A pobreza deve ser motivo de vergonha para o cristão?

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Por Bispo J. C. Ryle

Observemos a circunstância em que Jesus nasceu. Não nasceu sob o teto da casa de sua mãe, e sim num lugar estranho e numa manjedoura. Quando Ele nasceu, não foi colocado em um berço cuidadosamente preparado. Maria O deitou na manjedoura, porque “não havia lugar para eles na hospedaria”. Aqui vemos a graça e a condescendência de Jesus. Se tivesse vindo salvar este mundo em majestade real, rodeado pelos anjos do seu Pai, isso já teria sido um ato incrível de misericórdia. Se tivesse decidido morar num palácio, com poder e autoridade, já teríamos razão suficiente para ficarmos maravilhados. Mas, fazer-se pobre como os mais pobres seres humanos, e simples como os mais simples, isso é amor que transcende a nossa compreensão. Que nunca esqueçamos de que, por meio da sua humilhação, Jesus adquiriu para nós um título de glória. Por meio da sua vida de sofrimento, bem como da sua morte, Ele conquistou para nós uma redenção eterna. Durante toda a sua vida, foi pobre por amor a nós, desde o momento do seu nascimento até à morte. E por sua pobreza somos feitos ricos (2 Co 8.9)

Estejamos alerta, não desprezando os pobres por causa da sua pobreza. Sua condição santificada pelo filho de Deus, que a honrou, ao assumi-la voluntariamente. Deus não faz acepções de pessoas. Ele olha para o coração e não para o bolso. Que nunca nos envergonhemos da nossa pobreza, se Deus a considera a coisa certa para nós. Ser ímpio e ganancioso é mau; mas não há mau nenhum em ser pobre. Uma casa simples, comida simples e cama dura não são agradáveis à carne e ao sangue. Mas são a porção que o Senhor Jesus voluntariamente aceitou desde o dia da sua entrada nesse mundo. A riqueza leva muito mais almas ao inferno do que a pobreza. Quando o amor ao dinheiro começar a manifestar-se em nós, pensemos na manjedoura de Belém e nAquele que nela foi posto. Tal pensamento poderá livrar-nos de muitos males!

- RYLE, John Charles. In: Meditações no Evangelho de Lucas Traduzido por Editora Fiel. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2011. Comentário de Lucas 2, versículo s de 1 a 7, pp. 31.
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