É indiscutível o fato da apologética se tornar cada vez mais necessária para a proclamação da Palavra de Deus. Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. A apologética sem o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais ineficaz.
A simples defesa do cristianismo é inútil quando não temos posteriormente a essencial proclamação da Palavra. A defesa é útil para a proclamação e deve estar intimamente relacionada a esta última. É preciso entender o quanto à apologética é útil, mas também o quanto ela pode se tornar inútil quando não utilizada de forma correta.
O apologista cristão Francis A. Schaeffer dizia que o homem moderno, quase em sua totalidade, está tomado pelo relativismo. O pensamento moderno mudou drasticamente o homem e para tanto se torna imprescindível que as formas de evangelismo também sofram intensas mutações. Uma destas mutações é aliar-se forçosamente a apologética.
O relativismo a que Schaeffer se referia pode ser verificado na prática. Estou evangelizando uma jovem de 21 anos, ela diz que todas as coisas etéreas que formam o homem, tais como moral e sentimentos, tem fundamentação orgânica.
Este pensamento conduz necessariamente ao relativismo, pois reduz a moral a um mero mecanismo orgânico (como um hormônio, por exemplo), e pensando assim existe uma relativização do certo e do errado. O homem é reduzido a um ser impessoal e suas atitudes não são essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua necessidade de sobrevivência. Como na selva os animais lutam pelo seu espaço (e não precisam se culpar se matam um ao outro para conquistar seus objetivos), os homens também não precisam se culpar se passam por cima do seu próximo – isso é inclusive necessário para a manutenção da raça humana.
A minha pergunta é a seguinte: como é possível simplesmente evangelizar uma pessoa assim? O evangelismo puro e simples neste caso não surtirá muito efeito, pois a mente desta jovem está tomada pelo relativismo. Se ela não diferencia o certo e o errado, simplesmente dizer a ela que Cristo morreu em seu lugar se torna algo incompleto e ineficaz. Aqui nasce a apologética, enquanto uma ferramenta eficaz para o evangelismo.
No caso desta jovem, preciso prová-la que somos munidos sim de uma moral, que está longe de ser um mecanismo puramente orgânico, e para tanto necessito da apologética. Preciso defender racionalmente minha fé e mostrá-la como seu pensamento está baseado na irracionalidade. A partir daí será possível evangelizar, sem estar falando ao vento.
Insisto novamente que a apologética é importante, mas que deve ser seguida do evangelismo, ou tudo volta à estaca zero. A apologética deve fazer parte do processo evangelístico, e precisa contar para tanto com o essencial auxílio do Espírito Santo.
É imprescindível preparar a nova geração para evangelizar utilizando-se da apologética. A cada evolução da ciência, a cada nova filosofia, o homem se afasta mais da realidade da Palavra de Deus. A ciência vai se multiplicando e a amor se esfriando. Cabe a nós, como cristãos, defender e comunicar o Evangelho transformador nos adaptando as inevitáveis transformações do mundo.
Fonte: Teologia & Apologética
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3 comentários
Concordo que a simples defesa do cristianismo é inútil e que precisamos preparar uma nova geração para evangelizar. Erramos em ter preparado apenas uma geração de adoradores.
ResponderA paz do Senhor! Bem analisando o presente artigo que foi muito edificante para mim, percebo, como apologeta que sou, que realmente a necessidade da apologética é imprescindível para um evangelismo eficaz. O problema está em que as igrejas de hoje quando não são infectadas pelo neopentecostalismo e desinteresse pelo estudo, encontram-se envenenadas pelo liberalismo e arrogância dita progressista.
ResponderNeste meus anos de estudo vejo o quanto é difícil encontrar pessoas dispostas a militar nessa área que é deve de todos os cristãos (Filipenses 1:17; I Pedro 3:15; Judas 3). Um certo pastor de linha reformada que em parte admiro pelo seu conhecimento, chegou ao disparate de me dizer que se eu continuasse nessa caminhada e fosse ficar apenas na área de apologética acabaria ficando sozinho!!!!
As pessoas tem curiosidade, admiram a busca por erudição, e, consequentemente ter respostas eficazes e racionais para se evangelizar, mas quando a apologética confronta os pensamentos relativistas de muitos crentes que seguem o famoso "conselho de Gamaliel" (Atos 5:38,39), acabam repudiando a defesa da fé.
Parabéns ao autor do artigo e ao Autor Supremo que inspirou de forma belíssima e edificante Seu instrumento (II Coríntios 4:17)
Soli Deo Gloria!
Apologeta!
Evangelista Eduardo França é autor do DVD: Milagres: De onde eles procedem? (Categoria: APOLOGÉTICA. (À venda nos sites: CACP, MCK e MERCADO LIVRE). Co-Fundador e articulista do blog Guardian Faith: www.guardianfaith.blogspot.com
A pergunta que ao meu ver não quer calar ?
ResponderAo evangelizar um tipo de pessoa assim apresenta no texto, devo primeiro explicar que não somos irracionais, temos uma moral ?
A pergunta: Qual moral ? Ocidental ou a moral oriental ?
Esse negócio de moral não é muito vago ?
Outra, ao evangelizar, não devo confiar no Espírito Santo que convence o pecador ?
Por que então o desespero, se a minha parte é apenas cumprir o "IDE".
Marcelo
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