Essa prosperidade é pobre demais!

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Recentemente veio o pr. Silas Malafaia novamente pleitear de seus fiéis mais um desafio de sua megalomaníaca visão: ter mil templos espalhados no mundo e mais um canal de televisão para a sua nova denominação: "Assembléia de Deus Vitória em Cristo".

Embora Jesus nunca tenha pedido dinheiro para sua missão, é “favas contadas” que a igreja dele sempre precisou de recursos dos mais diversos para manter seus projetos de serviço, sustento e solidificação da obra de Deus! De maneira alguma venho dizer que a igreja não pode dispor e nem ao menos solicitar o que é legitimado pelas Escrituras para o sustento da obra: os dízimos e as ofertas.

Textos bíblicos podem ser citados com exagero para afirmar o valor bíblico das contribuições de santos. Fico apenas com II Coríntios oito, onde encontramos o apóstolo Paulo enaltecendo a generosidade das igrejas da Macedônia que haviam descoberto a graça de poder participar com as suas posses para a ajuda aos irmãos de Jerusalém que passavam por revezes financeiros. No texto temos até a expressão: “o privilégio de participarem deste serviço a favor dos santos” (v. 4).

É sabido que a igreja desde o primeiro século sobreviveu por doações de fiéis, e até mesmo a igreja do Velho Testamento tinha como princípio o recolhimento dos dízimos e das ofertas para a manutenção do culto e o sustento dos seus ofícios (no caso, os sacerdotes), como vemos em Levitico 27.30: “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor”.

Mas o que temos visto já há muito no programa do Silas Malafaia e de outros famosos tele evangelistas é um descalabro, um verdadeiro assalto à mão armada, usando a Bíblia obviamente como arma letal para capturar dividendos dos incautos membros das nossas igrejas, sobretudo dos que já vivem endividados pelos cartões de crédito e empréstimos bancários e que, no afã de se tornarem de um dia para outro prósperos acabam contribuindo para ministérios em troca de orações e bíblias de estudo!

Desde ontem, quando expus em nossa igreja a porção bíblica de I Corintios 3.9-15, estou refletindo sobre alguns pontos que não me sae de minha mente e vem incendiando o meu coração:

Há uma urgente necessidade de fazermos um auto-exame constante para verificação de atitudes, posturas e inclinações acerca da natureza do nosso trabalho na Obra do Senhor. E eu lhe desafio a fazer isso a partir do momento em que você coloca os seus olhos neste artigo.

Isso se torna imperioso quando pensamos sobre os materiais com que o "edificio de Deus", a igreja pode ser ornamentada sobre o fundamento que já está posto, a saber, o próprio Cristo. Esses materiais que podem ser ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha constituem a nossa contribuição para o desenvolvimento da obra de Deus em nossa vida aqui na terra. Schrader coloca essa questão assim: "Alguns homens edificam com o ouro da fé, com a prata da santidade e com as imperecíveis pedras preciosas do amor; mas outros edificam com a madeira morte de esterilidade nas boas obras, com a palha vazia da falta de espiritualidade, com a ostentação do conhecimento, e com a cana quebradiça do espírito continuamente em dúvida".

Quando eu li isso pela primeira vez foi inevitável fazer um contraponto entre o evangelho do Senhor Jesus e esse pseudo-cristianismo denominado "evangelho da prosperidade!". Não se trata obviamente de me colocar como referência de qualquer consideração sobre a bíblica doutrina dos "galardões", mas sim de levar em consideração que, a despeito do nosso fundamento ser Cristo, e isso é verdade também para tantos neo e pseudo-pentecostais que andam diluíndo a Palavra de Deus, chegará um tempo em que todos os disfarces caírão e todos nós vamos estar diante de um fogo que revelará a resistência do material com que adornamos a igreja do Senhor Jesus, e fico então diante de duas (únicas) situações.

Trata-se da primeira, aquela onde aqueles que receberão o galardão de acordo com as suas obras, não em consideração ao "sucesso" de suas empreitadas, pois Deus não analisa a performance, mas à fidelidade, em conformidade com o seguinte texto:

(I Corintios 3:14) - Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.

E, a segunda consideração, será relacionada à esterilidade de frutos que permanecerão para a vida eterna, com muito show e pouca unção, muito dinheiro envolvido e pouca lisura ética, enfim, muita badalação na carne e pouca piedade no espírito. E o verso para essa situação está em:

(I Corintios 3:15) - Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Meu coração se rasga diante dessa verdade, e fico a pensar de que o resultado não será nada animador para aqueles que, a despeito da salvação já estar adquirida por graça e méritos de Cristo, tiverem de amargar uma eternidade sem o brilho de ricas experiências espirituais onde Cristo constituíria verdadeiramente "tudo em todos"!

Uma lástima! Eu quero o meu galardão no céu e não a prosperidade aqui na terra, pois ela, sem a benção de Deus, é pobre demais!

É o que eu penso!

Autor: Ezequias A. Martins
Fonte: [ Blog do autor ]

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