.

O reconhecimento da variegada multiplicidade das criaturas e o conhecimento de que elas, sem exceção, estão sob a lei de Deus, são a fonte da concepção calvinista de liberdade, que renuncia qualquer esforço revolucionário, e que mantém rigorosamente puros os ricos conteúdos dessa concepção. Em primeiro lugar, a liberdade cristã – a libertação do pecado, que nos impede de, em todas as áreas, servir a Deus de acordo com Sua Palavra. Relacionado mas ainda assim distinto disso, se encontra a liberdade que temos em mente quando falamos de igrejas livres, comunidades livres e universidades livres. Os alicerces dessa segunda liberdade se encontram enraizados na percepção de que aquela vida que foi liberta por Cristo do poder do pecado não pode negligentemente desprezar a rica diversidade presente na criação de Deus.

Mesmo num estado cuja população consistisse somente de cristãos, o poder dos oficiais civis deve ser distinguido do poder dos oficiais da igreja constituída. Se não levarmos em conta essa distinção, então um oficial de determinada área intervém reguladoramente na área do outro, e, subsequentemente, sua regulação sempre envolve uma distorção. E uma vez que justamente tal variedade é obra de Deus, é possível compreender, pois, que o calvinista experimenta sua libertação em Cristo também no reconhecimento dessa riqueza e na sua luta contra a estreiteza de mente que, por fim, termina na tiranização de uma área da vida por oficiais de outra área. Essa foi a luta do Dr. A. Kuyper pela soberania das próprias esferas [soberania das esferas].

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Autor: Dirk H. Th. Vollenhoven 
Fonte: All of Life Redeemed
Tradução: Fabrício Tavares
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