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Por Augustus Nicodemus Lopes
Quando os Discípulos Receberam o Espírito Santo?
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos (João 20.21-23)
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos (João 20.21-23)
No domingo em que ressuscitou, o Senhor Jesus apareceu à
tarde aos discípulos, que estavam trancados com medo dos judeus (João
20.19-20). Todos estavam presentes na casa, menos Tomé. Após saudá-los e
mostrar-lhes as mãos e o lado, o Senhor assoprou e disse-lhes: “Recebei
o Espírito Santo” (Jo 20.22). Este dito é considerado difícil porque
sugere que os discípulos receberam o Espírito Santo antes de Pentecostes
e antes de Jesus ter sido glorificado, criando os seguintes problemas:
1.
Como Jesus pôde conceder o Espírito antes de ser glorificado, quando
Ele mesmo havia dito que o Espírito só poderia vir após a Sua
glorificação?
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Confira estas passagens:
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Confira estas passagens:
Isto ele disse com
respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o
Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado (Jo 7.39);
Mas eu vos digo a verdade: convém-vos
que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros;
se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei (Jo 16.7).
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2. Os discípulos receberam o Espírito duas vezes, uma antes da exaltação de Cristo e outra após a mesma, no dia de Pentecostes?
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De acordo com o livro de Atos, os discípulos receberam o Espírito após Jesus ter subido aos céus, ter sido exaltado à direita do Pai, e derramado o Espírito no dia de Pentecostes (veja Atos 2.1-4 e 2.33). A frase de Jesus “recebei o Espírito” (Jo 20.22) parece sugerir que houve um outro momento, antes de Pentecostes, em que Jesus deu o Espírito aos discípulos.
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De acordo com o livro de Atos, os discípulos receberam o Espírito após Jesus ter subido aos céus, ter sido exaltado à direita do Pai, e derramado o Espírito no dia de Pentecostes (veja Atos 2.1-4 e 2.33). A frase de Jesus “recebei o Espírito” (Jo 20.22) parece sugerir que houve um outro momento, antes de Pentecostes, em que Jesus deu o Espírito aos discípulos.
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Vejamos as principais tentativas de explicação para este dito difícil de Jesus.
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1. O apóstolo João escreveu uma versão estilizada do dia de Pentecostes
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Esta primeira explicação defende que o apóstolo João descreveu o dia de Pentecostes de forma estilizada e simbólica, como sendo Jesus assoprando o Espírito sobre os discípulos. O fato nunca realmente teria acontecido. É apenas uma descrição simbólica do que aconteceu em Pentecostes. Após narrar a ressurreição do Senhor, João menciona a Grande Comissão (“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”) e simbolicamente descreve o dia de Pentecostes como sendo o assopro de Jesus sobre os discípulos.
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Esta primeira explicação defende que o apóstolo João descreveu o dia de Pentecostes de forma estilizada e simbólica, como sendo Jesus assoprando o Espírito sobre os discípulos. O fato nunca realmente teria acontecido. É apenas uma descrição simbólica do que aconteceu em Pentecostes. Após narrar a ressurreição do Senhor, João menciona a Grande Comissão (“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”) e simbolicamente descreve o dia de Pentecostes como sendo o assopro de Jesus sobre os discípulos.
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Colocando de uma maneira ainda mais
clara: de acordo com esta interpretação, os eventos narrados por João em
20.19-23 nunca aconteceram realmente. Esta passagem seria uma descrição
figurada do dia de Pentecostes, que João elaborou de acordo com seu
estilo altamente simbólico. Portanto, houve apenas um Pentecostes e
apenas um momento em que os discípulos receberam o Espírito. O que temos
no Evangelho de João é a versão estilizada deste evento. João 20.22
corresponde a Atos 2.1-4.
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Há vários problemas com esta
interpretação. (1) Ela não corresponde exatamente aos eventos
acontecidos em Pentecostes, pois após terem recebido o Espírito, os
discípulos não saíram para evangelizar e nem mesmo foram capazes de
convencer Tomé (veja João 20.24-25); (2) Tomé não estava presente e isto
quer dizer que ele não recebeu o Espírito; (3) A maior dificuldade é
que esta interpretação lança dúvidas sobre a historicidade dos eventos
narrados por João em seu Evangelho. Se a narrativa que estamos
analisando é simbólica, segue-se que as demais narrativas em João também
podem ser simbólicas. E quem vai nos dizer quais são e quais não são?
Porém, percebe-se claramente que João relata eventos em seu Evangelho
como sendo históricos, e não como sendo eventos que simbolizam outros
eventos. Esta interpretação, portanto, deve ser rejeitada.
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2. Os discípulos receberam o Espírito duas vezes
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Essa
segunda interpretação percebe a diferença que há entre o evento narrado
em João 20.22 e o relato do dia de Pentecostes em Atos 2.1-4, e por
considerar ambos como históricos, conclui que se trata de dois fatos
distintos. Ou seja, no dia em que ressuscitou e apareceu aos apóstolos,
Jesus lhes deu o Espírito pela primeira vez. Após ter sido exaltado,
deu-lhes o Espírito pela segunda vez, no dia de Pentecostes. No primeiro
caso, foi para fortalecimento e preparação para a vinda completa e
plena do Espírito no dia de Pentecostes. Alguns, como Martyn
Lloyd-Jones, sugerem que na primeira vez Jesus deu o Espírito para
formar a Igreja, e que na segunda, em Pentecostes, deu o Espírito como
poder para testemunhar.
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Muita embora esta interpretação seja
melhor do que a primeira por considerar a historicidade e realidade do
relato de João, ela ainda deixa a desejar em alguns aspectos, o mais
importante sendo o fato de que acarreta três recebimentos distintos do
Espírito Santo por parte dos discípulos. Entendemos que o Espírito Santo
agia nos crentes antes de Pentecostes exatamente da mesma forma como
agia nos crentes que viveram após Pentecostes, isto é, regenerando-os e
habitando neles. De que outra forma eles poderiam crer e ser
santificados? Os discípulos eram crentes antes de Jesus morrer e
ressuscitar. O próprio Senhor reconheceu que Pedro havia crido nEle, por
revelação de Deus (Mt 16.17), que os discípulos já estavam limpos (Jo
15.3). Portanto, os discípulos eram crentes e tinham o Espírito. Se a
interpretação de João 20.22 que estamos analisando é correta, significa
que eles receberam o Espírito três vezes: ao serem convertidos durante o
ministério terreno de Jesus, no dia da ressurreição de Cristo na sala
trancada, e finalmente no dia de Pentecostes.
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Essa
multiplicidade de recebimentos do Espírito – coisa que nos parece
bastante estranha ao Novo Testamento – tornam esta interpretação
inaceitável.
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3. Jesus fez apenas uma promessa
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De
acordo com esta interpretação, o Senhor Jesus apenas reforçou a promessa
da vinda do Espírito, a qual se deu no dia de Pentecostes. Apesar dEle
ter dito “recebei o Espírito”, os apóstolos só receberam de fato no dia
de Pentecostes. A expressão no imperativo (“recebei”) foi para indicar a
certeza de que eles haveriam de receber o Espírito: era tão certo que
já poderiam considerar com algo acontecido. Em outras palavras, João
20.22 é a versão de João, não de Pentecostes, mas daquelas ocasiões em
que o Senhor ressurreto prometeu aos discípulos que haveriam de receber o
Espírito, veja Atos 1.4-5 e 8.
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Jesus soprou e nada parece ter
acontecido, pela razão simples de que era uma promessa, a qual
cumpriu-se em Pentecostes. Essa é a interpretação que preferimos.
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Fonte: [ O Tempora! O Mores! ]
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