Por: Daniel Grubba
Uma das coisas mais assustadoras em muitos ambientes religiosos é a prática da barganha com Deus. É algo tão comum que tornou-se em sistema axiomático, que robotiza Deus, e também o torna um mero-servidor-do-homem. É o mercado negro e clandestino da fé, que seduz pelas artimanhas manipuladoras daqueles que o travestem de espiritualidade profética.
Este evangelho da barganha, o qual não é evangelho mas uma perversão, é terrível por muitos motivos. Em primeiro porque torna o sangue de Jesus em produto vendável-rentável, em suco de uva em pó, em algo dispensável, diluído e barateado. O sujeito-consumidor que não o deseja, pode simplesmente optar por outro produto, posto que no mercado existem outras opções mais atrativas: sabonetes, toalhas, rosas, novenas, ritos, campanhas. Tudo se traduz em produtos que tornam o milagre-benção-proteção uma possibilidade sem a necessidade do eterno sangue do cordeiro.
Um outro motivo, é a suplantação e rejeição da maravilhosa graça. No sistema da troca com Deus, a graça é doutrina envelhecida, não a verdade do coração. Deste modo, o padrão de comportamente é a insensatez dos Gálatas e o principal alimento é o fermento que leveda toda massa. Sendo assim, a graça é para os fracos, uma vez que os que tem poder de barganha optam pela "teologia retributiva do mérito". Ou seja, eu mereço porque sou santo, porque pago mensalmente ao poder fiscal celestial meus dízimos e ofertas, porque não sou como estes publicanos pecadores, e assim por diante...
Se os que lhes digo parece estranho, então ouçam C.S. Lewis, ele foi incomparavelmente mais claro:
"Se tínhamos a idéia de que Deus nos impunha uma espécie de prova na qual poderíamos merecer passar por tirar notas boas, essa idéia tem de ser eliminada. Se tínhamos a idéia de uma espécie de barganha - a idéia de que poderíamos cumprir a parte que nos cabe no contrato e deixar Deus em dívida conosco, de tal modo que, por uma questão de justiça, ele ficasse obrigado a cumprir parte dele - , ela deve ser eliminada também [...] Creio que quantos possuem uma vaga crença em Deus acreditam, até se tornarem cristãos, nessa idéia da prova ou da barganha. O primeiro resultado do verdadeiro cristianismo é o de reduzir essa idéia a pó [...] Deus está à espera do momento em que você vai descobrir que jamais conseguirá tirar a nota mínima para passar nesse exame, e não poderá jamais deixá-lo em dívida".
C.S. Lewis em Cristianismo puro e simples, p. 190.
Autor: Daniel Grubba
Fonte: [ Soli Deo Gloria ]
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Este evangelho da barganha, o qual não é evangelho mas uma perversão, é terrível por muitos motivos. Em primeiro porque torna o sangue de Jesus em produto vendável-rentável, em suco de uva em pó, em algo dispensável, diluído e barateado. O sujeito-consumidor que não o deseja, pode simplesmente optar por outro produto, posto que no mercado existem outras opções mais atrativas: sabonetes, toalhas, rosas, novenas, ritos, campanhas. Tudo se traduz em produtos que tornam o milagre-benção-proteção uma possibilidade sem a necessidade do eterno sangue do cordeiro.
Um outro motivo, é a suplantação e rejeição da maravilhosa graça. No sistema da troca com Deus, a graça é doutrina envelhecida, não a verdade do coração. Deste modo, o padrão de comportamente é a insensatez dos Gálatas e o principal alimento é o fermento que leveda toda massa. Sendo assim, a graça é para os fracos, uma vez que os que tem poder de barganha optam pela "teologia retributiva do mérito". Ou seja, eu mereço porque sou santo, porque pago mensalmente ao poder fiscal celestial meus dízimos e ofertas, porque não sou como estes publicanos pecadores, e assim por diante...
Se os que lhes digo parece estranho, então ouçam C.S. Lewis, ele foi incomparavelmente mais claro:
"Se tínhamos a idéia de que Deus nos impunha uma espécie de prova na qual poderíamos merecer passar por tirar notas boas, essa idéia tem de ser eliminada. Se tínhamos a idéia de uma espécie de barganha - a idéia de que poderíamos cumprir a parte que nos cabe no contrato e deixar Deus em dívida conosco, de tal modo que, por uma questão de justiça, ele ficasse obrigado a cumprir parte dele - , ela deve ser eliminada também [...] Creio que quantos possuem uma vaga crença em Deus acreditam, até se tornarem cristãos, nessa idéia da prova ou da barganha. O primeiro resultado do verdadeiro cristianismo é o de reduzir essa idéia a pó [...] Deus está à espera do momento em que você vai descobrir que jamais conseguirá tirar a nota mínima para passar nesse exame, e não poderá jamais deixá-lo em dívida".
C.S. Lewis em Cristianismo puro e simples, p. 190.
Autor: Daniel Grubba
Fonte: [ Soli Deo Gloria ]
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