O ensino bíblico que afirma que o crente não perde a salvação é chamado tecnicamente de doutrina da perseverança dos santos. Trata-se de um dos temas principais defendidos pelo Calvinismo. Essa doutrina teve como maior oponente dentro do Protestantismo o sistema idealizado pelo teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609). Entre outras coisas, o Arminianismo nega a fórmula “uma vez salvo, salvo para sempre”. Ainda que esse modelo tenha sido condenado pelo Sínodo de Dort (1618-1619), muitas igrejas evangélicas modernas o adotam, sendo possível encontrar seus expoentes entre batistas, assembleianos (principalmente) e presbiterianos (surpreendentemente).
Há pelo menos quatro razões básicas para rejeitar a doutrina da perda da salvação:
1. A salvação abrange uma seqüência de ações de Deus que começa na eternidade passada e se conclui com a glorificação perene no futuro (Rm 8.29-30)
Considerando a soberania e o poder de Deus, essa seqüência não pode ser frustrada ou interrompida. De fato, na referência acima vê-se que a corrente da salvação mostra seu elo inicial quando Deus conhece de antemão e predestina aqueles a quem decide alcançar. Em seguida, ele chama e justifica essas pessoas, glorificando-as finalmente. Evidentemente, não há como quebrar esse processo, estando a salvação garantida, inclusive, pelo selo do Espírito
(Ef 1.13-14). Ademais, é absurdo conceber o Deus da Bíblia como um ser incapaz, que predestina alguém para salvar, chama-o e o justifica, mas no fim não consegue glorificá-lo.
2. A salvação implica “novo nascimento”
Jesus ensinou que o homem salvo é aquele que nasceu de novo pela fé nele, podendo agora ver o Reino celeste (Jo 3.3). Sabe-se também que quem nasce de novo se torna filho de Deus (Jo 1.12-13; 1Jo 5.1). Evidentemente, para perder essas bênçãos, o crente teria que “desnascer”. E mais: se quisesse recuperá-las teria de nascer de novo de novo. Ora, essas possibilidades não existem nas Escrituras. Nascer de novo ou ser regenerado, tornando-se filho de Deus, é experiência única e, infalivelmente, resulta na salvação do crente (Gl 3.26-29).
3. A salvação não pode ser atribuída a pessoas que professaram temporariamente a fé
Várias passagens bíblicas falam de pessoas que, participando da comunhão dos crentes, testemunharam e até experimentaram bênçãos maravilhosas, caindo, em seguida, na apostasia (Hb 6.4-6). Não é correto, porém, dizer que essas pessoas perderam a salvação. Na verdade, elas nunca foram salvas (1Jo 2.19). Isso é evidente porque aprendemos na Parábola do Semeador que a prova da fé salvadora é a perseverança (Mt 13.1-23). Quem não persevera nunca foi de fato salvo (1Ts 5.23-24; Hb 10.39; 1Pe 5.10; 1Jo 5.4-5).
4. A salvação não pode ser anulada pelo pecado individual do crente
Em 1Coríntios 5.1-5, Paulo fala de um crente que tinha envolvimento sexual com a mulher do próprio pai. Era um pecado tão grave que ele diz não ser comum nem mesmo entre os pagãos (v.1), devendo esse homem ser “entregue a Satanás” (v. 5), o que significa ser expulso da igreja (v.13). Isso, porém, não fez com que ele perdesse a salvação. Na verdade, Paulo diz que a disciplina poderia trazer a destruição do corpo, mas que o espírito daquele homem seria salvo (v.5). Ademais, em 1João 2.1, aprendemos que se algum crente pecar, isso não gera sua condenação eterna, mas sim sua defesa, feita por um “Advogado junto ao Pai: Jesus Cristo, o justo”.
Essas são apenas algumas razões pelas quais devemos rejeitar a doutrina da perda da salvação. Outros textos que falam da segurança do crente são João 10.28-29; Romanos 8.33-34; 1Coríntios 3.15 e Hebreus 7.25.
Fonte: Igreja Redenção
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