apóstolos: os generais e ditadores da fé

Infelizmente nos últimos anos, alguns dos pastores brasileiros, têm procurado construir reinos onde os seus nomes pessoais estejm em relevante evidência. Isto é absolutamente perceptível no neopentecostalismo cujo apóstolos, profetas e paiostólos competem uns com outros em busca de títulos.

Como inúmeras vezes compartilhei, confesso que tenho estado impressionado com a capacidade de alguns dos evangélicos em criar coisas novas. Se não bastasse a “hierarquização do reino”, nossos arraiais têm sido tomados pelo súbito aparecimento de estruturas monárquicas, onde apóstolos em nome de Deus mandam e desmandam na vida alheia. Tais homens, como ditadores da fé, têm feito do rebanho de Cristo propriedade particular. Além disso, os apostolos em questão, sem o menor constrangimento “militarizaram” a comunidade dos santos, obrigando a seus liderados a se submeterem sem questionamento as suas ordens e determinações.

Em estruturas como estas, é absolutamente comum exigir-se dos crentes, submissão total. Em tais comunidades, a vida cristã é regida exclusivamente por um sistema onde coronelismo e arbitrariedade se misturam. Infelizmente, aqueles que porventura ousem opor-se a este estilo de liderança, sofrem sanções das mais estapafúrdias possíveis.

Em nome de Deus, tais pessoas rogam “pragas e desgraças” para aqueles que em algum momento da vida se contrapuseram a seus sonhos e vontade. É nesta perspectiva, que tem emergido em nossas comunidades o toma-la-dá-cá evangélico. Basta o chefe no trabalho ser um pouco mais chato pra se orar contra ele, ou até mesmo alguém discordar da forma do pastor conduzir o rebanho, que lá vem maldição. Em certas igrejas a palavra “rebeldia” tem sido usada para todo aquele que foge dos caprichos fúteis de uma liderança enfatuada. Em tais comunidades, discordar do pastor quase que implica com que o nome seja colocado na “boca gospel do sapo”.

Para piorar, tais líderes partem do pressuposto que o pastor em nome de Deus tem o poder de amaldiçoar outras pessoas através da oração positiva e determinante. Em outras palavras, tal ensinamento afirma categoricamente que aqueles que agem desta maneira, podem rogar ao Senhor da glória o aparecimento de desgraças e frustrações na vida de seus desafetos, determinando assim a desventura alheia.

À luz disso, não tenho a menor dúvida em afirmar que comportamentos como estes não ficam a dever em nada aos trabalhos de macumba e vodu que são feitos nas esquinas e encruzilhadas deste Brasil tupiniquim. Infelizmente a igreja evangélica mergulha em alta velocidade no buraco da sincretização, deixando pra tras valores, virtudes e princípios onde a afetividade e o amor deveriam ser marcas indeléveis de uma comunidade que conhece a Cristo.

Amados, não nos esqueçamos que somos o povo Deus, nação santa, sacerdotes do Deus vivo. Na perspectiva do reino, todos absolutamente TODOS possuem acesso ao trono da graça não necessitando assim criar estruturas monárquicas fundamentadas em experiências muitas das vezes esquizofrênicas e adoecedoras. Quero ressaltar que para nós cristãos, a essência da igreja resumi-se na maravilhosa verdade que nos ensina que fomos chamados para fora deste sistema perverso, ambíguo e separatista, e que agora, independente de classe, cor, posição social, reunimo-nos TODOS indistintamente em torno do Cristo nosso Senhor como a comunidade dos santos.


Autor: Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]
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3 comentários

Gresder Sil mod

Os lideres evangélicos são frutos de uma seleção natural, por isso, eles são perspicazes e esforçados na sua “visão”, titular de uma autoridade nata, possuidores de uma personalidade determinada, e bem dotados de uma inteligência fértil. São homens que, em um contexto militar, seriam comandantes de um exército e a nata de uma tropa de elite. São guerreiros imbatíveis e chefes militares corajoso por instinto.

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Será que todos foram ou são "discipulos" de Hitler,ao invés de serem discipulos de Jesus Cristo ???

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Anônimo mod

Não dá para deixar de comparar com o que se passou na Igreja Católica durante o período patrístico e depois... sacerdotes e bispos assumindo para si todo o poder administrativo nas comunidades, a 'autosuficiência' para excomungar os desafetos e por fim o conflito entre os patriarcados (Roma, Jerusalém, Antioquia e Alexanria), agravados com a institucionalização por Constantino e a criação imperial do patriarcado de Constantinopla... a idéia de um 'árbitro' final (suportado pelo conselho de anciãos como vemos no primeiro concílio em Jerusalém em que se resolve a questão dos não-judeus levantada por Paulo) como uma forma de coordenação - pervertida ao máximo e a suas variações críticas também seguindo pelo mesmo viés autoritário... assim, no autoritarismo, não se precisa demonstrar a Graça!

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