Há algo que me incomoda muito em certos discursos. Os relacionais os adoram, porém tais discursos não ficam restritos a eles. O que me incomoda é aquele discurso pretensamente piedoso e espiritual de que precisamos acolher o pecador. Ora, não é quanto a acolher o pecador que o discurso me incomoda, mas com a insistência de não o estamos fazendo ou, o que é ainda mais comum nestes discursos, que não o fazemos em amor.
Um objeto corrente deste discurso é o homossexualismo. Os defensores deste discurso dizem que os homossexuais não encontram amor em nossas igrejas e por isso não são atraídos a ela. Ou então dizem que os cristãos somos muito cheios de preconceitos em nossa abordagem sobre o assunto. Pior ainda, muitas vezes dizem que aberrações como o PL 122 são garantias inocentes de um direito a existir.
Falando mais especificamente deste PL, o que me espanta é a adoção cega pelos cristãos de agendas que em nada refletem o ensinamento bíblico. Homossexuais devem ter garantias como seres humanos e sua humanidade deve ser respeitada por ser imago Dei (que ainda permanece, embora corrompida). A questão de cotas raciais vai pelo mesmo caminho, institucionalizando a diferença de raças e tornando uma delas a preferida da lei. Este tipo de lei não é uma forma de combater o que chamam de preconceito, mas de gerá-lo. Só um cego não o vê.
É triste, mas parece que tais cristãos tem um compromisso maior com as esquerdas e seus intelectuais que com a Palavra de Deus. E é só no abandono de preceitos puramente bíblicos que posso entender o discurso da falta de amor ou do preconceito. Ora, seu direito de “existir” e “ser o que é” é o mesmo que o de qualquer pessoa. Porém, cada um que assuma a responsabilidade pelo que decidiu “ser”, pelo que faz com sua “existência”. E também, que “sejam” o que quiserem, mas permitam-me também “ser” o que quero.
Porém, devemos retomar o foco: a falta de amor. Posso falar apenas por mim, embora esteja certo que esta é a atitude de muitos amigos cristãos e de suas igrejas, pois qualquer homossexual com quem eu venha a ter contato será respeitado na exata medida em que ele próprio seja respeitoso e se dê ao respeito. Se esta for a atitude de ambos, ambos poderemos dizer um ao outro que não concordamos com o que cada qual pensa. Durante minha vida tive vários contatos com homossexuais e nunca tive qualquer problema com eles. E assim será sempre que o respeito for a tônica das relações interpessoais.
Infelizmente, no entanto, não é sempre que eles têm este comportamento de respeito. Sua mobilização em torno do PL 122 bem prova que eles não pretendem qualquer respeito, nem mesmo qualquer contato com quem discorda deles. A lei os contatará, caso expressem sua discordância. E, quanto ao dar-se ao respeito, no mais das vezes o que vemos é uma grande promiscuidade. Isso certamente não é “privilégio” homossexual. E, bem, isso prova meu ponto, pois condeno a promiscuidade quer seja praticada por homossexuais, quer por heterossexuais.
E isso me leva, finalmente, àquilo que me motivou a escrever esta postagem. Pois o amor não é libertino nem tolerante quanto ao mal. Antes, ele repreende com firmeza qualquer mínimo desvio. Se devo demonstrar amor ao pecador, seja ele homossexual ou um outro pecador qualquer, não posso amenizar a repreensão quanto a seu pecado. Acolher é sim receber o pecador enquanto ainda pecador. Mas é também ajudá-lo a deixar para trás o seu pecado. Não repreender o pecador é ter por ele um amor falso e mentiroso. E sabemos bem de quem a mentira é filha!
Por fim, vale repetir algo que disse numa outra ocasião sobre um assunto semelhante quando alguém veio com este discurso pretensamente piedoso e espiritual. Perguntava ele: “O que estamos fazendo de errado na prática? Nós reformados, calvinistas temos alcançado os aflitos”? Deixando de lado o esquerdismo que normalmente acompanha estes que se nomeiam cristãos, neste caso, um cristão reformado, eu respondo (editado):
Cada um que fale por si. Não me incluo neste “nós”. Não por não ser “reformado, calvinista”, mas porque não estou simplesmente “vendo a banda passar”. Evangelismo e trabalho social não são necessariamente, em termos simplistas, o “por a mão na massa”. Há formas e formas de ser ativo no evangelismo e no cuidado social. Se alguém, no entanto, sente tal necessidade de por a mão na massa, que assim o faça e pare de reclamar de outros ou de se esconder sob anonimato do “nós”.
Glórias infindas àquele que é o Amor. O verdadeiro!
SOLI DEO GLORIA!
Autor: Roberto Vargas Jr.
Fonte: [ Blog do autor ]
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