“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. (1 Coríntios 14:26)
Aqui o apóstolo Paulo fala sobre o culto público – “quando vos ajuntais”. Ele lista determinadas coisas que poderiam acontecer no culto público. É importante observar que cada elemento de culto que ele menciona dependia de um dom do Espírito Santo para acontecer. O dom de profecia (1 Coríntios 12:28; 14:1,3) era necessário para que houvesse “revelação” e os dons de línguas e de interpretação (1 Coríntios 12:10,30) eram necessários para que houvesse “língua” e “interpretação” (1 Coríntios 14:26). Semelhantemente, o dom de mestre (1 Coríntios 12:28) era necessário para que houvesse “doutrina”.
A necessidade dos dons do Espírito para realizar cada um desses atos de culto implica que são atividades que o homem não tem em si mesmo a capacidade de realizar. O homem não tem a capacidade de profetizar ou de falar e compreender uma língua que ele nunca estudou. Semelhantemente, ele não tem a capacidade de ensinar verdades espirituais. Tudo o que acontece no culto deve ser feito para a edificação. Mas o homem não tem a capacidade de edificar o seu próximo. Por isso, é necessário que o Espírito opere através dele. Por isso, não é qualquer um que pode ensinar no culto público. Somente os que Deus capacitou espiritualmente para que fossem mestres. Em 1 Coríntios 12, Paulo questiona: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres?” (1 Coríntios 12:29) Não.
É importante perceber também que o que Paulo diz sobre o dom de mestre implica que quem tem esse dom exerce ou deveria exercer o ofício de mestre. Em outras palavras, quando Paulo fala sobre o dom de mestre, ele não está falando de uma capacitação que membros comuns da Igreja recebem para pregar de vez em quando. Ele estava falando da capacitação espiritual para exercer um ofício, para ocupar um cargo. Quem tinha o dom do apostolado era um apóstolo. Quem tinha o dom de profecia era um profeta. Da mesma forma, quem tem o dom de mestre é um mestre, isto é, exerce o ofício de mestre, ocupa o cargo de mestre. Essa é a sua função no corpo, como ele diz também na epístola aos Romanos:
O dom do apostolado (1 Coríntios 12:28-29; Efésios 4:11) era a capacitação do Espírito Santo para que os apóstolos definissem a fé cristã e edificassem a Igreja (Mateus 10:5-8; João 14:1-3,16-17; 15:26; Atos 1:1-8; 1 Coríntios 3:10-11; 15:1-2,11; Efésios 2:20). Quando os apóstolos chegavam em um determinado lugar para ensinar a Palavra de Deus e plantar uma igreja, eles passavam um tempo naquele lugar, mas eles não tinham uma igreja fixa e permanente. Os apóstolos só permaneciam na igreja enquanto ela estava em fase de organização. Quando a igreja se mostrava capaz de existir sem a presença dos apóstolos, eles partiam para fazer o mesmo – ensinar a Palavra de Deus e plantar uma igreja – em outro lugar. Mas se os apóstolos exerciam a função de ensinar enquanto eles estavam presentes, era necessário que outros assumissem essa função depois que eles partissem. É por isso que eles promoviam a eleição de presbíteros:
Esses presbíteros, que eram eleitos pela igreja e não escolhidos diretamente pelos apóstolos, eram responsáveis pelo governo da Igreja depois que os apóstolos fossem embora. E dentre esses presbíteros, existiam aqueles que seriam responsáveis pelo ensino:
Paulo queria que Tito e Timóteo estabelecessem presbíteros para governar e ensinar as igrejas. Aqui vemos que quando o Novo Testamento fala sobre o “bispo” e sobre o “presbítero”, está falando sobre o mesmo ofício. Como já vimos em Atos 14, a forma de estabelecer presbíteros era promovendo uma eleição na igreja. Ou seja, quando Paulo diz que Tito e Timóteo deveriam estabelecer presbíteros, isso não significa que eles deveriam escolher as pessoas diretamente. Eles deveriam promover uma eleição. As características que Paulo lista não é porque os presbíteros seriam escolhidos diretamente por eles, mas porque Tito e Timóteo, ao promover a eleição, deveriam estabelecer esses critérios para os candidatos. Não era qualquer um que tinha o direito de se candidatar. Nenhum novo convertido (“neófito”), por exemplo, poderia se candidatar (1 Timóteo 3:6).
Quando Paulo escreveu 1 Timóteo, ele tinha enviado Timóteo para cidade de Éfeso (1 Timóteo 1:3). Em Atos dos Apóstolos, encontramos o registro do último discurso de Paulo aos presbíteros de Éfeso:
Essa passagem também mostra que os bispos eram os presbíteros, pois as mesmas pessoas que são chamadas de presbíteros no verso 17 são chamadas de bispos no verso 28. Além disso, vemos que os presbíteros/bispos são os pastores da Igreja, pois ele chama a igreja de rebanho e diz que a função dos presbíteros/bispos é pastorear. “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (v. 28). De que maneira eles pastoreariam a igreja? Da mesma forma que eles já tinham sido pastoreados por Paulo. Como Paulo enfatiza em seu discurso, “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia… jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 18, 20). Por isso, ele disse a Timóteo e a Tito que era necessário que esses presbíteros fossem “aptos para ensinar” (1 Timóteo 3:2) e “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tito 1:9). A capacidade de ensinar incluia a capacidade de “convencer os que o contradizem” porque “existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores” (Tito 1:10), que são os “lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (Atos 20:29).
O que tudo isso deixa claro é que os mestres (1 Coríntios 12:28), isto é, aqueles que são ordinariamente encarregados de ensinar a Igreja (Romanos 12:7; 1 Coríntios 14:26), não são todos (1 Coríntios 12:29), mas aqueles que ocupam o ofício de presbítero e foram especialmente capacitados para “trabalhar na palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5:17). Como já demonstramos, a capacidade de exercer qualquer função na igreja depende de uma capacitação especial do Espírito Santo. Portanto, as características que Paulo lista em Tito 1:5-9 e 1 Timóteo 3:1-7 são as características visíveis que demonstram se alguém verdadeiramente tem esse dom do Espírito, tendo sido espiritualmente capacitado para ensinar verdades espirituais ao rebanho de Cristo. E a existência de um processo de reconhecimento desse dom demonstra que não é suficiente que alguém simplesmente acreditasse ter e dissesse ter o dom. Para ser admitido ao ofício, era necessário que demonstrassem ter as características que Paulo lista e também era necessário que essas características fossem publicamente reconhecidas pela igreja através de uma eleição promovida por aqueles que já eram oficiais. Esse é o processo que costumamos chamar de ordenação.
A ideia de que qualquer cristão pode ensinar na igreja ignora o que Paulo ensina sobre a nossa completa incapacidade de edificar o nosso irmão e sobre a necessidade das operações do Espírito para que ele seja edificado. Se uma operação específica do Espírito é necessária para produzir um determinado efeito, não podemos tentar produzir o mesmo efeito de outras maneiras. Se os apóstolos, mesmo depois de conviver tanto tempo com Jesus, precisaram ser especialmente capacitados pelo Espírito para edificar a igreja, por que a continuidade do ensino na Igreja ao longo dos séculos não precisaria de uma capacitação especial? E que autoridade nós temos para alterar a forma apostólica, divinamente inspirada? “E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei” (1 Coríntios 11:2).
Se alguém que não tem o dom de cura (1 Coríntios 12:28) impõe suas mãos sobre um enfermo e determina que ele seja curado, qual é o resultado? O resultado é que o enfermo continua doente. Se alguém que não tem o dom de profecia tenta profetizar, qual é o resultado? O resultado é que suas palavras são uma falsa profecia. E se alguém que não tem o dom de ensino é colocado na igreja para ensinar, qual é o resultado? O resultado é que o seu ensino não produzirá um verdadeiro impacto espiritual nos seus ouvintes. Onde o dom de ensino é ignorado, onde a forma apostólica de estabelecer mestres não é respeitada, é certo que a qualidade do ensino da igreja entrará em decadência e haverá abundância de heresias. O Espírito deu dons específicos para que a Igreja persevere na sã doutrina e seja preservada dos falsos ensinos (Efésios 4:11-14). Se o Espírito estabeleceu um determinado dom para preservar a sã doutrina na igreja, não podemos esperar que o mesmo resultado seja obtido de outra maneira.
Por isso, se queremos que a sã doutrina seja restaurada em nossas igrejas, é urgente que voltemos a confessar e a praticar o que lemos na pergunta 158 do Catecismo Maior:
***Aqui o apóstolo Paulo fala sobre o culto público – “quando vos ajuntais”. Ele lista determinadas coisas que poderiam acontecer no culto público. É importante observar que cada elemento de culto que ele menciona dependia de um dom do Espírito Santo para acontecer. O dom de profecia (1 Coríntios 12:28; 14:1,3) era necessário para que houvesse “revelação” e os dons de línguas e de interpretação (1 Coríntios 12:10,30) eram necessários para que houvesse “língua” e “interpretação” (1 Coríntios 14:26). Semelhantemente, o dom de mestre (1 Coríntios 12:28) era necessário para que houvesse “doutrina”.
A necessidade dos dons do Espírito para realizar cada um desses atos de culto implica que são atividades que o homem não tem em si mesmo a capacidade de realizar. O homem não tem a capacidade de profetizar ou de falar e compreender uma língua que ele nunca estudou. Semelhantemente, ele não tem a capacidade de ensinar verdades espirituais. Tudo o que acontece no culto deve ser feito para a edificação. Mas o homem não tem a capacidade de edificar o seu próximo. Por isso, é necessário que o Espírito opere através dele. Por isso, não é qualquer um que pode ensinar no culto público. Somente os que Deus capacitou espiritualmente para que fossem mestres. Em 1 Coríntios 12, Paulo questiona: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres?” (1 Coríntios 12:29) Não.
É importante perceber também que o que Paulo diz sobre o dom de mestre implica que quem tem esse dom exerce ou deveria exercer o ofício de mestre. Em outras palavras, quando Paulo fala sobre o dom de mestre, ele não está falando de uma capacitação que membros comuns da Igreja recebem para pregar de vez em quando. Ele estava falando da capacitação espiritual para exercer um ofício, para ocupar um cargo. Quem tinha o dom do apostolado era um apóstolo. Quem tinha o dom de profecia era um profeta. Da mesma forma, quem tem o dom de mestre é um mestre, isto é, exerce o ofício de mestre, ocupa o cargo de mestre. Essa é a sua função no corpo, como ele diz também na epístola aos Romanos:
“Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé… se é ensinar, haja dedicação ao ensino”. (Romanos 12:4-7)
O dom do apostolado (1 Coríntios 12:28-29; Efésios 4:11) era a capacitação do Espírito Santo para que os apóstolos definissem a fé cristã e edificassem a Igreja (Mateus 10:5-8; João 14:1-3,16-17; 15:26; Atos 1:1-8; 1 Coríntios 3:10-11; 15:1-2,11; Efésios 2:20). Quando os apóstolos chegavam em um determinado lugar para ensinar a Palavra de Deus e plantar uma igreja, eles passavam um tempo naquele lugar, mas eles não tinham uma igreja fixa e permanente. Os apóstolos só permaneciam na igreja enquanto ela estava em fase de organização. Quando a igreja se mostrava capaz de existir sem a presença dos apóstolos, eles partiam para fazer o mesmo – ensinar a Palavra de Deus e plantar uma igreja – em outro lugar. Mas se os apóstolos exerciam a função de ensinar enquanto eles estavam presentes, era necessário que outros assumissem essa função depois que eles partissem. É por isso que eles promoviam a eleição de presbíteros:
“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido”. (Atos 14:21-23)
Esses presbíteros, que eram eleitos pela igreja e não escolhidos diretamente pelos apóstolos, eram responsáveis pelo governo da Igreja depois que os apóstolos fossem embora. E dentre esses presbíteros, existiam aqueles que seriam responsáveis pelo ensino:
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes”. (Tito 1:5-9)
“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo”. (1 Timóteo 3:1-7)
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. (1 Timóteo 5:17)
Paulo queria que Tito e Timóteo estabelecessem presbíteros para governar e ensinar as igrejas. Aqui vemos que quando o Novo Testamento fala sobre o “bispo” e sobre o “presbítero”, está falando sobre o mesmo ofício. Como já vimos em Atos 14, a forma de estabelecer presbíteros era promovendo uma eleição na igreja. Ou seja, quando Paulo diz que Tito e Timóteo deveriam estabelecer presbíteros, isso não significa que eles deveriam escolher as pessoas diretamente. Eles deveriam promover uma eleição. As características que Paulo lista não é porque os presbíteros seriam escolhidos diretamente por eles, mas porque Tito e Timóteo, ao promover a eleição, deveriam estabelecer esses critérios para os candidatos. Não era qualquer um que tinha o direito de se candidatar. Nenhum novo convertido (“neófito”), por exemplo, poderia se candidatar (1 Timóteo 3:6).
Quando Paulo escreveu 1 Timóteo, ele tinha enviado Timóteo para cidade de Éfeso (1 Timóteo 1:3). Em Atos dos Apóstolos, encontramos o registro do último discurso de Paulo aos presbíteros de Éfeso:
“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um. Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados. De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber. Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles”.(Atos 20:17-36)
Essa passagem também mostra que os bispos eram os presbíteros, pois as mesmas pessoas que são chamadas de presbíteros no verso 17 são chamadas de bispos no verso 28. Além disso, vemos que os presbíteros/bispos são os pastores da Igreja, pois ele chama a igreja de rebanho e diz que a função dos presbíteros/bispos é pastorear. “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (v. 28). De que maneira eles pastoreariam a igreja? Da mesma forma que eles já tinham sido pastoreados por Paulo. Como Paulo enfatiza em seu discurso, “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia… jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 18, 20). Por isso, ele disse a Timóteo e a Tito que era necessário que esses presbíteros fossem “aptos para ensinar” (1 Timóteo 3:2) e “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tito 1:9). A capacidade de ensinar incluia a capacidade de “convencer os que o contradizem” porque “existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores” (Tito 1:10), que são os “lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (Atos 20:29).
O que tudo isso deixa claro é que os mestres (1 Coríntios 12:28), isto é, aqueles que são ordinariamente encarregados de ensinar a Igreja (Romanos 12:7; 1 Coríntios 14:26), não são todos (1 Coríntios 12:29), mas aqueles que ocupam o ofício de presbítero e foram especialmente capacitados para “trabalhar na palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5:17). Como já demonstramos, a capacidade de exercer qualquer função na igreja depende de uma capacitação especial do Espírito Santo. Portanto, as características que Paulo lista em Tito 1:5-9 e 1 Timóteo 3:1-7 são as características visíveis que demonstram se alguém verdadeiramente tem esse dom do Espírito, tendo sido espiritualmente capacitado para ensinar verdades espirituais ao rebanho de Cristo. E a existência de um processo de reconhecimento desse dom demonstra que não é suficiente que alguém simplesmente acreditasse ter e dissesse ter o dom. Para ser admitido ao ofício, era necessário que demonstrassem ter as características que Paulo lista e também era necessário que essas características fossem publicamente reconhecidas pela igreja através de uma eleição promovida por aqueles que já eram oficiais. Esse é o processo que costumamos chamar de ordenação.
A ideia de que qualquer cristão pode ensinar na igreja ignora o que Paulo ensina sobre a nossa completa incapacidade de edificar o nosso irmão e sobre a necessidade das operações do Espírito para que ele seja edificado. Se uma operação específica do Espírito é necessária para produzir um determinado efeito, não podemos tentar produzir o mesmo efeito de outras maneiras. Se os apóstolos, mesmo depois de conviver tanto tempo com Jesus, precisaram ser especialmente capacitados pelo Espírito para edificar a igreja, por que a continuidade do ensino na Igreja ao longo dos séculos não precisaria de uma capacitação especial? E que autoridade nós temos para alterar a forma apostólica, divinamente inspirada? “E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei” (1 Coríntios 11:2).
Se alguém que não tem o dom de cura (1 Coríntios 12:28) impõe suas mãos sobre um enfermo e determina que ele seja curado, qual é o resultado? O resultado é que o enfermo continua doente. Se alguém que não tem o dom de profecia tenta profetizar, qual é o resultado? O resultado é que suas palavras são uma falsa profecia. E se alguém que não tem o dom de ensino é colocado na igreja para ensinar, qual é o resultado? O resultado é que o seu ensino não produzirá um verdadeiro impacto espiritual nos seus ouvintes. Onde o dom de ensino é ignorado, onde a forma apostólica de estabelecer mestres não é respeitada, é certo que a qualidade do ensino da igreja entrará em decadência e haverá abundância de heresias. O Espírito deu dons específicos para que a Igreja persevere na sã doutrina e seja preservada dos falsos ensinos (Efésios 4:11-14). Se o Espírito estabeleceu um determinado dom para preservar a sã doutrina na igreja, não podemos esperar que o mesmo resultado seja obtido de outra maneira.
Por isso, se queremos que a sã doutrina seja restaurada em nossas igrejas, é urgente que voltemos a confessar e a praticar o que lemos na pergunta 158 do Catecismo Maior:
158. Por quem a Palavra de Deus deve ser pregada?
A Palavra de Deus deve ser pregada somente por aqueles que têm dons suficientes e são devidamente aprovados e chamados para o ministério. (Catecismo Maior de Westminster)
Autor: Rev. Frank Brito
Fonte: Catequese Presbiteriana