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Por João Calvino
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Paulo diz: “Na diligência, não
sejais remissos” – (Rm 12.11) – Este preceito nos é comunicado não só
porque a vida cristã deve ser ativa, mas também porque é próprio que às
vezes desconsideremos nossas próprias vantagens e dediquemos nossos
labores em prol de nossos irmãos; e nem sempre em prol daqueles que são
bons, mas também em prol daqueles que se nos revelam ingratos e
indignos. Em resumo, visto que devemos esquecer de nós mesmos na
execução de muitos de nossos deveres, jamais estaremos adequadamente
preparados para a obediência a Cristo, a menos que instemos conosco
mesmos, esforçando-nos diligentemente por desprender-nos de toda a nossa
indolência.
Ao acrescentar “fervoroso de
espírito”, ele nos mostra como devemos firmar-nos ao preceito anterior.
Nossa carne, à semelhança dos asnos, é perenemente indolente, e por isso
carecemos de ser esporeados. Não há outro corretivo mais eficaz para
nossa indolência do que o fervor do espírito. Portanto, a diligência em
fazer o bem requer aquele zelo que o Espírito de Deus acendeu um nossos
corações. Por que, pois, diria alguém, Paulo nos exorta a cultivar este
fervor? Eis minha resposta: embora este zelo seja um do divino, estes
deveres são destinados aos crentes a fim de que destruam sua indiferença
e fomentem aquela chama que Deus lhes acendeu. Pois geralmente sucede
que, ou abafamos, ou mesmos extinguimos o Espírito em razão de nossas
próprias mazelas.
O terceiro conselho, “servindo
ao tempo”, tem a mesma referência. Visto que o curso de nossa vida é por
demais breve, nossa chance de fazer o bem tão logo passa. Devemos,
pois, ser mais solícitos na realização de nossos deveres. Assim, Paulo,
em outra passagem, nos convida a “remir o tempo”, visto que os dias são
maus (Ef 5.16). O significado pode ser também que devemos saber como
administrar nosso tempo, porquanto há grande necessidade de assim
fazermos. Não obstante, Paulo, creio eu, está contrastando seu preceito
entre servir o tempo e (servir) o ócio. A tradução em muitos manuscritos
antigos é (kvpíw) – Hesito em rejeitar esta tradução completamente,
embora à primeira vista não pareça relacionar-se ao contexto. Contudo,
se ela é aceitável, creio que Paulo desejava relacionar o culto divino
com os deveres que desempenhamos em favor de nossos irmãos e tudo quanto
serve para fortalecer o amor, a fim de transmitir maior encorajamento
aos crentes.
Fonte: [ O Calvinista ]
Via: [ 2 Timóteo 3.16 ]
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