Atos 2-5 ensina o socialismo?

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Dois artigos no blog “Sobre Fé”, da The Washington Post, explicitamente declaram que o cristianismo é socialista e anticapitalista. O argumento central fornecido por parte de ambos os autores é que a descrição da comunidade cristã primitiva em Atos 2-5, tendo “todas as coisas em comum”, ordena o socialismo (ou o comunismo). Isso é verdade? O que pode ser dito a tal declaração?

Alguns eruditos oferecem um argumento alternativo: que os princípios centrais da Bíblia são consistentes com uma economia de mercado (comumente chamado de capitalismo) e contradizem uma economia centralmente planejada (comumente chamada de socialismo). Para começar, definamos o capitalismo e o socialismo. Ambos são sistemas econômicos, ambos afirmam que estão melhor preparados para avançar a prosperidade humana, mas eles fazem afirmações diferentes sobre como os recursos deveriam e podem ser racionados.

O capitalismo é um sistema econômico que primariamente permite mercados a alocar recursos escassos por meio de preços, direito de propriedade e sinais de lucro/perda. O socialismo é um sistema sob o qual o governo é o dono dos meios de produção e por meio de tributação coerciva e redistribuição de riqueza aloca recursos e toma decisões sobre propriedade, preços e produção. Incidentemente, o comunismo, uma progressão do socialismo, é ambos um sistema político e econômico que aboliria a propriedade privada e daria aos indivíduos com base em necessidade. 

Mas e quanto a essa declaração que Atos 2-5 ensina o socialismo (ou o comunismo)? Em primeiro lugar, o que dizem as passagens? Atos 2:44-45 diz que imediatamente após o Pentecostes “todos aqueles os quais creram estavam juntos e tinham todas as coisas em comum; e eles vendiam as suas propriedades e bens e as compartilhavam com todos, à medida que alguém tinha necessidade”. Atos 4:32-35 fala sobre a congregação primitiva que “ninguém dizia que coisa alguma que possuía era sua própria; mas todas as coisas eram propriedade comum a eles [...] Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que eram donos de terras ou casas vendiam-nas e traziam o dinheiro do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos; e distribuía-se a cada um segundo a necessidade que cada um tinha”. Parece que um pouco da linguagem do socialismo está aqui, então como poderia alguém argumentar o contrário?

Entretanto, uma leitura superficial como tal pode não detectar aquilo que um exame mais de perto ao texto revela.

1. OS CRENTES PRIMITIVOS NÃO VENDERAM TODAS AS SUAS POSSES.

Embora possa parecer que as frases “tinha todas as coisas em comum” ou “vendiam as suas propriedades” ou “todas as coisas eram propriedade comum” significam que os crentes primitivos venderam tudo e tinham um fundo comum, o contexto imediatamente qualifica essas declarações gerais. Os crentes continuaram a viver e a se encontrar em suas próprias casas. Craig Blomberg diz em seu estudo Neither Poverty nor Riches:

[Capítulo 2] Os versículos 43-47 estão dominados por tempos verbais altamente imperfeitos, enquanto alguém normalmente espera por aoristos [ações uma-vez-por-todas] em narrativa histórica. Não existe alienação, uma-vez-por-todas, de bens em vista aqui, mas sim atos periódicos de caridade conforme necessidades surgiam.[1]

Isso é ainda mais claro em Atos 4-5. A tradução NVI de Atos 4:34b-35 diz: “De tempos em tempos, os que eram donos de terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro das vendas e o colocava aos pés dos apóstolos....”. Bomberg comenta:

Novamente temos uma série de verbos imperfeitos aqui, desta vez explicitamente refletido na ‘de tempos em tempos’ da NVI. A venda periódica de propriedade confirma a nossa interpretação de Atos 2:44 acima. Isso não era uma alienação única de todas as posses de alguém. O tema “conforme a sua necessidade” reaparece também. Interessantemente, o que não aparece nesse parágrafo é qualquer declaração de igualdade total entre os crentes. Presumivelmente, existia bastante espectro, variando desde aqueles os quais ainda possuíam propriedade que ainda não vendera ... até àqueles os quais ainda estavam morando no nível mais básico. [2]

John Stott afirma a conclusão de Blomberg sobre propriedade na igreja primitiva, também enfatizando o tempo imperfeito: “Nem Jesus, nem os seus apóstolos proibiram propriedade privada a todos os cristãos ... É importante observar que até mesmo em Jerusalém o compartilhamento de propriedade e posses era voluntário ... É também digno de atenção que o tempo de ambos os verbos no versículo 45 é imperfeito, o que indica que a venda e a dádiva eram ocasionais, em resposta às necessidades particulares, não uma vez por todas”.[3] N.T. Wright concorda que propriedade privada não foi abandonada: “Esses crentes primitivos parecem não terem vendido as casas nas quais eles viviam, já que eles continuaram a encontrarem-se em casas individuais (2:46). Em vez disso, eles venderam propriedade extra que possuíam”.[4] Note o exemplo positivo de Barnabé (Atos 4) e o exemplo negativo de Ananias e Safira (Atos 5). Barnabé “possuía um pedaço de terra, vendeu-o e trouxe o dinheiro e o colocou aos pés dos apóstolos”. O versículo não diz que esse dadivar incluía todas as posses dele ou que era o único pedaço de terra que ele possuía. O mesmo fornece um exemplo positivo do que estava acontecendo em Atos 2-4. Quando Barnabé viu que havia necessidades que ele poderia suprir, ele foi generoso com o que ele possuía. Talvez, alguns têm especulado, ele foi a primeira pessoa de grande riqueza a doar para a causa.

Em seguida, temos o exemplo negativo de Ananias e Safira em Atos 5. Ananias vendeu “um pedaço de propriedade” (Atos 5:1) (de forma semelhante a Barnabé) e, com o conhecimento de sua esposa, reteve parte do dinheiro para si mesmo. O problema com isso (como veremos) não era que eles não tinham vendido todas as suas posses ou que eles precisavam dar todo o dinheiro de sua terra aos apóstolos, mas que eles mentiram sobre isso. Eles fingiram ser mais generosos do que realmente eram. Ananias, e depois Safira, vem perante Pedro e morre (presumivelmente como uma condenação divina). Pedro explicitamente diz que “a propriedade pertencia a você antes de ser vendida” e depois de ser vendida, ela estava “sob o seu poder” (vs. 4). O problema, como Pedro assinala, era que Ananias tinha “mentido ao Espírito Santo” (vs. 3). Ele tinha “mentido para Deus” e não “aos homens” (vs. 4).

Então há uma boa razão para crer que os crentes primitivos não venderam tudo o que tinham, mas eram generosos e, como a ocasião demonstrou, eles venderam parte de suas posses e deu o dinheiro aos apóstolos para distribuição. Mas mesmo se nós, para fins de ilustração, concedamos que todos os crentes venderam todas as suas posses e redistribuíram-nas entre a comunidade, isso prova que o socialismo ou o comunismo é Bíblico? Não, teria que haver uma tomada, coagida pelo Estado, de propriedade e distribuição forçada dela.

Mas o estado não é o que está, nesse contexto, vendendo (ou doando) propriedade àqueles que tinham necessidade.

2. O COMPARTILHAMENTO DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS ERA TOTALMENTE VOLUNTÁRIO.

Karl Marx, o autor de O Manifesto Comunista, vê a posse de propriedade privada como opressiva. Ele queria que os trabalhadores se revoltassem contra os donos dos meios de produção e tomasse controle da propriedade privada. Ele queria que o Estado fosse o dono dos meios de produção e que a propriedade privada fosse abolida. De novo, nessa passagem, não há nenhuma menção do Estado. Esses crentes primitivos contribuíram seus bens de forma livre, sem coerção, voluntariamente. Em outro lugar na escritura vemos que os cristãos são até mesmo instruídos a darem precisamente dessa maneira, livremente, pois “Deus ama que dá com alegria” (2 Coríntios 9:8). Existe bastante indicação que os direitos de propriedade privada ainda estavam em vigor (lembre-se de Barnabé, Ananias e Safira). Isso não é nem comunismo (abolição de propriedade privada) nem socialismo (propriedade estatal dos meios de produção). Isso não era nem mesmo socialismo definido como um sistema de propriedade da comunidade ou regulado. Mas mesmo se concedamos, para fins de ilustração, que isso era socialismo (de algum tipo), por que isso está somente aqui (em Atos 2-4) e não visto por todo o restante do Novo Testamento?

3. ISSO NÃO ERA UMA PRÁTICA PERMANENTE, MAS UMA MEDIDA TEMPORÁRIA.

Como temos visto, esse compartilhamento da igreja primitiva era voluntário, sem coerção do Estado, e não necessitou que os crentes renunciassem seus direitos à propriedade privada. Certamente, esse compartilhamento primitivo era nobre, indicando uma generosidade de espírito. É um lindo exemplo de amor. Enquanto esse tipo de dádiva generosa é uma norma permanente, a situação específica em Atos 2-4 parece ter sido uma resposta temporária a uma necessidade particular. Nós não vemos uma recorrência desse cenário por todo o restante de Atos, nas cartas de Paulo, nem no restante do Novo Testamento. Então o que está acontecendo aqui? Pentecostes tinha acabado de acontecer. Pessoas de várias nações estavam presentes (daí a necessidade de falar em línguas). Após a pregação inicial por parte de Pedro e outros, havia, naquele primeiro dia, três mil novos convertidos (Atos 2:41). Mais e mais estavam sendo acrescentados a seu número a cada dia (vs. 47). Deveria esses novos convertidos retornarem imediatamente a seus domicílios em outras partes de Israel ou em algum outro lugar? Não quereriam eles continuar no ensino, adoração, comunhão e oração dos apóstolos (vs. 42-46)? Mas, então, como esses visitantes poderiam sustentar a si mesmos? Como eles teriam o suficiente para comer e um lugar para ficar por um período extenso de tempo?

A resposta é que aqueles que tiveram, deram àqueles que não tinham. Eventualmente, a maioria desses novos convertidos voltaram para casa. Não mais havia essa necessidade extraordinária por comida e abrigo.

A atitude de “o que é meu é teu se tu precisares” continuou. Em Atos 6, as viúvas estavam sendo negligenciadas na “distribuição diária de comida” e sete homens foram designados para supervisionar aquele processo. Houve, posteriormente, um esforço de socorro para a fome por parte dos discípulos em Atos 11:27-30. Havia sempre uma preocupação que as necessidades dos pobres fossem supridas (Gal. 2:10).

Havia frequentemente refeições comunais (1 Cor. 11:20). Havia também muitos que eram ricos e davam generosamente (mas não tinham dado tudo): José, chamado Barnabé (Atos 4:36-37), Dorcas (Atos 9:36), Cornélio (Atos 10:1), Sérgio Paulo (Atos 13:6-12), Lídia (Atos 16:14-15), Jasom (Atos 17:5-9), Áquila e Priscila (Atos 18:2-3), Mnasom de Chipre (Atos 21:16), Filemom (Filemom 1), e muitos outros. O espírito de Atos 2-5 permaneceu, mas não havia nenhuma pressão para abolir a propriedade privada e estabelecer o socialismo em qualquer forma. Havia uma preocupação para a distribuição equitativa de bens aos pobres (2 Cor. 8:13-15 – a palavra grega isotes significa equitativo ou justo) mas não um comunismo igualitário. De qualquer forma, o compartilhamento comunal (enquanto retiveram alguma medida de propriedade privada) em Atos 2-5 não foi a prática da igreja primitiva no restante do Novo Testamento. Mas mesmo se você acredita que o modelo de Atos 2-5 era socialista (o que não era), você ainda deve ir adiante para provar o seu ponto. Você deve mostrar que o exemplo primitivo constitui um mandamento obrigatório. Existe um problema fundamental com essa argumentação.

4. VOCÊ NÃO PODE OBTER “DEVE” DE “É”.

Você não pode obter o imperativo de o indicativo. Em seu Tratado sobre filosofia moral, David Hume famosamente argumenta que “uma transição desapercebida a partir de premissas cujas partes estão ligadas apenas por ‘é’ a conclusões cujas partes estão ligadas por ‘deve’... [é] completamente inconcebível”.[5] Da mesma forma, você precisa mostrar que o precedente histórico em Atos 2-5 é uma prescrição obrigatória para todos os cristãos posteriores. Você consegue obter o imperativo (todos os cristãos deveriam fazer isso) a partir de o indicativo (alguns cristãos primitivos fizeram isso)? Você pode tentar com toda a sua força, mas você nunca atravessará a divisão. O fato de que alguns cristãos “compartilharam todas as coisas” (com algumas qualificações) não constitui uma ordem que todos os cristãos deveriam seguir o exemplo deles. C.S. Lewis delineia essa distinção na The Abolition of Man:

De proposições a respeito de fatos somente, nenhuma conclusão jamais pode ser tirada. Isso preservará a sociedade não pode levar ao faça isso, exceto por meio da mediação: a sociedade deve ser preservada. Isso custará a sua vida não pode levar diretamente a não faça isso: aquele pode levar a este somente por meio de um desejo ou um dever reconhecido de autopreservação. O Inovador está tentando obter uma conclusão no modo imperativo; e embora ele continue tentando por toda a eternidade, ele não consegue, pois, a coisa é impossível.[6] A única forma que você poderia atravessar essa divisão é mostrando que outras passagens bíblicas ordenam o socialismo.

5. INTERPRETANDO NARRATIVA POR MEIO DE PASSAGENS DIDÁTICAS É UM PRINCÍPIO SÁBIO DE HERMENÊUTICA (INTERPRETAÇÃO).

Você não pode criar uma ordem universal a partir de algo que era praticado no primeiro século, a menos que o mesmo esteja ensinado em outras passagens claras da Escritura. Por exemplo, o fato que Jesus vestiu uma túnica sem costura não significa que todos os futuros crentes devem fazer o mesmo (a menos que isso seja ordenado em outro lugar). Ou o fato que Jesus não tinha “nenhum lugar onde repousar sua cabeça” (não tinha domicílio) significa que todos os crentes dali em diante devem ser sem-teto? R.C. Sproul explica como os cristãos devem interpretar narrativas bíblicas por meio das lentes de ensino cristão mais amplo: “Nós devemos interpretar as passagens narrativas da Escritura por meio das porções didáticas ou ‘instrutivas’. Se tentarmos encontrar muita teologia nas passagens narrativas, podemos facilmente ir além do ponto da narrativa caindo em erros sérios”.[7] A menos que exista um ensinamento claro que torna obrigatório (uma ordem) um precedente histórico na vida de Jesus ou na igreja primitiva, então isso não é vinculante nos cristãos posteriores. Portanto, mesmo se Atos 2-5 fosse socialismo (o que não é), o mesmo não teria nada além de interesse histórico para crentes posteriores. O mesmo não teria nenhum poder vinculativo na igreja mais tarde.

CONCLUSÃO

Portanto, para mostrar que Atos 2-5 ensina o socialismo, você precisa mostrar que Atos 2-5 ensina que: 

1. Todos os crentes em Jerusalém venderam todas as suas posses e colocaram-nas num fundo comunal que era, naquela época, controlado por parte do Estado (a marca distintiva do socialismo);

2. Os direitos de propriedade privada (defendido por todo o restante da Escritura) foram abolidos ou desencorajados por meio dessa passagem;

3. O dadivar voluntário demonstrado por parte dos indivíduos nessa passagem dá, ao Estado, o direito de coagir as pessoas a renunciarem a propriedade delas (socialismo);

4. O padrão mostrado aqui não era temporário, mas permanente. O mesmo era a regra no restante do Novo Testamento;

5. Que você pode obter um “deve” de “é”, o imperativo a partir de o indicativo, uma obrigação necessária a partir de um exemplo histórico;

6. Há um ensinamento claro que implica a propriedade governamental dos meios de produção, tributação coercitiva e redistribuição de riqueza (socialismo) no restante da Escritura.

Professores sábios têm defendido que não é bom basear uma doutrina importante numa única passagem da Escritura. Mas se você fizer isso, certamente nessa passagem a doutrina deveria ser ensinada. O socialismo não somente não é ensinado em Atos 2-5, é impossível (sem satisfazer as condições acima) mostrar que o mesmo é ensinado.

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Notas:
[1] Craig L. Blomberg, Neither Poverty nor Riches (Downers Grove, IL, Intervarsity Press, 1999), p. 162, p. 165.
[2] Ron Sider também analisa os tempos verbais gregos e tira uma conclusão parecida a respeito da igreja primitiva: A igreja mais primitiva não insistia sobre igualdade econômica absoluta. Eles também não aboliram a propriedade privada ... O tempo das palavras gregas confirma essa interpretação. Em ambos 2:45 e 4:34, os verbos denotam ação contínua e repetitiva ao longo de um período de tempo estendido. Portanto o significado é “eles frequentemente vendiam posses”, ou “eles tinham o hábito de regularmente trazer os produtos do que estava sendo vendido”. O texto não sugere que a comunidade aboliu toda propriedade privada ou que todos imediatamente venderam tudo. O mesmo sugere, ao invés, que ao longo de um período de tempo, sempre que havia necessidade, os crentes vendiam terras e casas para ajudar os necessitados. Rich Christians in an Age of Hunger (Nashville: Thomas Nelson, 2005), p. 78-79
[3] John Stott, The Message of Acts (Downers Grove, IL, InterVarsity Press Academic, 1994), p. 83-84.
[4] N.T. Wright, Acts: 24 Studies for Individuals and Groups (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2010), p. 23.
[5] Cohon, Rachel, “Hume’s Moral Philosophy,” The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2010 Edition), ed.
Edward N. Zalta, http://plato.stanford.edu/archives/fall2010/entries/hume-moral/.
[6] C.S. Lewis, The Abolition of Man; or, Reflections on Education with Special Reference to the Teaching of English in the Upper Forms of School (Oxford: Collier, 1947), p. 42.
[7] R.C. Sproul. Discovering the God who Is: His Character and Being, His Power and Personality (Ventura, CA: Gospel Light Publications, 2008), p. 116.

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Autor: Art Lindsley, PhD. É Vice-Presidente de Iniciativas Teológicas no Instituto para Fé, Obras & Economia, uma organização de pesquisa e defesa a qual equipa os cristãos com uma teologia bíblica de obras e economia. Para mais informações, visite www.tifwe.org.
Fonte: Institute for Faith, Work & Economics
Tradução: Nathan Cazé
Divulgação: Bereianos
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12 proposições sobre um entendimento cristão de economia

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Infelizmente, muitos cristãos americanos sabem pouco sobre economia. Além disso, muitos cristãos assumem que a Bíblia não tem absolutamente nada a dizer sobre isso. Mas uma cosmovisão bíblica, na verdade, tem muito a nos ensinar sobre assuntos econômicos. O significado do trabalho, o valor da mão-de-obra e outras questões econômicas são todos parte da cosmovisão bíblica. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que a cosmovisão cristã não exige ou promove um sistema econômico específico.

Por causa disso, os cristãos devem permitir que os princípios econômicos encontrados na Escritura moldem nosso pensamento, embora reconhecendo, ao mesmo tempo, que podemos agir à luz desses princípios em qualquer cenário econômico, cultural ou geracional.

1. Um entendimento econômico cristão tem a glória de Deus como seu maior objetivo.

Para os cristãos, toda teoria econômica começa com um objetivo de glorificar a Deus (1 Coríntios 10.31). Temos uma autoridade econômica transcendente.

2. Um entendimento econômico cristão respeita a dignidade humana.

Não importa o sistema de crenças, aqueles que trabalham manifestam a glória de Deus, quer saibam ou não. As pessoas podem acreditar que estão trabalhando por seus próprios motivos, mas elas estão, na verdade, trabalhando a partir de um impulso pelo que foi colocado em seus corações pelo Criador para a Sua glória.

3. Um entendimento econômico cristão respeita a propriedade privada e a posse.

Alguns sistemas econômicos tratam a ideia de propriedade privada como um problema. Mas a Escritura nunca considera a propriedade privada como um problema a ser resolvido (ver, por exemplo, os Dez Mandamentos). A visão da Escritura de propriedade privada implica que este é o galardão pelo trabalho e domínio do indivíduo. O Oitavo e Nono Mandamentos nos ensinam que não temos o direito de violar as recompensas financeiras do diligente.

4. Um entendimento econômico cristão leva plenamente em conta o poder do pecado.

Levar o ensino bíblico sobre os efeitos penetrantes do pecado plenamente em conta significa que presumimos que coisas ruins acontecem em todos os sistemas econômicos. Um entendimento econômico cristão tenta atenuar os efeitos do pecado.

5. Um entendimento econômico cristão defende e recompensa a retidão.

Todo sistema econômico e de governo vem com incentivos embutidos. Um exemplo disso é o código tributário americano, que estimula procedimentos econômicos desejados. Se ele funciona ou não é uma questão de interminável recalibragem política. Contudo, na cosmovisão cristã, essa recalibragem deve continuar defendendo e recompensando a retidão.

6. Um entendimento econômico cristão recompensa a iniciativa, o empreendimento e o investimento.

Iniciativa, empreendimento e investimento são três palavras cruciais para o vocabulário econômico e teológico do cristão. A iniciativa vai além da ação. É o tipo de ação que faz a diferença. O empreendimento é o trabalho humano feito corporativamente. O investimento é parte do respeito pela propriedade privada encontrado na Escritura.

O investimento, pelo que se constata, é tão antigo quanto o Jardim do Éden. Aquilo que agrega valor é respeitável, e o impulso para agregar esse valor também. Assim, uma teoria econômica cristã culpa qualquer um que não deseja trabalhar, não respeita a propriedade privada e não recompensa o investimento.

7. Um entendimento econômico cristão busca recompensar e incentivar a moderação.

Em um mundo caído, dinheiro e investimento podem rapidamente ser distorcidos para fins idólatras. Por esse motivo, a moderação é um item muito importante na cosmovisão cristã. Em um mundo caído, a fartura de um dia pode se transformar em escassez no próximo. A moderação pode ser aquilo que vai possibilitar a sobrevivência em tempos de pobreza.

8. Um entendimento econômico cristão defende a família como a unidade econômica mais básica.

Quando pensamos sobre a teoria econômica embutida no início da Bíblia, o mandato de domínio é central, mas assim é a instituição divina do casamento. O padrão de deixar e dividir descrito em Gênesis 2 é fundamental para o nosso entendimento econômico.

Adão e Eva foram a primeira unidade econômica. Disto, conclui-se que a família (biblicamente definida) é a mais básica e essencial unidade da economia.

9. Um entendimento econômico cristão deve respeitar a comunidade.

A maioria dos pensadores seculares e economistas começam com a comunidade e, então, passam para a família. No entanto, pensar a partir das unidades econômicas maiores para as menores não somente não funciona na teoria, mas também não funciona na prática. Começar com a unidade da família e então evoluir para a comunidade é uma opção muito mais inteligente. A doutrina da subsidiariedade – que surgiu a partir da teoria da lei natural – ensina que o significado, verdade e autoridade residem na menor unidade significativa possível.

Se a unidade da família é deficiente, governo algum consegue fazer frente às necessidades de seus cidadãos. Quando a família é forte, o governo pode ser pequeno. Quando a família é fraca, contudo, o governo precisa compensar o prejuízo. Ao focar na família, respeitamos e aperfeiçoamos a comunidade.

10. Um entendimento econômico cristão recompensa a generosidade e a mordomia apropriada.

Os cristãos que estão comprometidos com a economia do Reino e com o bem da geração seguinte devem viver com uma perspectiva financeira orientada pelo futuro. Cada um de nós tem a responsabilidade, quer tenhamos muito ou pouco, de entender que nossa generosidade perdura muito além de nossa expectativa de vida.

Uma generosidade viva, a qual é tão evidente na Escritura, é essencial para uma cosmovisão econômica cristã.

11. Um entendimento econômico cristão respeita a prioridade da igreja e sua missão.

Os cristãos devem abraçar prioridades econômicas que o restante do mundo simplesmente não vai entender. Eles devem investir em igrejas, seminários e missões internacionais. Esses são compromissos financeiros cristãos distintivos. Nosso compromisso financeiro último não é para conosco mesmos ou nossos investimentos particulares, mas para o Reino de Cristo. Assim, os cristãos deviam sempre estar prontos a experimentar reviravoltas em suas prioridades e esquemas econômicos, pois as questões urgentes do reino podem intervir a qualquer momento.

12. Um entendimento econômico cristão foca no juízo e promessa escatológicos.

A vida e suas riquezas não podem proporcionar a alegria última. A cosmovisão cristã nos lembra que devemos viver com a ideia de que prestaremos contas ao Senhor pela administração de nossos recursos. Ao mesmo tempo, os cristãos devem olhar para a promessa escatológica dos Novos Céus e Nova Terra como nossa esperança econômica derradeira. Devemos juntar tesouros no céu, não na terra.

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Autor: Albert Mohler
Fonte: Site do autor
Tradução: Leonardo Bruno Galdino
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Dê o dízimo ou morra tentando

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Eaí, rapá! Já deu o trízimo esse mês? No vídeo de hoje, vamos falar sobre o dízimo antes de Moisés, durante Moisés e depois de Moisés, observando todos os versos neotestamentários sobre o assunto. Será que devemos dar dízimo hoje? Se não, como a igreja vai sobreviver? E as ideias do irmão Rubens? E as bençãos oriundas da generosidade? As polêmicas são muitas, e o vídeo foi muito pedido. Fiquem aí, e ponham a mão no bolso!


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Fonte: Dois dedos de Teologia
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Existe mesmo o demônio devorador?




Por Leonardo Dâmaso


O devorador, segundo os pastores neopentecostais e pentecostais afirmam, e também muitos cristãos influenciados e ensinados por estes pastores, é um tipo de "demônio" que devora as finanças e causa os mais variados tipos de prejuízos em diversas áreas da vida do cristão que não dizima ou é infiel nos dízimos e ofertas. Este tipo de demônio, dizem eles, nem a oração têm o poder de repreendê-lo, porém, somente o dízimo pode neutralizar o seu poder contra os cristãos. Os que creem no “demônio devorador” utilizam como base para a existência destes um texto muito conhecido de todos, a saber, Malaquias 3.10-12 em paralelo com Joel 2.25-27. Senão vejamos: 

Malaquias 3.10-12 – "Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento “na minha casa” [“no templo” ênfase minha], e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não vos abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las. Por vossa causa também repreenderei “a praga devoradora” [ou o devorador ARA], e ela [ou o devorador ARA] não destruirá os frutos da vossa terra, nem as vossas videiras no campo perderão o seu fruto, diz o Senhor dos exércitos. E todas as nações vos chamarão bem aventuradas; pois a vossa terra será aprazível, diz o Senhor dos exércitos." (Almeida Século 21) 

Joel 2.25-27 – "Assim vos restituirei os anos consumidos pelo “gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós. Comereis à vontade e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que agiu em favor de vós de maneira maravilhosa; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor vosso Deus, e não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado." (Almeida Século 21) 

Antes, porém, de analisarmos exegeticamente estes dois textos em pauta e chegarmos celeremente à conclusão, é essencial e de suma importância para obtermos uma logre compreensão do tema entendermos, ainda que em um breve resumo, o contexto do livro de Malaquias e Joel. 

O profeta Malaquias surgiu no cenário de Israel num tempo em que imperava a tepidez espiritual. Israel estava desmotivado e em profundo desânimo. E por que? Acerca disso, Augustus Nicodemus Lopes, escreve:

"Fazia cerca de 100 anos que os judeus tinham regressado do cativeiro. Deus havia mandado o povo de Israel para o exílio, por volta de 600 ou 500 a.C, em razão reiterada idolatria e falta de arrependimento. (...) Parte do povo foi para o Egito, outra se dispersou e muitos outros morreram. Durante 70 anos, o povo permaneceu cativo na Babilônia.
Tempos depois Deus trouxe de volta [o povo] à terra prometida. Esse período está registrado nos livros de Esdras e Neemias, dois homens levantados por Deus para liderar o retorno da nação à terra prometida. Porém, nem todos regressaram; parte do povo ficou na Babilônia; outra permaneceu no Egito. Mas um grande contingente voltou para a terra de Israel...
Quando regressaram, os judeus pensavam ter chegado o tempo do cumprimento das grandes promessas que os profetas de Israel haviam feito. Isaías, Ezequiel e Jeremias profetizaram um tempo maravilhoso para o povo de Deus após a restauração, e o povo acreditava que aquele seria o tempo em que essas promessas se cumpririam.
Só que cem anos se passaram desde a volta do cativeiro, e as coisas não estavam acontecendo conforme a expectativa. Promessas tinha sido feitas, mas a realidade não estava de acordo com elas. (...) Por meio dos profetas o Senhor prometera uma grande restauração de seu povo na terra, mas somente parte dele retornou da Babilônia. Os profetas haviam mencionado um período de paz, mas eles ainda estavam cercados por inimigos".[1]

Sendo assim, a dedicação e o amor para com Deus havia se esvaído do coração do povo (1.1-5). Os sacerdotes estavam corrompidos (1.6 – 2.9). O povo havia se casado com mulheres estrangeiras que cultuavam deuses pagãos (2.10-15; Ed 9 – 10; Ne 13.23-27). Estavam cometendo injustiças sociais (3.5; Ne 5.1-13). E, finalmente, vemos a infidelidade do povo para com Deus retendo os dízimos e as ofertas (3.6-12; Ne 13.10-14). Augustus Nicodemus Lopes ainda diz que os cultos a Deus viraram mero formalismo, rituais mecânicos e sem vida. O coração do povo não estava mais neles. Cada um dava prioridade a seus assuntos pessoais, em vez de se dedicar a terminar a reconstrução do templo e prestar culto a Deus.[2] 

Não obstante, Joel, por sua vez, um dos mais antigos profetas do Antigo Testamento, aparece em meio a um período de seca prolongada em Judá durante o reinado do rei Joás, provavelmente por volta do ano 835-796 a.C,. Todavia, uma grande invasão de gafanhotos destruiu quase toda a plantação que havia na Terra Prometida, afetando toda a terra, resultando, assim, numa grave crise econômica (1.7-20), o que afetou o Reino do Sul deixando-o muito enfraquecido economicamente. Entretanto, esse desastre natural enviado por Deus e executado pelos gafanhotos, serviu para Joel de ilustração a despeito do cerne de sua mensagem, ou seja, o castigo de Deus em virtude dos pecados dos sacerdotes e do povo (2.1-17). Contudo, é bem possível que, assim como o povo de Israel na época de Malaquias, a causa do castigo de Deus ao povo de Judá foi também devido à tepidez espiritual. O profeta Joel convoca este povo que havia deixado de amar a Deus acima de tudo para um sincero arrependimento descrito em (2.13). 

Portanto, entendido um pouco do contexto da mensagem de Malaquias e Joel, resta-nos saber, então, o que é o devorador, se é uma espécie de “demônio” que atua causando prejuízos na vida daquele que não dizima e se existe mesmo este “demônio”. O “devorador” (ARA, ARC), ou a “praga devoradora” (Almeida Século 21), ou ainda as “pragas” (NVI), é simplesmente a descrição de um inseto chamado gafanhoto! Existem alguns tipos de gafanhotos nos quais o profeta Joel descreve. Senão vejamos:

1) O Cortador (gazam) é um tipo de gafanhoto que se instala ou habita na plantação. Ele destrói uma parte dos frutos apenas. Sendo assim, o agricultor na época da colheita sofre certo prejuízo financeiro perdendo uma parte dela que fica imprópria para o consumo alimentar. 

2) O Migrador (arbeh), diferente do cortador que habita nas plantações, é um tipo de gafanhoto que voa em bando por diferentes lugares e que aparece de repente na plantação destruindo mais a colheita aumentando mais o prejuízo do agricultor. 

3) O Devorador ou Infestante (jelek), por sua vez, é o tipo mais devastador de gafanhoto que, assim como o migrador, voa também em bando que chega a cobrir o céu dando o aspecto de tempo fechado. Esta nuvem, contudo, é composta de muitos gafanhotos que, quando pousa sobre uma plantação, infesta e a destrói quase que por completo em cerca de meia hora, apenas, levando o agricultor a ter mais prejuízos, pois não se dá para aproveitar muita da colheita. 

4) O Destruidor (chasel), por fim, é o tipo de gafanhoto que possui o maior poder de destruição. Quando uma plantação sofre o ataque destes insetos, ela é completamente destruída levando o agricultor praticamente ou quase à falência.

O ataque de gafanhotos literais que Judá sofreu na época do profeta Joel foi o castigo de Deus! Conforme vimos anteriormente, esta nação havia pecado gravemente contra o Senhor, e o castigo que resultou numa assoladora crise econômica de toda a nação era o meio de Deus levar o povo ao arrependimento de seus pecados e a se voltar para ele. Este mesmo entendimento se aplica também no caso de Malaquias, onde o povo de Israel que sobrevivia da agricultura, pois era a profissão de praticamente todos eles, também sofreu financeiramente com a praga de gafanhotos devoradores. Portanto, a ideia de que existe um demônio chamado devorador é uma falácia criada no laboratório das heresias! Infelizmente, um pregador do quilate de Hernandes Dias Lopes disse no seu comentário bíblico expositivo de Malaquias, numa aplicação equivocada, que o devorador não é um demônio conforme alegam os neopentencostais e pentecostais, mas afirmou, cometendo, assim, um erro de aplicação que o devorador pode ser tudo aquilo que subtrai os nossos bens, que conspira contra o nosso orçamento e que mina as nossas finanças.[3]

Embora não vemos nenhuma menção que o devorador seja um demônio nos evangelhos por Jesus e nas cartas por Paulo, Pedro, João, Tiago, Judas e Hebreus, todavia, o pastor ou pregador equivocado que ensina sobre o devorador, além de ser ganancioso e um tipo de estelionatário religioso, também engana o povo de Deus ensinando eles a contribuírem financeiramente na igreja por medo do devorador e por ganância (o que é pecado) de receber de Deus bênçãos financeiras duplicadas ou outras bênçãos quaisquer (1Tm 6.6-11; Mt 6.19-21). O devorador não é um demônio que causa prejuízos financeiros na vida daquele que é infiel nos dízimos e nas ofertas, mas, simplesmente, um inseto [gafanhotos] de acordo com as Escrituras que Deus utilizou para executar o seu juízo disciplinador sobre o seu povo que estava vivendo em pecado. Deus, indubitavelmente, utiliza meios para nos disciplinar e nos levar ao arrependimento ainda hoje quando não estamos vivendo a vida que ele requer de nós, quer seja uma doença, uma crise financeira ou no casamento, a morte de um ente querido dentre outras coisas. A disciplina é simplesmente o cuidado e o amor de Deus para com os seus filhos (veja Hb 12.4-14). Portanto, não existe o devorador, mas, sim, o falso pastor enganador que é o próprio devorador financeiro dos incautos!

Mateus 7.15 - "Cuidado com os falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em pele de ovelha, mas interiormente são lobos DEVORADORES!" (Almeida Século 21) 

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Notas:

[1] Augustus Nicodemus Lopes. O Culto Espiritual, pág 11-12.
[2] Ibid, pág 13-14.
[3] Hernandes Dias Lopes. Malaquias, pág 103.

Divulgação: Bereianos
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O conceito reformado do salário



Quais as considerações teológicas particulares do grande reformador João Calvino a respeito do salário? Qual a ética que define o salário humano? Veja abaixo uma citação retirada da obra de André Biéler chamada “A força oculta dos protestantes” que relata o conceito reformado sobre o assunto.

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O salário humano retira seu significado de uma analogia com a recompensa que Deus concede ao homem por suas obras. De fato, ela depende unicamente de seu amor. Tudo o que recebe um ser humano é devido à graça de Deus. É ele que provê gratuitamente a sustentação da vida, por pura misericórdia. "Falando com propriedade", escreve Calvino, "Deus nada deve a ninguém". "Qualquer obrigação de que nos desincumbamos, Deus não está absolutamente obrigado a pagar-nos salário algum".

Na sua bondade, porém, Deus não abandona suas criaturas sem lhes dar o que lhes é necessário para viver. Remunera suas obras, não por obrigação, mas por amor. "Por sua bondade gratuita, oferece-nos salário", escreve ainda o reformador, "aluga nosso trabalho, o qual lhe é devido mesmo sem a remuneração".

O salário humano concedido a todo trabalhador é, portanto, a expressão tangível do salário gratuito e imerecido com que Deus privilegia a obra de cada indivíduo. Assim, por mais profano que seja, o salário se reporta à obra de Deus. Expressa de forma visível a intervenção de Deus em favor da frágil existência humana. Além disso, porque esse salário é o sinal da graça de Deus, não pode ser considerado como favor, que o dono do trabalho possa dispor como bem lhe aprouver. Dando ao trabalhador a remuneração de seu trabalho, o dono nada mais faz que transferir ao próximo aquilo que este tem direito da parte de Deus.

Por causa desse significado espiritual e ético conferido ao salário, o produto do trabalho não pertence, portanto, mais ao patrão que ao operário, ambos sócios na atividade comum. Em conjunto, recebem o produto como a recompensa providencial de seu esforço. Patrões e empregados são, em conjunto e igualmente, devedores de Deus segundo os dons que receberam e puseram em atividade, sem mérito maior para uns ou outros. Devem, portanto, repartir esses frutos de comum acordo, livremente, mas levando em conta a contribuição inicial e a responsabilidade de cada um.

Disso decorre que não se trata simplesmente de regular-se pela lei da oferta e da procura, sem qualquer outra consideração ética. E mesmo que tal ética jamais haja sido aplicada à letra, é sua orientação espiritual que importa observar. A negociação, aqui como em qualquer lugar, deve ocorrer. A negociação é um princípio social superior, que deriva diretamente do fato de que nenhum ator econômico é, sozinho, dono do que produz em conjunto com os outros. O produto permanece sinal concreto da graça de Deus, um dom a partilhar.

Fonte: A força oculta dos protestantes, Editora Cultura Cristã, págs. 128 e 129.
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O Evangelho e a Mordomia

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Por Donald Whitney

Mordomia é o cuidado e a administração daquilo que pertence a outro. Embora sempre falemos sobre as coisas como "nossas", a realidade é que tudo que temos e tudo que somos pertence a outro – a Deus. Como disse o apóstolo Paulo: "Que tens tu que não tenhas recebido?" (1 Co 4.7). Portanto, foi de Deus que recebemosnossa vida e o tudo que há nela; e somos responsáveis por isso. Temporariamente – ou seja, até que Deus os exija de nós – somos mordomos desses dons.

Embora a mordomia seja frequentemente associada ao dinheiro, ela tem sido descrita memoravelmente como que incluindo o nosso tempo, talentos e riqueza. Mas a mordomia não diz respeito apenas a sermos bons administradores de nossa agenda, nossas habilidades e nossas coisas. A disciplina da mordomia bíblica nos chama a usar todas essas coisas da maneira como o Senhor quer, a empregá-las para a sua glória. No entanto, ninguém pode ser um mordomo no sentido bíblico se, antes disso, não entende o evangelho – a história do que Deus realizou por meio da vida e da morte de Jesus Cristo.

O evangelho cria mordomos

O evangelho é infinitamente mais do que um ingresso para o céu. É uma mensagem que muda não somente o destino da pessoa na eternidade, mas também seu coração e sua mente aqui e agora. O evangelho transforma mais do que o relacionamento de uma pessoa com Deus; também transforma o relacionamento de uma pessoa com todas as outras coisas.

Essa é a razão por que as evidências mais confiáveis de que uma pessoa se converteu é que ela começa a buscar maneiras de usar seu tempo, talentos e dinheiro no serviço do evangelho. Quando uma pessoa começa a usar diligentemente seus recursos para servir e propagar o evangelho, isso é um testemunho do valor que ela coloca no evangelho e do fato de que ela valoriza o Deus do evangelho acima de todas as coisas.

O pecado nos torna egoístas e desperdiçadores de tudo que temos e tudo que somos. Mas "a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Coríntios 4.4) nos ajuda a perceber que conhecer a Deus é infinitamente mais importante e mais valioso do que guardar o tempo e o dinheiro para nós mesmos. O evangelho nos faz achar prazer espiritual em usar essas coisas para atender às necessidades de outros e capacitá-los a ouvir o evangelho e a voltarem-se para Cristo. Chegar a conhecer a Cristo por meio do evangelho nos leva, por um lado, a avaliar nossos recursos e, por outro lado, a avaliar a alma das pessoas. Leva-nos também a dizer com o apóstolo Paulo: "Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma" (2 Co 12.15).

Mordomos precisam de disciplina

A disciplina para administrar nossos recursos de maneira intencional, norteada pelo evangelho e que glorifica a Deus não vem plenamente formada com a habitação do Espírito Santo – tem de ser cultivada. A mordomia tem de ser uma disciplina, pois sempre há algo mais clamando por nossos recursos. Sem disciplina, as melhores intenções de usarmos nosso tempo, talentos e dinheiro para o evangelho serão vencidas pelas circunstâncias e pelas emoções do momento, resultando em incoerência ou, pior, em negligência no uso mais eficiente de nossos recursos para o evangelho.

Em um sentido, a disciplina da mordomia é central a todas as outras disciplinas espirituais. Se não desenvolvermos um uso teocêntrico de nosso tempo, por exemplo, não nos engajaremos coerentemente nas disciplinas pessoais, como a oração ou o alimentar-nos da Palavra de Deus, nem participaremos com fidelidade das disciplinas espirituais interpessoais, como a adoração ou a comunhão coletiva.

Uma das passagens clássicas sobre mordomia é a parábola de Jesus a respeito dos talentos (Mt 25.14-30; Lc 19.12-17). Nessa parábola, o senhor recompensou aqueles que administraram bem os recursos que entregara ao cuidado deles e puniu aquele que não fez isso. Embora haja mais coisas que poderíamos aplicar dessa parábola, um fato evidente é que aqueles que foram considerados mordomos fiéis foram intencionais – disciplinados – em usar para seu senhor os recursos que ele lhes confiara temporariamente. Deus tem prazer na mordomia exercida com disciplina – e não com negligência – daquilo que lhe pertence.

O que é essa mordomia exercida com disciplina? É usarmos os nossos dons espirituais para servir a Deus em nossa igreja local. É designar uma parte de nosso dinheiro para a igreja cada mês, antes de pagarmos outras contas, para que o uso de nossos recursos seja coerente com as prioridades que mais valorizamos.

A disciplina entra no âmbito da mordomia porque é tão fácil desperdiçarmos nosso tempo, dissiparmos nossos talentos e sermos negligentes no uso de nosso dinheiro. No entanto, até o uso mais escrupuloso de nossos recursos é indigno sem o evangelho, pois é somente por meio do evangelho que recebemos tempo eterno no céu, talentos glorificados e o mais rico dos tesouros – Deus mesmo.

- Don Whitney é professor de Espiritualidade Bíblica e Deão Associado do Southern Baptist Theological Seminary de Louiville; Don obteve seu doutorado em ministério pelo Trinity Evangelical Divinity School e está completando seu segundo doutorado na área de Espiritualidade Cristã, pela universidade da África do Sul. É autor de vários livros e artigos e serve como professor convidado e preletor em seminários e conferências. É casado com Caffy e o casal tem uma filha, Christine. Don mantém uma página na internet: www.BiblicalSpirituality.org.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Traduzido do original em inglês: The Gospel and Stewardship Revista Tabletalk. Com permissão de Ligonier Ministries

Fonte: [
Editora Fiel ]

Demônios nas finanças - O terrorismo go$pel dos gafanhotos

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No capítulo do livro, “Por Trás das Bênçãos e Maldições”, o Bispo Rodovalho descreve os quatro tipos de espíritos malignos que atacam ao homem quando está em algum tipo de brecha na área das finanças. Veja:

1) Cortador: Este era aquele que tinha o poder para cortar. Quando o brotinho nascesse, logo seria cortado. Começa a fazer um negócio, vem alguém e desmancha. Inicia uma empresa lucrativa e aí vem os prejuízos e tem que fechar. Começa a ter esperança no trabalho, logo vem um chefe que se indispõe e manda embora. É o espírito de gafanhoto cortador que está liberado contra a pessoa.

2) Migrador: Este é um demônio que migra, muda, não fica em lugar fixo. Ele opera em um período, depois ele volta. Um ano depois, volta novamente. Ele migra até de família em família, região em região. Você já percebeu que de vez em quando começam os acidentes de carro? Sabe o que é isso? São os espíritos migradores. Fazem danos em uma casa trazendo acidentes e perdas financeiras, logo depois aquele espírito de tormenta vai perseguir outra família, outra casa.

3) Devorador: Este tem o poder para cortar mais fundo que o migrador. Ele devora, come velozmente, arranca as cascas e o cerne das plantações deixando apenas a raiz, às vezes deixando só o tronco morto ou semimorto. O devorador toca não apenas nos bens da pessoa, mas no casamento, nas emoções. Delibilita a própria saúde, o próprio equilíbrio que aquela pessoa possuía.

4) Destruidor: Este tem o poder para tirar a vida da planta. Ataca a raiz. As pessoas que se suicidam, muitas delas o receberam. Começa com a perda financeira. Vai envolvendo-se em negócios inescrupulosos, tormentos, até que perde tudo o que possui. O espírito do gafanhoto destruidor arrasa completamente os bens, a felicidade, a saúde e a própria vida da pessoa, matando-a.

Fonte: [ Site da SNT ]

Não consigo entender de onde vem tanto misticismo nos ensinamentos do Sr. Rodovalho. Ele poderia ser menos místico e mais bíblico.

Caro leitor, não se apavore, não caia neste engano anti-bíblico! Esta analogia feita sobre os gafanhotos é pura invencionisse. Uma alegoria mística sem nenhum fundamento exegético, um verdadeiro terrorismo manipulador em detrimento da liberdade que o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo nos proporciona. Afinal, com medo do tal "demônio devorador", muitas pessoas são aprisionadas a este falso ensinamento de que, se não "devolver" o dízimo, tal demônio irá consumir toda a sua renda arrecadada no mês. O dízimo então seria uma proteção, não somente do "gafanhoto", mas dos demais supostos "demônios" descritos no livro do profeta Joel (1:4).

Além do Sr. Rodovalho e toda a sua pirâmide sacerdotal, muitos tem pregado esta mentira. Este devorador, na verdade não se trata de um "demônio"! É um erro grosseiro de interpretação bíblica afirmar o contrário. Vou explicar:

Para começar a refutar este engano, vamos analisar uma passagem bíblica muito conhecida, que fala do gafanhoto "devorador". Em Malaquias 3:11 fala de um gafanhoto devorador na forma de “juízo de Deus”, são pragas nas plantações. O contexto deste verso de Malaquias está, além das passagens anterior e posterior a este versículo, também em Dt 28:38 onde este “gafanhoto” faz parte dos “castigos da desobediência”, veja:

“Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá.”

Isto é uma das muitas conseqüências da desobediência do povo de Israel se caso desobedecesse os mandamentos do Senhor.

Para verificar que este gafanhoto é um instrumento de juízo do Senhor, veja também Amós 7:1:


“Isto me fez ver o Senhor Deus; eis que ele formava gafanhotos ao surgir o rebento da erva serôdia; e era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei.”


Note a relação “Desobediência e Juízo de Deus como conseqüência”.

Uma cadeia de equívocos interpretativos ocorre pelo Sr. Rodovalho e pelos defensores da "demonologia dos gafanhotos", pois quando lemos estes quatro versos (8, 9 ,10 e 11 de Malaquias 3) com a devida atenção, fica claro que o contexto é de bênçãos materiais e não espirituais. Abastança! Colheita farta! Frutos na vide! Sem devorador! Sem gafanhotos destruindo as lavouras. O tema é benção material e não saúde, paz, amor e esperança, muito menos existe uma conotação de espíritos malignos!

É exatamente o contexto direto de Joel 1:4, que fala de quatro tipos de gafanhotos (ou de estágios da praga de gafanhotos), alegorizados misticamente pelo Rodovalho. Veja:

"O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou-o o devorador, comeu-o o destruidor".

Note o contexto deste versículo, principalmente os versos 16 ao 18 do capítulo 1, onde mostra claramente que se trata de uma praga literal e não hiperbólica, como muitos místicos insistem em erroneamente interpretar.

"Acaso, não está destruído o mantimento diante dos vossos olhos? E, da casa do nosso Deus, a alegria e o regogizo? A semente mirrou debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados, os armazéns, derribados, porque se perdeu o cereal. Como geme o gado! As manadas de bois estão sobremodo inquietas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão perecendo"

No próprio livro do profeta Joel, fica claro que esta praga de gafanhotos era exatamente um instrumento de juízo de Deus. Em Joel 2:25 diz:

"Restiruir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros".

Portanto: se algum líder lhe apregoar o terrorismo dos gafanhotos, não acredite, pois na verdade isso não passa de um grande engano, baseado em uma mentirosa distorção bíblica.

Sobre dízimos, ofertas e a maneira correta de contribuir para a obra do Senhor, clique aqui e veja uma das mais completas análises exegéticas disponíveis na web sobre o assunto.

Soli Deo Gloria!

Autor: Ruy Marinho

Fonte: [ Bereianos ]
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Opinião: dízimos e ofertas

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Tenho observado dois efeitos corrosivos à alma provocados pela mercadização da fé, pela monetarização do dízimo, produzidas por clérigos evangélicos, seus asseclas e associados, e vendidas nas suas igrejas.

O primeiro é a projeção da imagem de Mamon, o deus do dinheiro, em Deus. Deus passa a ser percebido como se fosse um banqueiro ou a “mão invisível” do mercado que abençoa ou remunera de acordo com os investimentos que são feitos pelos clientes nas igrejas que passam a ser percebidas como agências bancárias e pregões das bolsas de valores celestiais. Os dízimos e as ofertas passam a ser concebidos como moedas de troca, ou melhor, como instrumentos de barganha, como se a vontade de Deus tivesse um valor venal, oscilasse conforme a oferta ou a fuga de capitais (leia-se dízimos e ofertas).

A lógica que subjaz essa operação é que quanto maior é o investimento maior é o retorno. Ou seja, se você mudar da COHAB da Barreira Grande, para um sobrado na Aclimação, para um apartamento com dois dormitórios e uma suíte no Tatuapé ou para uma cobertura no Alto da Boa Vista; se você vai deixar de andar de ônibus ou de carona, para andar de Uno Mille, de CrossFox ou de BMW; se você vai deixar de passar as férias numa quitinete emprestada na Praia Grande, para passar em Ubatuba, Porto de Galinhas ou em Bariloche, é tudo uma questão de quanto você vai ofertar. Só o dízimo é muito pouco para reivindicar um alto padrão de vida.

O indivíduo que se relaciona com Deus segundo essa lógica tende a se amesquinhar, a pensar que Deus tem que ser a “baba de seus desejos” porque afinal ele está pagando e caro para isso. Ele tende a achar que Deus é seu empresário, que vai projetá-lo no mundo da fama e do sucesso, e quando as coisas não acontecem conforme às suas expectativas, logo passa a desconfiar do caráter de Deus, da sua idoneidade em honrar os seus investimentos.

O segundo é a indiferença frequentemente transmutada em cinismo naqueles que outrora movidos por medo, boa-fé ou por ambições materiais, eram fiéis contribuintes, ofertavam com liberalidade, doavam bens valiosos para o sistema religioso. Mas depois que se desencantaram com o sistema religioso, que sua consciência foi desalienada da falácia dos mercadores da fé – muitas vezes através de quedas violentas na realidade dos fatos, marcada de surtos, roubos e/ou arrombos pastorais – cerram o coração, dessensibilizam a alma e fecham as torneiras monetárias. E o que é pior, muita gente passa a agir assim baseado numa suposta compreensão verdadeira do Espírito do Evangelho. Em nome da graça passam a des-graçar o Evangelho.

Ambos os efeitos são decorrências de um problema estrutural congênito ou adquirido, a má formação na consciência da compreensão do espírito do Evangelho. O Evangelho nos ensina de cabo a rabo através de Jesus e dos seus apóstolos que a contribuição - não precisamente o dízimo - é um mandamento da graça, que é ao mesmo tempo um privilégio, que acarreta bênçãos pessoais e coletivas quando é feita por amor a Jesus Cristo.

Não se trata que Deus nos amara mais se contribuirmos bastante, nos amará menos se contribuirmos pouco ou deixará de nos amar se não contribuirmos com nada. O amor de Deus é invariável, nada fará com que Ele nos ame mais ou nos ame menos.

O fato de sermos fiéis contribuintes não impedirá que fiquemos desempregados, que nossa casa seja assaltada, que nosso carro bata, que contraiamos uma doença grave ou que uma pessoa que amamos vá embora ou mora. Tampouco os que não contribuem ou contribuem irregularmente ficam impedidos de serem promovidos no emprego, de sair do aluguel para uma casa própria, de trocarem o seu carro popular por um importado, de ter sorte no amor e uma vida saudável. Nem sofreram os males descritos necessariamente como castigo divino por não ofertarem. Deus faz o sol nascer e a chuva cair sobre justos e injustos. (Mateus 5.45)

O mandamento reside que ao sermos sal da terra e luz do mundo nós horizontalizamos o amor de Deus, e mostramos com as nossas boas obras a autenticidade de nossa Fé (Tiago 2.18). E benção está no aumento da percepção do cuidado de Deus por nós conforme ofertamos, seja em dinheiro ou em serviço, por amor, não por medo ou ambição, não apenas no sustento dos que ministram o Evangelho e nas instituições facilitadoras da sua ministração, mas também na assistência aos pobres, aos enfermos, aos órfãos, aos encarcerados e a todos que sofrem.

Ao ofertamos no amor de Jesus temos a bênção de sermos libertos do poder do dinheiro, da maldição que sua fartura ou escassez provoca em nossas vidas quando ele se torna um deus. Isto porque ao contribuirmos demonstramos que confiamos que a providência Divina é infinitamente mais sábia para nos fazer prosperar – segundo o Evangelho que é Vida, não segundo o mercado que é morte - do que nossa capacidade administrativa, do que nossos conhecimentos de gestão de recursos.

Quem entende isso sabe que o que Paulo que dizer quando diz que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância ceifará (2º Coríntios 9.6), não é que a economia divina é equivalente à economia de mercado. E sim, que quanto mais contribuímos mais nos desapegamos de matéria, mais nos conscientizamos da “desimportância” de tantas coisas que a gente considerava imprescindível para ser feliz, mais mudamos nossa escala de valores, e mais nos abrimos para um caminho sobremodo excelente, para uma nova dimensão, uma dimensão de Vida.

Por Julio César
Psicólogo e mestrando em Ciências da Religião

Fonte: [ Graça e Cia ]
Via: [ Jesus na matrix ]
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