Olho Cego e Ouvido Surdo ( parte 2)

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Por: Charles Spurgeon

Olho cego e ouvido surdo no início de um novo ministério

Ampliando o meu texto, antes de tudo quero dizer que, quando você iniciar um ministério, organize-se, mentalmente, de modo a iniciá-lo como uma folha em branco, ficando cego às diferenças já existentes que se encontrem na igreja. Logo ao entrar, você vai ser procurado por pessoas ansiosas para receber o seu apoio para o lado delas, em alguma disputa familiar ou eclesiástica. Olho cego e ouvido surdo a essas pessoas, afirmando-lhes que o que passou, passou para você, e que você não vai querer herdar um prato de comida fria deixado pelo seu antecessor.

Se houve uma flagrante injustiça, faça o possível para remediá-la. Mas se for apenas uma disputa entre duas partes, fique quieto, dizendo, de uma vez por todas, que nada tem a ver com o fato. Esta resposta de Gálio pode ajudar: ”Se fosse um caso de imoralidade, pensem no que eu poderia fazer com vocês, ... mas se é apenas uma questão de palavras, de nomes e de vãs conversas, saibam que eu não sou juiz destes assuntos”.

Quando eu cheguei à Capela da New Park Street, ainda jovem, vindo do campo, tendo sido escolhido para ser pastor ali, logo fui procurado por um homem, o qual havia abandonado a igreja, porque foi, conforme ele contou, “tratado vergonhosamente”. Ele mencionou os nomes de meia dúzia de pessoas, todas elas membros importantes daquela igreja, as quais “haviam se comportado com ele de um modo não cristão, sendo ele um pobre sofredor, um modelo de paciência e santidade...” Fiquei conhecendo, imediatamente, o seu caráter pelo que ele falou sobre os outros (um meio de julgamento que nunca me desviou da verdade) e isto preparou minha mente para agir no seu caso. Eu lhe disse que a igreja estava num triste estado de desorganização e que a única maneira de resolver o problema seria esquecer tudo que havia passado e recomeçar. Ele disse que o passar dos anos não alterava os fatos; porém, respondi que ele alteraria a visão de um homem, se, naquele tempo, ele tivesse se tornado mais sábio e melhor. Contudo, acrescentei, todos os fatos que aconteceram com o meu antecessor devem ser levados para uma nova esfera, a fim de serem ali estabelecidos, e que eu não iria tratá-los apenas com um par de calças. Ele ficou exaltado, esperei que voltasse ao normal, quando, então, ele sacudiu as mãos e partiu.

Ele era um bom homem, mas estava cheio de mágoa, de modo que havia apontado os outros, várias vezes, de modo agressivo, e se eu entrasse no assunto e fosse examinar o caso, não haveria mais fim para aquela disputa.

Tenho absoluta certeza de que, para ser bem sucedido e para o bem da igreja, eu agi corretamente, aplicando com aquele homem olho cego e ouvido surdo, não somente naquele caso, como em todos os outros casos, que haviam acontecido, antes de minha chegada à igreja.

É muita falta de sabedoria que um jovem recém saído do seminário, ou vindo de outro cargo, seja logo contaminado pelo ouvido e se deixe ludibriar pela gentileza e lisonja, tornando-se partidário de alguma causa, atraindo, assim, a inimizade da metade do seu povo.

Não queira saber coisa alguma dos partidos e desavenças; antes, seja pastor de todo o rebanho e tome conta de todas as ovelhas, agindo com imparcialidade. Bem-Aventurados os pacificadores...” é a exata maneira de alguém ser um pacificador, ficando longe do fogo da disputa. Nunca zombe dela, nem acirre os ânimos; não acrescente combustível, antes permita que ela queime sozinha. Comece o seu ministério com olho cego e ouvido surdo.

FONTE: http://www.wayoflife.org/. “The Blind Eye and the Deaf Ear” - extraido de Lectures to My Students: Charles Spurgeon.
Tradução livre de Mary Schultze, em 03/03/2010.

Via: [ Projeto Spurgeon ]

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