Por Daniel Grubba
O titulo do post dá a entender que vamos falar sobre a podridão do Senado ou algo do tipo, mas não é nada disso. A "crise ética" não é exclusividade do Senado, antes fosse. Ela chegou para valer nas igrejas evangélicas e tem dado muito "pano para manga".
Parece que não temos mais nada para falar, não é mesmo? Acontece que ultimamente temos recebido muitos textos, pesquisas, artigos, matérias e livros, que abordam a crescente decepção dos fiéis em relação as igrejas evangélicas institucionalizadas. E não é aconselhável varrer a sujeira para debaixo do tapete. Temos que mostrar ferida (sim, elas existem!) para depois procurar a cura.
Em particular há dois livros destinados a se tornarem best-seller. O primeiro é Porque você não quer mais ir à igreja? - além de ser um sucesso absoluto de divulgação entre os blogueiros cristãos, também não para de crescer na lista de livros mais vendidos do ranking Veja. O segundo livro, Feridos em nome de Deus, foi escrito pela jornalista Marília de Camargo César, que após ver sua antiga igreja ruir em escândalos, ferindo diversos membros, resolveu abordar delicado tema do "abuso espiritual" (Este livro está dando o que falar. Esgotado em 48 horas, também alvo de interesse da mídia secular).
Também quero destacar a atenção para uma matéria da revista Enfoque escrita por Joel Macedo, onde o jornalista aborda o crescimento do movimento dos "Evangélicos sem igreja" (para ler a matéria completa). Ele escreve:
O crescimento numérico da igreja evangélica tem impressionado a todos. Entretanto, pesquisadores revelam que o grupo que mais tem crescido nos últimos anos é o dos “crentes sem igreja” – pessoas convertidas, mas que, decepcionadas com os rumos da pregação e da instituição, optaram por uma caminhada pessoal, vivida na intimidade, ou então pela formação de pequenos grupos nos lares, reeditando ocristianismo do primeiro século .
Porque será que há tantos decepcionados? Será que o modelo de governo esclesiástico não supre mais os anseios de um mundo pós-moderno? Será que se trata de uma nova reforma?
Bom, são tantas questões e subsequentes repostas que não chegaríamos jamais ao fim do debate. No entanto, gostaria de destacar uma particularidade do movimento evangélico que tem revelado ao mundo, não exatamente o amor de Cristo como ele idealizou (Jo 13.35), mas uma face egoísta, bajuladora e manipuladora - principalmente quando os escândalos financeiros vem a tona e deixam transparecer a " crise ética" em que todos nós estamos envolvidos.
Podemos perguntar: Como algo tão nobre como a religião, a busca de Deus, pode se converter em legitimação de tantos sofrimentos e abusos? O teólogo da libertação Jung Mo Sung nos ajuda a entender:
Geralmente as pessoas que se dedicam exclusivamente à religião - os sacerdortes - não produzem diretamente o necessário à própria sobrevivência. Afinal, eles dedicam integralmente o seu tempo aos assuntos religiosos (...) Assim seu sustento provém de uma parte não consumida pelos próprios produtores. Chama-se a parte excedente. Numa sociedade dividida em classes sociais, o excedente geralmente é controlado pelos "ricos". Isso significa que a construção de grandes templos, as despesas com o culto, a manutenção dos sacerdotes e os outros gastos são cobertos em grande parte pelos "ricos" (...) Ora, essa "aliança" da classe dominante com a classe sacerdotal (...) condiciona drasticamente o discurso religioso ... A dependência econômica, ou o casamento da religião com o poder, é fonte de tentação para a manipulação de Deus e da religião . (Jung Mo Sung em Deus: Ilusão ou realidade? p. 24.)
Marília de Camargo César, autora do livro Feridos em nome de Deus, acredita que parte desta "crise ética" está enraizada na bajulação das ovelhas aos líderes autoritários e o envolvimento financeiro da relação :
Muitos ministros sinceros e usados por Deus para ajudar pessoas combalidas por problemas gravíssimos passam a considerar normal receber bens valiosos, como retribuição. Conheço pastores que foram abençoados com carro importado, jóias, viagens ao exterior, roupas degrife ... A reincidência de tais ações , contudo, pode contaminar o relacionamento entre pastores e ovelhas. E o estatuto das igrejas não contempla limites éticos para essas doações, como fazem, por exemplo, as empresas. Essa cultura de retribuir a homens dádivas obtidas de Deus pode facilmente degenerar para a mais pura bajulação e levar o pastor aadotar atitude tendenciosa no momento de julgar questões entre irmãos de diferentes condições sociais. (Marília de Camargo César, Feridos em nome de Deus, p.36).
Não é segredo para ninguém que a crise ética gira em torno da busca pelo poder-dinheiro, e ficar recebendo mimos - descriteriosamente - é um perigo sutil e eficaz. Tiago, irmão do Senhor, já tinha alertado a igreja quanto a isso em sua pequena carta no capítulo 2, verso 2 a 6, que diz:
Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
Deus nos livre desta rendição a Mamon (riquezas), deste favorecimento aos ricos em detrenimento dos pobres, senão um dia aparecerá em alguma biboca santa por ai: O último a sair apague a luz. E há quem diga que estará assinado por Jesus. Pois e ele que diz: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. (Ap 2.5)
Autor: Daniel Grubba
Fonte: [ Soli Deo Gloria ]
.
O titulo do post dá a entender que vamos falar sobre a podridão do Senado ou algo do tipo, mas não é nada disso. A "crise ética" não é exclusividade do Senado, antes fosse. Ela chegou para valer nas igrejas evangélicas e tem dado muito "pano para manga".
Parece que não temos mais nada para falar, não é mesmo? Acontece que ultimamente temos recebido muitos textos, pesquisas, artigos, matérias e livros, que abordam a crescente decepção dos fiéis em relação as igrejas evangélicas institucionalizadas. E não é aconselhável varrer a sujeira para debaixo do tapete. Temos que mostrar ferida (sim, elas existem!) para depois procurar a cura.
Em particular há dois livros destinados a se tornarem best-seller. O primeiro é Porque você não quer mais ir à igreja? - além de ser um sucesso absoluto de divulgação entre os blogueiros cristãos, também não para de crescer na lista de livros mais vendidos do ranking Veja. O segundo livro, Feridos em nome de Deus, foi escrito pela jornalista Marília de Camargo César, que após ver sua antiga igreja ruir em escândalos, ferindo diversos membros, resolveu abordar delicado tema do "abuso espiritual" (Este livro está dando o que falar. Esgotado em 48 horas, também alvo de interesse da mídia secular).
Também quero destacar a atenção para uma matéria da revista Enfoque escrita por Joel Macedo, onde o jornalista aborda o crescimento do movimento dos "Evangélicos sem igreja" (para ler a matéria completa). Ele escreve:
O crescimento numérico da igreja evangélica tem impressionado a todos. Entretanto, pesquisadores revelam que o grupo que mais tem crescido nos últimos anos é o dos “crentes sem igreja” – pessoas convertidas, mas que, decepcionadas com os rumos da pregação e da instituição, optaram por uma caminhada pessoal, vivida na intimidade, ou então pela formação de pequenos grupos nos lares, reeditando ocristianismo do primeiro século .
Porque será que há tantos decepcionados? Será que o modelo de governo esclesiástico não supre mais os anseios de um mundo pós-moderno? Será que se trata de uma nova reforma?
Bom, são tantas questões e subsequentes repostas que não chegaríamos jamais ao fim do debate. No entanto, gostaria de destacar uma particularidade do movimento evangélico que tem revelado ao mundo, não exatamente o amor de Cristo como ele idealizou (Jo 13.35), mas uma face egoísta, bajuladora e manipuladora - principalmente quando os escândalos financeiros vem a tona e deixam transparecer a " crise ética" em que todos nós estamos envolvidos.
Podemos perguntar: Como algo tão nobre como a religião, a busca de Deus, pode se converter em legitimação de tantos sofrimentos e abusos? O teólogo da libertação Jung Mo Sung nos ajuda a entender:
Geralmente as pessoas que se dedicam exclusivamente à religião - os sacerdortes - não produzem diretamente o necessário à própria sobrevivência. Afinal, eles dedicam integralmente o seu tempo aos assuntos religiosos (...) Assim seu sustento provém de uma parte não consumida pelos próprios produtores. Chama-se a parte excedente. Numa sociedade dividida em classes sociais, o excedente geralmente é controlado pelos "ricos". Isso significa que a construção de grandes templos, as despesas com o culto, a manutenção dos sacerdotes e os outros gastos são cobertos em grande parte pelos "ricos" (...) Ora, essa "aliança" da classe dominante com a classe sacerdotal (...) condiciona drasticamente o discurso religioso ... A dependência econômica, ou o casamento da religião com o poder, é fonte de tentação para a manipulação de Deus e da religião . (Jung Mo Sung em Deus: Ilusão ou realidade? p. 24.)
Marília de Camargo César, autora do livro Feridos em nome de Deus, acredita que parte desta "crise ética" está enraizada na bajulação das ovelhas aos líderes autoritários e o envolvimento financeiro da relação :
Muitos ministros sinceros e usados por Deus para ajudar pessoas combalidas por problemas gravíssimos passam a considerar normal receber bens valiosos, como retribuição. Conheço pastores que foram abençoados com carro importado, jóias, viagens ao exterior, roupas degrife ... A reincidência de tais ações , contudo, pode contaminar o relacionamento entre pastores e ovelhas. E o estatuto das igrejas não contempla limites éticos para essas doações, como fazem, por exemplo, as empresas. Essa cultura de retribuir a homens dádivas obtidas de Deus pode facilmente degenerar para a mais pura bajulação e levar o pastor aadotar atitude tendenciosa no momento de julgar questões entre irmãos de diferentes condições sociais. (Marília de Camargo César, Feridos em nome de Deus, p.36).
Não é segredo para ninguém que a crise ética gira em torno da busca pelo poder-dinheiro, e ficar recebendo mimos - descriteriosamente - é um perigo sutil e eficaz. Tiago, irmão do Senhor, já tinha alertado a igreja quanto a isso em sua pequena carta no capítulo 2, verso 2 a 6, que diz:
Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
Deus nos livre desta rendição a Mamon (riquezas), deste favorecimento aos ricos em detrenimento dos pobres, senão um dia aparecerá em alguma biboca santa por ai: O último a sair apague a luz. E há quem diga que estará assinado por Jesus. Pois e ele que diz: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. (Ap 2.5)
Autor: Daniel Grubba
Fonte: [ Soli Deo Gloria ]
.
1 comentários:
vc ganhou um kit rabbi entre no nosso blog e saiba como receber http://blogdorabbi.blogspot.com/
ResponderPostar um comentário
Política de moderação de comentários:
1 - Poste somente o necessário. Se quiser colocar estudos, artigos ou textos grandes, mande para nós por e-mail: bereianos@hotmail.com
2 - A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Comentários com conteúdo ofensivo não serão publicados, pois debatemos idéias, não pessoas. Discordar não é problema, visto que na maioria das vezes redunda em edificação e aprendizado. Contudo, discorde com educação e respeito.
3 - Comentários de "anônimos" não serão necessariamente postados. Procure sempre colocar seu nome no final de seus comentários (caso não tenha uma conta Google com o seu nome) para que seja garantido o seu direito democrático neste blog. Lembre-se: você é responsável direto pelo que escreve.
4 - A aprovação de seu comentário seguirá os nossos critérios. O Blog Bereianos tem por objetivo à edificação e instrução. Comentários que não seguirem as regras acima e estiver fora do contexto do blog, não serão publicados.
Para mais informações, clique aqui!
Blog Bereianos!