Cristo Morreu pelo Pecador - Horatius Bonar (1808-1889)

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Por Horatius Bonar (1808-1889)


“E Deus viu que a maldade do homem era grande na terra, e que era continuamente mau todo o desígnio do seu coração” (Gn. 6:5).

O testemunho divino relativo ao homem é, que ele é um pecador. Deus testemunha contra ele, não a seu favor; e testifica que "não há nenhum justo, nem um sequer"; que "não há quem faça o bem"; nenhum que "entenda"; nenhum "que busque a Deus" e, mais ainda, nenhum que O ame (Sl. 14:1-3; Rm. 3:10-12). Deus fala de forma amável, mas severamente ao homem; como alguém que procura ansiosamente por uma criança perdida, contudo sem fazer qualquer concessão para com o pecado, e que "de modo nenhum inocenta o culpado" (Na.1:3).

Ele declara o homem perdido, alguém que se desviou, um rebelde, alguém "aborrecido de Deus" (Rm. 1:30); não um pecador ocasional, mas um pecador em tempo integral; não um pecador com partes boas, mas um pecador por completo; não satisfazendo-se com a bondade; mau tanto no coração quanto na vida, "morto em delitos e pecados" (Ef. 2:1); um praticante do mau, e consequentemente debaixo de condenação; um inimigo de Deus, e por isso "debaixo da ira"; alguém que continuamente quebra a reta lei de Deus, estando portanto "debaixo da maldição da lei" (Gl. 3:10). O pecador não somente traz o pecado diante de si, mas ele o carrega consigo, como seu segundo eu; ele é um "corpo de pecado" (Rm. 6:6), e "corpo de morte" (Rm. 7:24), não sujeito à lei de Deus, mas a "lei do pecado" (Rm. 7:23).

Há ainda outra sentença pior contra ele. Ele não acredita no nome do Filho de Deus, nem ama o Cristo de Deus. Este é o principal pecado dele. Que o coração dele não é reto para com Deus, é a primeira sentença contra ele. Que o coração dele não é reto para com o Filho de Deus, é a segunda. E esta segunda sentença, que é a principal de todas, traz sobre si mais terrível condenação do que todos os outros pecados juntos.

"O que não crê (nEle), já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (Jo 3:18). "Aquele que não dá crédito a Deus, O faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho" (1 Jo. 5:10). "Quem, porém, não crer será condenado" (Mc. 16:16). E, portanto, o primeiro pecado que o Espírito Santo leva em conta, é a incredulidade; "quando Ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado...: do pecado porque não crêem em mim" (Jo. 16:8-9).

O homem não pode dizer uma só palavra boa sobre si mesmo, ou ainda declarar-se inocente, a menos que ele possa mostrar que ama, e sempre amou a Deus de todo coração e alma. Se ele pode dizer isto verdadeiramente, ele é reto, ele não é um pecador, e não precisa de perdão. Ele achará seu próprio caminho para o reino de Deus, sem a cruz e sem um Salvador.

Mas, se ele não pode dizer isto, sua boca está emudecida e ele é culpado diante de Deus . Conquanto uma vida de boa conduta externa possa dispô-lo e a outros a olharem, no presente, favoravelmente para si mesmos, o veredicto contra ele, virá no futuro. Este é o dia do homem, quando os julgamentos dos homens prevalecem; mas o dia de Deus está vindo, quando o caso será julgado em seus reais méritos. Então o Juiz de toda a terra fará justiça, e o pecador será envergonhado. Este é um veredicto divino, não humano. É Deus, não o homem, que condena; e "Deus não é homem para mentir". Este é o testemunho de Deus relativo ao homem, e nós sabemos que este testemunho é verdadeiro. Compete-nos recebê-lo como tal, e agirmos baseados nisto.

"Olhai para mim, e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu sou Deus, e não há nenhum outro" (Is. 45:22), um "Deus justo e Salvador" (v. 21). "Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar" (Is. 55:7).

Volte seus olhos, olhos da fé, para a cruz e veja estas duas coisas: os crucificadores e o crucificado. Veja os crucificadores, os inimigos de Deus e do Seu Filho, Jesus. Eles são você. Perceba neles o seu próprio caráter. Então agora, veja O crucificado. É o próprio Deus; amor encarnado. Seu Criador, Deus manifesto em carne, sofrendo, morrendo pelo pecador. Você pode duvidar da Sua graça? Você pode acalentar pensamentos maus sobre Ele? Você pode imaginar qualquer outra coisa, que desperte em você a mais completa e franca confiança? Você interpretará mal aquela agonia e morte, dizendo que elas não querem dizer graça, ou que a graça que elas representam não são para você? Relembre o que está escrito: "Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu a sua vida por nós" (1 Jo. 3:16) e, "Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou, e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo. 4:10).

Fonte: Monergismo
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