Houve um sujeito chamado Orígenes (185 — 253 d.C.), que conseguiu escrever seu nome na história por dois feitos históricos. O primeiro foi ser considerado o maior erudito da igreja antiga, devido às suas mais de 600 obras publicadas ao longo de sua vida. O segundo foi ter sido considerado um herege, devido à sua defesa da interpretação alegória dos textos das sagradas escrituras. Em seu ponto de vista, havia uma clareza aparente nas entrelinhas, capaz de levar o homem a um entendimento mais profundo.
Uma vez que foi publicamente considerado um deturpador da doutrina cristã do primeiro século, fundou sua própria linha filosófica, denominada Escola de Cesaréia.
Ainda hoje, quase vinte séculos após, encontramos pessoas influenciadas por erros primários cometidos por doutrinadores apóstatas do início da igreja. E cada vez torna-se aceitável que a interpretação alegórica das verdades seja boa, pois traz conforto ao coração corrupto e interesseiro do homem.
Para exemplificar tal fato, considero importante citar a passagem de Marcos 10:23-25:
“Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é entrar no reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.”
Creio inabalavelmente que se nossos planos mudam de acordo com a quantidade de riqueza que podemos acumular, então nosso coração definitivamente não está no reino de Deus. Aqueles que fazem parte do Reino irão empreender grandes coisas, quer tenham dinheiro, quer não. Seus planos são imutáveis, pois são fundamentados em um Deus imutável. Se o dinheiro vier, tais pessoas já sabem o que fazer. Se o dinheiro não vier, tais pessoas irão buscar em Deus o “como fazer”. Mas sabem quem são e a que Reino pertencem. Portanto não faz sentido se embaraçar com coisas deste mundo mesmo que pareçam lícitas, pois “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém”.
Se pensamos que Deus realmente está preocupado com nosso conforto e com nossa estabilidade financeira, então somos os maiores hipócritas na face da terra. Não foi este o exemplo que Cristo nos deu. E não importa o quanto desejamos insistir em viver uma alegoria conveniente das escrituras, pois a verdade não pode ser ocultada para sempre. A verdade é como a luz que se manifesta de maneira a subjugar completamente a escuridão. Pode ser que porque ainda não foi manifesta a luz eterna de maneira visível a toda carne, possamos encontrar nesta vida algumas sombras para nos encondermos. Mas… estas sombras estão com os dias contados.
Diz a história que Spurgeon conseguia reunir 12 mil pessoas em suas pregações. Um feito incrível para a época. Mas o que me intriga de fato é imaginar o número de pessoas que não queria vê-lo nem pintado de ouro. Suas palavras eram diretas e confrontavam os interesses pessoais com as verdades eternas. Exatamente o contrário do que fazemos comumente com grande facilidade nos dias de hoje. Reunimos milhões de pessoas para cultuar alegorias que nada tem a ver com a verdade.
Bem disse o profeta Isaías quando anunciou que, por maior que fosse o número do povo de Israel, o remanescente é que seria salvo.
Eu não faço parte deste sistema demoníaco que aceita todas as coisas mastigadas. Não quero viver um evangelho alegórico e que nada tem de fundamentação na verdade. Preciso de Cristo Jesus integralmente em minha vida. Todo o resto pode esperar. Todo o resto é apenas o resto.
Autor: Ariovaldo Jr [ www.ariovaldo.com.br ]
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