Um argumento Calvinista

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Olá Irmãos, Graça e Paz.

A algum tempo tenho arquitetando em minha mente um post sobre o Calvinismo. Ouvi de um professor no seminários palavras acerca do Calvinismo que me deixaram intrigados. As palavras eram mais ou menos assim:
“Não consigo acreditar na doutrina Calvinista, pois imagino alguém chegando diante de Deus, no dia do Grande Trono Branco e dizendo: - Eu até queria ser salvo, mas o Senhor me predestinou para a perdição e sofrimento eterno.”
Tais palavras me deixaram pensativo, imaginando que tipo de Calvinismo tem sido disseminado hoje, pois argumentos como estes não retratam o autentico Calvinismo que conheço.

No dia 04/06/2010 o Professor Augustos Nicodemus postou em seu Blog um artigo com o seguinte tema: “O Calvinismo Segundo Entendo”. Esse post, irá ajudar-me no desenvolvimento da exposição do que acredito como sendo um verdadeiro argumento Calvinista.

Em primeiro lugar devemos entender qual a situação do homem que chegará diante de Deus para julgamento no Grande Dia do Senhor.

O homem (ímpio), encontra-se, num estado de total inimizade contra Deus, sem conhecimento algum das coisas divinas. Porém não foi assim que Deus o criou.

Deus criou o homem para refletir suas caracteristicas, por isso criou o homem sua imagem e semelhança [Gn 1.23-27; Gn 5.1; Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9]. Deus criou o homem, um ser moralmente admirável, dotado de inteligência com capacidade de refletir, produzir e governar [Gn 1.28-30]. Porém em determinado momento o a criatura preferiu não manifestar a imagem de seu Criador, refletindo sua própria imagem, dando ouvidos a voz do diabo e se rebelando contra Deus. O Calvinismo crê que Deus embora tenha determinado todas as coisas, a determinou conforme Seus planos infalíveis levando em consideração as responsabilidades morais de suas criaturas.

Essa queda denegriu ou distorceu a imagem que o homem refletia de Deus, o tornando agora inimigo de Deus [Rm 8.7].

O pecado, ou a queda, trouxe ao homem consequencias terríveis. Em primeiro lugar, o homem agora está morto espiritualmente. O pecado de Adão trouxe consequencias a todos os homens, como Paulo descreve em Romanos 5.12 “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”. Esse texto nos diz que quando Adão pecou, nós pecamos, quando Adão caiu, nó caímos, quando Adão morreu nós morremos.

Essa queda deixou o homem que antes era a imagem de Deus, agora com uma imagem corrompida, sob a culpa, sob o poder do pecado, sob o reino da morte e de satanás, sob a ira de Deus [Rm 3.9; Rm 5.17-21; Rm 1.18-19; Rm 1.24]. Essa queda agora desliga o homem de Deus o separando de Sua Gloria [Rm 3.23].

O homem não está a frente do pecado, e sim com o pecado entrelaçado no âmago de seu ser, o homem está totalmente preso sob o poder do pecado. “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer, Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus, Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” Rm 3.10-12

O homem está em um estado de total miséria, ao ponto de não haver nele o menor senso de caminhar em direção a Deus. O homem natural encontra-se, morto no pecado [Rm 5.12; Ef 2.1], escravizado pelo pecado [Rm 7.14; Jo 8.34; Rm 7.23], como objeto da ira de Deus [Ef 2.3], cego da verdade divina [ Ef 4.18], corrompido de consciência [Tt 1.15-16], sem entendimento nenhum de Deus [I Co 2.14], como se não bastasse, o homem também, é inimigo de Deus [Rm 8.7], entregues a todas essas condições sem nenhuma culpa ou reprovação mental, pois está debaixo da justiça de Deus [Rm 1.28]. É por isso que Jeremias escreve “Enganoso é o coração do homem, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17.9

O coração do homem é enganoso, porque está sob a natureza caída do pecado, e repleto de toda concupiscência.

Entendendo esse principio bíblico, conseguimos definir que o homem jamais poderia querer voltar-se a Deus por seus próprio méritos. Não existe no homem nada que o faça querer buscar a Deus. Por esse motivo o argumento apresentado pelo professor de que alguém diria diante de Deus: “Eu queria ser salvo...” não passa de baboseira arminiana, pois o homem não busca salvação, o homem não busca a Deus, mas é Deus que pela Sua misericordia atrai pecadores a Sua Graça. O homem por si só jamais poderia caminhar em direção a Deus “querendo ser salvo”, mas é Deus que pela graça e soberania, resgata o homem de seu estado caído, das trevas para maravilhosa luz, por meio de Cristo Jesus.

Efésios 2.1-10

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência, Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus, Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus, Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, Não vem das obras, para que ninguém se glorie, Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.

Ele nos resgatou, pois do contrario, não teríamos em nós nenhum desejo de buscarmos a Ele. Esse argumento apresentado de que o homem justificaria sua miséria sob a acusação da acepção de Deus na pré-escolha é totalmente furada, pois todo homem está a caminho do inferno, sem desejo nenhum de voltar-se a Deus.

O homem perdeu sua identidade de ser a semelhança de Deus, e em conseqüência disto estava totalmente contra Deus. Porém agora pela graça de Deus, por meio de Cristo, o homem pode voltar-se a Deus, não por esforços humanos, mas pela graça divina. “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” Rm 8.29

Não é o homem que se achega a Deus, mas Deus que se manifesta ao homem.

Em João 3, vemos a história de Nicodemos que procurou a Jesus para saber o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus lhe responde que é necessário nascer de novo. Nicodemos responde: Como pode um homem já velho retornar ao ventre de sua mãe? É certo que Nicodemos não estava entendendo o que Jesus estava lhe dizendo, porém após Jesus explica que o novo nascimento referia-se ao nascimento do Espírito, e conclui dizendo: - Não se maravilhe disso: Necessário nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve a sua vos, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Ou seja Jesus estava dizendo que o novo nascimento não dependia de Nicodemos, e sim de Deus. O homem não pode produzir justiça própria, mas Deus que por sua graça atrai pecadores a fé salvífica. É por isso que esse é o primeiro ponto do Calvinismo: DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM.

O Calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de satanás, e por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.

Continuaremos esse post combatendo outros dois argumentos expressados em sala de aula, após as palavras do professor.

Um deles diz que o Calvinismo mata o evangelismo. O outro diz que o Calvinismo transforma pessoas em robôs. Será que isso é verdade?

"Só usamos o termo "Calvinista" como apelido...A doutrina que chamamos de Calvinismo, é a mesma que encontramos nos escritos de Agostinho, que é a mesma dos escritos do Apóstolo Paulo, que é a mesma ensinada por Cristo...o Calvinismo é o evangelho e nada mais" (Charles Spurgeon)

Que Deus continue abençoando a todos.

Soli Deo Gloria

Autor: Luiz Brito.
Fonte: [ A arte a exposição Bíblica ]


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