Entre uma denominação histórica (tradicional) e uma neopentecostal, onde me encaixo? Se o modelo antigo, com seu aparelho burocrático e engessado, não funciona mais e a nova proposta de "igreja" vem com um enorme vazio de Palavra e seriedade, o que fazer?
Vejamos o tamanho da crise.
As igrejas de hoje têm inúmeros apóstolos, bispos e reverendos, mas pouquíssimos pastores. A coisa mais difícil é encontrar espaço na agenda do líder para um aconselhamento pastoral, afinal, os inúmeros compromissos com a televisão, rádio e os políticos de plantão não permitem que a ovelha perdida seja socorrida pelo seu "pastor", principalmente se essa ovelha tiver "pouca lã".
A liturgia do culto tradicional, sem vida e engessada, mais parece um cerimonial fúnebre onde todos estão mudos na presença de um morto que não ressuscitou.
O neoculto, por sua vez, é dividido em três partes: o louvor, composto de uma repetição sem fim dos chamados "cânticos espirituais", convida o público a "namorar" Jesus, a sentar no seu colo e sentir seu calor, num estado de quase transe emocional. O ofertório (imenso) é o momento de textos fora do contexto para justificar pedidos de polpudas ofertas com taxa de retorno maior que prometiam o pessoal do "Boi Gordo", com direito a uso de cartão de crédito e/ou débito. A palavra, sempre voltada a um evangelho triunfalista e reivindicatório que obriga Deus a atender todos os pedidos dos fiéis sob pena da não mais contribuir com o seu "reino aqui na Terra".
A música é outro ponto que merece destaque. Com o aumento da chamada população evangélica, o mercado de cd’s tornou-se verdadeira mina de dinheiro para um seleto grupo que tem construído verdadeiros impérios financeiros, produzindo música de questionável qualidade técnica e duvidosa qualidade teológica. Esses grupos têm gravadoras, rádios, empresas de comunicação, editoras, agências de turismo, etc, tudo isso para "explorar" o emergente e ávido mercado dos irmãos...
Também merece atenção o lastimável envolvimento de denominações e de igrejas locais com o sistema político vigente, alguns chegando ao ponto de serem eleitos a fim de representar a Igreja de Cristo junto ao Estado como se o Deus Todo-Poderoso, que rege o universo, dependesse de um senador ou deputado para implantar Seu Reino na Terra.
Entre o "velho" e o "novo" existem ainda aquelas igrejas tradicionais que, com medo do êxodo dos poucos fiéis que lhe restam, tentam imitar as emergentes neopentecostais. Chega a ser ridículo. É como querer jogar tênis com as regras do frescobol. Embora existam semelhanças - duas raquetes, dois jogadores e uma bolinha - o jogo é completamente diferente.
Quanta tristeza e cansaço!
Creio que é chegada a hora da virada (seria uma reforma da reforma?). O velho modelo, gélido e sem vida, definha, enquanto o novo é vazio de conteúdo e coerência. Para onde ir? Parece que o chão da verdadeira Igreja sumiu e muitos estão sem rumo e desiludidos. É claro que, em ambos os lados, existem as exceções. Igrejas sérias que servem a Deus com temor e tremor. Muito pouco num Brasil continental. Por isso mesmo, quero convocar a todos os cristãos espalhados nas mais variadas denominações a uma cruzada de reflexão e ação onde a volta ao verdadeiro e simples evangelho seja o alvo de nossos esforços e orações.
Chega de engano e abuso espiritual. Pare, leia, questione, reflita. E que o Deus Todo Poderoso, Senhor da História e do Universo, tenha misericórdia dos cansados e confusos como eu.
Embora o texto esteja na primeira pessoa do singular, ele foi escrito a duas mãos. Mãos que se encontraram num caloroso aperto no inverno de 1995. De lá pra cá, nasceu uma amizade regada a boas conversas e grandes desabafos como esse que agora você acabou de ler.
Onir Prado e Marcelo Gualberto
Marcelo Gualberto é diretor nacional da Mocidade Para Cristo: www.mpc.org.br
Vejamos o tamanho da crise.
As igrejas de hoje têm inúmeros apóstolos, bispos e reverendos, mas pouquíssimos pastores. A coisa mais difícil é encontrar espaço na agenda do líder para um aconselhamento pastoral, afinal, os inúmeros compromissos com a televisão, rádio e os políticos de plantão não permitem que a ovelha perdida seja socorrida pelo seu "pastor", principalmente se essa ovelha tiver "pouca lã".
A liturgia do culto tradicional, sem vida e engessada, mais parece um cerimonial fúnebre onde todos estão mudos na presença de um morto que não ressuscitou.
O neoculto, por sua vez, é dividido em três partes: o louvor, composto de uma repetição sem fim dos chamados "cânticos espirituais", convida o público a "namorar" Jesus, a sentar no seu colo e sentir seu calor, num estado de quase transe emocional. O ofertório (imenso) é o momento de textos fora do contexto para justificar pedidos de polpudas ofertas com taxa de retorno maior que prometiam o pessoal do "Boi Gordo", com direito a uso de cartão de crédito e/ou débito. A palavra, sempre voltada a um evangelho triunfalista e reivindicatório que obriga Deus a atender todos os pedidos dos fiéis sob pena da não mais contribuir com o seu "reino aqui na Terra".
A música é outro ponto que merece destaque. Com o aumento da chamada população evangélica, o mercado de cd’s tornou-se verdadeira mina de dinheiro para um seleto grupo que tem construído verdadeiros impérios financeiros, produzindo música de questionável qualidade técnica e duvidosa qualidade teológica. Esses grupos têm gravadoras, rádios, empresas de comunicação, editoras, agências de turismo, etc, tudo isso para "explorar" o emergente e ávido mercado dos irmãos...
Também merece atenção o lastimável envolvimento de denominações e de igrejas locais com o sistema político vigente, alguns chegando ao ponto de serem eleitos a fim de representar a Igreja de Cristo junto ao Estado como se o Deus Todo-Poderoso, que rege o universo, dependesse de um senador ou deputado para implantar Seu Reino na Terra.
Entre o "velho" e o "novo" existem ainda aquelas igrejas tradicionais que, com medo do êxodo dos poucos fiéis que lhe restam, tentam imitar as emergentes neopentecostais. Chega a ser ridículo. É como querer jogar tênis com as regras do frescobol. Embora existam semelhanças - duas raquetes, dois jogadores e uma bolinha - o jogo é completamente diferente.
Quanta tristeza e cansaço!
Creio que é chegada a hora da virada (seria uma reforma da reforma?). O velho modelo, gélido e sem vida, definha, enquanto o novo é vazio de conteúdo e coerência. Para onde ir? Parece que o chão da verdadeira Igreja sumiu e muitos estão sem rumo e desiludidos. É claro que, em ambos os lados, existem as exceções. Igrejas sérias que servem a Deus com temor e tremor. Muito pouco num Brasil continental. Por isso mesmo, quero convocar a todos os cristãos espalhados nas mais variadas denominações a uma cruzada de reflexão e ação onde a volta ao verdadeiro e simples evangelho seja o alvo de nossos esforços e orações.
Chega de engano e abuso espiritual. Pare, leia, questione, reflita. E que o Deus Todo Poderoso, Senhor da História e do Universo, tenha misericórdia dos cansados e confusos como eu.
Embora o texto esteja na primeira pessoa do singular, ele foi escrito a duas mãos. Mãos que se encontraram num caloroso aperto no inverno de 1995. De lá pra cá, nasceu uma amizade regada a boas conversas e grandes desabafos como esse que agora você acabou de ler.
Onir Prado e Marcelo Gualberto
Marcelo Gualberto é diretor nacional da Mocidade Para Cristo: www.mpc.org.br
Fonte: [ www.ultimato.com.br ]
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1 comentários:
Respeitando as preferências de cada irmão exponho aqui um breve relato de minha caminhada:Nascido em um lar idólatra desde muito cedo sentia um profundo vazio.Com a semente em mim plantada de que poderiamos pedir ajuda a Jesus procurei vários caminhos.Como em nosso país há muitos espíritas fui convidado para ir a um centro de mesa branca,mas não gostei e soube que alí não tinha o que eu precisava.Na faculdade muitos cristãos tentaram timidamente levar o evangelho a mim.Isto ajudou mas não me converti ainda,pois muitos não apresentam fundamentos mas sim um convite para um clube social religioso.Lembro de uma vez que fui levado ao Instituto Adventista de ensino,quonde ouvi uma pregação nada poderosa e nada transformadora.Estava mais uma vez vacinado.Frequentei durante um tempo a igreja metodista e mesmo sem ser convertido fui chamado a ensinar jovens.Um dia após ter ouvido uma pregação que não estava de acordo com a bíblia,,procurei o pastor.que disse a minha família que eu precisava de ajuda psicológica.Cansado de tanta contradição e sedento de Deus vi uma escola chamada escola da bíblia e ali comecei com um irmão a prender a bíblia.Com o decorrer do tempo mesmo tendo sido batizado e em muita coisas ensinado corretamente,não pude aceitar afirmações tais como :os milagres cessaram com os apóstolos.os dons do espírito santo não são necessários etc e continuei procurando o que via descrito na bíblia.Irmãos me levaram a uma comunidade onde vi coisas boas e ruins.Ninguém negava o poder de deus mas a preguiça de evangelisar era completa.Propus um grupo de visita a hospitais e ninguém se interessava.Eles só buscavam cura interior e coisas do tipo.Sai de lá e ao ver uma igreja que pregava contra a idolatria,orava e libertava os endemoninhados e atendia os aflitos,senti que ali era meu lugar.Logo me tornei ministro e conheci minha esposa.Algumas coisas porém me preocupavam,a constante preocupação com dinheiro,a falta de comunhão entre os membros e entre os ministros,o autoritarismo e a carnalidade de muitos.Após quase dez anos sai para continuar a crescer espiritualmente e não me contaminar.Creio que por todos os lugares em que passei aprendi coisas que me fortaleceram e vi gente muito disposta a servir a Deus com todo o coração.A unica coisa que não aceito são igrejas que deixam gente que está no pecado permanecer no altar.Igrejas em que não se ganham almas frequentemente e onde não se vê nenhum crescimento no rebanho,igrejas onde o povo reserva seu pior para deus ,igreja onde os membros saem do culto para fofocar no estacionamento.Admiro nossos irmão do passado que temiam ao senhor gente como David, Abraão,Gedeão.Estes são meus exemplos.Gente que glorificava a Deus e por Ele foram honrados.
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