Um outro evangelho

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Por Pb. Geovani F. dos Santos

Houve um tempo em que os cristãos eram mais comprometidos com as coisas santas. Havia, nestes, um cuidado todo especial em não transgredir ou mesmo ultrapassar o que estava escrito na palavra de Deus. A reverência e o zelo destes eram virtudes destacadas e perceptíveis a todos que os conheciam, crentes ou não. O seu testemunho notável e o seu andar irrepreensível falavam mais alto que palavras, levando muitas pessoas a imitar-lhes o exemplo e, através deste, conduziam muitas almas a Cristo.

Mas, o que aconteceu com o testemunho cristão da igreja de nosso tempo? Por que os nossos cultos se encheram de mesmices e superstições das mais deploráveis? Onde ficou o modelo de um andar de santidade e comprometimento com o Senhor que tantos frutos renderam ao Reino em outros tempos de nossa passada história gloriosa?

Às vezes, me vem à alma uma tristeza incompreensível, sobretudo, quando lanço o meu olhar para o atual cenário supostamente “cristão” e percebo que no lugar do verdadeiro Evangelho que salva, liberta e conduz o homem para o céu entronizaram um outro evangelho, antropocêntrico e abominável, que de tão abjeto, já fede às santíssimas narinas do nosso Deus.

Talvez estas palavras sirvam-me de desabafo particular ou mesmo como um brado de alerta aqueles que ainda não se comprometeram com este falso evangelho fermentado de heresias que grassa por aí. Sinto-me no dever de escrever estas linhas como uma forma de trazer à lume a realidade nua e crua de nosso tempo de desvios doutrinários e profundo descaso com o sagrado. Este mesmo sentimento foi visto em Paulo, quando o mesmo percebeu o imenso grau de afastamento dos crentes da Galácia e a introdução de um evangelho judaizado, completamente distinto do Evangelho que pregara. Ele escreveu:

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo vindo do céu vos anuncie um outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Assim com já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1.6,7).

O apóstolo Paulo, como muitos de nós na atualidade, sentiram na alma uma profunda tristeza em razão do afastamento da verdade perceptível em alguns indivíduos que haviam recebido o Evangelho da Graça de Deus. Num ímpeto de zelo e indignação santa, o mesmo chama os gálatas de insensatos (Gl 3.1b), por haver permitido que os judaizantes os fascinassem com uma doutrina ofensiva à verdade genuína. Vejam o que ele diz:

“Ó insensatos Gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?” (Gl 3.1).

Assim como Paulo enfrentou tais problemas doutrinários na Igreja Primitiva sobre a qual, pela graça de Deus, foi constituído apóstolo. Os pastores e servos de Cristo leais a sua palavra, também enfrentam com angústia na alma a entrada de um pseudo-evangelho, que por seu grau de fascinação e domínio das massas já controla as mentes e os corações dos que buscam uma vida de facilidades e comodidade, ou seja, um evangelho que massageie os seus egos e satisfaça os seus caprichos mundanos.

Este evangelho,entretanto,não pode produzir resultados eternos, uma vez que a sua proposta é apenas para esta vida. O seu alvo é a aquisição de valores temporais, seu objetivo é o aqui e agora. É lastimável que uma grande parcela de crentes siga tais asserções apóstatas e enverede por tais caminhos de engano e mentira.

Não é este o evangelho de muitos teleevangelistas que ludibriam os seus teleespectadores incautos com promessas mirabolantes de bênçãos e milagres extraordinários com o intuito de extorquir-lhes altas somas de dinheiro para alcançar seus objetivos mais escusos? Não é este o evangelho dos cifrões que permite aos hábeis manipuladores ter jatinhos, mansões faraônicas, haras com cavalos de raça, carrões turbinados e outros bibelôs que não são para o “bico” de qualquer mortal?!

Não é este o evangelho das falcatruas em nome de Deus e do uso da fé alheia para se alcançar objetivos políticos e posições de poder na sociedade? Não este o evangelho que transformou igrejas em currais eleitorais e as ovelhas em “idiotas úteis” de um sistema sórdido e imoral de manipulação?

Pensem nestas coisas irmãos. Jesus poderia ter a melhor mansão que quisesse neste mundo, mas não tinha onde reclinar a cabeça. Poderia ter entrado em Jerusalém em um cavalo branco ou em uma biga ou carruagem romana. No entanto, fez sua entrada triunfal em um jumentinho, cria de jumento, demonstrando que o seu Reino não é como o reino deste mundo e, portanto, as motivações dos que vivem nele devem ser diferentes das motivações deste mundo vil.

Que Deus nos livre deste falso evangelho de interesses funestos e abomináveis e nos faça viver no Evangelho que verdadeiramente o dignifique como Senhor da Igreja.

Soli Deo gloria!

Autor: Pb. Geovani F. dos Santos
Fonte: [ Blog do autor ]

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