Recentemente o telepastor Silas Malafaia veio a público desafiar os "blogueiros, críticos de meia-tigela e sites de bandidos travestidos de evangélicos... quem planta notícia em internet, invejosos, caluniadores..."[1], a mostrar biblicamente onde é que se encontram as falhas teológicas de sua pregação sobre a teologia da prosperidade, que “ele prega e crê” [2].
Talvez o título desta postagem fosse mais conveniente com a frase: Ensinando Silas Malafaia a deixar a colher e comer de garfo! Seria uma resposta a própria afirmação dele de que, quem o critica “come de colher e quer ensiná-lo a comer de garfo”. Porém, não posso deixar de lado o que a Bíblia diz em 1 Pedro 3.14-17:
“Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem aventurados sois, Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados, Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pede razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (negrito meu)
É conhecimento de todos que, há alguns anos, o telepastor desvirtuou-se de sua posição clássica contrária aos modismos e heresias, inclusive que ele mesmo criticava e condenava [3], para aderir à perniciosa teologia da prosperidade. Com isso, ele vem promovendo uma série de distorções bíblicas e heresias gravíssimas, além de abrir a porta para pregadores heréticos da tal teologia mercantilista, vindos de outros países. Basta pesquisar aqui no blog para constatar que existem inúmeros artigos de refutação e denúncias das práticas antibíblicas de Silas e seus amigos estrangeiros.
Embora Silas Malafaia tenha feito o desafio com um tom ofensivo, de deboche e covardia, eu farei a refutação de sua palavra supra-citada, não pelo desafio em si, mas pelo dever em defender o evangelho, tendo em vista ter detectado em sua pregação várias distorções bíblicas e conclusões errôneas feitas pelo tele-pastor, referentes ao que ele defende. Portanto, para ser mais direto e categórico, vou me conter em refutar somente a pregação do Silas Malafaia neste programa específico, onde ele desafia os blogueiros (dos quais eu me incluo).
A primeira parte de sua pregação - com base na teologia da prosperidade - denominada “uma vida de prosperidade”, foi ao ar no último sábado, dia 2 de maio de 2012. Veja abaixo:
Para começar, em sua pregação ele cita três pontos que serão abordados: o que é a oferta, características de um ofertante e o resultado na vida do ofertante. Silas utiliza 2Co 9.1-15 de uma maneira desconexa e fragmentada, utilizando somente de alguns versículos dessa passagem para fazer a sua defesa da teologia da prosperidade, algo normal de uma pessoa que prega tal conceito, pois não há o costume de utilizar uma pregação expositiva equilibrada. Ele ainda afirma que a passagem é o “melhor compêndio no Novo Testamento sobre o assunto”.
Porém, ao sair do círculo fechado e fragmentado que Silas arma em torno de 2Co 9.1-15, afirmando a prosperidade financeira como recompensa para todos os crentes que ofertam, não tem como ignorar todo o contexto bíblico que trata de dinheiro, principalmente as passagens que afirmam o contrário do que Silas defende. Como harmonizar, por exemplo, a sementeira e a colheita de 2Co 9 com esta outra passagem que diz “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (I Tm 6.8-10, ARA) ?
O que dizer, então, das palavras do Mestre: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.19-24, ARA ) ?
Enquanto uma passagem, supostamente, afirma (segundo Silas) que podemos ofertar com a promessa de prosperidade financeira plena, outras afirmam exatamente o contrário, que não devemos enfatizar a prosperidade financeira. Tem alguma coisa errada aí! Será que Silas Malafaia está pregando algo correto à luz do contexto bíblico? Será que Deus ficaria preso na condição de obrigação em recompensar financeiramente quem oferta?
2Co 9.1-15 pode ser o “melhor compêndio” sobre o assunto, conforme ele afirma, porém não é o único, principalmente no Novo Testamento! Não se pode interpretar uma passagem isolada de outras que tratam do mesmo assunto (regra básica de hermenêutica).
Quando desfragmentamos os versículos isolados que Silas utiliza e analisamos a luz do contexto imediato dessa passagem, veremos facilmente que o foco de Paulo não é a prosperidade financeira para os crentes em resposta ao ato de ofertar, mas sim a necessidade de ajudar financeiramente - com alegria e deliberadamente - os irmãos mais pobres. Paulo usa como exemplo aos Coríntios (uma igreja com membros financeiramente estáveis) de como os irmãos macedônios foram generosos nas ofertas enviadas à igreja de Jerusalém. Mesmo com sérias limitações financeiras (profunda pobreza, 2Co 8.2) eles tiveram alegria em ajudar os irmãos pobres. Este exemplo deve ser aplicado a nós nos dias de hoje com total significância. Porém, não com o objetivo de barganhar com Deus, esperando algo em troca.
Porém, ao sair do círculo fechado e fragmentado que Silas arma em torno de 2Co 9.1-15, afirmando a prosperidade financeira como recompensa para todos os crentes que ofertam, não tem como ignorar todo o contexto bíblico que trata de dinheiro, principalmente as passagens que afirmam o contrário do que Silas defende. Como harmonizar, por exemplo, a sementeira e a colheita de 2Co 9 com esta outra passagem que diz “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (I Tm 6.8-10, ARA) ?
O que dizer, então, das palavras do Mestre: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.19-24, ARA ) ?
Enquanto uma passagem, supostamente, afirma (segundo Silas) que podemos ofertar com a promessa de prosperidade financeira plena, outras afirmam exatamente o contrário, que não devemos enfatizar a prosperidade financeira. Tem alguma coisa errada aí! Será que Silas Malafaia está pregando algo correto à luz do contexto bíblico? Será que Deus ficaria preso na condição de obrigação em recompensar financeiramente quem oferta?
2Co 9.1-15 pode ser o “melhor compêndio” sobre o assunto, conforme ele afirma, porém não é o único, principalmente no Novo Testamento! Não se pode interpretar uma passagem isolada de outras que tratam do mesmo assunto (regra básica de hermenêutica).
Quando desfragmentamos os versículos isolados que Silas utiliza e analisamos a luz do contexto imediato dessa passagem, veremos facilmente que o foco de Paulo não é a prosperidade financeira para os crentes em resposta ao ato de ofertar, mas sim a necessidade de ajudar financeiramente - com alegria e deliberadamente - os irmãos mais pobres. Paulo usa como exemplo aos Coríntios (uma igreja com membros financeiramente estáveis) de como os irmãos macedônios foram generosos nas ofertas enviadas à igreja de Jerusalém. Mesmo com sérias limitações financeiras (profunda pobreza, 2Co 8.2) eles tiveram alegria em ajudar os irmãos pobres. Este exemplo deve ser aplicado a nós nos dias de hoje com total significância. Porém, não com o objetivo de barganhar com Deus, esperando algo em troca.
Uma pergunta que devemos fazer: será que as ofertas e desafios financeiros que, tanto Silas Malafaia, quanto os demais tele-pastores fazem em seus programas são destinados aos pobres da Igreja? Não, pois eles categoricamente afirmam qual é o destino do dinheiro doado em suas coletas: sustentar os programas de TV (valores milionários), viagens nacionais e internacionais, mega-cruzadas caríssimas, jatinho particular etc. Posso estar errado, mas eu nunca vi Silas fazendo um desafio financeiro para ajudar os pobres da Igreja.
Continuando a análise do vídeo, Silas comete outro erro grave: ao citar 2Co 9.4, ele afirma que “a oferta tem sólida base no mundo espiritual”. Para chegar a essa conclusão, ele utiliza a tradução bíblica Almeida Corrigida Fiel onde diz na parte final “...firme fundamento de glória”[4]. Porém, ao analisar melhor outras traduções da Bíblia (inclusive o grego original), bem como o contexto direto (vs 1 a 4), veremos exatamente o que Paulo afirma: “Não tenho necessidade de escrever-lhes a respeito dessa assistência aos santos. Reconheço a sua disposição em ajudar e já mostrei aos macedônios o orgulho que tenho de vocês, dizendo-lhes que, desde o ano passado, vocês da Acaia estavam prontos a contribuir; e a dedicação de vocês motivou a muitos. Contudo, estou enviando os irmãos para que o orgulho que temos de vocês a esse respeito não seja em vão, mas que vocês estejam preparados, como eu disse que estariam, a fim de que, se alguns macedônios forem comigo e os encontrarem despreparados, nós, para não mencionar vocês, não fiquemos envergonhados por tanta confiança que tivemos.”(NVI, grifo meu)
Portanto, concluímos facilmente duas coisas: primeiro, que não se deve fazer uma exegese em um texto bíblico considerando somente uma tradução da Bíblia; segundo, que a passagem em si não há, absolutamente, nada de super sobrenatural como Silas afirma, mas a passagem narra a demonstração de confiança e orgulho que Paulo tinha pelos crentes de Corinto, na certeza deles ajudarem através das ofertas os irmãos pobres da Judéia, conforme fizeram os irmãos da Macedônia.
Mais um erro teológico de Silas: Ele cita, estranhamente de forma fragmentada, parte de 2Co 9.5, onde diz “...e preparassem de antemão a vossa bênção” [negrito meu], afirmando que a palavra “benção” nessa passagem significa “um meio de receber favor Divino e meio de felicidade”. Ou seja, segundo Silas, em resposta a oferta haverá uma ação direta de Deus em abençoar os ofertantes! Isso é uma distorção forçada do texto, pois no contexto direto a palavra benção está direcionada a uma ação direta dos ofertantes aos que receberiam as ofertas! Embora reconheça que Deus pode, segundo a vontade d'Ele, abençoar a vida financeira de quem ajuda, não é o que esse versículo afirma. Os “abençoados” são os que recebem as ofertas e não os que ofertam!
Veja a mesma passagem em outra tradução: “...concluam os preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta como oferta generosa, e não como algo dado com avareza.” (NVI, negrito meu) No original grego, a palavra utilizada é ευλογία (eulogia = benção), empregada nesse contexto como "generosidade" [5]. Lembrando que o significado da palavra “benção” é variável, no caso dessa passagem se enquadra na definição de “expressão ou gesto com que se abençoa. Benefício, favor especial.” [6]
Continuando, Silas cita 2Co 9.10 “Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça”, afirmando que Deus nos dá a semente para ofertar. Está correto! Afinal, Deus é o provedor de tudo, o homem não dá do que é propriamente seu, e sim daquilo que Deus lhe tem dado (veja At 17.25). Mas, para quê serve esta semente que Deus nos dá? Para sustentar ministérios milionários de tele-pastores que cada vez mais ficam ricos para esbanjar “prosperidade”, em troca de uma suposta benção financeira sobrenatural? Não!
A semente que provém de Deus é para ajudar os pobres da igreja para que todos sejam abençoados e Deus seja glorificado! Veja o contexto direto no versículo 9: “Como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (ACF, negrito meu), uma citação que Paulo faz de Salmos 112.9 para mostrar que a generosidade à quem precisa é característica de todo Cristão. Deus abençoa a nossa vida para “aumentar os frutos da nossa justiça”(vs9), para “toda a generosidade”(vs11) e para “suprir as necessidades dos santos” (vs10). Ou seja, Deus pode, segundo a vontade d'Ele, prover em nossas vidas quando ajudamos os pobres da Igreja, principalmente para aumentar a possibilidade desta ajuda continuar cada vez mais: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16-17, ARA)
Mais um erro de Silas: Ele cita parte do VS 12 “...porque a administração deste serviço”, para afirmar que a oferta é um serviço para Deus. Logo em seguida, ele cita 1Co 15.58 que diz “que o nosso trabalho não é em vão” para afirmar que, se é um trabalho, Deus vai recompensar. Ainda cita Jr 21.14 que diz “o Senhor recompensará a cada um segundo o fruto das tuas ações”. E termina afirmando que: “se a oferta é um serviço para Deus, Ele vai nos recompensar da mesma forma que alguém trabalha e tem que receber salário.”
Errado Pr. Silas! O contexto de 1Co 15.58 em nenhum momento é formalizado um contrato de trabalho entre nós e Deus com promessa de honorários financeiros, muito pelo contrário, fala da esperança que os Coríntios deveriam ter no dia da ressurreição para continuarem perseverando na fé, mesmo sob ensinos falsos e várias tentações, sabendo que os esforços para o serviço à Deus nunca será em vão (veja Is 65:17-25).
Segue o contexto direto da passagem em questão: “Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” [1Co 15.50-58, ACF, negrito meu].
E sobre Jeremias 21.14, veja o que diz: “Eu vos castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o SENHOR; e acenderei o fogo no seu bosque, que consumirá a tudo o que está em redor dela.” (ACF) O texto fala de castigo e não de recompensa financeira! Que distorção bíblica grosseira Pastor Silas!
Dando continuidade a análise do vídeo, Silas agora discorre para os resultados na vida de um ofertante. Logo de cara ele afirma que “Deus trabalha com a lei da recompensa”. Para tal afirmativa, ainda divide esta lei em “5 leis que funcionam na vida de um ofertante”. Chamo a atenção para algo gravíssimo: colocar a condição de lei para Deus é neutralizar a Sua onisciência! É afirmar que Deus trabalha somente em troca do nosso dinheiro. Afinal, se temos que cumprir esta lei, Deus também tem o dever de cumpri-la. Estaria Deus amarrado a uma condição humana?
Para a 1ª lei, Silas utiliza 2Co 9.6 afirmando a “lei da semeadura”: “E digo isto: o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” Essa passagem está em conexão com todo o contexto direto, no qual já tratamos neste artigo (veja a explicação acima sobre os versos 9 e 10).
Se essa suposta lei da semeadura financeira funcionasse como Silas afirma, por que existem cristãos pobres que precisam de ajuda da própria Igreja? Falta de fé para ofertar o que não tem? Por que, então, Paulo organizou essa coleta de ofertas aos pobres da Judeia, ao invés de fazer um desafio financeiro para eles serem abençoados com a lei da semeadura? Inclusive o próprio Paulo passou por muitas necessidades (Fp 4.10-20, 2Co 11.27). Por que Jesus se fez pobre durante seu ministério na terra (2 Co 8.9), não tendo sequer aonde reclinar a cabeça (Mt 8.20)? Por que Jesus também disse que dificilmente entraria um rico no reino dos Céus (Mt 19.23-24), e ainda disse para não juntar tesouros na terra, mas no Céu (Mt 6.19-24)? Estaria Paulo pregando uma teologia contrária à Bíblia e entrando em contradição consigo próprio? Claro que não! A teologia contrária à Bíblia é a que Silas Malafaia tenta defender sem êxito.
Paulo cita essa metáfora baseada na vida agrícola para mostrar que, aquilo que é doado nunca se perde, é semeado. Embora Deus, às vezes, proveja uma colheita generosa no terreno físico, principalmente para aumentar as possibilidades de ajuda aos pobres da Igreja, esse não é o padrão e nem é a promessa do Novo Testamento, muito pelo contrário, veja: 2 Co 8:9, 11:27, Lc 6:20-21, 24:25, Tg 2:5.
Tentando justificar a demora na “colheita” de muitos, Silas ainda faz uma analogia entre o tempo de cumprimento da “lei da semeadura” com as sementes de frutas naturais. Dentre várias frutas, ele cita tamarindo, uma fruta que demora até 60 anos para começar a dar frutos. Com isso, ele justifica que pode demorar muito para alguém receber o pagamento da tal “lei da semeadura”. Ou seja, o que você ofertar, talvez nem receba de Deus nesta vida. Na verdade, trata-se da famosa “desculpa espiritual” dos adeptos da teologia da prosperidade para os que não receberam a sua colheita, mesmo depois de ofertar. Engraçado que na hora dos desafios televisivos é exaustivamente enfatizado que Deus vai nos abençoar, que vamos colher cem vezes mais, que vamos ter uma vida próspera, que vamos pagar as nossas contas e ter prosperidade em abundância etc.
Na 2ª lei, Silas cita 2Co 9.7, onde diz “...porque Deus ama a quem dá com alegria”, o que seria a “lei do amor de Deus sobre o ofertante”. Logo após, afirma: “você não vê Deus usando essa palavra de amor, pra salvação ele usa amor, eu não encontro, se alguém encontrar outra me avisa que eu coloco, eu não sei tudo de Bíblia” (sic). Dá pra perceber que Silas se perdeu completamente na explicação, deixando o entendimento muito confuso. Além disso, afirmou que a expressão “amor” como caráter de Deus não é utilizada em outras passagens bíblicas sobre ajudar ao próximo - pois o contexto em questão trata desse assunto.
A 3ª lei, segundo Silas, consta no versículo 8, onde diz: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra,”(ARA) o que seria a “lei total do favor de Deus, a graça”. Silas afirma – corretamente – que a graça é o favor imerecido, benevolente e amoroso de Deus para o homem. Mas comete um erro gravíssimo afirmando que “a oferta chama a graça de Deus para nós”. Ora, se a graça é um favor imerecido, como pode ser merecido ao mesmo tempo?
Para piorar, segundo esse pensamento, Silas afirma que através da oferta nós podemos obter soluções de problemas emocionais, curas e soluções de problemas financeiros. Enfim, erros gravíssimos e infantis que nem um aluno novo de Escola Bíblica dominical confunde.
O versículo em questão não dá margem para essa interpretação incorreta. No verso 8 diz que Deus pode nos abençoar para sermos um instrumento de sua graça, fazendo que tenhamos o suficiente para continuar ajudando os pobres. Quando os santos carentes recebem uma generosa doação de outros crentes, eles reconhecem que Deus é a fonte da generosidade, reconhecendo o dom inefável de Deus (vs 15). E assim, eles respondem com ações de graças e louvor a Deus por Sua graça em suas vidas (vs 11). E isso acontece segundo a vontade d'Ele e não por nosso merecimento. Nós não merecemos e nunca vamos merecer a graça de Deus, é Ele quem nos ama e nos concede a sua graça, segundo o Seu querer.
A 4ª lei que Silas cita, segundo 2Co 9.9 é a “lei da multiplicação”, que na verdade é o mesmo que a “lei da semeadura”. Ou seja, a refutação para a 1ª lei serve para esta 4ª lei também.
Enfim, a 5ª lei. Silas cita o verso 11 que diz “para que tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus”, para fundamentar a “lei da abundância”. Com isso, Silas afirma que Deus é um Deus de sobra, sem mesquinharia.
Obviamente, ele utiliza esse argumento para justificar a suposta abundância da teologia da prosperidade. Mas, ao contrário do que ele afirma, o que essa passagem mostra é que, quando Deus nos dá uma provisão financeira, mesmo sendo com sobras, não é para o proveito próprio, e sim para ser usada em generosidade aos necessitados, para a glória de Deus. O versículo é claro quando afirma “...para toda a beneficência”(ACF), “para toda generosidade”(ARA). Veja como viviam os convertidos naquela época: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade” (At 2.44-45, ARA). O conceito de abundância financeira que Silas defende é, de fato, o mais claro sinal de avareza na vida de alguém: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Mt 12.15, ARA)
Silas ainda cita exemplos do que aconteceu com Adão e Eva no jardim do Éden e a prosperidade de Abraão, para afirmar que Deus fará o mesmo com quem ofertar. Isto é um absurdo! Afinal, estes são casos isolados em que Deus agiu com um propósito específico e exclusivo para cumprir os seus planos! Por exemplo: não é porque Deus sustentou o povo no deserto enviando o maná dos céus (Ex 16:35) que ele fará o mesmo hoje da mesma forma conosco. Vai deixar de trabalhar esperando o maná para ver o que acontece!
Para terminar, mostro na Bíblia a verdadeira prosperidade para o Cristão:
"Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários”. (2Co 8.1-3).
Antigamente, Silas Malafaia concordava que essa passagem nos mostra a verdadeira prosperidade bíblica, veja o que ele disse muitos anos atrás: “Os pobres da Macedônia dividiram o pouco que tinham com os pobres da Judeia. Isto é prosperidade. Prosperidade é você compartilhar com o outro... é viver bem com aquilo que Deus tem te dado... é mesmo você tendo pouco, você ainda tem forças e capacidade de ajudar alguém que está pior do que você.” [7]
Fico na esperança de que esse artigo sirva de alerta para todos aqueles que ainda acreditam na teologia da prosperidade, onde infelizmente nos últimos anos muita gente se corrompeu, contaminando-se nas heresias importadas da teologia de Mamon.
Espero que Silas Malafaia se arrependa verdadeiramente, voltando-se ao evangelho puro e verdadeiro. Não existe nada mais nobre para um Cristão do que assumir a sua condição de pecador e reconhecer os seus erros de forma humilde, para nunca mais praticá-los.
Soli Deo Gloria!
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Notas:
1 – Vídeo onde Silas faz o desafio aos blogueiros e sites de notícias com palavras ofensivas: Clique aqui p/ ver!
2 – Ibidem.
2 – Ibidem.
3 – Como a teologia de Malafaia mudou radicalmente em alguns anos: Clique aqui p/ ver!
4 – A Almeida Corrigida e Fiel é baseada no Textus Receptus (ou texto majoritário), onde a interpretação bíblica segue o método de equivalência formal (literal-gramatical-histórico) das palavras nos originais da Bíblia. Sendo assim, há muitas palavras de difícil entendimento devido à literalidade da tradução. Neste caso, é necessária a análise do contexto direto para um claro entendimento, bem como a leitura de outras versões da bíblia em paralelo. Para mais informações, veja aqui.
5 - GINGRICH, F. W.; DANKER, F. W. Léxico do N.T. grego/português. São Paulo: Vida Nova, 2003. pág. 88.
7 - Ibidem a nota 3.
Autor: Ruy Marinho
Fonte: Bereianos
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28 comentários
Visto tão fiel argumentação do blog,não nos resta outra coisa senão cancelar o "deproma" desse teólogo de meia pataca.Quem vem engodando crentes ignorantes com suas heresias finaceiras e inescrupulosas.Que Deus como justo juíz lhe dê o pagamento divino pois isto que ele está semeando certamente colherá.
Responderhttp://www.youtube.com/watch?v=KlujWXcRIHE&list=UUHss76ubuK1H_0gPeMccu9g&index=1&feature=plcp
ResponderSerá que podemos confiar no homem?
Romanos 16
17
E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
18
Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.
Marcio da Silva Gomes
mdsg@zipmail.com.br
Boa Ruy!! É por esses e outros que os cristãos estão banalizados no Brasil hoje! Boa refutação!
ResponderAbençoamado Ruy
ResponderPaz
Excelente a refutação - verdades apontando as inverdades.
A máscara da versão cover do Jim Bakker foi ao chão.
Ficaria honrado com um comentário seu em meu post 'QUE A JUSTIÇA SEJA FEITA...
BOM TE LER
aLBERTO
Mandei esse belíssimo texto pro twitter do silas logo que o texto foi publicado, ao q parece, vendo o blog do Salafrário ele não leu ou ignorou. Pena. Pq vou mandar esse texto agora até ele se encher.
Responderinfelizmente Deus cegou o inten
Responderadimento de muitos, por isso nao conseguem ver tantas heresias ditas por estes pastores hereges
legal brother! parabens pela dedicaçao ao verdadeiro evangelho, tamo junto nessa! se vc se interessar eu gostaria de ser um parceiro seu em banner de site, meu site é www.switchfanro.blogspot.com se possivel me responda neste email: switchfanro@hotmail.com
ResponderO texto esta muito bom, Deus seja louvado! Oro para que o malafaia veja este texto e possa refletir sobre sua atual situação.
Responderótimo texto só náo entendo porque você luta boxe e jiu-jitsu
ResponderOlá Telmo, tudo na paz?
ResponderObrigado pela sua participação no Blog Bereianos. Fico feliz em ter gostado do texto.
Eu pratico Jiu-Jitsu desportivo desde a minha adolescência, porém hoje no auge dos meus 36 anos só treino de vez enquando por diversão. Faço boxe para ter um condicionamento físico melhor. Ambos os esportes eu gosto muito.
Fique tranquilo, não sou violento, nem pratico essas lutas para bater em quem se opõe as minhas opiniões...rs.
Brincadeiras a parte, deixo um grande abraço, em Cristo!
Escrevi um comentário do texto da semente de Coríntios. A quem interessar possa:
Responderhttp://www.facebook.com/notes/frank-brito/aquele-que-d%C3%A1-a-semente-ao-que-semeia/123180157790395
Iniciarei minha defesa com
ResponderSalmo 105:15
"Não toqueis os meus ungidos e não maltrateis os meus profetas."
Entendo a sua discordância do Pr Silas, um dos mais renomados pastores do Brasil, entretanto entendo que cada um deve julgar a profecia e não o profeta, também entendo que não cabe a mim dizer se isto ou aquilo esta certo ou errado pois estaria julgando, e vocês devem saber como isso funcionam.
Acho que em vez de gastar tempo com criticas e ofensas, devem dar a cara a bater como ele faz no assunto Homosexual e outros.
Nós Evengélicos, que declaramos que Jesus é o Único Senhor e Salvador, devemos declarar isso e não nos aliarmos aos críticos, pois ou você esta do lado certo ou do errado, que seu sim seja sim e seu não seja não.
Diego Botelho
diegobotelho@ibest.com.br
Caro Diego.
ResponderPrimeiramente agradeço-lhe pela participação no Blog Bereianos.
Salmos 105:15 de maneira nenhuma afirma imunidade incriticável a alguém, muito menos é direcionado aos líderes eclesiásticos (veja link no final que explica essa passagem). Se fosse assim, o profeta Natan não teria repreendido Davi em seu erro (2Sm 12.1-12), nem muito menos o Apóstolo Paulo teria repreendido Pedro (Gl 2:11-2). A própria Bíblia nos ensina a julgar sempre que necessário: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” (Jo 7:24). Além desta, existem várias outras passagens bíblicas ensinando o Cristão a julgar, inclusive o que ouvimos ou lemos referente as Escrituras, veja o exemplo dos Bereianos de Atos 17:11, quando os mesmos receberam as palavras de Paulo: "Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim". É dever de todo cristão alertar, repreender e exortar sempre que alguém distorce a palavra de Deus: "prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas." (2Tm 4:2-4)
Ninguém escapa de correção meu irmão, as verdades bíblicas sempre vão prevalecer. O dia que eu, você ou qualquer um escrever ou falar algo que vai contra a Bíblia, Deus vai levantar alguém para repreender-nos também.
Recomento a leitura dos seguintes artigos para sua melhor compreensão:
Devemos julgar?
http://bereianos.blogspot.com.br/2007/11/devemos-julgar.html
Cuidado com os pastores dominadores (dentre outros versículos, trata também de Salmos 105:15):
http://bereianos.blogspot.com.br/2007/11/cuidado-com-os-pastores-dominadores.htm
Espero ter esclarecido.
Soli Deo Gloria!
Boa Rui, gostei do seu estilo Bereiano...vou arrumar um tempo para seguir seu site, fika com DEUS varão.
Responderè só assistir isso:
Responderhttp://www.youtube.com/watch?v=jXhqKRKBPcU
Em questão do Silas discorrer para os resultados na vida de um ofertante, como todo teólogo da prosperidade, sempre usam experiências para tentar validar suas heresias.
ResponderErrata:
ResponderO último link que postei para o Diego nos comentários está errado. Segue o certo:
Cuidado com os pastores dominadores:
http://bereianos.blogspot.com.br/2007/11/cuidado-com-os-pastores-dominadores.html
Para contrariar os ensinos de hoje sobre a teologia da prosperidade ensinada pelos seus defensores, eu olho para o exemplo de Paulo que poderia usufuir dos milagres que fazia, e jamais andar a pé ou pagar para navegar. Ele poderia ter seu proprio navio comprado com as doações dos fiéis que com certeza não deixariam de contribuir se caso o apostolo desse uma grande enfase nesta necessidade. No entanto, o que vemos é que estes verdadeiros servos de de Deus jamais misturaram a pregação do evangelho com dinheiro, e porque hoje tem que ser diferente? Assim explorando a fé fica fácil. Adalberto
ResponderAgnaldo.
ResponderAntigamente eu admirava o Pr.Silas, mas realmente ele mudou sua mensagem, hoje ele prega muitas heresias. É o amor ao dinheiro que o tornou ganancioso.
Parabens pela riqueza da critica. Unica coisa que tenho para falar é o quão impressionante é a cegueira, a pura alienação implantada por este pregador Silas. As pessoas dão de cara com algo que refuta aquilo que elas acreditam piamente e sabe o que elas fazem? não leem a critica e dizem que é preconceito religioso.
Responderserio tenho pena da visão limitada e da facil alienação para todos aqueles que acreditam neste homem (silas), não somente ele , mas todos como tal.
Caro Marinho
ResponderParabéns de fato pela riqueza crítica de sua posição teológica e bíblica. Espero que essa riqueza, que vem do auxílio de Deus, seja equivalente em ações de fidelidade, generosidade e liberalidade, conforme a Bíblia Sagrada nos ensina. O mesmo faço me autoconfrontando quando faço críticas embasadas biblicamente de determinado assunto se são práticas em minha vida cristã.
No Amor de Cristo,
Israel
Taí a sua resposta: 1 Coríntios: 6. 2. Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? 3. Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? 5. Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos? - Bíblia JFA Offline
ResponderDeus seja louvado pela sua vida irmão Ruy. Continue assim, defendendo como pouco o evengelho puro e simples de nosso Senhor Jesus Cristo. Soli Deo Gloria.
ResponderTudo que Silas Malafaia diz é errado ??? Silas é o anti Cristo ??? Ele vive pregando heresias ???
ResponderJá que os veteranos odeiam o Silas Malafaia.
ResponderAcho hipocrisia qualquer igreja hj que recebe o dízimo e fala mal do Silas .
ResponderPastores reformados falam mal do Silas, mas, vivem como classe média.
ResponderTem carro e vende livros .
É mais facil criticar que fazer
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