Comparando o testamento de Calvino com as riquezas dos apóstolos do século XXI

Esta semana estive relendo o testamento do Reformador João Calvino, o qual compartilho abaixo:

“A respeito dos poucos bens terrenos que Deus me deu aqui para dispô-los, eu nomeio e indico como o meu único herdeiro, meu amado irmão Antony Calvino, mas somente como honrado herdeiro, concedendo-lhe o direito de possuir nada mais, senão a taça que ganhei de Monsieur de Varennes, e suplico-lhe que fique satisfeito com isto, como eu estou bem certo de que ele será, pois ele sabe que fiz isto por nenhuma outra razão, senão que o pouco que deixo possa permanecer para os seus filhos. Em seguida, deixo para a Academia dez moedas de cinco xelins, e para o tesouro dos pobres estrangeiros a mesma soma. Igualmente, para Jane, filha de Charles Costan e minha meia-irmã, por assim dizer, por parte de pai, a soma de dez moedas de cinco xelins; e ainda, para cada um de meus sobrinhos, Samuel e João, filhos de meu supracitado irmão, quarenta moedas de cinco xelins; e para cada uma de minhas sobrinhas, Anne, Susannah e Dorothy deixo trinta moedas de cinco xelins. Também para o meu sobrinho David e seu irmão, pois ele tem sido imprudente e inseguro, deixo-lhe, porém, vinte e cinco moedas de cinco xelins como uma punição. Este é o total de todos os bens que Deus me deu, de acordo com o que fui capaz de avaliar e estimá-los, quer sejam em livros, mobília, objetos de prata, ou qualquer outra coisa. De qualquer modo, é possível que o resultado da venda remonte a alguma coisa mais, entendo que poderia ser distribuído entre meus citados sobrinhos e sobrinhas, sem excluir David, se Deus tiver lhe concedido graça para ser mais moderado e sério. Mas, creio que a respeito deste assunto não haverá dificuldade, especialmente quanto às minhas dívidas que serão pagas, como tenho encarregado a meu irmão em quem confio, nomeando-o executor deste testamento junto ao respeitável Laurence de Normandie, concedendo-lhes poderes e autoridade para fazer um inventário sem qualquer forma judicial, e negociar minha mobília para levantar dinheiro dela de modo a consumar as orientações deste testamento como ele está aqui firmado por escrito, neste dia 25 de Abril de 1564.'

Ué? Onde estão os terrenos e propriedades deste grande homem de Deus? Não foi ele o grande reformador e transformador social de Genebra? Como tal, não deveria ser rico e possuidor de muitos bens? Pois é, diferente dos profetas de hoje, Calvino jamais se locupletou daquilo que não lhe pertencia. Fico a pensar no conteúdo do testamento de alguns tele-evangelistas e apóstolos dos nossos dias. Possivelmente, alguns destes destinariam a seus familiares suas singelas casas em Boca Raton, ou suas mansões em condomínios fechados na Barra da Tijuca, além obviamente de seus modestos aviões e carros importados.

Pobre Calvino, não teve unção suficiente para tirar das mãos do diabo as riquezas deste mundo. Coitadinho, não soube "mover" no mundo espiritual, por isso morreu a mingua. Se tivesse determinado a bênção com fé, prosperaria e não teria passado a vergonha de ter morrido pobre.

Ora, ironias a parte, confesso que a teologia da prosperidade me enoja. Ouvir pregações cuja ênfase é a riqueza deste mundo me angustia profundamente.

Ao contrário destes lobos vorazes, Calvino nunca decretou ou determinou a bênção ou enriquecimento dos filhos de Deus. Seu testamento aponta para o fato de que mesmo tem sido o que foi ,Ele jamais tomou para si aquilo que não lhe pertencia.

Dias difíceis os nossos!

Pense nisso!

Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]

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3 comentários

Caro Ruy,

Muito boa essa postagem do Renato Vargens. E o pior de tudo é que Calvino é quem é o "carrasco" da história, só porque cria nas doutrinas da Graça. Bom seria se mais pessoas lessem isso.

Um abraço!

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Olá irmão Leonardo.

Pois é irmão, coitado de Calvino (rs).

Muito bom o artigo mesmo!

Grande abraço, em Cristo!

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Antonio mod

Os valores destes grandes heróis da fé eram outros, completamente distintos daqueles perseguidos pelos vermes do evangelho de Mamom. Este texto aponta para o quanto estamos perto do fim da presente era da Igreja. É a prometida operação do erro que viria (e veio), para que os perdidos cressem na mentira (2Ts 2:11), tudo já está preparado.
Ora vem, Senhor Jesus!

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