A importância da apologética Parte I

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Por Daniel Grubba

Esta séries de artigos tem como proposta mostrar a importância da apologética na história da religião cristã e sua absoluta relevância para nossos dias atuais, como também tratar de algumas objeções ao serviço apologético.

Durante o decorrer de 2007/2008 dediquei um bom tempo ao estudo da apologética. Aprofundei meu conhecimento nesta área e mergulhei neste universo de temas tão abrangentes. Porem algo chamou minha atenção enquanto estudava e compartilhava minha experiência com outros crentes: a visível falta de profundidade dos cristãos em geral no que se refere à defesa de sua fé. O teólogo R.C Sproul chama este período de o mais antiintelectual da história da igreja.

Para Charles Malik, ex-embaixador do Líbano nos Estados Unidos, os cristãos tem duas tarefas na evangelização: salvar a alma e salvar a mente, isto é, devemos levar as pessoas conversão espiritual, mas também intelectual. Triste é ver a igreja abandonando a segunda tarefa. Ele declara sua preocupação dizendo:

...o maior perigo que o cristianismo evangélico enfrenta é o antiintelectualismo. Em suas esferas mais importantes e profundas a mente não tem recebido a atenção devida. [...] Quem, entre os evangélicos, pode se opor aos grandes estudiosos secularistas, naturalistas ou ateus no nível de erudição deles? [...]Será necessário um espírito totalmente diferente para vencer esse grande perigo do antiintelectualismo.

William L. Craig, professor de pesquisas em filosofia na Talbot School of Theology (Biola University) e autor de diversos livros e artigos sobre filosofia e apologética, transparece sua preocupação com a falta de responsabilidade intelectual, quando diz:

Cristão comum não percebe que há uma guerra intelectual em andamento em nossas universidades, nas revistas especializadas e nas associações de pesquisadores. O Cristianismo esta sendo atacado de todos os lados como irracional ou antiquado, e milhões de estudantes, nossa próxima geração de lideres, absorveram esta perspectiva.

Exista ainda um outro motivo para nos preocuparmos ainda mais; O antiintelectualismo tem ceifado muitos jovens cristãos que são bombardeados intelectualmente ao entrarem nas universidades por um emaranhado de filosofias e conceitos anticristãos. Craig relata que em suas palestras nas igrejas por todo a solo americano algo tem chamado sua atenção:

Quando falo em igrejas por todo o país, sempre encontro pais cujos filhos abandonaram a fé porque não havia ninguém na igreja que podia responder as suas perguntas. Por amor aos nossos jovens, precisamos desesperadamente de pais informados e preparados para encarar as questões no nível intelectual.

A verdade é que o evangelicalismo de hoje ataca a intelectualidade como ataca um ídolo pagão. A ênfase sustentadora da fé não é mais a Escritura, mas as experiências subjetivas e “místicas”. Menno Simons, o mais importante líder do ramo anabatista da reforma radical, desaprovava a teologia misticista pois esta era usada como um pretexto para desobedecer à palavra escrita de Deus. Ele costumava dizer: “Não sou nenhum Enoque”, “não sou nenhum Elias”. Não sou alguém com visões [...] ou inspirações angelicais.

Em 1756, John Wesley pregou um discurso à um grupo de homens que se preparavam para o ministério e os exortou a adquirir habilidades intelectuais em áreas diversas do conhecimento humano para que assim pudessem argumentar com um pouco mais de competência. Em outro momento, Wesley usou uma de suas freqüentes correspondências para exortar um liderado intelectualmente desestimulado. “Seus dons de pregador” escreveu à um deles, “não melhoraram; são iguais a sete anos atrás; você possui vida, mas não profundidade; há alguma monotonia em sua mensagem; não há amplidão de pensamento. Somente a leitura diária pode remediar isso, combinada com meditação e a oração. Você causa a si próprio graves prejuízos ao omitir tais coisas. Sem elas, você nunca chegara a ser um pregador profundo, e nem sequer um cristão completo”.

Mateo Lelièvre, biografo de João Wesley, após estudar o método de disciplina aplicado por João Wesley no Metodismo, descobriu que uma das principais preocupações, além da vida religiosa, era a cultura intelectual de seus cooperadores:

Desde as primeiras conferencias estabeleceu um plano de estudos e leituras sistemáticas [...] recomendava-lhes que se levantassem as quatro da manha, conforme ele mesmo fazia, para que tivessem tempo de estudar sem descuidar se suas obrigações pastorais.

Oxalá o conselho de I Pedro 3.15 que nos exorta a estarmos preparados para responder aos que nos questionam coisas concernentes a nossa fé, fosse absorvido pelos cristãos de hoje em dia. O fato é que precisamos acordar para os perigos da falta de preparo frente aos freqüentes e cada vez mais ferozes ataques ao cristianismo. É necessário um preparo adequado para combatermos a acelerada proliferação das seitas e heresias. O renomado apologista e pesquisador Jan karel Van Baalen afirma em tom de exortação:

A resposta escolar “eu sei, mas não sei explicar”, engana somente o estudante. Se não soubermos responder ao argumento do sectário é porque não dominamos os fatos. É nosso conhecimento inadequado que nos obriga a abandonar o campo derrotados, desonrando o Senhor.

É interessante que neste aspecto a reforma também foi instrumento de alerta para a igreja de Cristo. O próprio Lutero, apesar de não ser um apologista, se envolveu em calorosos debates acerca da sã doutrina, e ele mesmo disse:

Se não existissem as seitas, pelas quais o diabo nos despertasse, tornar-nos-íamos demasiadamente preguiçosos e dormiríamos roncando para a morte. A fé e a palavra de Deus seriam obscurecidas e rejeitadas em nosso meio. Agora, essas seitas são para nos como esmeril, para nos polir; elas nos amolam e estão lustrando a nossa fé e a nossa doutrina, para se tornarem limpas como um espelho brilhante. Também chegamos a conhecer Satanás e seus pensamentos e seremos hábeis em combatê-lo.

Minha esperança é um dia poder contribuir e servir a amada noiva do cordeiro no serviço apologético, não somente com palavras, mas principalmente com atitudes que revelem nosso Senhor Jesus a um mundo envolvido por um véu de cegueira.

Fontes:

J.P Moreland & William Lane Craig, Filosofia e Cosmovisão Cristã, p. 28.
William L. Craig, A veracidade da fé cristã, p. 12
Timothy George, Teologia dos Reformadores
Mateo Lelièvre, João Wesley sua vida e obra.
Bíblia apologética


Fonte: [ http://dlgrubba.blogspot.com ]

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