Quando o Pastor Presbiteriano não cumpre seus votos de ordenação

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Por Heitor Alves


Uma das perguntas feitas ao candidato ao Sagrado Ministério, bem como aos candidatos ao presbiterato e ao diaconato, é esta: “Recebeis e adotais sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja (IPB), como fiel exposição do sistema de doutrina, ensinado nas Santas Escrituras?” E o candidato responde: “recebo, sim, senhor”.

Esta pergunta dá-nos a entender que ninguém pode ser ministro, presbítero ou diácono da IPB, se não aceitar as Escrituras Sagradas e os Símbolos de Fé da Igreja. Quando o candidato faz estes votos, deve fazê-los com a intenção de cumpri-los, pois, eles se revestem de grande importância porque foram feitos diante de Deus e da Sua Igreja. A Confissão de Fé de Westminster no capítulo XXII que trata dos juramentos legais e dos votos afirma que “quem vai prestar um juramento deve considerar refletidamente a gravidade de ato tão solene, e nada afirmar de cuja verdade não esteja plenamente persuadido, obrigando-se tão somente por quilo que é justo e bom... e por aquilo que pode e está resolvido a cumprir. É, porém, pecado recusar prestar juramento concernente a qualquer coisa justa e boa, sendo ele exigido pela autoridade legal... o juramento deve ser prestado... sem... restrição mental... o voto é da mesma natureza que o juramento promissório; deve ser feito com o mesmo cuidado religioso e cumprido com igual fidelidade.” Apesar desta declaração, infelizmente, muitos que fazem estes votos têm fracassado em cumpri-los.

Certo pastor, presidente de um dos presbitérios da IPB, afirmou: “Se dependesse de mim já teria jogado a Confissão de Fé no fogo”. Este pastor, claramente não tem nenhum interesse pela doutrina reformada apresentada nos nossos símbolos de fé. Ele não tem respeito pelas doutrinas professadas por sua igreja. Eu seria até mais rude e diria que tal pastor é leviano.

John Murray afirmou: “Frequentemente tem-se argumentado que a mensagem cristã precisa ser adaptada ao homem moderno... mas, é muito mais verdadeiro e importante argumentar que o homem moderno é que tem que se adaptar ao evangelho”[1]. O pastor que faz seu voto na fé reformada, não tem por tarefa pregar para ser agradável, nem para reunir multidões, nem para entreter, nem para acomodar a teologia às pessoas da presente era. A tarefa do pastor reformado é ser preciso no ensino da doutrina da graça: Ele tem que ensinar ao seu povo o que é adoração conforme a Palavra de Deus, e precisa proibir tudo aquilo que a Escritura não permite, por mandamento explicito ou por exemplos claros.

Muitos estão hoje abandonando os símbolos de fé da Igreja, simplesmente para acomodar sua mensagem aos ouvintes. A pergunta que todo pastor precisa fazer a si mesmo é: Qual é a área de primordial importância em meu ministério? A resposta a esta pergunta é: Para o pastor reformado a sua área de importância primordial é a teologia que assumiu nos votos da sua ordenação.

O pastor Paulo Anglada no livro Sola Scriptura, pagina 21, diz:

Subentende-se, por exemplo, que a fé e prática de todo pastor presbiteriano seja a mesma. Teoricamente, pelo menos, um pastor presbiteriano, ao aceitar um convite de uma igreja, pode estar certo de que não deverá haver substancial discordância doutrinária, visto que o conselho subscreve á mesma Confissão de Fé. Isso deveria dar tranqüilidade aos membros de uma igreja, pois sabem que não lhes serão impostas doutrinas ou práticas substancialmente diferentes das que estão registradas nos seus símbolos de fé. Os Credos e Confissões de Fé são, portanto, uma garantia de que a fé e prática da igreja não serão mudadas ao bel-prazer do subjetivismo, pragmatismo ou idiossincrasias de pastores ou conselhos. Uma igreja sem Confissão é como um partido sem ideologia, como uma sociedade sem estatuto, ou como um país sem constituição. Não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina.

O pastor Herminsten Maia Pereira Costa, no livro “Eu creio: No Pai, no Filho e no Espírito Santo”, páginas 13,14 diz:

No Brasil, quando nossa Igreja foi iniciada, o ensino dos símbolos de fé de Westminster teve um papel importante. Hoje, em nome de um suposto “pluralismo” supostamente acadêmico, o que podemos perceber é um enfraquecimento desta ênfase, mesmo nos Seminários ditos reformados, acarretando um desfiguramento doutrinário por parte de muitos de seus pastores e consequentemente, dos membros da igreja.

Todo ministro presbiteriano deve ter compromisso com a teologia de Westminster; teologia esta, que ele prometeu pregar quando foi ordenado. Se todo pastor presbiteriano e conselhos de igrejas, se apegassem à teologia de Westminster que é bíblica, que é o verdadeiro evangelho, não teríamos a influência do pentecostalismo, nem do neo-pentecostalismo, nem do liberalismo e nem do arminianismo em nosso meio. Mas, em nome do crescimento da igreja, a boa teologia é jogada no lixo, e práticas estranhas, esquisitas e mundanas são colocadas no culto. Para atrair multidões, vale tudo: Brincadeiras, gincanas, entretenimentos, dança, jogo de luz, grupo de coreografia, teatro, etc.

Quanto a isto, o pastor Paulo Anglada, no livro “O Princípio Regulador do Culto”, páginas 22, 23, citou Charles Haddon Spurgeon nestas palavras:

O diabo tem raramente feito alguma coisa mais sagaz do que sugerir à igreja que parte da sua missão consiste em proporcionar entretenimento ao povo, com vista a ganha-lo... Em nenhum lugar nas Escrituras é dito que promover divertimento para as pessoas é função da igreja. Se isso fosse função da igreja, por que Cristo não falou sobre isto?...” Ele concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres” para a obra do ministério. Onde se incluem os que entretêm pessoas?... Se Cristo tivesse introduzido mais elementos festivos e agradáveis à sua missão, Ele teria sido mais popular, quando as pessoas se afastavam Dele por causa da natureza perscrutadora e penetrante do Seu ensino. Mas eu não o ouço dizendo: “corre atrás dessas pessoas Pedro, e diga a elas que teremos um estilo de culto diferente amanhã, algo mais breve e atrativo, com pouca pregação...” Jesus se compadecia dos pecadores, preocupava-se e chorava por eles, mas nunca procurou diverti-los.

Cremos que temos uma excelente opção, para não cairmos nesses erros: Qual é? É seguirmos a recomendação que Paulo deu a Timóteo, e seguirmos o exemplo de Cristo e Seus apóstolos. Ou seja, tanto Cristo como os apóstolos se envolveram com a pregação sadia da Palavra e viviam de acordo com a Palavra. Assim a igreja hoje, deve pregar a Palavra. Esta é a tarefa da igreja (Mc 1.38; At 8.4; 2 Tm 4.2).

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Nota:
[1] Prólogo: HODGE, A. A. Confissão de Westminster - São Paulo - Puritanos-1999-p. 4.

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Artigo postado originalmente no antigo site Eleitos de Deus que infelizmente saiu do ar.
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