ATENÇÃO: o texto a seguir é um conto fantasioso. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Ou não!
Joãozinho (mas poderia ser Marquinho, Silazinho, Fernandinho, Estevãozinho, Macedinho ou qualquer outro) nasceu numa família humilde, lá no interior daquele Estado. Criado debaixo de grande rigidez por parte de seus pais, que quase nunca demonstravam qualquer tipo de afeto, carinho ou atenção. Também pudera, vida difícil, trabalho árduo no sol nosso de cada dia, para defender o pão, que não era de cada dia. Passou fome e necessidades gerais. Vestia-se mal, quando vestia alguma coisa. Dentre seus outros 18 irmãos, os mais velhos já tinham ido para a cidade grande, tentar novas oportunidades. Há anos não se tinha notícias deles. Mas Joãozinho, o derradeiro deles, estava lá, firme junto dos pais. Também puderá, novo como era não tinha escolha.
Joãozinho trabalhava com o pai na roça, desde muito cedo. Quando começou a dar os primeiros passos, já o incumbiam de pequenas tarefas. O menino cresceu. Certo dia, durante a lida, sol a pique, aparecem dois homens, bem vestidos, com um livro preto debaixo do braço. Meia hora de conversa com seu pai e Joãozinho vê uma cena nunca antes imaginada: seu pai de joelhos, chorando! Não sabia ele, mas naquele momento seu pai estava tomando a melhor escolha de sua vida: aceitando a Cristo como seu Senhor e Salvador, ali mesmo no meio do mato. Com medo de ser repreendido o menino não tomou muito tempo olhando aquilo, até porque tinha medo de que aqueles homens estranhos faziam com seu pai.
Findo o dia, voltam os dois para o humilde barraco onde viviam. Nenhuma palavra, nenhum comentário. Somente se notava uma diferença naquele homem. Ao chegarem, a ordem: "todos de banho tomado, temos um compromisso!". Compromisso? Isso é coisa de rico, da cidade grande. Mas lá foram eles, um a um, dos que ainda moravam ali. Pouco tempo depois estavam todos em cima da pequena carroça, rumo ao desconhecido.
Lá estava uma tenda, toda iluminada (coisa rara naquele lugar). Gente chegando aos montes, de todos os cantos. Joãozinho, bem como seus irmãos e seus pais, com a melhor roupa que tinham. Não sabiam, mas estavam numa igreja. Com o passar do tempo, algumas músicas entoadas, muita gente chorando, alguns orando em voz alta, outros falando umas coisas esquisitas que ninguém entendia, sobe ao palco um daqueles homens que tinha visitado seu pai, lá na roça. Apesar da pouca idade, por volta dos 8, 9 anos, Joãozinho já entendia bem das coisas afinal responsabilidade ele já tinha desde bem cedo.
O homem abre o livro da capa preta e começa a dizer acerca de um Homem, que sem dever nada, pagou o mais alto preço jamais imaginado. Foi humilhado, padeceu como nenhum outro e tudo sem culpa. Aquilo foi tomando Joãozinho de um sentimento nunca antes sentido e, quando menos esperava, já estava igual ao pai no trabalho e outros tantos naquele mesmo lugar: chorando. No final da mensagem aquele homem solicitou àqueles que tinham entendido a mensagem e que gostariam de se entregar para Jesus, que fossem à frente. Joãozinho estava lá, de joelhos, aos prantos. Não era emoção, não era sensacionalismo, mas arrependimento dos (poucos) pecados já cometidos. Queria conhecer mais Aquele de quem ouvira falar.
Com muito sacrifício a família resolveu comprar um daqueles livros de capa preta, a Bíblia Sagrada. Tornou-se leitura obrigatória naquela casa, todos os dias. Mas Joãozinho queria mais. Era o primeiro a acordar e o último a dormir e sempre estava fazendo leitura da mesma, ainda que com dificuldade pois pouco sabia ler. Orava continuamente e sentia a presença de Deus. O anos foram passando, Joãozinho já moço, começou a pregar aquela Mensagem que tanto falou em seu coração. Compromissado com Deus e com a Verdade, onde pregava o povo sentia a presença de Deus, se arrependia e mudava de vida. Um certo dia recebe um convite para pregar numa grande cidade. Sua vida nunca mais seria a mesma, a partir daquele dia.
Grande multidão lota um templo lindo, com som da melhor qualidade, recursos de iluminação que ele nem sequer imaginava que existisse, cadeiras confortáveis e tudo mais que se tinha direito. Foi recebido com muita festa, muita comemoração. Se sentiu importante. Quando o levaram para um estúdio para falar através de uma rádio então, ele ficou chocado. Começou a imaginar como aquele instrumento poderia ser útil para a propagação do Evangelho. Ficou mais maravilhado ainda quando o colocaram frente a uma televisão. Pensou consigo mesmo: um dia ainda terei um programa no rádio e na televisão para assim alcançar milhares, milhões de almas perdidas. Passado os dias na cidade grande, voltou para casa, mas não era o mesmo. Os dias se passavam e seu tempo era dividido entre a meditação na Palavra de Deus e uma forma de voltar à cidade grande e ter seu programa de rádio e na televisão afinal, assim alcançaria muito mais gente.
Devido às circunstâncias da vida, mais tarde acabou tendo que deixar o interior e ir para a capital afinal os tempos estavam difíceis e como homem formado, já poderia deixar a casa dos pais. Se estabeleceu numa grande capital, onde o rádio já não era tão utilizado quando a TV, mas ainda permanecia firme, como meio de comunicação. Logo tratou de juntar algum dinheiro e comprar seu primeiro horário. Não passava de dez minutos, quase na madrugada, mas lá estava ele pregando a mensagem da Cruz. O retorno foi bom, muita gente ligava na rádio e mandavam cartaz testemunhando sua conversão. Isso lhe enchia o coração de alegria. Até que um dia, pregando numa dessa grandes igrejas, notou que o povo não dava tanta importância para o que falava. Começou a ficar preocupado e imaginar o que acontecia. Conversa com um, discute com outro, analisa daqui, estuda dali, chegou a conclusão de que sua mensagem já não agradava tanto quanto antes. Para continuar o programa no rádio, precisou de buscar ajuda com amigos até que um dia um deles lhe disse: "Eu ajudo, mas você precisa parar de acusar o pecado. Isso assusta as pessoas". Como precisava do dinheiro afinal já não tinha mais dez minutos, agora já era uma hora de programa, topou o "conselho".
Concluiu seus estudos, fez até alguns doutorados em divindade, angelologia e outros. Era bem fácil, pois bastava enviar uma carta com um cheque no valor e em poucos dias recebia seu diploma. Ficou famoso, rodou o mundo. O tempo no rádio já não era suficiente, não "alcançava" tantas pessoas mais, resolveu partir para a TV. Foi aí que notou que, além do "retorno" em almas, tinha um bom retorno financeiro porque muitas eram as empresas que queriam anunciar. Se sentia importante, tinha muitos seguidores. Resolveu abandonar sua igreja, que tanto tempo o ajudou e abriu um ministério próprio, independente. Criou suas regras, suas "leis". Muita gente nos cultos, muito dinheiro na TV, venda de discos, CD's, fitas, livros e outras coisas; subiu ao coração. Tornou-se ambicioso, não queria mais um programa, queria um canal só pra ele. Já tinha uma (várias) igrejas, um canal de rádio, um caminhão para "evangelismo", faltava agora um canal de TV. E conseguiu!
Dizia ele que Deus tinha lhe "depositado" uma grande quantia em dinheiro na sua conta e, juntando com outrs fundos, conseguiu comprar uma pequena rede de televisão, quase falindo. O povo vibrava, achava aquilo maravilhoso, Deus estava naquela igreja, mais que nas outras. Tudo era diferente: Joãozinho agora, ao invez de ralar no trabalho, como fez boa parte da vida, malhava na academia particular que tinha em casa (e que casa!), não mais andava de carroça, só viaja de jatinho particular. Carro tem aos montes e algumas casas, inclusive, fora do Brasil. Vida boa, fortuna, fama, tudo o que se tem direito. Sua mensagem agora já não era mais de salvação da alma, mas sim da salvação das riquezas, que crente que é pobre esta debaixo de maldição. Só prega em lugar grande, com muita gente. Se alguém o convida para pregar, um dos seus 20 secretários e porta-voz apresentam o "orçamento": além do cachê, hotel 5 estrelas, camarim exclusivo com 20 quilos de salmão, 87 tolhas brancas dinamarquesas, 3,5 litros de perfume italiano dentre outros.
E Joãozinho, aquele lá da roça, que chorava aos pés de Jesus dia e noite, buscando salvação da sua alma? Morrera, a muito tempo. Mas, pobre Joãozinho, não sabe (ou melhor, sabe mas finge não saber) que um dia aquele mesmo Jesus que tanto o consolou nas madrugadas geladas, no meio da pobreza, da humildade, Ele mesmo se encarregará de lhe dizer: "Saia de perto de mim, você que pratica a iniquidade. Eu nunca te conheci". Acorda, Joãozinho, acorda enquanto ainda é tempo!
"Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto." Isaías 55
Autor: Danilo Miguel
Fonte: [ Blog Sem Forma ]
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Joãozinho (mas poderia ser Marquinho, Silazinho, Fernandinho, Estevãozinho, Macedinho ou qualquer outro) nasceu numa família humilde, lá no interior daquele Estado. Criado debaixo de grande rigidez por parte de seus pais, que quase nunca demonstravam qualquer tipo de afeto, carinho ou atenção. Também pudera, vida difícil, trabalho árduo no sol nosso de cada dia, para defender o pão, que não era de cada dia. Passou fome e necessidades gerais. Vestia-se mal, quando vestia alguma coisa. Dentre seus outros 18 irmãos, os mais velhos já tinham ido para a cidade grande, tentar novas oportunidades. Há anos não se tinha notícias deles. Mas Joãozinho, o derradeiro deles, estava lá, firme junto dos pais. Também puderá, novo como era não tinha escolha.
Joãozinho trabalhava com o pai na roça, desde muito cedo. Quando começou a dar os primeiros passos, já o incumbiam de pequenas tarefas. O menino cresceu. Certo dia, durante a lida, sol a pique, aparecem dois homens, bem vestidos, com um livro preto debaixo do braço. Meia hora de conversa com seu pai e Joãozinho vê uma cena nunca antes imaginada: seu pai de joelhos, chorando! Não sabia ele, mas naquele momento seu pai estava tomando a melhor escolha de sua vida: aceitando a Cristo como seu Senhor e Salvador, ali mesmo no meio do mato. Com medo de ser repreendido o menino não tomou muito tempo olhando aquilo, até porque tinha medo de que aqueles homens estranhos faziam com seu pai.
Findo o dia, voltam os dois para o humilde barraco onde viviam. Nenhuma palavra, nenhum comentário. Somente se notava uma diferença naquele homem. Ao chegarem, a ordem: "todos de banho tomado, temos um compromisso!". Compromisso? Isso é coisa de rico, da cidade grande. Mas lá foram eles, um a um, dos que ainda moravam ali. Pouco tempo depois estavam todos em cima da pequena carroça, rumo ao desconhecido.
Lá estava uma tenda, toda iluminada (coisa rara naquele lugar). Gente chegando aos montes, de todos os cantos. Joãozinho, bem como seus irmãos e seus pais, com a melhor roupa que tinham. Não sabiam, mas estavam numa igreja. Com o passar do tempo, algumas músicas entoadas, muita gente chorando, alguns orando em voz alta, outros falando umas coisas esquisitas que ninguém entendia, sobe ao palco um daqueles homens que tinha visitado seu pai, lá na roça. Apesar da pouca idade, por volta dos 8, 9 anos, Joãozinho já entendia bem das coisas afinal responsabilidade ele já tinha desde bem cedo.
O homem abre o livro da capa preta e começa a dizer acerca de um Homem, que sem dever nada, pagou o mais alto preço jamais imaginado. Foi humilhado, padeceu como nenhum outro e tudo sem culpa. Aquilo foi tomando Joãozinho de um sentimento nunca antes sentido e, quando menos esperava, já estava igual ao pai no trabalho e outros tantos naquele mesmo lugar: chorando. No final da mensagem aquele homem solicitou àqueles que tinham entendido a mensagem e que gostariam de se entregar para Jesus, que fossem à frente. Joãozinho estava lá, de joelhos, aos prantos. Não era emoção, não era sensacionalismo, mas arrependimento dos (poucos) pecados já cometidos. Queria conhecer mais Aquele de quem ouvira falar.
Com muito sacrifício a família resolveu comprar um daqueles livros de capa preta, a Bíblia Sagrada. Tornou-se leitura obrigatória naquela casa, todos os dias. Mas Joãozinho queria mais. Era o primeiro a acordar e o último a dormir e sempre estava fazendo leitura da mesma, ainda que com dificuldade pois pouco sabia ler. Orava continuamente e sentia a presença de Deus. O anos foram passando, Joãozinho já moço, começou a pregar aquela Mensagem que tanto falou em seu coração. Compromissado com Deus e com a Verdade, onde pregava o povo sentia a presença de Deus, se arrependia e mudava de vida. Um certo dia recebe um convite para pregar numa grande cidade. Sua vida nunca mais seria a mesma, a partir daquele dia.
Grande multidão lota um templo lindo, com som da melhor qualidade, recursos de iluminação que ele nem sequer imaginava que existisse, cadeiras confortáveis e tudo mais que se tinha direito. Foi recebido com muita festa, muita comemoração. Se sentiu importante. Quando o levaram para um estúdio para falar através de uma rádio então, ele ficou chocado. Começou a imaginar como aquele instrumento poderia ser útil para a propagação do Evangelho. Ficou mais maravilhado ainda quando o colocaram frente a uma televisão. Pensou consigo mesmo: um dia ainda terei um programa no rádio e na televisão para assim alcançar milhares, milhões de almas perdidas. Passado os dias na cidade grande, voltou para casa, mas não era o mesmo. Os dias se passavam e seu tempo era dividido entre a meditação na Palavra de Deus e uma forma de voltar à cidade grande e ter seu programa de rádio e na televisão afinal, assim alcançaria muito mais gente.
Devido às circunstâncias da vida, mais tarde acabou tendo que deixar o interior e ir para a capital afinal os tempos estavam difíceis e como homem formado, já poderia deixar a casa dos pais. Se estabeleceu numa grande capital, onde o rádio já não era tão utilizado quando a TV, mas ainda permanecia firme, como meio de comunicação. Logo tratou de juntar algum dinheiro e comprar seu primeiro horário. Não passava de dez minutos, quase na madrugada, mas lá estava ele pregando a mensagem da Cruz. O retorno foi bom, muita gente ligava na rádio e mandavam cartaz testemunhando sua conversão. Isso lhe enchia o coração de alegria. Até que um dia, pregando numa dessa grandes igrejas, notou que o povo não dava tanta importância para o que falava. Começou a ficar preocupado e imaginar o que acontecia. Conversa com um, discute com outro, analisa daqui, estuda dali, chegou a conclusão de que sua mensagem já não agradava tanto quanto antes. Para continuar o programa no rádio, precisou de buscar ajuda com amigos até que um dia um deles lhe disse: "Eu ajudo, mas você precisa parar de acusar o pecado. Isso assusta as pessoas". Como precisava do dinheiro afinal já não tinha mais dez minutos, agora já era uma hora de programa, topou o "conselho".
Concluiu seus estudos, fez até alguns doutorados em divindade, angelologia e outros. Era bem fácil, pois bastava enviar uma carta com um cheque no valor e em poucos dias recebia seu diploma. Ficou famoso, rodou o mundo. O tempo no rádio já não era suficiente, não "alcançava" tantas pessoas mais, resolveu partir para a TV. Foi aí que notou que, além do "retorno" em almas, tinha um bom retorno financeiro porque muitas eram as empresas que queriam anunciar. Se sentia importante, tinha muitos seguidores. Resolveu abandonar sua igreja, que tanto tempo o ajudou e abriu um ministério próprio, independente. Criou suas regras, suas "leis". Muita gente nos cultos, muito dinheiro na TV, venda de discos, CD's, fitas, livros e outras coisas; subiu ao coração. Tornou-se ambicioso, não queria mais um programa, queria um canal só pra ele. Já tinha uma (várias) igrejas, um canal de rádio, um caminhão para "evangelismo", faltava agora um canal de TV. E conseguiu!
Dizia ele que Deus tinha lhe "depositado" uma grande quantia em dinheiro na sua conta e, juntando com outrs fundos, conseguiu comprar uma pequena rede de televisão, quase falindo. O povo vibrava, achava aquilo maravilhoso, Deus estava naquela igreja, mais que nas outras. Tudo era diferente: Joãozinho agora, ao invez de ralar no trabalho, como fez boa parte da vida, malhava na academia particular que tinha em casa (e que casa!), não mais andava de carroça, só viaja de jatinho particular. Carro tem aos montes e algumas casas, inclusive, fora do Brasil. Vida boa, fortuna, fama, tudo o que se tem direito. Sua mensagem agora já não era mais de salvação da alma, mas sim da salvação das riquezas, que crente que é pobre esta debaixo de maldição. Só prega em lugar grande, com muita gente. Se alguém o convida para pregar, um dos seus 20 secretários e porta-voz apresentam o "orçamento": além do cachê, hotel 5 estrelas, camarim exclusivo com 20 quilos de salmão, 87 tolhas brancas dinamarquesas, 3,5 litros de perfume italiano dentre outros.
E Joãozinho, aquele lá da roça, que chorava aos pés de Jesus dia e noite, buscando salvação da sua alma? Morrera, a muito tempo. Mas, pobre Joãozinho, não sabe (ou melhor, sabe mas finge não saber) que um dia aquele mesmo Jesus que tanto o consolou nas madrugadas geladas, no meio da pobreza, da humildade, Ele mesmo se encarregará de lhe dizer: "Saia de perto de mim, você que pratica a iniquidade. Eu nunca te conheci". Acorda, Joãozinho, acorda enquanto ainda é tempo!
"Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto." Isaías 55
Autor: Danilo Miguel
Fonte: [ Blog Sem Forma ]
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