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Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: David Cecilio
Via: Fireland, sob o título: Molinismo Para Iniciantes.
Nos últimos meses e anos, uma antiga controvérsia sobre a natureza do conhecimento de Deus tem sido reacesa em certos círculos cristãos. A doutrina no centro dessa controvérsia é chamada de "conhecimento médio" - também conhecida como Molinismo. Com o objetivo de auxiliar os nossos leitores a entender melhor os assuntos em jogo, convidamos o Dr. Paul Helm para escrever uma introdução a este assunto importante.
O Conhecimento de Deus
Na discussão teológica sobre o conhecimento de Deus, fora comum por anos, até a chegada da Reforma e inclusive nela, distinguir entre o conhecimento necessário de Deus e Seu conhecimento livre. A distinção é óbvia e natural. O conhecimento necessário de Deus inclui muitos tipos de verdades. Este é o conhecimento de matérias como as verdades da matemática - por exemplo: 2 + 2 = 4. Este também é o conhecimento de verdades como, o todo é maior do que a parte, e nenhum círculo é um quadrado. O conhecimento necessário de Deus também inclui o conhecimento de todas as possibilidades, tais como pessoas possíveis, as possíveis vidas que elas poderiam ter e toda a gama de mundos possíveis. Deus conhece estas coisas de forma imediata e intuitiva.
O conhecimento livre de Deus, por outro lado, é o Seu conhecimento do Seu decreto - daquilo que, em Sua sabedoria, Deus, de forma livre e imutável, ordenou que acontecesse. Aquilo que Deus decreta é obviamente um subconjunto de todas as possibilidades que Ele conhece. Seu decreto também tem sua fonte exclusivamente em Sua mente e vontade.
Conhecimento Médio
No final do séc. XVI, um novo tipo de conhecimento foi proposto por dois pensadores jesuítas ibéricos, Luis de Molina (1535-1600) e Pedro da Fonseca (1528-1599). O conhecimento médio - ou 'Molinismo' como veio a ser chamado mais tarde - foi a sua contribuição a uma controvérsia na igreja Católica Romana sobre graça, livre arbítrio e predestinação. Em nosso próprio tempo, o Molinismo tem sido proposto por Alvin Plantinga e por outros com respeito a relação de Deus com o mal. Creio que é justo dizer que ao passo que teólogos católicos romanos têm discutido por muito tempo o conhecimento médio em seus livros, o interesse atual nele é devido a Plantinga e sua discução do tópico em seu livro Deus, a Liberdade e o Mal.
O que é o conhecimento médio? No centro deste interesse atual está o conhecimento de Deus das possibilidades envolvendo a escolha humana - as "contingências da liberdade" como têm sido chamadas. Porque esta inovação? O seus proponentes estão preocupados em preservar o que consideram ser duas crenças vitais. A primeira é a providência e total presciência de Deus. A segunda é a ideia que os seres humanos têm, em um sentido indeterminista, uma liberdade que não pode ser suprimida. Quando falamos de liberdade indeterminista, queremos dizer que qualquer ser humano, em um dado conjunto de circunstâncias, tem o poder para escolher A ou para escolher não-A. O problema é óbvio. Como isto pode ser consistente com o governo providencial universal de Deus e seus propósitos de redenção?
A forma dos Molinistas tentarem manter a coesão entre todas estas doutrinas foi sugerir que existia, ao lado do conhecimento natural de Deus e seu conhecimento livre, um terceiro tipo de conhecimento. Eles argumentaram que Deus também tinha "conhecimento médio" - entre os outros dois. O que isto significa pode ser brevemente explicado. Dado todo um conjunto de mundos possíveis - os quais Deus conhece -, dados mundos nos quais homens e mulheres fossem livres no sentido indeterminista apropriado, Deus saberia o que eles livremente escolheriam em toda circunstância possível. Deus tem conhecimento de todas estas consequências possíveis. Se for colocado em um conjunto de circunstâncias, Deus sabe o que Jonas iria livremente escolher. Isto é verdade em relação a todas as pessoas possíveis e todas as circunstâncias possíveis. Deus tem este conhecimento médio por examinar todas as possibilidades que o livre arbítrio que cada pessoa pode escolher.
Em Seu poder e sabedoria, Ele escolhe aquele mundo possível, aquela combinação total de indivíduos e circunstâncias, cujas expressões de livre arbítrio irão melhor servir Seus propósitos. Assim, a onisciência de Deus é preservada e o livre arbítrio humano é preservado. O mal moral que acontece neste mundo escolhido não é a direta responsibilidade de Deus mas daquelas criaturas que exercitam suas escolhas de uma forma malevolente.
Quais São as Implicações do Molinismo?
Precisamos enfatizar que a visão de livre arbítrio sustentada pelos molinistas tanto antigos quanto modernos é frequentemente chamada de "libertarianismo" ou "indeterminismo". Em contraste seus oponentes, na Igreja Católica Romana e nas igrejas da Reforma, têm sustentado visões da liberdade humana que são deliberadamente consistentes com o decreto divino em relação a todas as coisas que acontecem e com a irresistibilidade de Sua graça.
Há Argumentos Bíblicos para o Molinismo?
À medida que seus proponentes buscaram suporte bíblico evidente para o conhecimento médio, eles usaram o exemplo de Davi em Queila registrado em 1 Samuel 23. A este ponto na narrativa bíblica, os Filisteus estavam atacando Queila. Davi perguntou ao Senhor se deveria ir à Queila para guerrear com os Filisteus e o Senhor disse que ele deveria. Os companheiros de Davi estavam com medo e então Davi perguntou uma segunda vez. Em Queila, com medo de que Saul o atacaria lá, Davi perguntou ao Senhor se Saul iria à Queila. A esta altura, lemos a seguinte conversa: "E o Senhor lhe disse: 'Ele virá'. E Davi, novamente, perguntou: 'Será que os cidadãos de Queila entregarão a mim e a meus soldados a Saul?' E o Senhor respondeu: 'Entregarão'. Então Davi e seus soldados, que eram cerca de seiscentos, partiram de Queila, e ficaram andando sem direção definida'" - 1Sm 23v11-13.
Na concepção dos Molinistas, o incidente demonstrou o conhecimento médio na prática, pois mostra que o Senhor sabia o que aconteceria se certa ação livre acontecesse - eles suporam que Davi e os outros participantes estavam agindo com livre arbítrio no sentido libertariano. Deus sabia que se Davi escolhesse ficar em Queila, então os cidadãos de Queila escolheriam o entregar. Então Davi escolheu tomar uma ação evasiva e Saul escolheu desistir da expedição contra Davi quando soube o que Davi tinha feito. Deus sabia de tudo isso - e também muito mais - por Sua presciência.
O Que Há de Errado com o Molinismo?
Dado que os reformados sustentavam que tudo o que acontece é decretado por Deus de forma incondicional e que os homens e mulheres são responsáveis por suas ações, eles não viam como necessário um terceiro tipo de conhecimento divino, um conhecimento médio, que dependesse da previsão divina do que possíveis pessoas fariam de forma livre em certas circunstâncias. Os reformados interpretavam o incidente de Queila de forma diferente. Deus não apenas viu que Saul faria. Ele ordenou que Saul desceria à Queila se Davi permanecesse lá. Ele ordenou que Davi sairia de Queila depois de ouvir o que Saul faria. E Ele ordenou que Saul mudaria de idea.
O conhecimento médio não é apenas desnecessário para um Deus que tudo conhece e decreta, mas a concepção molinista de livre arbítrio torna impossível que Deus exerça controle providencial sobre sua criação. Porquê? Porque os homens e mulheres seriam livres para resistir o Seu decreto. Deus apenas pode fazer com que as ações de agentes livres aconteçam através do seu conhecimento médio daquilo que eles livremente fariam se...
Além disso, tendo em mente a visão molinista de liberdade, é impossível que Deus cause a conversão de certa pessoa pelo exercício de Seu chamado efetivo, pois na opinião dos Molinistas um indivíduo tem sempre a possibilidade de resistir a graça de Deus. Homens e mulheres têm que cooperar de forma livre com aquilo que Deus diz e faz se querem tornarem-se cristãos. A graça de Deus é sempre resistível. Cristãos reformados não têm razão alguma para aceitar o conceito especulativo de conhecimento médio e têm fortes razões para rejeitá-lo.
Conclusão
Concluindo, podemos dizer que há algo de interessante e enigmático em relação ao Molinismo, mas a resposta reformada tem sido – e deveria continuar sendo – que não há apenas dificuldades sem resolução na ideia do próprio conhecimento médio, mas que este também é uma especulação desnecessária. A Escritura quase nunca menciona algo que possa ser usado para dar suporte ao Molinismo, ao passo que ensina de forma perfeitamente clara que Deus age em todas as coisas, até mesmo as ações más de pessoas que agem com completa responsabilidade, de acordo com o conselho de Sua própria vontade.
O Conhecimento de Deus
Na discussão teológica sobre o conhecimento de Deus, fora comum por anos, até a chegada da Reforma e inclusive nela, distinguir entre o conhecimento necessário de Deus e Seu conhecimento livre. A distinção é óbvia e natural. O conhecimento necessário de Deus inclui muitos tipos de verdades. Este é o conhecimento de matérias como as verdades da matemática - por exemplo: 2 + 2 = 4. Este também é o conhecimento de verdades como, o todo é maior do que a parte, e nenhum círculo é um quadrado. O conhecimento necessário de Deus também inclui o conhecimento de todas as possibilidades, tais como pessoas possíveis, as possíveis vidas que elas poderiam ter e toda a gama de mundos possíveis. Deus conhece estas coisas de forma imediata e intuitiva.
O conhecimento livre de Deus, por outro lado, é o Seu conhecimento do Seu decreto - daquilo que, em Sua sabedoria, Deus, de forma livre e imutável, ordenou que acontecesse. Aquilo que Deus decreta é obviamente um subconjunto de todas as possibilidades que Ele conhece. Seu decreto também tem sua fonte exclusivamente em Sua mente e vontade.
Conhecimento Médio
No final do séc. XVI, um novo tipo de conhecimento foi proposto por dois pensadores jesuítas ibéricos, Luis de Molina (1535-1600) e Pedro da Fonseca (1528-1599). O conhecimento médio - ou 'Molinismo' como veio a ser chamado mais tarde - foi a sua contribuição a uma controvérsia na igreja Católica Romana sobre graça, livre arbítrio e predestinação. Em nosso próprio tempo, o Molinismo tem sido proposto por Alvin Plantinga e por outros com respeito a relação de Deus com o mal. Creio que é justo dizer que ao passo que teólogos católicos romanos têm discutido por muito tempo o conhecimento médio em seus livros, o interesse atual nele é devido a Plantinga e sua discução do tópico em seu livro Deus, a Liberdade e o Mal.
O que é o conhecimento médio? No centro deste interesse atual está o conhecimento de Deus das possibilidades envolvendo a escolha humana - as "contingências da liberdade" como têm sido chamadas. Porque esta inovação? O seus proponentes estão preocupados em preservar o que consideram ser duas crenças vitais. A primeira é a providência e total presciência de Deus. A segunda é a ideia que os seres humanos têm, em um sentido indeterminista, uma liberdade que não pode ser suprimida. Quando falamos de liberdade indeterminista, queremos dizer que qualquer ser humano, em um dado conjunto de circunstâncias, tem o poder para escolher A ou para escolher não-A. O problema é óbvio. Como isto pode ser consistente com o governo providencial universal de Deus e seus propósitos de redenção?
A forma dos Molinistas tentarem manter a coesão entre todas estas doutrinas foi sugerir que existia, ao lado do conhecimento natural de Deus e seu conhecimento livre, um terceiro tipo de conhecimento. Eles argumentaram que Deus também tinha "conhecimento médio" - entre os outros dois. O que isto significa pode ser brevemente explicado. Dado todo um conjunto de mundos possíveis - os quais Deus conhece -, dados mundos nos quais homens e mulheres fossem livres no sentido indeterminista apropriado, Deus saberia o que eles livremente escolheriam em toda circunstância possível. Deus tem conhecimento de todas estas consequências possíveis. Se for colocado em um conjunto de circunstâncias, Deus sabe o que Jonas iria livremente escolher. Isto é verdade em relação a todas as pessoas possíveis e todas as circunstâncias possíveis. Deus tem este conhecimento médio por examinar todas as possibilidades que o livre arbítrio que cada pessoa pode escolher.
Em Seu poder e sabedoria, Ele escolhe aquele mundo possível, aquela combinação total de indivíduos e circunstâncias, cujas expressões de livre arbítrio irão melhor servir Seus propósitos. Assim, a onisciência de Deus é preservada e o livre arbítrio humano é preservado. O mal moral que acontece neste mundo escolhido não é a direta responsibilidade de Deus mas daquelas criaturas que exercitam suas escolhas de uma forma malevolente.
Quais São as Implicações do Molinismo?
Precisamos enfatizar que a visão de livre arbítrio sustentada pelos molinistas tanto antigos quanto modernos é frequentemente chamada de "libertarianismo" ou "indeterminismo". Em contraste seus oponentes, na Igreja Católica Romana e nas igrejas da Reforma, têm sustentado visões da liberdade humana que são deliberadamente consistentes com o decreto divino em relação a todas as coisas que acontecem e com a irresistibilidade de Sua graça.
Há Argumentos Bíblicos para o Molinismo?
À medida que seus proponentes buscaram suporte bíblico evidente para o conhecimento médio, eles usaram o exemplo de Davi em Queila registrado em 1 Samuel 23. A este ponto na narrativa bíblica, os Filisteus estavam atacando Queila. Davi perguntou ao Senhor se deveria ir à Queila para guerrear com os Filisteus e o Senhor disse que ele deveria. Os companheiros de Davi estavam com medo e então Davi perguntou uma segunda vez. Em Queila, com medo de que Saul o atacaria lá, Davi perguntou ao Senhor se Saul iria à Queila. A esta altura, lemos a seguinte conversa: "E o Senhor lhe disse: 'Ele virá'. E Davi, novamente, perguntou: 'Será que os cidadãos de Queila entregarão a mim e a meus soldados a Saul?' E o Senhor respondeu: 'Entregarão'. Então Davi e seus soldados, que eram cerca de seiscentos, partiram de Queila, e ficaram andando sem direção definida'" - 1Sm 23v11-13.
Na concepção dos Molinistas, o incidente demonstrou o conhecimento médio na prática, pois mostra que o Senhor sabia o que aconteceria se certa ação livre acontecesse - eles suporam que Davi e os outros participantes estavam agindo com livre arbítrio no sentido libertariano. Deus sabia que se Davi escolhesse ficar em Queila, então os cidadãos de Queila escolheriam o entregar. Então Davi escolheu tomar uma ação evasiva e Saul escolheu desistir da expedição contra Davi quando soube o que Davi tinha feito. Deus sabia de tudo isso - e também muito mais - por Sua presciência.
O Que Há de Errado com o Molinismo?
Dado que os reformados sustentavam que tudo o que acontece é decretado por Deus de forma incondicional e que os homens e mulheres são responsáveis por suas ações, eles não viam como necessário um terceiro tipo de conhecimento divino, um conhecimento médio, que dependesse da previsão divina do que possíveis pessoas fariam de forma livre em certas circunstâncias. Os reformados interpretavam o incidente de Queila de forma diferente. Deus não apenas viu que Saul faria. Ele ordenou que Saul desceria à Queila se Davi permanecesse lá. Ele ordenou que Davi sairia de Queila depois de ouvir o que Saul faria. E Ele ordenou que Saul mudaria de idea.
O conhecimento médio não é apenas desnecessário para um Deus que tudo conhece e decreta, mas a concepção molinista de livre arbítrio torna impossível que Deus exerça controle providencial sobre sua criação. Porquê? Porque os homens e mulheres seriam livres para resistir o Seu decreto. Deus apenas pode fazer com que as ações de agentes livres aconteçam através do seu conhecimento médio daquilo que eles livremente fariam se...
Além disso, tendo em mente a visão molinista de liberdade, é impossível que Deus cause a conversão de certa pessoa pelo exercício de Seu chamado efetivo, pois na opinião dos Molinistas um indivíduo tem sempre a possibilidade de resistir a graça de Deus. Homens e mulheres têm que cooperar de forma livre com aquilo que Deus diz e faz se querem tornarem-se cristãos. A graça de Deus é sempre resistível. Cristãos reformados não têm razão alguma para aceitar o conceito especulativo de conhecimento médio e têm fortes razões para rejeitá-lo.
Conclusão
Concluindo, podemos dizer que há algo de interessante e enigmático em relação ao Molinismo, mas a resposta reformada tem sido – e deveria continuar sendo – que não há apenas dificuldades sem resolução na ideia do próprio conhecimento médio, mas que este também é uma especulação desnecessária. A Escritura quase nunca menciona algo que possa ser usado para dar suporte ao Molinismo, ao passo que ensina de forma perfeitamente clara que Deus age em todas as coisas, até mesmo as ações más de pessoas que agem com completa responsabilidade, de acordo com o conselho de Sua própria vontade.
Para saber mais sobre Molinismo, leia a seção relevante no livro do Dr. Helm, A providência de Deus.
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Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: David Cecilio
Via: Fireland, sob o título: Molinismo Para Iniciantes.
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2 comentários
Não é Deus quem afirma?
ResponderJr 7:31 E edificaram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem a seus filhos e a suas filhas; o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração.
Que conclusão tiramos dai então ?
Presciência, não é determinação.
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