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É provável que alguma vez na vida você já tenha se deparado, ou vá se deparar, com a seguinte indagação: "Deus pode fazer uma pedra tão pesada que Ele mesmo não possa movê-la?". Essa pergunta tem sido feita por céticos que se acham muito espertos e que tentam, com ela, embaraçar e constranger os cristãos. A ideia é colocar em xeque o atributo da onipotência de Deus e, posteriormente, questionar a sua existência.
De fato, a pergunta soa como um dilema, visto que, se a resposta para o questionamento é que Deus pode criar a pedra, Ele não poderá movê-la, caso Ele não possa criá-la, da mesma forma haverá algo que Ele não pode fazer.
Vejamos porque este é um falso dilema que falha tanto teologicamente quanto logicamente.
Primeiramente, o referido questionamento falha em termos teológicos. O falso “dilema da pedra” se baseia em um conceito errado do que seria a onipotência divina. De fato, para o senso comum (e para a esmagadora maioria dos cristãos), dizer que Deus é onipotente equivale a dizer que Ele pode fazer tudo. Todavia, isto não passa de um equívoco teológico, visto que, claramente existem coisas que Deus não pode fazer. Don Fortner enumera uma lista de sete coisas que Deus não pode fazer: Deus não pode mudar ou ser mudado (Ml 3:6; Tg 1:17); Deus não pode mentir (Tt 1:2); Deus não salva um pecador sem um sacrifício agradável (Hb 9:22); Deus não pode levar para o céu alguém que não seja perfeitamente justo à Sua vista (Mt 5:20; Hb 12:14); Deus não pode mandar para o inferno alguém por quem Cristo sofreu e morreu no Calvário (Is 53:11; Rm 8:33,34); Deus não pode salvar um pastor aparte da pregação do evangelho (1Co 1:21-24; Tg 1:18; 2Pe 1:23-25); Deus não pode falhar em salvar qualquer pecador que confie no Senhor Jesus Cristo, seu Filho amado (Jo 3:16,36)[1]. Recomendamos a leitura integral do artigo para uma melhor elucidação.
Sproul define qual seria o conceito teológico correto para onipotência: “Como termo teológico [...] onipotência não significa que Deus pode fazer qualquer coisa [...] O que onipotência realmente significa é que Deus mantém poder absoluto sobre sua criação”.[2]
Teologicamente falando a resposta para o falso dilema da pedra seria: Não. Deus não pode fazer a pedra, pois ele estaria criando algo sobre o qual não teria domínio e, desta forma, anulando a sua onipotência.
Um segundo erro seria de ordem lógica. Ainda que abandonássemos a definição teológica de onipotência e adotássemos a ideia (incorreta) de que afirmar que Deus é onipotente é afirmar que Ele pode fazer tudo, o “dilema da pedra” falharia em termos lógicos.
Nas palavras de Phillip R. Johnson, a lei mais fundamental da lógica, chamada lei da contradição (ou não contradição), pode ser definida da seguinte maneira:
A lei da contradição significa que duas proposições antitéticas não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo e no mesmo sentido. X não pode ser não-X. Uma coisa não pode ser e não ser simultaneamente. E nada que é verdade pode ser auto-contraditório ou inconsistente com qualquer outra verdade.[3]
O falso dilema da pedra tenta propor justamente isto, que Deus possa e não possa ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Sproul propõe um dilema análogo ao da pedra que nos ajuda a perceber a falácia:
O que acontece quando uma força irresistível se choca contra um objeto irremovível? Podemos conceber uma força irresistível. Podemos, igualmente, conceber um objeto irremovível. O que não podemos conceber é a coexistência dos dois. Se uma força irresistível encontra um objeto irremovível, e o objeto se mover, o mesmo não poderia mais ser chamado com propriedade de irremovível. Se o objeto não se mover, então nossa força "irresistível" não poderia mais ser chamada, com propriedade, irresistível. Portanto, vemos que a realidade não pode conter uma força irresistível e um objeto irremovível.[4]
Assim, concluímos que o “dilema da pedra” falha tanto na sua perspectiva teológica, quanto na sua base lógica, se demonstrando apenas como mais uma falácia, sendo, portanto, um falso dilema.
________
Notas
É provável que alguma vez na vida você já tenha se deparado, ou vá se deparar, com a seguinte indagação: "Deus pode fazer uma pedra tão pesada que Ele mesmo não possa movê-la?". Essa pergunta tem sido feita por céticos que se acham muito espertos e que tentam, com ela, embaraçar e constranger os cristãos. A ideia é colocar em xeque o atributo da onipotência de Deus e, posteriormente, questionar a sua existência.
De fato, a pergunta soa como um dilema, visto que, se a resposta para o questionamento é que Deus pode criar a pedra, Ele não poderá movê-la, caso Ele não possa criá-la, da mesma forma haverá algo que Ele não pode fazer.
Vejamos porque este é um falso dilema que falha tanto teologicamente quanto logicamente.
Primeiramente, o referido questionamento falha em termos teológicos. O falso “dilema da pedra” se baseia em um conceito errado do que seria a onipotência divina. De fato, para o senso comum (e para a esmagadora maioria dos cristãos), dizer que Deus é onipotente equivale a dizer que Ele pode fazer tudo. Todavia, isto não passa de um equívoco teológico, visto que, claramente existem coisas que Deus não pode fazer. Don Fortner enumera uma lista de sete coisas que Deus não pode fazer: Deus não pode mudar ou ser mudado (Ml 3:6; Tg 1:17); Deus não pode mentir (Tt 1:2); Deus não salva um pecador sem um sacrifício agradável (Hb 9:22); Deus não pode levar para o céu alguém que não seja perfeitamente justo à Sua vista (Mt 5:20; Hb 12:14); Deus não pode mandar para o inferno alguém por quem Cristo sofreu e morreu no Calvário (Is 53:11; Rm 8:33,34); Deus não pode salvar um pastor aparte da pregação do evangelho (1Co 1:21-24; Tg 1:18; 2Pe 1:23-25); Deus não pode falhar em salvar qualquer pecador que confie no Senhor Jesus Cristo, seu Filho amado (Jo 3:16,36)[1]. Recomendamos a leitura integral do artigo para uma melhor elucidação.
Sproul define qual seria o conceito teológico correto para onipotência: “Como termo teológico [...] onipotência não significa que Deus pode fazer qualquer coisa [...] O que onipotência realmente significa é que Deus mantém poder absoluto sobre sua criação”.[2]
Teologicamente falando a resposta para o falso dilema da pedra seria: Não. Deus não pode fazer a pedra, pois ele estaria criando algo sobre o qual não teria domínio e, desta forma, anulando a sua onipotência.
Um segundo erro seria de ordem lógica. Ainda que abandonássemos a definição teológica de onipotência e adotássemos a ideia (incorreta) de que afirmar que Deus é onipotente é afirmar que Ele pode fazer tudo, o “dilema da pedra” falharia em termos lógicos.
Nas palavras de Phillip R. Johnson, a lei mais fundamental da lógica, chamada lei da contradição (ou não contradição), pode ser definida da seguinte maneira:
A lei da contradição significa que duas proposições antitéticas não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo e no mesmo sentido. X não pode ser não-X. Uma coisa não pode ser e não ser simultaneamente. E nada que é verdade pode ser auto-contraditório ou inconsistente com qualquer outra verdade.[3]
O falso dilema da pedra tenta propor justamente isto, que Deus possa e não possa ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Sproul propõe um dilema análogo ao da pedra que nos ajuda a perceber a falácia:
O que acontece quando uma força irresistível se choca contra um objeto irremovível? Podemos conceber uma força irresistível. Podemos, igualmente, conceber um objeto irremovível. O que não podemos conceber é a coexistência dos dois. Se uma força irresistível encontra um objeto irremovível, e o objeto se mover, o mesmo não poderia mais ser chamado com propriedade de irremovível. Se o objeto não se mover, então nossa força "irresistível" não poderia mais ser chamada, com propriedade, irresistível. Portanto, vemos que a realidade não pode conter uma força irresistível e um objeto irremovível.[4]
Assim, concluímos que o “dilema da pedra” falha tanto na sua perspectiva teológica, quanto na sua base lógica, se demonstrando apenas como mais uma falácia, sendo, portanto, um falso dilema.
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Notas
[1] FORTNER, Don. Sete coisas que Deus não pode fazer. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/atributos_deus/sete_coisas_deus_nao_pode.htm>. Acesso em: 10 set. 2014.
[2] SPROUL, R. C. Verdades essenciais da fé cristã. 1º caderno. 3ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 38.
[3] JOHNSON, Phillip R. A Lei da Contradição. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/apologetica/Lei_Contradicao_Phillip.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.
[4] SPROUL, R. C. Op. cit., p. 38.
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Fonte: Cosmovisão Cristã
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