Quando se perde o foco da missão

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Por Pr. João A. de Souza Filho

Pois meus amigos, saí a caminhar e pus-me a refletir novamente sobre os rumos da igreja brasileira, tema sobre o qual venho escrevendo constantemente.

E como é fácil se desviar da missão. A igreja brasileira vem sistematicamente se desviando de sua missão. Serei bem franco neste artigo.

1. Anos atrás soube que uma grande organização mundial de assistência social gastava noventa por cento das entradas para manter a estrutura da organização. Havia perdido o foco. Aquela missão de assistência social se despertou a tempo e mudou os rumos da missão.

E isso acontece não apenas com associações evangélicas, mas com igrejas e denominações. É isso que chamo de perder o foco.

2. As reuniões realizadas anualmente pelos Gideões Internacionais em Camboriú, SC tinham um propósito: Levantar recursos para a obra de evangelização mundial. E as pessoas iam até lá para ter uma experiência com Deus. Mas, e hoje? Alguns me disseram que vão até lá para fazer turismo!

O sucesso daqueles encontros transformou a conferência num fim em si mesma. Quer dizer. Não existe mais experiência com Deus porque ao redor do encontro anual dos Gideões criou-se um mercado de produtos evangélicos, na maioria de produtos piratas, e a conferência perdeu seu rumo. Gente transformada por Deus é gente séria, mas ali a pirataria corre solta!

Pregadores sapatinhos de fogo, re-te-té, em busca de fama aproveitam também o encontro para faturar alguma grana; vender seus CDs e DVDs. Não se tem notícias de pregadores que pregam estritamente a palavra de Deus naqueles encontros. Um mestre não teria sucesso diante de um auditório que busca a frenesi.

Neste último encontro de Abril de 2010 a conferência teve uma face política com a presença de um candidato a presidente, e as fontes afirmam que o governo de Santa Catarina teria investido 600 mil reais para o encontro.

Os irmãos de Camboriú perderam o foco. Agora buscam o enriquecimento e a via política. Uma lástima. A menos que se arrependam colherão frutos amargos logo adiante. O dinheiro se tornou mais importante que a Presença.

Só para lembrar um feito histórico, os irmãos de Plimouth (The Plimouth Brethren) tiveram regularmente conferências durante cem anos, na mesma cidade, com o único fim de estudar e crescer no conhecimento da palavra de Deus. Dali saíram os grandes mestres que hoje assinaram livros e Bíblias comentadas. Hoje um encontro para se estudar a palavra de Deus é uma raridade, porque qualquer encontro ou conferência a que se vai, a busca pelo dinheiro é desenfreada pelos coordenadores e pelos pregadores.

3. Nos dias atuais tornou-se quase impossível para o cristão comum – que não tem muitos recursos – participar de conferências evangélicas, porque a maioria delas é realizada em hotéis caríssimos e os gastos são insuportáveis, a menos que uma igreja rica e abastada pague todas as despesas do pastor que quiser frequentar uma dessas conferências. Examine você mesmo os preços exorbitantes dessas conferências, porque, mesmo pagando todas as despesas do hotel, você é solicitado a dar ofertas generosas para cobrir os custos – que você já cobriu com sua inscrição. Perdeu-se o foco da missão. Particularmente não consigo atender sequer uma dessas conferências, porque o preço é inviável!

4. As grandes convenções de antigamente eram feitas em prédios da igreja, onde os irmãos eram alojados e faziam suas refeições. Com o crescimento da igreja não existem igrejas locais com estruturas funcionais para hospedar mais de mil pastores. E é preciso recorrer a centros de convenções. Mas, as denominações e os organizadores de conferências perderam o foco e hoje cobram preços também exorbitantes para seus pastores irem a uma conferência da denominação. Os que conseguem ir de carro aproveitam a oportunidade para desfilar seu carro importado último modelo, e deixam constrangidos os pastores de igrejas menos abastadas. Os irmãos perderam o foco!

A ADONEP faz suas conferências para homens de negócios e estes dispõem de dinheiro para participarem, mas na maioria das conferências de igrejas, os pastores não conseguem participar tal o custo elevado dos hotéis.

As viagens feitas para Israel se constituem hoje uma grande fonte de renda para seus organizadores – pelo menos aqui não se perdeu o foco que é mesmo de ganhar dinheiro em cima das pessoas que querem visitar Israel.

5. Conferências que visam arrecadar recursos. Hoje é a coisa mais comum fazer uma grande conferência – louvor, batalha espiritual, show gospel, família, etc. com a finalidade de se arrecadar dinheiro. E o povo paga as despesas com inscrições caríssimas.

6. A marcha para Jesus perdeu se foco. Em Porto Alegre liderei com João Almeida, líder da JOCUM naquele tempo, a primeira marcha para Jesus em 1993. Tínhamos um foco. Orar e interceder pela cidade. Não sei a respeito de Porto Alegre, mas na maioria das cidades perdeu-se o foco. Agora a marcha é um show. As prefeituras liberam verba e os cantores e grupos fazem a farra. O custo da marcha pra Jesus numa cidade pequena – fiquei sabendo – foi de quatrocentos mil reais – pago por verba pública. Perdeu-se o foco. Os cantores gospel sabem que podem aproveitar a oportunidade para ganhar um bom dinheiro – e é possível que outros ganhem também.

A igreja também perdeu seu foco. Sua missão é de levar as boas-novas de salvação, de curar os enfermos, de libertar os cativos e de cuidar dos pobres e dos necessitados. Hoje, o foco é ela mesma. Se alguém é pobre e necessitado, que se vire! A igreja quer mais e mais recursos para si mesma! Da mesma maneira está acontecendo com as organizações para-eclesiásticas que arrecadam rios de dinheiro, mas perderam o foco de sua missão!

Que Deus tenha misericórdia de nós! Porque, de maneira geral, a igreja brasileira perdeu o seu rumo!

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1 comentários:

Pastor João, Graça e Paz.
Gostaria de esclarecer a sua fala neste artigo sobre o tópico abaixo, o qual transcrevo:
"2. As reuniões realizadas anualmente pelos Gideões Internacionais em Camboriú, SC tinham um propósito: Levantar recursos para a obra de evangelização mundial. E as pessoas iam até lá para ter uma experiência com Deus. Mas, e hoje? Alguns me disseram que vão até lá para fazer turismo!"
Gostaria de explicar ao pastor com carinho e humildade, sobre o termo Internacionais, pois " Os Gideões Internacionais no Brasil" este sim é um ministério internacional, que pela graça de Deus já passa de 100 anos e é a terceira maior associação do mundo, ficando atrás apenas da FIFA e da ONU. O Objetivo deste ministério é ganhar outros para Cristo, através da entrega da palavra de Deus ou Novos Testamentos, em escolas, faculdades, hoteis, hospitais, repartição pública, enfim, é um braço estendido das igrejas.
As igrejas são parceiras deste ministério liberando os seus membros para participar de forma voluntária na entrega das bíblias, sem ser remunerados, melhor dizendo, pagamos anuidade e ofertamos para o fundo bíblico e todas as despesas das entregas são custeadas pelos gideões de cada campo (cidade sede do campo).
As igrejas também são nossas parceiras orando por todos os gideões espalhados por mais de 190 países do mundo entregando em mais de 80 idiomas, todos os gideões são leigos, ou seja, não faz parte da associação nenhum pastor ou presbítero docente (pastor de igrejas presbiterianas).
Convido o amado pastor a acessar o site: www.gidoes.org.br e ter maiores informações, bem como acessar no site uma janela exclusiva para acesso de pastores.
Desta feita, "os Gideões Internacionais no Brasil" que tem sua sede nacional em Campinas e que realizam suas Convenções Estaduais e Nacional a cada ano, não são e não tem nenhum vínculo com Os Gideões da última Hora, este sim com sede em Camburiú e é um ministério da Igreja Assembléia de Deus daquela cidade.
Com amor, saudações no Eterno.

David Borges Severino
Presbítero em disponibilidade da IPB em Sinop
Presidente atual de Os Gideões Internacionais no Brasil do Campo 255
Sinop - MT

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