Poucas semanas atrás, o articulista Hélio Schwartsman da Folha de São Paulo, ateu confesso, juntamente com dois repórteres, criaram a "Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio" e relataram sua experiência publicada no jornal (veja aqui), quando "bastaram dois dias úteis e R$ 218,42 em despesas de cartório para a reportagem da Folha criar uma igreja. Com mais três dias e R$ 200, a Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio, sarcasticamente intitulada (grifo nosso), já tinha CNPJ, o que permitiu aos seus três fundadores abrir uma conta bancária e realizar aplicações financeiras."
Mas, como "nasce" uma instituição religiosa? Apenas com as facilidades da lei? Vejamos uma maneira.
Certo dia um membro de uma igreja tradicional, contrai uma grave enfermidade nas pernas. Faz exames, tratamentos e nada. Por fim, os médicos a desenganam. Vai a sua igreja, faz campanha de oração, recebe oração, imposição de mãos, óleo da unção, e... Nada. Continua de mal a pior. Uma noite, no auge do desespero, não suportando mais as dores, deita-se na cama e coloca as pernas para cima encostadas à parede. Faz um clamor do fundo do coração e o Senhor, em Sua soberania e misericórdia, atende ao seu pedido e realiza a cura de modo sobrenatural.
No culto seguinte, encontra o pastor e pede-lhe uma oportunidade para dar seu testemunho. O pastor concede. A irmã, feliz da vida, conta a bênção e a igreja se alegra com sua vitória. Se tudo terminasse por aí, tudo bem.
A irmã abençoada por Deus, no final do testemunho, incentiva os demais: - irmãos, se vocês que estão doentes querem ficar curados, basta chegar em casa hoje, deitar na cama, colocar as pernas para cima, com as mãos nos joelhos, e orar com fé e sua enfermidade vai embora. A exceção estava sendo pregada como regra.
O pastor, preocupado, procura a irmã e a aconselha: - Minha querida, Deus em sua multiforme maneira de agir, concedeu a sua bênção desta forma; não significa, porém dizer que Ele vai agir assim com todas as pessoas. Não me leve a mal mas o que Deus fez em Sua vida foi particularmente para seu caso. A senhora lembra do caso da cura do cego com terra e saliva ? Por favor, incentive os demais a ter fé em Deus como a senhora tem; no entanto, não incentive a usarem o método que foi particular para o seu caso.
A irmãzinha se revolta. Não entende o propósito da exortação e desanda na murmuração. Este é o segundo passo para a criação de uma denominação. Agora basta lançar as penas ao vento. A irmã deixa de freqüentar os trabalhos da igreja, começa a se reunir em sua casa com os irmãos “indignados” com a atitude do pastor, além de outros insatisfeitos com a liderança por outros motivos. E descem a lenha: - O pastor é um homem de Deus mas, coitado, não tem visão como nós. Ele precisa buscar mais a Deus para os milagres acontecerem “naquela Igreja”. Mas é assim mesmo, até Cristo foi perseguido pelos líderes, não é mesmo?
Necessário se faz observar que existem os cismas provocados por motivos doutrinários sérios e justos que ocorrem quando se esgotam todas as possibilidades de diálogo e mudanças. Mesmo assim, será que um grupo não pode ser acolhido em outra denominação, ou nenhuma lhe cabe, dentre tantas?
Voltando ao caso, mais e mais pessoas passam a freqüentar a reunião de oração na casa da irmã das pernas para cima. O ápice da reunião é “o novo modelo” de oração da cura dado “pelo Senhor”. – agora, irmãos, vamos orar conforme o Senhor me orientou naquele dia em que fui curada. Todos já sabiam o que fazer. Afasta-se as cadeiras todos se deitam no chão, e colocam as pernas para cima encostadas na parede. A “pastora” toma de seu frasco de ”óleo da unção” e sai ungindo as pernas de todo mundo. Gritos de aleluias se ouvem de um lado a outro da rua. Os vizinhos se incomodam, reclamam, o grupo agora sente que o inimigo está perseguindo o avanço da obra e decide alugar um salão em um ponto estratégico do bairro para se reunirem. Surge então a ideia final: - Que tal criarmos uma nova denominação, totalmente diferente das demais? A gente unge nossa irmã como nossa bispa, que maravilha!
Arrecada-se o dinheiro da primeira locação, compram-se as cadeiras, mas ainda falta um pequeno detalhe. Qual será o nome da nova igreja? Depois de muita discussão, após uma oração, a pastora encerra os debates: - Vi um anjo descendo trazendo nas mãos uma tábua branca como a neve escrita com letras de ouro, escrita assim: IGREJA COMUNIDADE EVANGÉLICA NEOPENTECOSTAL DO ANJO DA CONFIRMAÇÃO PRIMITIVA RENOVADA DAS PERNAS PARA CIMA.
Em meio a glórias e aleluias, nasce a denominação de pernas para cima.
Eis um dos porquês das centenas de novas instituições religiosas criadas dia a dia no Brasil, com as facilidades legais.
Muitas, porém, seguem verdadeiramente de pernas para o ar; dentro da lei, porém, sem doutrina, sem rumo, sem destino; sem os pés no chão do caminho de Cristo e com a cabeça, muitas vezes, distante dos céus.
Autor: João Ribeiro
Fonte: [ EclesiaNet ]
Via: [ Ultimato ] / [ Emeurgência ]
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Mas, como "nasce" uma instituição religiosa? Apenas com as facilidades da lei? Vejamos uma maneira.
Certo dia um membro de uma igreja tradicional, contrai uma grave enfermidade nas pernas. Faz exames, tratamentos e nada. Por fim, os médicos a desenganam. Vai a sua igreja, faz campanha de oração, recebe oração, imposição de mãos, óleo da unção, e... Nada. Continua de mal a pior. Uma noite, no auge do desespero, não suportando mais as dores, deita-se na cama e coloca as pernas para cima encostadas à parede. Faz um clamor do fundo do coração e o Senhor, em Sua soberania e misericórdia, atende ao seu pedido e realiza a cura de modo sobrenatural.
No culto seguinte, encontra o pastor e pede-lhe uma oportunidade para dar seu testemunho. O pastor concede. A irmã, feliz da vida, conta a bênção e a igreja se alegra com sua vitória. Se tudo terminasse por aí, tudo bem.
A irmã abençoada por Deus, no final do testemunho, incentiva os demais: - irmãos, se vocês que estão doentes querem ficar curados, basta chegar em casa hoje, deitar na cama, colocar as pernas para cima, com as mãos nos joelhos, e orar com fé e sua enfermidade vai embora. A exceção estava sendo pregada como regra.
O pastor, preocupado, procura a irmã e a aconselha: - Minha querida, Deus em sua multiforme maneira de agir, concedeu a sua bênção desta forma; não significa, porém dizer que Ele vai agir assim com todas as pessoas. Não me leve a mal mas o que Deus fez em Sua vida foi particularmente para seu caso. A senhora lembra do caso da cura do cego com terra e saliva ? Por favor, incentive os demais a ter fé em Deus como a senhora tem; no entanto, não incentive a usarem o método que foi particular para o seu caso.
A irmãzinha se revolta. Não entende o propósito da exortação e desanda na murmuração. Este é o segundo passo para a criação de uma denominação. Agora basta lançar as penas ao vento. A irmã deixa de freqüentar os trabalhos da igreja, começa a se reunir em sua casa com os irmãos “indignados” com a atitude do pastor, além de outros insatisfeitos com a liderança por outros motivos. E descem a lenha: - O pastor é um homem de Deus mas, coitado, não tem visão como nós. Ele precisa buscar mais a Deus para os milagres acontecerem “naquela Igreja”. Mas é assim mesmo, até Cristo foi perseguido pelos líderes, não é mesmo?
Necessário se faz observar que existem os cismas provocados por motivos doutrinários sérios e justos que ocorrem quando se esgotam todas as possibilidades de diálogo e mudanças. Mesmo assim, será que um grupo não pode ser acolhido em outra denominação, ou nenhuma lhe cabe, dentre tantas?
Voltando ao caso, mais e mais pessoas passam a freqüentar a reunião de oração na casa da irmã das pernas para cima. O ápice da reunião é “o novo modelo” de oração da cura dado “pelo Senhor”. – agora, irmãos, vamos orar conforme o Senhor me orientou naquele dia em que fui curada. Todos já sabiam o que fazer. Afasta-se as cadeiras todos se deitam no chão, e colocam as pernas para cima encostadas na parede. A “pastora” toma de seu frasco de ”óleo da unção” e sai ungindo as pernas de todo mundo. Gritos de aleluias se ouvem de um lado a outro da rua. Os vizinhos se incomodam, reclamam, o grupo agora sente que o inimigo está perseguindo o avanço da obra e decide alugar um salão em um ponto estratégico do bairro para se reunirem. Surge então a ideia final: - Que tal criarmos uma nova denominação, totalmente diferente das demais? A gente unge nossa irmã como nossa bispa, que maravilha!
Arrecada-se o dinheiro da primeira locação, compram-se as cadeiras, mas ainda falta um pequeno detalhe. Qual será o nome da nova igreja? Depois de muita discussão, após uma oração, a pastora encerra os debates: - Vi um anjo descendo trazendo nas mãos uma tábua branca como a neve escrita com letras de ouro, escrita assim: IGREJA COMUNIDADE EVANGÉLICA NEOPENTECOSTAL DO ANJO DA CONFIRMAÇÃO PRIMITIVA RENOVADA DAS PERNAS PARA CIMA.
Em meio a glórias e aleluias, nasce a denominação de pernas para cima.
Eis um dos porquês das centenas de novas instituições religiosas criadas dia a dia no Brasil, com as facilidades legais.
Muitas, porém, seguem verdadeiramente de pernas para o ar; dentro da lei, porém, sem doutrina, sem rumo, sem destino; sem os pés no chão do caminho de Cristo e com a cabeça, muitas vezes, distante dos céus.
Autor: João Ribeiro
Fonte: [ EclesiaNet ]
Via: [ Ultimato ] / [ Emeurgência ]
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