Conselhos para quem deseja ter um blog/site cristão apologético

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Por Ruy Marinho

Estes são alguns conselhos para quem almeja ter (e quem já tem) um blog Cristão na internet, principalmente de cunho apologético:

Antes de tudo, analise como está a sua vida cristã fazendo as seguintes perguntas: você conhece e pratica o que se propõe a defender? Você está aliançado em uma igreja local e sob discipulado? Se a resposta for não, nem abra um blog! Como você vai defender o evangelho sem ao menos, de fato, viver o cristianismo e ter comunhão com o corpo de Cristo? A centralidade bíblica sempre vai apontar para a aliança e comunhão com outros irmãos em Cristo. Se você anda sozinho, sua apologia se transformará em uma falácia contra o próprio evangelho! Resolva a sua vida eclesiástica primeiro para depois desenvolver algum trabalho produtivo para a obra de Deus. 

Aprenda o que é apologética cristã, para que serve, para quem é direcionada, porque e como deve ser aplicada. Vejo que a realidade democrática e gratuita da internet possibilitou a abertura de alguns blogs onde seus autores não demonstraram este conhecimento básico, talvez pelo anseio de expressar suas mágoas contraídas de experiências eclesiásticas negativas e pela necessidade urgente de denunciar algum erro. Isto causou a negligência de alguns no aspecto ético e prático. É preciso ter muita responsabilidade com a Palavra de Deus, buscando a orientação e preparação adequada antes de qualquer atitude que envolva o evangelho, inclusive na internet.

Compreenda que a base fundamental e o objetivo final da apologética cristã é o evangelho. A apologética é uma ponte que conduz ao caminho do verdadeiro evangelho de Cristo. O objetivo da apologética é ser um agente facilitador para o evangelismo e/ou correção para as questões que ferem as doutrinas cristãs fundamentais, mostrando o caminho correto, com o comportamento correto e expondo a mensagem Bíblica correta. Como eu costumo analogicamente frisar: "A apologética cristã deve ser semelhante a criação de filhos: devemos repreender os erros e mostrar o caminho certo." Não adianta você repreender os erros doutrinários ou a incredulidade de um não-cristão sem apontar o caminho para o evangelho. Não se esqueça: a nossa obrigação é pregar a Palavra, mas o convencimento no coração de um pecador é obra exclusiva do Espírito Santo, segundo a vontade soberana de Deus.

Entenda que o amor cristão é a base de todo e qualquer serviço. A apologética cristã não tem sentido quando este amor não é exprimido em seus textos e ações. Não há espaço para sarcasmo, orgulho, ofensas e vaidades pessoais, mas sim para mansidão e temor, além da esperança de que Deus será glorificado através do arrependimento de quem recebe a mensagem apologética. Como você espera ser usado para trazer alguém para a fé cristã utilizando de tom agressivo e humilhante? A apologética não é um time de competição que visa a vitória nos argumentos para satisfazer vaidades pessoais, mas sim um facilitador para conduzir o pecador ao evangelho. 

A ética cristã é consequência do amor transformador de Deus que é transbordado em nós através do Espírito Santo pelo conhecimento de Sua Palavra. É impossível desenvolver uma defesa do evangelho sem piedade. O Apóstolo Pedro foi categórico quanto a isto: "antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo" (1Pe 3:15-16, negrito meu). Note que uma vida em santidade e oração é fundamental, além do preparo adequado e um testemunho íntegro. Ter sabedoria para dialogar corretamente é um ponto importante para todo cristão: "Portai-vos com sabedoria para com os que estão de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um." (Cl 4:6; leia também Tiago 3), pois o espírito contencioso do orgulho não pode fazer parte do comportamento de um Cristão (Pv 13:10). 

Prepare-se com afinco, dedicando-se exaustivamente aos estudos para adquirir maturidade e experiência teológica suficiente, ao ponto de fazer uma exposição bíblica coerente, correta e equilibrada. Procure ler bons livros de autores confiáveis (algumas indicações aqui). Faça cursos de capacitação teológica e se possível comece um seminário teológico. 

A igreja brasileira passa por um período de várias ameaças liberais, tais como: o relativismo teológico, o teísmo aberto, a teologia da libertação, a teologia gay, a teologia feminista, o "evangelho progressista" e suas ideologias marxistas, o aborto, a liberação das drogas, o casamento gay, etc., além do neo-ateísmo, neopentecostalismo, das seitas e heresias clássicas e contemporâneas. 

Portanto, é imprescindível preparar-se para defender a fé. "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (2Tm 2:15)

Basicamente é o que eu enxergo de forma resumida. Claro que os pontos apresentados podem e devem ser aprofundados. 

Soli Deo Gloria!

Fonte: Bereianos
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7 comentários

Concordo plenamente com o texto. E como haveria de discordar? Está clara a responsabilidade de falar sobre o cristianismo. Mas, gostaria de, se assim for possível em uma oportunidade futura, ler sobre o preço a ser pago, visto que diametralmente oposto ao liberalismo, mencionado no final do texto, há o legalismo que somado ao misticismo e ao sincretismo neopentecostal tem ganhado força descomunal e interferido diretamente no primeiro conselho do texto, a vida eclesiástica.

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Caro André,

Você tocou em um ponto que realmente precisamos tratar.

Embora eu classifique os problemas praticados pelo neopentecostalismo (misticismo, sincretismo e legalismo) dentro da categoria "seitas e heresias" descritas no texto, com certeza são pontos que prejudicam a vida eclesiástica como você mencionou.

Inclusive inseri também o neopentecostalismo na lista principal de problemas a serem tratados, descritos no artigo, pois acabei esquecendo.

Obrigado pela sua participação. Muito em breve tentarei escrever a respeito.

Em Cristo, Ruy!

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Prezado Irmão Ruy Marinho, muito obrigado pelos sábios conselhos. Realmente precisamos ter responsabilidade cristã, amor fraternal e conhecimento prático da Palavra de Deus, e o mais que mencionou no artigo, quando nos dispomos a defender a fé cristã. Portanto, são orientações valiosas e não podemos deixar de segui-las.

Adiel Teófilo - Blog DEFESA DO EVANGELHO.

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Boa reflexão Rui. Seu blog tem sido referência pra nós nesse aspecto. Aprendo muito lendo os textos postados.abraços.

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Abençoado você definiu tudo de forma espetacular. Semana passada fiz por e-mail instruções para uma irmã que esta iniciando em um blog que estou ajudando. Os pontos que você abordou aqui batem com o que escrevi lá. DEUS não é de confusão e confirma. Muitos na Net precisam ler este teu post. Começou falando da comunhão homem,igreja e DEUS e passou pela prática do aprendizado para poder ensinar. DEUS é fiel e seu Espírito não é de confusão. Grato pela confirmação das orientações que fiz lá estarem corretas.

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Tadeu de Araújo mod

Distinto Ruy Marinho, graça e paz!
Se alguém pretende ter um blog ou site cristão apologético, de verdade, e não um espaço para digladiar-se, que é bem diferente de discordar, deveria ler, reler, mas, acima de tudo, reter os conselhos exposados pelo irmão.
Apesar de sermos limitadíssimo pesquisador de teologia, no entanto, em nossas navegações, temos visto blogs que, sinceramente, seria mais viável seus representantes darem uma parada, melhor dizendo, irem se reciclar, pelo menos no essencial, tanto bíblico quanto teológico.
Depois, retornariam ao batente.
A nosso ver, quem se encontra inserido na mencionada situação e não admite, ou é pedante ou tem alguma dificuldade mental.
Agora, como bem lembrou o Ruy, no texto, o conhecimento é imprescindível a quem vai gerenciar um blog ou site apologético, mas o testemunho, sem dúvidas, é a marca registrada do cristão.
Portanto, não devemos esquecer das admoestações que se seguem: 1 Pedro 3.15; 2 Pedro 3.18; 2 Timóteo 2.15.
Em Cristo,
Tadeu de Araújo

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Caro Ruy B. Marinho. Paz do Senhor!

Concordo com sua postagem, realmente precisamos atentar para este fato: a apologética eve ser um instrumento com finalidade de conduzir os pecadores à Cristo. Mas o que percebo em muitas dessas postagens é uma aparente omissão do fato de que em determinados momentos é mais do que necessária repreensão rígida aos falsos profetas e pseudo-pregadores visando o bem do rebanho. Veja a clássica repreensão feita pelo próprio Salvador em Mateus 23 e Lucas 11:35-54. Atente para o versículo 45 onde um dos doutores da lei afirma: "Mestre, quando dizes isso, também nos AFRONTAS a nós." (destaque meu). O doutor da lei reconhece que Cristo o afronta e o faz de propósito, sem se importar com a opinião do mesmo e até dos demais que o cercavam no presente momento.

Paulo, chamado de "apóstolo da graça", ordena-nos em Efésios 5:11 "E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as."

Recomendo a leitura do livro: A Outra Face de John Macarthur - Editora Thomas Nelson. Principalmente o capítulo 1º - "Quando é errado ser simpático".

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