Pequenas igrejas, grandes negócios. Ditado ou realidade?

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Há alguns anos atrás fui indicado para o pastorado de uma igreja. Quem indicou o meu nome foi um pastor amigo, membro do presbitério ao qual pertencia aquela igreja. Os dias se passavam e não recebi nenhum contato do Conselho. Nunca fui convidado para pregar em um culto daquela igreja; não sei se o meu nome foi, sequer, cogitado como possível candidato ao pastorado daquela igreja. Mas fiquei sabendo de algo que me deixou estarrecido. O Conselho havia contratado uma consultoria para traçar o perfil de pastor que aquela comunidade precisava. Minha decepção não foi o fato de não ter sido escolhido, mas o fato de saber que o critério para aquele Conselho escolher um pastor era empresarial, não vocacional.

A Igreja corre grandes riscos em nossos dias. Um deles é o risco de ser administrada como uma empresa. Em muitos contextos valoriza-se os “planejamentos estratégicos” mais do que a oração e dependência de Deus para o desenvolvimento da vocação da igreja. Muitas lideranças não se contentam apenas em planejar ações, mas planejam também os resultados de suas ações. Há os que querem convencer as lideranças de igrejas de que é necessário planejar o quanto a comunidade quer crescer por ano, quantas conversões a igreja espera alcançar, etc. Sinceramente, não creio que seja competência da igreja planejar conversões, pois não é ela que converte, e sim, o Espírito Santo.

A visão empresarial tem afetado a igreja a ponto de os pastores serem vistos como executivos, e terem seus currículos analisados friamente pelos conselhos interessados a fim de se escolher o melhor gestor. Os membros das igrejas são vistos, muitas vezes, como meros clientes a serem satisfeitos e agraciados, e o Evangelho se torna um produto a ser vendido. Por isso ouvem-se tantos termos próprios da vida empresarial no meio eclesiástico, como mercado, estratégia, gestão, marketing, etc. A situação é tão complexa que há igrejas sendo gerenciadas como franquias e até pastor patenteando nome de denominação.

Quando Jesus disse que estava edificando a sua Igreja, ele não pensou simplesmente em uma organização; ele pensou em um organismo. Ele não pensou em estratégias, nem marketing, nem mesmo nos resultados. Ele não chamou apóstolos para serem gerentes de um projeto, nem executivos de uma organização. Ele vocacionou pastores. Ele não chamou clientes, consumidores de um produto, mas chamou discípulos. Ele não chamou partidários de uma estratégia, mas seguidores da mensagem redentora do Evangelho.

Será que estamos seguindo a visão de Cristo sobre a Igreja? Ou será que o ditado “pequenas igrejas, grandes negócios” está se tornando uma realidade? A minha esperança é o fato de Cristo ter dito que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua igreja. O que me conforta é saber que o inferno pode prevalecer contra empresas, marcas, estratégias e patentes, mas não contra a verdadeira Igreja que Cristo edificou.

Autor: Agnaldo Silva Mariano
Fonte: [ Creio e Confesso ]

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1 comentários:

Paz seja contigo

Situação crítica a das lideranças evangélicas, tenho denunciado todo o tipo de manipulação e heresia que parece piedade , mas é interese pessoal. Agora neste momento a guerra é contra a manipulaçação para votar em candidatos pré-definidos.

Respeitosamente convido aos irmãos e leitores que leiam em detalhes o que presenciei num seminário de crescimento espiritual, sobre o qual fiz o relato.

Permaneça na Graça e nela frutifique

Seja bem vindo em meu blog e se puder ser edificado na Palavra

atalaia do castelo.blogspot.com

Nicodemos

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