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1) A natureza da onipotência. Com relação a Deus e a todos Seus atributos, existe uma forma de concepção popular, escriturística e simples que responde a todos as necessidades da piedade. Há, todavia, outra forma que não contradiz ou se configura como inconsistente com a primeira, e a qual nosso entendimento de certo modo exige, a fim de evitar qualquer confusão ou inconsistência. Portanto, no tocante à onipresença de Deus, a ideia simples e popular de que Deus se encontra igualmente presente por toda parte é suficiente. Contudo, ainda assim o entendimento requer uma afirmação mais particularizada para impedir que concebamos Deus como se Ele possuísse extensão. Ora, a natureza do tempo e espaço envolvida nessa concepção se encontra entre as mais difíceis questões filosóficas. Felizmente, algumas das mais simples verdades são também as mais misteriosas. Sabemos que nossas almas estão aqui e não acolá, e, todavia, a relação da alma com o espaço é algo inescrutável. De semelhante modo, sabemos que Deus se encontra por toda parte, mas Sua relação com o espaço é insondável. Ele Se encontra por toda parte quanto à Sua essência, visto que ela não admite divisão. Também Deus se encontra por toda parte quanto ao Seu conhecimento, já que nada escapa de Sua percepção. E, ainda, Ele está em todos os lugares relativamente ao Seu poder, pois Ele opera todas as coisas segundo o conselho de Sua própria vontade. A onipresença, portanto, inclui as seguintes ideias:
2) Portanto, o universo é uma manifestação de Deus. As estrelas, a terra, a vida vegetal e animal, nossos corpos, os mais diminutos insetos – tudo revela um Deus presente. Assim, percebemos Deus em cada ente vivo.
3) Destarte, todos os eventos, a queda de um pássaro, a ruína de impérios, o curso da história e as vicissitudes de nossa própria vida são manifestações de Sua presença.
4) Por conseguinte, nos encontramos, a cada momento, na presença de Deus. Todos os nossos pensamentos e sentimentos se dão perante Sua vista, todos nossos atos são realizados sob Seu olhar.
5) Desse modo um Auxiliador infinito e nossa porção estão constantemente ao nosso derredor; um Pai misericordioso, longânimo, onipotente está sempre conosco, a fim de nos sustentar, guiar, ajudar e confortar. A fonte infinita de toda bem-aventurança, da qual podemos sempre haurir fontes inesgotáveis de vida, está sempre à mão.
6) E assim, todo pecado e todos os pecadores estão envolvidos, por assim dizer, por um fogo consumidor do qual não podem fugir, assim como não nos é possível fugir da atmosfera ao nosso redor.
Consequentemente, a reflexão acerca dessa doutrina serve para:
I. A onipresença de Deus
[15 de Abril de 1855]
1) A natureza da onipotência. Com relação a Deus e a todos Seus atributos, existe uma forma de concepção popular, escriturística e simples que responde a todos as necessidades da piedade. Há, todavia, outra forma que não contradiz ou se configura como inconsistente com a primeira, e a qual nosso entendimento de certo modo exige, a fim de evitar qualquer confusão ou inconsistência. Portanto, no tocante à onipresença de Deus, a ideia simples e popular de que Deus se encontra igualmente presente por toda parte é suficiente. Contudo, ainda assim o entendimento requer uma afirmação mais particularizada para impedir que concebamos Deus como se Ele possuísse extensão. Ora, a natureza do tempo e espaço envolvida nessa concepção se encontra entre as mais difíceis questões filosóficas. Felizmente, algumas das mais simples verdades são também as mais misteriosas. Sabemos que nossas almas estão aqui e não acolá, e, todavia, a relação da alma com o espaço é algo inescrutável. De semelhante modo, sabemos que Deus se encontra por toda parte, mas Sua relação com o espaço é insondável. Ele Se encontra por toda parte quanto à Sua essência, visto que ela não admite divisão. Também Deus se encontra por toda parte quanto ao Seu conhecimento, já que nada escapa de Sua percepção. E, ainda, Ele está em todos os lugares relativamente ao Seu poder, pois Ele opera todas as coisas segundo o conselho de Sua própria vontade. A onipresença, portanto, inclui as seguintes ideias:
a) Que o universo existe em Deus, pois é dito que todas as criaturas nEle vivem, nEle se movem e existem.
b) Que toda a inteligência manifesta na natureza é a inteligência onipresente de Deus – criaturas racionais por Ele dotadas com uma inteligência própria.
c) Que toda a eficiência manifesta na natureza é a potestas ordinata de Deus.
2) Portanto, o universo é uma manifestação de Deus. As estrelas, a terra, a vida vegetal e animal, nossos corpos, os mais diminutos insetos – tudo revela um Deus presente. Assim, percebemos Deus em cada ente vivo.
3) Destarte, todos os eventos, a queda de um pássaro, a ruína de impérios, o curso da história e as vicissitudes de nossa própria vida são manifestações de Sua presença.
4) Por conseguinte, nos encontramos, a cada momento, na presença de Deus. Todos os nossos pensamentos e sentimentos se dão perante Sua vista, todos nossos atos são realizados sob Seu olhar.
5) Desse modo um Auxiliador infinito e nossa porção estão constantemente ao nosso derredor; um Pai misericordioso, longânimo, onipotente está sempre conosco, a fim de nos sustentar, guiar, ajudar e confortar. A fonte infinita de toda bem-aventurança, da qual podemos sempre haurir fontes inesgotáveis de vida, está sempre à mão.
6) E assim, todo pecado e todos os pecadores estão envolvidos, por assim dizer, por um fogo consumidor do qual não podem fugir, assim como não nos é possível fugir da atmosfera ao nosso redor.
Consequentemente, a reflexão acerca dessa doutrina serve para:
a) Exaltar nossas concepções de Deus ao tornar todas as coisas uma manifestação de Sua glória e poder.
b) Promover nossa paz e segurança, já que sabemos que Deus está em todo lugar e controla todos os eventos.
c) Aumentar nosso temor – visto que nossos pensamentos e atos estão expostos ao Seu olhar.
d) Fazer-nos crescer em alegria e confiança, pois nosso Auxiliador todo-poderoso está sempre à mão, e porque Aquele cuja presença se constitui como a bem-aventurança celeste se encontra perto de nós.
e) Ensinar aos pecadores a certeza e assombro de sua condenação. Uma vez que toda religião consiste em comunhão com a Divindade, e visto que toda comunhão supõe Sua presença, a doutrina da onipresença se encontra na base de toda religião.
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Autor: Charles Hodge
Fonte: Princeton Sermons: Outlines of Discourses Doctrinal and Practical
Traduzido por: Fabrício Tavares
Divulgação: Bereianos
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