Vale tudo para evangelizar?

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Por Richardson Gomes


Nesse final de semana li um pequeno texto de uma antiga edição da revista da Juerp, de um autor que não me lembro o nome, onde ele cita uma pesquisa que foi feita em várias igrejas com a pergunta: "Qual a principal missão da Igreja?" A resposta foi quase sempre a mesma: "Evangelizar". E provavelmente esta também foi sua resposta. Diante de tantas estratégias para se conseguir um número maior de pessoas, onde muitos têm promovido festas, baladas, bares, curas, milagres, prosperidades e acham que "tá tudo certo com Deus" se colocarem o nome "gospel" no final da frase, uma reflexão deve ser feita: A principal missão da Igreja é glorificar a Deus, inclusive quando se prega a Sua Palavra. 

Hoje, os jovens não se contentam mais com a Palavra de Deus, não estão mais satisfeitos com ela, querem algo a mais. E aí, vêm aqueles que querem atrair o povo fazendo todo tipo de coisa pra chamar a atenção dos jovens. Se vestem de Chapolin, fazem encenações, põem jogos de luz, fumaça, artistas e pronto, o show está feito. Estão deixando de lado o que é certo pra fazer o que dá certo. O que falta hoje é amor à Glória de Deus. O que estão fazendo é simplesmente um circo para entreter toda essa criançada.

Contudo, ainda insistem no erro de que "muitos estão sendo transformados". E esse é o grande problema. Resultados nunca foram e nunca serão prova que ministério A ou B é fiel ao Senhor. Testemunhos, mudanças de vida, milagres e até vidas salvas não garantem que uma pessoa é correta. Garantem que Deus é misericordioso e soberano para usar quem quer que seja para cumprir seus planos eternos.

Pense comigo num violão e num instrumentista. Ainda que o violão seja perfeito, não haverá música boa se o instrumentista não souber tocar. Mas todos nós sabemos o que um exímio instrumentista pode fazer com qualquer violão. Não há glória para o instrumento. A diferença está na habilidade do instrumentista. Eis algumas passagens na Bíblia que nos ensinam que ser usado não significa ser fiel: 

Nabucodonosor foi um homem perverso, mas Deus o chamou de “meu servo”: E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que também venha o tempo da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis se servirão dele.” (Jeremias 27:6-7)

Na parábola dos talentos, todos são chamados de servos. Tanto os bons e fiéis, como os maus e inúteis: Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. [...] Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. [...] Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?” (Mateus 25: 14-15; 20-21; 24-26)

Até Satanás, quando Deus se irou contra Israel, foi usado por Ele para se levantar contra Seu povo. Até Satanás é servo de Deus. “Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá” (2Sm 24.1). “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel” (1Cr 21.1).

Reflita no que o apóstolo Paulo diz, quando ele e Apolo são vítimas de idolatria por parte de alguns de seus seguidores: Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3:4-7)

Um ministério não é bom porque é usado por Deus, um ministério é usado por Deus porque Deus é bom. O problema é que quando as pessoas se prendem aos resultados para justificar seus ministérios, estão demonstrando que amam mais os resultados do que a Deus. Fidelidade é continuar temente a Deus, sem corromper-se, sem desviar-se do evangelho, sem deixar a centralidade de Cristo e a autoridade das Escrituras, mesmo que não haja nenhum resultado. Nem mesmo o apóstolo Paulo usou os resultados para defender-se. Pelo contrário, ele disse: “Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação” (1 Co 9:16). Peço-lhe que reflita nisso, com temor e tremor, e antes de achar que uma pessoa está no caminho certo somente porque é usada por Deus, lembrem-se: Deus usou uma mula.

Se você sabe que tem ouro nas mãos, você entende que não precisa de nenhum enfeite para valorizá-lo. Preguemos somente as Escrituras. Nos voltemos somente para Cristo. Nos rendamos somente à Graça de Deus. Glorifiquemos somente à Deus. Esta é a nossa missão: Proclamar a Glória de Cristo. Enquanto você oferecer doces para que as pessoas venham a Cristo, elas serão apenas cheias de doces e vazias de Cristo. Que em meio à tanta falta de zelo por Deus, nós possamos nos revestir da Sua Palavra, para que não caiamos nos mesmos erros. Que Deus tenha misericórdia de nossas vidas e nos preserve até o fim.

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Sobre o autor: Richardson Gomes é bacharelando no Seminário Batista do Ceará. Membro da Igreja Batista Missionária em Jd. América - Fortaleza/CE.
Divulgação: Bereianos
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