Foi com essas palavras de encorajamento que iniciei a esperança que é o ano de 2010. São palavras assim que precisamos para que não vacilemos em nossa caminhada e é para meus irmãos apologéticos que escrevo meu primeiro texto deste ano.
Na última noite de 2009 meu pastor entregou-nos uma palavra no contexto de João 15, popularmente conhecida como a "palavra da videira". Entre as tantas frases trabalhadas naquela noite quero dar ênfase a duas delas, já parafraseadas no título deste texto.
Podemos ser cortados e devemos nos cuidar para não dar motivos ao agricultor para que ele nos quebre e arranque da árvore.
Tenho a convicção de que nosso enganoso e desesperadamente corrupto coração é prediposto a se ver como um dos galhos frutíferos da árvore... ele é demoniacamente inclinado a acreditar ser um galho natural, perfeito, justo, verdadeiro e pensa também sordidamente ser auto-suficiente e inamovível. Digo isso não porque diariamente vejo pessoas agindo assim, mas sim, porque dia após dia luto contra a natureza da minha própria carne que me faz desejar o que é vil e não o que é santo... o imprestável em detrimento do precioso.
Assim, escuto meu coração dizer: Alegre-se ó galho fértil!
Mas também ouço o Espírito de Deus que diz: Tu pensas estar de pé? Cuides para não cair.
A primeira voz é doce e aprazível a meu coração, mas é também cheia de engano, fala aquilo que alegrará minha própria carne e virtualmente me manterá num estado de ilusão voluntária de que estou firme quando meus pés podem já estar quebrados e meus ossos moídos pelo pecado que "sutilmente" pode destruir a minha alma a ponto de consumir dolorosamente até mesmo minha própria carne.
A segunda voz no entanto me estimula a um contínuo estado de vigilância, de temor ao Santo de Israel. Uma fiel realidade de que não passo de um galho enxertado, e se o agricultor não poupou galhos naturais, mas os cortou, eu, pela soberba e pela falta de temor, como um galho naturalmente de árvore de fruto imprestável também não serei poupado, mas quebrado e lançado no inferno (Rm 11). Se no entanto permaneço ligado a árvore verdadeira é porque por sua misericórdia derramou sangue inocente por mim, é porque ela me escolheu: um leproso que raspava as próprias feridas desejando inutilmente curar-se.
Assim amados irmãos, tenho em mim a certeza de que por andarmos num caminho estreito (certamente plano e reto, mas estreito) que leva a uma porta igualmente rigorosa e por lutarmos por este evangelho, desejando dar a vida por ele, podemos em alguns momentos ser subitamente arrebatados por um espírito imundo de soberba e auto-suficiência. Ora, sabemos que apenas um pulgão pode fazer secar uma planta (Jn 4.7), quanto mais uma miríade de vermes.
Sabemos também que galho algum sobrevive separado da árvore e fruto nenhum se desenvolve em um galho morto. Mas quando nos alimentamos de Cristo, a árvore na qual fomos enxertados, tornamo-nos parte da árvore e a essência de Sua vida em nós gera frutos que alegram o agricultor.
Tenho também a convicção, de que aqueles que defendem a Palavra Verdadeira, na qual nos firmamos para, de alguma forma, ressuscitar com os mortos, entendem que este texto não é acusação, mas exortação.
Pois sabemos que há "profetas" que declaram palavras de conforto, sonhos e fantasias. Palavras que apenas enfeitiçam mentes e corações carnais... palavras insuficientes, precárias e que não permanecem; pois necessário é uma pequena onda para as apagar de corações sedentos pela água do poço de Jacó (Jo 4.13) e não pela Cruz de Cristo.
Também sabemos que existem escravos do Senhor que alertam quanto às dificuldades, dores e tribulações do Caminho, que neste ano serão igualmente muitas, quiçá maiores... para que ao final desta curta caminhada deixemos cada vez mais a ignorância espiritual e nos tornemos aprovados.
Daniel Clós
Fonte: [ Batalha pelo Evangelho ]
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