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Todos os anos, milhões de pessoas viajam para Jerusalém com o objetivo de conhecer os locais considerados sacros. Muitas igrejas evangélicas tentam ir, ao menos uma vez por ano, para Israel e dizem que a experiência mística é completamente diferente. Existem agências de viagem especializadas no turismo religioso para a “Terra Santa”. É um mercado bem explorado e rentável. Não nego que deve ser emocionante pisar nos mesmos lugares que Jesus e os Doze pisaram. Localidades que lemos sobre elas nos Evangelhos. Todavia, devemos ter o cuidado de não deixar que a emoção sobreponha a razão e negue algo que está claro nas Escrituras: Jerusalém não é uma terra santa.
Não existe respaldo bíblico para afirmarmos que exista um território físico, hoje, mais santo do que qualquer outra parte do planeta. Tal conclusão é um equívoco de uma promessa de Deus feita para seu povo. Quando olhamos para o conceito da “terra prometida” na Bíblia, temos que observá-la na perspectiva da redenção. Quando o pecado entrou no mundo, através do primeiro casal, não apenas o homem foi infectado, toda a terra foi. Deus disse a Adão: “Maldita é a terra por tua causa” Gn 3.17.
Se observarmos para os efeitos noéticos que o pecado causou em toda a terra, entenderemos melhor a promessa feita à Abraão (Gn 12.1). Um lugar especial entregue para os descendentes do patriarca hebreu foi reafirmado para Moisés, responsável por conduzir os hebreus do cativeiro Egípcio para Canaã (mas não entrou com eles), terra que mana leite e mel (Ex 3.8). Todavia, este local não era o único em que o Senhor habitava, não podemos restringir Deus a um pedacinho do mundo criado e governado por Ele. Afinal: “Ao Senhor, ao seu Deus, pertencem os céus e até os mais altos céus, a terra e tudo o que nela existe.” Dt 10:14.
Temos que entender que a posse desta terra dada aos hebreus, serve como mais uma das tipologias da antiga aliança. Abraão não seria apenas herdeiro de um pedaço de chão na Palestina, ele seria herdeiro do mundo (Rm 4.13). E assim ele se torna pai de muitas nações (Rm 4.16-17) e não apenas dos judeus. Canaã, e mais especificamente Jerusalém, cumpriu um papel de “sombra” para aquilo que na nova aliança se tornaria realidade. Da mesma forma que o tabernáculo, a lei, o sacerdócio e os sacrifícios não tinham um fim em si mesmo, mas apontavam para a plenitude da pessoa e do ministério de Cristo, assim também devemos entender a questão da terra. O próprio Abraão entendeu que embora a posse da terra fosse algo que aconteceria de maneira factível, ele já havia compreendido que empossar-se dela era um indicativo de que herdaria algo maior. Além de antever a Jerusalém terrena, ele anteviu, creu e ansiou pela Jerusalém celestial (Hb 11.16).
Em Isaías 19:18-25 temos uma predição de futuro que abraça a ideia da redenção do mundo e qual o papel de Israel nisso. A Salvação chegará ao Egito e lá será um centro de adoração a Deus (vs. 18 e 19). Isto é uma representação da salvação do mundo gentílico. Israel será mediador deste plano, pois vem dela o Salvador (Jo 4.22). O profeta fala de uma estrada que será construída do Egito até a Assíria (v. 23). Tal estrada é um caminho que corta Jerusalém, e os egípcios passarão para a Assíria e os assírios passarão para o Egito para cultuarem juntos. Reparem que Jerusalém não é tida como o centro da adoração. Os dois povos representando o mundo gentio ganham o status que pertencem a Israel “benção” e “obras de minhas mãos” (v.25). Assim Israel cumpriu o seu propósito de que por meio dela, seriam abençoadas todas as famílias da terra (Gn 22.18). Assim todos que estavam distantes agora estão perto (Ef 2.14-17).
Atualmente vemos o cenário de guerra em que vive a nação de Israel. Eles reclamam para si aquele território físico e fazem dele o objeto final da promessa que Deus fez lá no passado para Abraão. Isto é uma demonstração do endurecimento em que ainda vivem muitos judeus, os quais negam que Cristo seja o Messias que as Escrituras apontavam. Tal como no tempo dos Macabeus ou no tempo dos Zelotes, os israelenses querem um Messias político que reine com eles na Palestina. Esta negação é um retrocesso, pois exige a continuação da antiga e limitada aliança. Estar debaixo de uma ordenança da antiga aliança é desprezar a obra de Cristo. Paulo exemplifica isso ao tratar da circuncisão, outra “sombra” da antiga aliança: “Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá” Gl 5.2.
Ademais, a aliança é condicional (Ex 19.5). A terra não é um presente de Deus para os ímpios, mas para os justos (vide Sl 37), a justificação veio por meio da fé em Cristo, então apenas os crentes no Senhor Jesus são, mediante a graça divina, considerados justos (Rm 3.21-26). Também devemos alertar para o que o apóstolo Paulo falou acerca de Jerusalém, quando traçou o comparativo entre os dois filhos de Abraão: Ismael, o filho da escrava Hagar e Isaque, o filho da livre, que é Sara: “Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe” Gl 4.25-26.
Portanto, podemos concluir que Jerusalém não é a terra santa e que este adjetivo não mais lhe cabe. Enquanto, nos moldes da antiga aliança, o Templo situado no centro da Cidade era o local em que estava a Shekinah, o título era adequado. Mas o Senhor tirou a Sua glória do Templo antes da chagada dos babilônicos (vide Ez 10) e mesmo após ter restaurado a glória da segunda casa (Ag 2.9), Jesus rasgou o véu do Templo (Mt 27.51) e este foi novamente destruído no ano 70 pelos romanos. Hoje a glória do Senhor está naqueles que O adoram, nem em Jerusalém e nem em Samaria, mas em Espírito e em Verdade (Jo 4.23-24). Deus, em Cristo, redimiu toda a terra que Adão maculou. Aguardemos então a verdadeira Jerusalém, santa e imaculada, no qual Jesus é o Senhor e que foi revelada a João, o apóstolo amado. Lá:
- Deus estará presente, habitando no meio do Seu povo (Ap 21.3).
- Não haverá morte, nem sofrimento, nem dor (Ap 21.4).
- Teremos acesso direto a fonte da vida (Ap 21.6).
- Não será preciso santuário, pois a glória do SENHOR iluminará todo o local (Ap 21. 22-24).
- Não terá nada contaminado pelo pecado (Ap 21.27).
- Nesse lugar, o fruto da árvore da vida, negado a Adão e Eva, enfim nos será dado (Ap 22. 2).
- A maldição será totalmente abolida do meio do povo remido (Ap 22.3).
Maranata! Ora, vem Senhor Jesus! (Ap 22.20)
***
Por Thiago Oliveira
Todos os anos, milhões de pessoas viajam para Jerusalém com o objetivo de conhecer os locais considerados sacros. Muitas igrejas evangélicas tentam ir, ao menos uma vez por ano, para Israel e dizem que a experiência mística é completamente diferente. Existem agências de viagem especializadas no turismo religioso para a “Terra Santa”. É um mercado bem explorado e rentável. Não nego que deve ser emocionante pisar nos mesmos lugares que Jesus e os Doze pisaram. Localidades que lemos sobre elas nos Evangelhos. Todavia, devemos ter o cuidado de não deixar que a emoção sobreponha a razão e negue algo que está claro nas Escrituras: Jerusalém não é uma terra santa.
Não existe respaldo bíblico para afirmarmos que exista um território físico, hoje, mais santo do que qualquer outra parte do planeta. Tal conclusão é um equívoco de uma promessa de Deus feita para seu povo. Quando olhamos para o conceito da “terra prometida” na Bíblia, temos que observá-la na perspectiva da redenção. Quando o pecado entrou no mundo, através do primeiro casal, não apenas o homem foi infectado, toda a terra foi. Deus disse a Adão: “Maldita é a terra por tua causa” Gn 3.17.
Se observarmos para os efeitos noéticos que o pecado causou em toda a terra, entenderemos melhor a promessa feita à Abraão (Gn 12.1). Um lugar especial entregue para os descendentes do patriarca hebreu foi reafirmado para Moisés, responsável por conduzir os hebreus do cativeiro Egípcio para Canaã (mas não entrou com eles), terra que mana leite e mel (Ex 3.8). Todavia, este local não era o único em que o Senhor habitava, não podemos restringir Deus a um pedacinho do mundo criado e governado por Ele. Afinal: “Ao Senhor, ao seu Deus, pertencem os céus e até os mais altos céus, a terra e tudo o que nela existe.” Dt 10:14.
Temos que entender que a posse desta terra dada aos hebreus, serve como mais uma das tipologias da antiga aliança. Abraão não seria apenas herdeiro de um pedaço de chão na Palestina, ele seria herdeiro do mundo (Rm 4.13). E assim ele se torna pai de muitas nações (Rm 4.16-17) e não apenas dos judeus. Canaã, e mais especificamente Jerusalém, cumpriu um papel de “sombra” para aquilo que na nova aliança se tornaria realidade. Da mesma forma que o tabernáculo, a lei, o sacerdócio e os sacrifícios não tinham um fim em si mesmo, mas apontavam para a plenitude da pessoa e do ministério de Cristo, assim também devemos entender a questão da terra. O próprio Abraão entendeu que embora a posse da terra fosse algo que aconteceria de maneira factível, ele já havia compreendido que empossar-se dela era um indicativo de que herdaria algo maior. Além de antever a Jerusalém terrena, ele anteviu, creu e ansiou pela Jerusalém celestial (Hb 11.16).
Em Isaías 19:18-25 temos uma predição de futuro que abraça a ideia da redenção do mundo e qual o papel de Israel nisso. A Salvação chegará ao Egito e lá será um centro de adoração a Deus (vs. 18 e 19). Isto é uma representação da salvação do mundo gentílico. Israel será mediador deste plano, pois vem dela o Salvador (Jo 4.22). O profeta fala de uma estrada que será construída do Egito até a Assíria (v. 23). Tal estrada é um caminho que corta Jerusalém, e os egípcios passarão para a Assíria e os assírios passarão para o Egito para cultuarem juntos. Reparem que Jerusalém não é tida como o centro da adoração. Os dois povos representando o mundo gentio ganham o status que pertencem a Israel “benção” e “obras de minhas mãos” (v.25). Assim Israel cumpriu o seu propósito de que por meio dela, seriam abençoadas todas as famílias da terra (Gn 22.18). Assim todos que estavam distantes agora estão perto (Ef 2.14-17).
Atualmente vemos o cenário de guerra em que vive a nação de Israel. Eles reclamam para si aquele território físico e fazem dele o objeto final da promessa que Deus fez lá no passado para Abraão. Isto é uma demonstração do endurecimento em que ainda vivem muitos judeus, os quais negam que Cristo seja o Messias que as Escrituras apontavam. Tal como no tempo dos Macabeus ou no tempo dos Zelotes, os israelenses querem um Messias político que reine com eles na Palestina. Esta negação é um retrocesso, pois exige a continuação da antiga e limitada aliança. Estar debaixo de uma ordenança da antiga aliança é desprezar a obra de Cristo. Paulo exemplifica isso ao tratar da circuncisão, outra “sombra” da antiga aliança: “Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá” Gl 5.2.
Ademais, a aliança é condicional (Ex 19.5). A terra não é um presente de Deus para os ímpios, mas para os justos (vide Sl 37), a justificação veio por meio da fé em Cristo, então apenas os crentes no Senhor Jesus são, mediante a graça divina, considerados justos (Rm 3.21-26). Também devemos alertar para o que o apóstolo Paulo falou acerca de Jerusalém, quando traçou o comparativo entre os dois filhos de Abraão: Ismael, o filho da escrava Hagar e Isaque, o filho da livre, que é Sara: “Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe” Gl 4.25-26.
Portanto, podemos concluir que Jerusalém não é a terra santa e que este adjetivo não mais lhe cabe. Enquanto, nos moldes da antiga aliança, o Templo situado no centro da Cidade era o local em que estava a Shekinah, o título era adequado. Mas o Senhor tirou a Sua glória do Templo antes da chagada dos babilônicos (vide Ez 10) e mesmo após ter restaurado a glória da segunda casa (Ag 2.9), Jesus rasgou o véu do Templo (Mt 27.51) e este foi novamente destruído no ano 70 pelos romanos. Hoje a glória do Senhor está naqueles que O adoram, nem em Jerusalém e nem em Samaria, mas em Espírito e em Verdade (Jo 4.23-24). Deus, em Cristo, redimiu toda a terra que Adão maculou. Aguardemos então a verdadeira Jerusalém, santa e imaculada, no qual Jesus é o Senhor e que foi revelada a João, o apóstolo amado. Lá:
- Deus estará presente, habitando no meio do Seu povo (Ap 21.3).
- Não haverá morte, nem sofrimento, nem dor (Ap 21.4).
- Teremos acesso direto a fonte da vida (Ap 21.6).
- Não será preciso santuário, pois a glória do SENHOR iluminará todo o local (Ap 21. 22-24).
- Não terá nada contaminado pelo pecado (Ap 21.27).
- Nesse lugar, o fruto da árvore da vida, negado a Adão e Eva, enfim nos será dado (Ap 22. 2).
- A maldição será totalmente abolida do meio do povo remido (Ap 22.3).
Maranata! Ora, vem Senhor Jesus! (Ap 22.20)
Fonte: Bereianos
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