Jovem, você está preparado para a faculdade?

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Nunca discuta com um homem com microfone. Em várias ocasiões, eu fui convidado a participar de entrevistas para programas de rádio ou televisão por apresentadores controversos. Em grande parte, tenho diminuído a participação nestas entrevistas por causa do formato em que estão estruturadas. Embora eles prometam a oportunidade para um debate aberto, tal debate raramente acontece.

Há certos apresentadores que são cruéis no tratamento dos seus convidados e saem impunes por causa do poder do microfone. Quem controla o microfone controla o jogo. Se o apresentador faz uma declaração em particular, o convidado precisa contar com a misericórdia da pessoa com o microfone a fim de oferecer-lhe uma refutação. A qualquer momento no curso de tais discussões, os comentários do convidado podem ser silenciados.

Eu frequentemente utilizo esta ilustração ao falar com estudantes que se deparam com professores hostis na faculdade ou no seminário. Em seus esforços para defender as verdadeiras afirmações do cristianismo, os estudantes muitas vezes valentemente se dirigem para onde os anjos temem pisar, e são atacados violentamente pelo professor. Tento comunicar-lhes que, por mais valentes que suas tentativas possam ser, eles são na maioria dos casos, exercícios vãos, pois o professor controla a discussão.

A sala de aula não é um lugar onde o debate aberto é geralmente estimulado. Ao contrário, nos campus de universidades e até mesmo em seminários, foi declarada temporada de caça a estudantes cristãos. Por alguma razão, parece que os professores em tais ambientes têm prazer em tentar minar a fé de seus alunos. Esta é uma das razões pelas quais o Novo Testamento nos adverte que não muitos devem tornar-se professores, pois com o ensino vem um maior juízo.

Ao mesmo tempo, o próprio Senhor nos advertiu a respeito daqueles que trazem danos a um dos seus pequeninos. Na maioria dos casos, é fácil para um homem ou uma mulher com doutorado e anos de experiência no ensino superior humilhar um aluno, não importa o quão forte é a fé do aluno ou quão articulado o estudante possa ser. É uma incompatibilidade, e é uma incompatibilidade da qual os professores inescrupulosos avidamente apoderam-se. Estes professores explicam sua tática dizendo que eles estão simplesmente tentando abrir as mentes fechadas dos alunos ou levando-os para a libertação da escravidão às ideias ultrapassadas. As desculpas são tão infinitas quanto eles são irracionais.

Na primeira semana do meu primeiro ano frequentando o seminário, um professor foi duramente crítico com um aluno por ter ele vindo para o seminário com muitas ideias preconcebidas. A ideia que o estudante de seminário trouxe com ele e que o professor descreveu como uma injustificada pré-concepção era a sua crença na divindade de Cristo. Fiquei chocado quando vi um aluno ser humilhado por ter a audácia de entrar para o seminário com a ideia já formada em sua mente de que Cristo é o Filho de Deus encarnado. A questão real, no entanto, foi esta: por que o professor, que havia supostamente se comprometido com as declarações de credo do seminário, negara a divindade de Cristo, naquela situação? Mas este tipo de coisa acontece muito mais regularmente do que muitas pessoas imaginam.

Quando eu estava na faculdade de uma universidade cristã há muitos anos atrás, havia um fluxo constante de estudantes que vinham até mim com perguntas sobre a relação entre as verdades afirmadas no Novo Testamento a respeito de Cristo e as semelhantes afirmações mitológicas encontradas no famoso trabalho “Metamorphosis” do poeta Ovídio. Tornou-se claro que incluir um estudo de Ovídio e traçar paralelos entre os ensinamentos do Novo Testamento sobre Jesus e os mitos apresentados em “Metamorphosis”, era o deleite do professor de Inglês em sua classe de humanidades.

Eu tive a oportunidade de encontrar-me com este professor em uma atmosfera amigável durante o café na união dos estudantes, e eu comecei a fazer-lhe perguntas sobre seu conhecimento a respeito da cosmovisão bíblica em comparação com a cosmovisão de Ovídio. Apontei um notável número de diferenças entre a visão de mundo de Ovídio e a do Novo Testamento, as quais o professor reconheceu existirem, e eu disse: “Simplesmente não é uma boa forma de ensino apontar semelhanças entre posições diferentes, sem, ao mesmo tempo reconhecer as significativas diferenças entre eles. Em sua crítica ao cristianismo, você não mencionou essas diferenças, o que não é uma boa abordagem do assunto”. Ele ficou arrependido e comprometeu-se a não mais fazer isso. Mas, novamente, este foi apenas um incidente em meio, literalmente, a dezenas de milhares que acontecem todos os anos nos campus, não apenas nas universidades seculares, mas em faculdades ligadas à Igreja e até mesmo em seminários teológicos, como eu já mencionei.

Um dos problemas que temos aqui é o critério que usamos ao escolher faculdades ou universidades para frequentarmos, em primeiro lugar. Assim, muitas vezes os pais ficam impressionados com a beleza do campus de uma instituição em particular ou por sua própria lembrança do compromisso da instituição de uma geração atrás, negligenciando a realidade de que a abordagem do cristianismo muda em várias instituições na medida em que o corpo docente muda. O barômetro mais importante para a escolha de qualquer tipo de instituição de ensino superior não é a beleza do seu campus, mas seu corpo docente.

Se você visa enviar seus filhos a uma instituição que tem uma história cristã ou um relacionamento cristão, não assuma que o corpo docente atual está totalmente convencido das afirmações verdadeiras do cristianismo. Você pode até mesmo estar jogando seus filhos no fogo de uma provação que eles não estão esperando e não estão realmente preparados para suportar. Não sou a favor das pessoas serem educadas em um ambiente protegido onde não há interação com a mentalidade secular e com visões de mundo pagãs, mas precisamos estar plenamente preparados para entender quando e onde essas visões de mundo entram em colisão com o cristianismo e como evitar colisões que podem ser desastrosas.

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Autor: R. C. Sproul
Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: Arielle Pedrosa
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