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Sabemos que a Bíblia está repleta de trechos que possuem uma linguajem antropomórfica e antropopática. Ou seja, respectivamente falando, textos que visam dar a pessoa divina um atributo físico (mãos, olhos, pés) ou um sentimental (zelo, amor, raiva) do homem. Antropomorfismo é a junção de duas palavras gregas antropos = homem e morfê = forma, logo, se tem o significado de forma de homem. Antropopatismo segue neste mesmo vácuo, a saber; antropos = homem e pathos = sentimentos, logo, se tem o significado de sentimento do homem. Estes textos são de caráter pedagógico para que a compreensão da Bíblia se torne mais acessível, pois se não houvesse esses recursos literários no bojo das Sagradas Escrituras, sua compreensão seria muito mais complexa do que já é. Imaginemos a possibilidade de Deus – um ser perfeito e puro – nos comunicar a sua revelação na sua linguajem restrita. Se isso ocorresse, de fato, o homem jamais o compreenderia.
Há na Bíblia diversos textos com essas características, os termos estarão em negrito para facilitar seu reconhecimento. Há a possibilidade também de um termo antropomórfico vir oculto no texto, neste caso, colocaremos entre parênteses, são eles:
Exemplos de antropomorfismo:
Gênesis 8:21 – “E o Senhor sentiu o suave cheiro (nariz), e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz”. (Aqui temos as palavras nariz de forma implícita no texto, pois Deus sentiu o cheiro de algo. E temos a palavra coração, todas em negrito).
I Pedro 5:6 – “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que há seu tempo vos exalte” (Aqui temos a palavra mão em destaque).
Provérbios 15:3 – “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Aqui se tem a palavra olhos em destaque)
Ezequiel 13:5 – “Porventura não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei?” (Aqui temos a palavra boca subtendido, pois Deus alega que não falou).
O próprio Jesus em João 4:24 diz que Deus é espirito, logo, sendo espírito, não possui forma ou partes do corpo humano. Essas passagens funcionam como recurso pedagógico para a compreensão daquele que é perfeito e santo. Pois, caso contrário, nem sequer teríamos uma noção da compreensão divina.
Exemplos de antropopatismo:
Gênesis 6:6 – “Então se arrependeu o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração”. (Aqui se tem a palavra arrependeu)
I João 4:8 - “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”. (Aqui se tem a palavra amor)
Provérbios 6:16 – “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina”: (Aqui se tem a palavra odeia)
Ezequiel 13:13 – “Portanto assim diz o Senhor DEUS: Fendê-la-ei no meu furor com vento tempestuoso, e chuva de inundar haverá na minha ira, e grandes pedras de saraiva na minha indignação, para a consumir”. (Aqui se tem as palavras furor e ira)
O próprio Deus revela que Ele não é filho do homem para que minta ou que volte atrás com sua palavra (Nm 23:19). Ou seja, Deus não volta atrás com Sua palavra, portanto, não se arrepende. Tudo isso não passa de uma linguagem antropopata para que o homem entenda a revelação divina. A melhor tradução para a palavra nacham não seria o verbo arrepender, como ocorre nas Bíblias em geral, mas sim o verbo confortar ou tranquilizar. Nessas passagens a melhor tradução seria que Deus confortou-se ou tranquilizou-se em realizar tal evento ou exercer seu juízo sobre alguém. O que enfatiza mais ainda o caráter antropopata do texto.
O grande problema da atualidade é que as pessoas têm exagerado nessas linguagens, algumas têm tentado humanizar Deus ao extremo, atribuindo atitudes, posturas e até sentimentos cada vez mais comuns do cotidiano do ser humano. Temos bons exemplos, principalmente nas canções ditas cristãs: “Deus marcou na agenda”, “minha audiência ele já marcou”, “Deus assina com caneta que a tinta não se acaba”, “o martelo de Deus quando bate ninguém revoga”, “Deus fica doente quando nós pecamos” etc. Existe até uma canção de um determinado grupo “evangélico” que a letra possui expressões do tipo: “vou esconder as sandálias de cristo para ele não ir em bora”, “eu quero vestir tuas camisas com as mangas maiores que meus braços” etc.
O uso exacerbado dessas linguagens acaba banalizando a pessoa divina, tornando-o um homem comum como qualquer outro. Precisamos retornar às Escrituras e perceber que, por mais que Deus tenha amado sua igreja e tenha elaborado um plano para sua salvação, Ele é santo – e o significado de santo é separado – e distinto totalmente do homem (a arca da aliança sendo carregada à distância dos sacerdotes por meio dos varais, o tabernáculo tendo um local específico para Deus pousar e Jesus quando proíbe Maria de Magdala de lhe tocar ao se mostrar ressurreto a mesma são bons exemplos). Essa postura de reduzir Deus ao nosso ambiente humano é só mais uma característica dos tempos de crise que o evangelho vive, dos tempos de desprezo às Escrituras Sagradas e do apego aos ensinamentos humanos e as experiências místicas – essas práticas, na atualidade, vale mais que o conteúdo bíblico.
Deus possui um padrão elevado e muitos tentam rebaixá-lo para o parecer mais fácil e acessível. Alguns até “conseguem” enganar quanto a isso, mas é justamente por ter esta impressão – de Deus como uma pessoa comum como qualquer outra – que as pessoas não o honram como Ele merece. Os recursos literários citados neste texto foram, nada mais, nada menos, utilizados pelos autores bíblicos com um fim específico, a saber: proporcionar um entendimento melhor da pessoa divina aos olhos humanos por meio de suas revelações, pois como poderia um ser perfeito caber na mente de um ser imperfeito, caído e completamente limitado como o homem?
Agora que já se conhece o plano salvífico de Deus em direção à sua igreja, isso por meio da Sagrada Escritura, agora que toda soberania divina é notada na história da humanidade, tomemos cuidado com o uso do antropomorfismo e do antropopatismo exagerado para falar da pessoa divina, pois isso pode ofuscar a verdadeira posição que Deus ocupa na história e obscurecer a distinta diferença entre Deus e os homens.
***Sabemos que a Bíblia está repleta de trechos que possuem uma linguajem antropomórfica e antropopática. Ou seja, respectivamente falando, textos que visam dar a pessoa divina um atributo físico (mãos, olhos, pés) ou um sentimental (zelo, amor, raiva) do homem. Antropomorfismo é a junção de duas palavras gregas antropos = homem e morfê = forma, logo, se tem o significado de forma de homem. Antropopatismo segue neste mesmo vácuo, a saber; antropos = homem e pathos = sentimentos, logo, se tem o significado de sentimento do homem. Estes textos são de caráter pedagógico para que a compreensão da Bíblia se torne mais acessível, pois se não houvesse esses recursos literários no bojo das Sagradas Escrituras, sua compreensão seria muito mais complexa do que já é. Imaginemos a possibilidade de Deus – um ser perfeito e puro – nos comunicar a sua revelação na sua linguajem restrita. Se isso ocorresse, de fato, o homem jamais o compreenderia.
Há na Bíblia diversos textos com essas características, os termos estarão em negrito para facilitar seu reconhecimento. Há a possibilidade também de um termo antropomórfico vir oculto no texto, neste caso, colocaremos entre parênteses, são eles:
Exemplos de antropomorfismo:
Gênesis 8:21 – “E o Senhor sentiu o suave cheiro (nariz), e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz”. (Aqui temos as palavras nariz de forma implícita no texto, pois Deus sentiu o cheiro de algo. E temos a palavra coração, todas em negrito).
I Pedro 5:6 – “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que há seu tempo vos exalte” (Aqui temos a palavra mão em destaque).
Provérbios 15:3 – “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Aqui se tem a palavra olhos em destaque)
Ezequiel 13:5 – “Porventura não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei?” (Aqui temos a palavra boca subtendido, pois Deus alega que não falou).
O próprio Jesus em João 4:24 diz que Deus é espirito, logo, sendo espírito, não possui forma ou partes do corpo humano. Essas passagens funcionam como recurso pedagógico para a compreensão daquele que é perfeito e santo. Pois, caso contrário, nem sequer teríamos uma noção da compreensão divina.
Exemplos de antropopatismo:
Gênesis 6:6 – “Então se arrependeu o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração”. (Aqui se tem a palavra arrependeu)
I João 4:8 - “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”. (Aqui se tem a palavra amor)
Provérbios 6:16 – “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina”: (Aqui se tem a palavra odeia)
Ezequiel 13:13 – “Portanto assim diz o Senhor DEUS: Fendê-la-ei no meu furor com vento tempestuoso, e chuva de inundar haverá na minha ira, e grandes pedras de saraiva na minha indignação, para a consumir”. (Aqui se tem as palavras furor e ira)
O próprio Deus revela que Ele não é filho do homem para que minta ou que volte atrás com sua palavra (Nm 23:19). Ou seja, Deus não volta atrás com Sua palavra, portanto, não se arrepende. Tudo isso não passa de uma linguagem antropopata para que o homem entenda a revelação divina. A melhor tradução para a palavra nacham não seria o verbo arrepender, como ocorre nas Bíblias em geral, mas sim o verbo confortar ou tranquilizar. Nessas passagens a melhor tradução seria que Deus confortou-se ou tranquilizou-se em realizar tal evento ou exercer seu juízo sobre alguém. O que enfatiza mais ainda o caráter antropopata do texto.
O grande problema da atualidade é que as pessoas têm exagerado nessas linguagens, algumas têm tentado humanizar Deus ao extremo, atribuindo atitudes, posturas e até sentimentos cada vez mais comuns do cotidiano do ser humano. Temos bons exemplos, principalmente nas canções ditas cristãs: “Deus marcou na agenda”, “minha audiência ele já marcou”, “Deus assina com caneta que a tinta não se acaba”, “o martelo de Deus quando bate ninguém revoga”, “Deus fica doente quando nós pecamos” etc. Existe até uma canção de um determinado grupo “evangélico” que a letra possui expressões do tipo: “vou esconder as sandálias de cristo para ele não ir em bora”, “eu quero vestir tuas camisas com as mangas maiores que meus braços” etc.
O uso exacerbado dessas linguagens acaba banalizando a pessoa divina, tornando-o um homem comum como qualquer outro. Precisamos retornar às Escrituras e perceber que, por mais que Deus tenha amado sua igreja e tenha elaborado um plano para sua salvação, Ele é santo – e o significado de santo é separado – e distinto totalmente do homem (a arca da aliança sendo carregada à distância dos sacerdotes por meio dos varais, o tabernáculo tendo um local específico para Deus pousar e Jesus quando proíbe Maria de Magdala de lhe tocar ao se mostrar ressurreto a mesma são bons exemplos). Essa postura de reduzir Deus ao nosso ambiente humano é só mais uma característica dos tempos de crise que o evangelho vive, dos tempos de desprezo às Escrituras Sagradas e do apego aos ensinamentos humanos e as experiências místicas – essas práticas, na atualidade, vale mais que o conteúdo bíblico.
Deus possui um padrão elevado e muitos tentam rebaixá-lo para o parecer mais fácil e acessível. Alguns até “conseguem” enganar quanto a isso, mas é justamente por ter esta impressão – de Deus como uma pessoa comum como qualquer outra – que as pessoas não o honram como Ele merece. Os recursos literários citados neste texto foram, nada mais, nada menos, utilizados pelos autores bíblicos com um fim específico, a saber: proporcionar um entendimento melhor da pessoa divina aos olhos humanos por meio de suas revelações, pois como poderia um ser perfeito caber na mente de um ser imperfeito, caído e completamente limitado como o homem?
Agora que já se conhece o plano salvífico de Deus em direção à sua igreja, isso por meio da Sagrada Escritura, agora que toda soberania divina é notada na história da humanidade, tomemos cuidado com o uso do antropomorfismo e do antropopatismo exagerado para falar da pessoa divina, pois isso pode ofuscar a verdadeira posição que Deus ocupa na história e obscurecer a distinta diferença entre Deus e os homens.
Divulgação: Bereianos
2 comentários
Muito bom,Deus abençoe!
Respondermuito bom o estudo Deus abençoe e continue usando seu servo
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