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Por André R. Fonseca — Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.”
— Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” E Jesus terminou, dizendo: — Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido.. Lucas 18:11-14 [NTLH]
Ouvi uma amiga dizer que perdeu a fé. Na
verdade, não foi a primeira vez que ouvi esta declaração; eu mesmo já
me perguntei algumas vezes se não perdera a fé. Depois de muita reflexão
e comparação de casos, concluí que não perdemos a fé; mas, como tudo na
vida, amadurecemos. Só isso... "Quando eu era criança, falava como
criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou
adulto, parei de agir como criança." 1 Coríntios 13:11 [NTLH]
O que deixamos para trás, na verdade, é a crença no mito, ou misticismo. Aquela
crença ingênua em coisas quase supersticiosas que não encontram mais
lugar numa nova realidade de fé amadurecida. A insistência em permanecer
na idiossincrasia daquele grupo do qual você não faz mais parte é que
lhe dá a impressão de que perdera a fé.
O engraçado é que, ao chegarmos neste ponto de nossa caminhada
cristã, questionamos não somente a nossa fé, mas também a tal intimidade
com Deus. Somo induzidos a pensar assim por uma quebra de
paradigma, pois acredito que seja exatamente a nossa intimidade com Deus
que nos proporciona o amadurecimento da fé. Nossa fé amadurece na
proporção de nossa intimidade com Ele.
Outra questão essencial do amadurecimento cristão, embora esquecido pelo cristianismo moderno, está além do encontro com o transcendente. Todo cristão deveria buscar ter um encontro consigo mesmo.
A experiência cristã deveria proporcionar ao crente uma descoberta de
si mesmo. Filosofia e Religião nunca deveriam ter se separado! Onde está
o cristão convertido pela percepção da realidade de quem ele mesmo é? A
conversão ao cristianismo deveria ser fruto não só do encontro com o
transcendente; mas, também, pelo encontro consigo mesmo... Santo Agostinho deveria ser nosso modelo!
Não! Não estou delirando. Quando Jesus Cristo nos ensina aquela
parábola do fariseu e o publicano, não resta dúvida que o mais
importante na experiência religiosa cristã está no encontro do cristão
consigo mesmo. Já faz tempo que propugno meu pensamento a respeito
disso: "A boa teologia é aquela que mostra as qualificações de Deus e as
desqualificações do homem diante dEle." Portanto, não adianta buscar um
encontro com Deus e ter intimidade com Ele se você mesmo não sabe quem
você é! O publicano era réu confesso, e o fariseu não cometia aqueles
pecados, observava a lei, parecia fazer tudo direitinho. Jesus Cristo
não diz que aquelas alegações do fariseu eram falsas, bem que poderiam
ser verdadeiras. Contudo, Jesus Cristo afirma que Deus não atentou para
as qualidades do fariseu, mas o publicano teve um encontro com Deus e
foi aceito por Ele, porque tivera, primeiramente, um encontro verdadeiro
consigo mesmo. Como você poderia humilhar-se diante de Deus sem ter a
mínima percepção de quem você realmente é? A falta de reconhecimento de
quem eu verdadeiramente sou me faz agir como fariseu!
Se você está atravessando a mesma crise porque passou a olhar um
pouco mais para dentro de si mesmo e abandonou a infantilidade
espiritual, você está no caminho certo. Agora você é adulto e parou de
agir como criança - 1 Coríntios 13:11 [NTLH].
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca
Fonte da imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3c/Hobby-Horse.jpg
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