A teologia reformada

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Por: Alderi Souza de Matos

Logo após o início da reforma luterana, ocorreu no país vizinho ao sul da Alemanha, a Confederação Suíça, uma segunda manifestação do protestantismo. Ela ficou conhecida como Reforma Suíça ou movimen­to reformado. Seus líderes iniciais foram Ulrico Zuínglio, em Zurique (Suíça alemã), e João Calvino, em Genebra (Suíça francesa).

Graças à habilidade desses líderes, principalmente de Calvino, a "Se­gunda Reforma" teve maior difusão na Europa que os outros movimen­tos protestantes iniciados no século XVI (luterano, anabatista e anglicano). Em poucas décadas, surgiram igrejas reformadas no sul da Alemanha, na França, nos Países Baixos, na Polônia, na Hungria e nas Ilhas Britânicas, especialmente na Escócia. Esse movimento recebeu a designação de "re­formado" devido ao entendimento de que estava sendo mais profundo em sua obra de reforma que o movimento alemão ou luterano.

Ao contrário da relativa informalidade da teologia de Lutero, os re­formadores suíços se concentraram em organizar e sistematizar a nova teologia protestante. Ao lado de convicções comuns com os luteranos, eles deram novas ênfases ou elaboraram doutrinas peculiares e distinti­vas. Daí falar-se em teologia reformada ou tradição reformada, poste­riormente também conhecida como calvinista. O termo "reformado" é preferível a "calvinista" porque esse movimento teve outras fontes além do pensamento de Calvino. Além disso, seus sucessores fizeram modifi­cações sutis na teologia do reformador de Genebra. Os protestantes em geral e os reformados em particular fizeram amplo uso de dois recursos valiosos para consolidar e transmitir sua nova identidade doutrinária - catecismos e confissões de fé.

A teologia reformada é abrangente, envolvendo aspectos doutriná­rios, forma de governo eclesiástico, padrões para o culto e um modo específico de encarar questões políticas, econômicas e sociais. As princi­pais expressões dessa teologia são os escritos dos reformadores da tradi­ção suíça (Ulrico Zuínglio, João Calvino, Martin Bucer, John Knox, Teodoro Beza e outros) e os muitos documentos confessionais elabora­dos pelas primeiras gerações de reformados. Os exemplos mais significa­tivos são: os Sessenta e sete artigos de Zuínglio (1523), a Primeira confissão helvética (1536), a Confissão de Genebra (1536), o Catecismo de Genebra (1542), a Confissão galicana (1559), a Confissão escocesa (1560), a Confis­são belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e a Segunda confissão helvética (1566). São especialmente importantes a Confissão de Fé e os Catecismos elaborados pelos calvinistas ingleses - os puritanos - na Assembleia de Westminster (1643-1648).

Algumas ênfases especiais da teologia reformada são a plena sobera­nia de Deus, a eleição ou predestinação, o livre-arbítrio entendido como livre agência, a soteriologia monergista que reconhece a prioridade da iniciativa divina, o conceito simbólico dos sacramentos, a noção do pacto (das obras e da graça) e a importância da lei de Deus. Essa teologia é abraçada particularmente pelas igrejas presbiterianas, e também por muitas igrejas congregacionais e batistas.

Outras ênfases da tradição reformada são o governo representativo por meio dos presbíteros e de concílios (presbitério, sínodo e assembleia geral), as duas classes de oficiais (presbíteros e diáconos) e a simpli­cidade e solenidade do culto em virtude do princípio regulador (somente são admissíveis no culto os elementos prescritos pelas Escrituras). As principais áreas de divergência teológica com Lutero foram o entendi­mento da lei de Deus e a teologia sacramental.
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Fonte: Fundamentos da Teologia Histórica, Alderi Souza de Matos, Ed. Mundo Cristão, pág. 148-149. Extraído do site: [ Eleitos de Deus ]

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1 comentários:

Olá irmão Francisco.

Muito obrigado pelo apoio. Parabéns pelo seu trabalho também.

A Deus seja toda a glória!

Soli Deo Gloria!

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