Deus julgará não só o que se encontra publicado nas manchetes, mas todas as mais secretas coisas. Toda aquela boa gente. Todos aqueles que atiram pedras. Todos aqueles que escrevem os editoriais.
Mais uma vez é preciso recordar o contexto disso tudo. As pessoas dizem “Por que eu estou sob a ira de Deus? Será que Deus é justo em condenar-me?” E Deus diz: “você não consegue imaginar um bom motivo para estar sob a minha ira?” “ Ó homem”, (Rm 2.1), olhe bem para você. Será que isso não é justo (Rm 2.2-16)?
O julgamento será realizado por Deus, mas ele também será realizado “por meio de Jesus Cristo” (Rm 2.16), o juiz da humanidade. Isso poderia ser uma surpresa. Você certamente já encontrou pessoas que dizem: “Eu acredito em Deus, só não acredito em Jesus Cristo”. Mas a terrível verdade é que, quando homens e mulheres não salvos forem chamados para comparecer diante de Deus para julgamento e o encararem, eles só verão uma dentre as pessoas da Trindade como juiz, e esta será Jesus Cristo. Uma das expressões mais imponentes de toda Bíblia é a “ira do Cordeiro” (Ap 6.16). Em Romanos, Paulo fala da ira de Deus, mas em Apocalipse João se refere à ira do Cordeiro. A pessoa da Trindade que veio e muito sofreu para que as pessoas não tivessem mais de ser julgadas, será o seu juiz. A pessoa que tenta chegar-se a Deus sem passar por Jesus Cristo terá que estar face-a-face com Jesus no dia do julgamento. Certamente Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15); portanto, ele sabe muito bem o que é a tentação e ele compreende nossa humanidade. Mas isso não ameniza em nada a terrível verdade de que ele nos julgará. Jesus, o Salvador do mundo, será igualmente o seu juiz. “Não me envergonho do evangelho de Cristo”, diz Paulo. Mas agora ele acrescenta: Cristo é também o juiz. Não apenas não há outra forma de se chegar a Deus, a não ser por meio de Jesus Cristo, como o próprio Cristo declara (Jo 14.6), mas também que todos os que tentam, de alguma forma, pular esta etapa, não conseguirão, pois Jesus Cristo estará parado bem ali, na condição de juiz. Jesus diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Mas quando alguém diz: “Não quero ter nada a ver com você: posso muito bem comparecer diante de Deus diretamente, com as minhas próprias pernas, sem mediador, sem qualquer Messias sofredor”, isso seria como se estivesse tentando ascender diretamente aos céus, passando por cima desse Jesus Cristo. Acontece que não conseguirá fazer isso, porque lá está Jesus Cristo, o juiz. Ninguém que já tenha passado por essa vida foi capaz de escapar do relacionamento com Ele. De duas, uma: ou este relacionamento será o de salvação, conforme Paulo descreve em Rm 1.16, ou então será o relacionamento que ele descreve em 2.16 – o relacionamento de uma pessoa condenada e o seu juiz.
O profeta Miquéias disse “sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra ele” (Mq 7.9). Jesus suportou a indignação do nosso pecado na cruz. Mas, se falhamos em aceitar isso, só nos resta o outro lado da equação – teremos de suportar a indignação do Senhor por nós mesmos.
Até mesmo as pessoas de hoje que se gabam por não acreditar em absolutamente nada certamente olham para outras pessoas com ar de superioridade e as condenam. Mas Paulo está nos mostrando que o pecado é universal. Todos nós nos apresentamos condenáveis diante de Deus. Nenhum de nós pode ser arrogante por causa de alguma “montanha sagrada” (Nota: o autor alude ao versículo de Sofonias 3.11) que possamos reivindicar. Qualquer coisa que seja um motivo para nos tornar mais soberbos não passará de mais uma razão para julgamento ainda maior.
Paulo declarou que tanto os gentios quanto os judeus de seus dias estavam sob a ira de Deus. Em Rm 3.9-20 ele dirá a mesma coisa, em maiores detalhes, chegando ao ponto mais alto com esta conclusão tão citada: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”(Rm 3.23), que é uma outra forma de dizer que “todos estão sob a ira de Deus”. Ou como em Isaías: “Todos nós andávamos desgarrados com ovelhas” (Is 53.6). Quem precisa de Salvador? O gentio pecou; o judeu pecou. O homem sem a Bíblia pecou; o homem com a Bíblia pecou. Quem precisa do Salvador? A resposta nos parece agora bastante simples, não é? Todo mundo, homens e mulheres, precisam do Salvador! E, se quisermos viver no mundo como ele é, e não em algum mundo de faz de conta, teremos de vir sob estas condições. Quando as pessoas nos perguntam: “Quem precisa de Salvador?”, devemos responder muito calmamente, muito sobriamente, e com real compaixão que “todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
Quando consideramos que Paulo estava falando de todos os judeus e de todos os gentios como sendo pessoas igualmente pecadoras aos olhos de Deus, é importante que nós, os cristãos de hoje, não olhemos para trás, para os leitores do primeiro século, como se nos encontrássemos acima deles. Como Paulo nos lembra em Efésios 2.3, nós “éramos por natureza filhos da ira”, não passávamos do pior e mais desnorteado tipo de pecador. Todos nós temos estado sob a ira de Deus. Se tivermos aceitado Cristo como nosso Salvador, a ira de Deus já não estará mais sobre nós. Mas isso não se deve a alguma coisa de nós mesmos, alguma coisa que esteja embutida em nossa herança genética, ou em nossa cultura cristã. Se não estamos sob a ira de Deus neste preciso momento, isso se deve tão somente ao fato de que, devido à sua graça, Cristo morreu por nós e, igualmente pela sua graça, nós o aceitamos como Salvador. Não podemos supor termos sido resgatados graças à bondade inerente de qualquer um que ainda se encontra sob a ira de Deus. Sempre que analisamos a ira de Deus contra o mundo pecaminoso, a postura certa é a que diz: “Eu já estive nesta posição eu mesmo, e lá eu mereceria estar, se não fosse a obra consumada de Jesus Cristo”. É somente no espírito desta humilde constatação que ousamos prosseguir com nosso estudo de Romanos.
Pense em todas as vantagens que temos no norte da Europa e América do Norte. A possibilidade de comprar uma Bíblia em qualquer loja da esquina. Uma literatura cheia de referências à Bíblia. Se os judeus foram condenados por não terem crido, apesar de todas suas vantagens, o que Deus não teria a dizer sobre as nações “Cristãs” de hoje? Se os judeus tiveram alguma vantagem, quanto maior é a nossa! Se Deus condenou os judeus por sua falta de resposta adequada, que tenha misericórdia de nós!
Nós que temos a Bíblia hoje somos ainda mais condenáveis do que as pessoas de hoje que não têm a Bíblia – que se limitam ao testemunho da sua consciência. Mas nós também somos mais condenáveis do que aqueles que tinham a Bíblia nos dias de Paulo. Ter todas estas vantagens e não crer, ter estas vantagens e se desviar de Deus, ter estas vantagens e ainda assim dar motivo para que o nome do Deus vivo seja blasfemado. Que desculpa podemos ter? De que jeito imaginamos escapar disso? Se os jovens de qualquer lugar nas nossas universidades, e só o que aprendem é como serem mais pretensiosos e mais ateístas, deveríamos ficar surpresos quando Deus olha para nós e diz: “Vocês estão debaixo da minha ira!”?
Se há algum povo por toda a história que desesperadamente necessitou do Salvador, este povo somos nós mesmos, a nossa cristandade ocidental dos dias de hoje.
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Fonte: “A Obra Consumada de Cristo”, Ed. Cultura Cristã.
Via: Guerra pela Verdade
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